A Teoria da Evolução, por Gustavo Gollo
A teoria da evolução costuma ser apresentada apenas sob forma restrita, relativa aos seres biológicos. Prefiro apresentá-la sob a forma geral abaixo, compondo o que chamo “biologia generalizada”, área equivalente à dos sistema complexos, mas encarada explicitamente sob abordagem biológica.
A palavra “evolução” traz consigo uma ideia de aperfeiçoamento, ou progresso, razão que levou Darwin a preferir o uso de “transmutação”, muito mais apropriada à descrição de suas ideias. Seu livro mais influente “Sobre a origem das espécies” aborda o processo através do qual as espécies se transmutam em novas espécies e mantém uma neutralidade em relação a possíveis progressos nele ocorridos. A ideia de progresso se coaduna muito mais à concepção anterior, pré-evolutiva da cadeia do ser.
A “teoria da evolução” seria mais propriamente chamada “teoria dos sistemas replicativos” e deveria ser encarada como uma teoria a respeito dos replicadores, sendo esse o conceito fundamental da teoria.
Replicadores
Um replicador é qualquer coisa que se replica, que gera réplicas de si.
Seja um mundo vazio.
Semeie um replicador nesse mundo.
Após certo tempo, o replicador terá se replicado, havendo, então, 2 replicadores em tal mundo.
Por serem replicadores, essas réplicas se replicarão, formando 4, e logo 10, e 100, e mil cópias herdeiras da capacidade replicativa.
Replicadores estritos
Replicadores que geram cópias idênticas de si são chamados “replicadores estritos”.
Replicadores estritos semeados em um mundo geram cópias idênticas de si, o que sugere a geração de mundos monótonos, povoados apenas por réplicas idênticas.
Seja um mundo semeado com os replicadores estritos de tipos “A” e “B”.
Após certo tempo, o mundo estará povoado por muitas cópias idênticas de A e de B.
O agrupamento de A’s e B’s gerará grumos replicadores, tais como
ABAA, BBBABBB, ABAAB, BBBA
Saturação
Populações de replicadores crescem exponencialmente, o que as leva inexoravelmente à saturação e consequente esgotamento de recursos para a replicação. (Crescimentos exponenciais são indicativos de atividade replicativa).
Seleção natural
As conformações de grumos – compostas por A’s e B’s –, que favorecem o aumento da própria taxa de replicação, replicam-se mais abundantemente que outras, povoando o mundo mais numerosamente.
Após a saturação decorrente do crescimento populacional dos replicadores, quando os recursos se tornam escassos, a competição tende a extinguir os replicadores menos aptos – os menos aptos para a atividade de replicação.
Desse modo, o mundo aparentemente monótono dos replicadores estritos diversifica-se em decorrência da variedade de grumos empenhados na competição pela replicação.
Em suas linhas gerais, a apresentação acima constitui a Teoria da evolução. Escrevi recentemente uma série de textos a que chamei “A História do Mundo” que enfoca nosso mundo sob esse ponto de vista – enquanto um enorme e complexo sistema replicativo sujeito a desenvolvimentos metaevolutivos, correspondentes à evolução da evolução.
Links para os textos que compõem a série podem ser encontrados aqui:
https://jornalggn.com.br/cinema/a-historia-do-mundo-a-serie-por-gustavo-gollo/
Veja também:
Evolução de sistemas replicativos (ao ler esse livro, desconsidere o capítulo sobre autômatos, que mais tem atrapalhado que ajudado sua compreensão. A disseminação da palavra “algoritmo” tornou-a mais adequada que “autômato” para ilustrar a ideia ali proposta. Em vista disso, melhor será trocar toda a complicação utilizada para esclarecer a referência a autômatos por “algoritmos”).
https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/1996639
A teoria da evolução
https://www.academia.edu/35414042/Teoria_da_evolu%C3%A7%C3%A3o
https://jornalggn.com.br/ciencia/teoria-da-evolucao/
Tese 1997
https://www.recantodasletras.com.br/e-livros/6642768
# Evolução # sistemas complexos # replicadores # Ciência # Biologia generalizada # metaevolução
Gustavo Gollo é multicientista, multiartista, filósofo e profeta
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