Fernando Horta
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Abominável sociedade, por Fernando Horta

Abominável sociedade

por Fernando Horta

Em junho de 2001, o Jornal Nacional veiculava uma série de reportagens que viria a ser premiada. Marcelo Canellas e Lucio Alves apresentavam a “Fome no Brasil”. O dado revelado era que uma criança morria de fome no Brasil a cada cinco minutos. Em pleno “milagre neoliberal”, como gostam de citar alguns intelectuais e políticos de direita no Brasil, uma criança morria a cada cinco minutos no Brasil. Vou repetir, porque penso que o número deveria ser usado em qualquer discussão sobre política e economia de agora em diante. Ao começar a ouvir qualquer argumento dos defensores desta hipocrisia de direita, pare e escreva “em 2001, aos sete anos do governo FHC, uma criança morria de fome a cada cinco minutos no Brasil”. Repita ou escreva, não importa, mas sempre comece por esta informação. Em seguida, olhe a ginástica retórica que o interlocutor fará e avalie se ela se encontra no campo da ignorância ou da mácula moral insanável. Qualquer das duas opções, é uma conversa que não vale à pena.

Não sei se já mencionei, mas em 2001, uma criança morria de fome a cada cinco minutos no Brasil. O fato, chocante, inaceitável, inumano, é irrisório perto da pergunta de um pai, quando confrontado pelo jornalista se não havia como o seu filho “ganhar um pouco mais de peso”. Ana Cláudia dos Santos, a mãe, e Evangelista dos Santos, o pai, com a sabedoria de quem luta para sobreviver, respondem ao repórter “o que você acha que eu devia fazer?” Este diálogo reflete o Brasil do neoliberalismo. O repórter, obviamente não sabia sobre o que perguntava e não conseguia compreender o que via e ouvia. Provavelmente foi dilacerado a cada entrevista, eis que humano. O pai entrevistado, sequer com tempo de tirar a enxada das costas para falar, desfere a pergunta fatídica que separava os brasis de forma tão evidente. “O que você acha que eu deveria fazer?” para salvar a vida da minha filha que não tem o que comer …

Eu me recordo de assistir esta reportagem e chorar, copiosamente. Eu não choro com hino, bandeira ou camiseta verde amarela. Não choro por cântico religioso fervoroso. Não choro por ver alguém “atingir a meta” de malhar todo dia e perder peso. Não sou de reconhecer heróis em ações ordinárias e totalmente comuns. Eu chorei como criança vendo aquela série. O olhar de Evangelista para o repórter era a demonstração de que nada, absolutamente nada naquele país, poderia estar dando certo.

O que não consigo entender é como Ana Cláudia dos Santos, a mãe, e Evangelista dos Santos, o pai, se tornaram “vagabundos que se aproveitam do Estado para não trabalhar”. Ou ainda como a fome de sua filha poderia ser um reflexo “da meritocracia” que levaria – em um livre mercado – a sociedade brasileira a ser produtiva e rica. Não entendo como Ana Cláudia e Evangelista se tornaram o “problema das contas públicas do Brasil”, tendo contra si os dedos da classe média (saciada) e da maioria dos que apertam botões no parlamento, e que hoje defendem o fim dos programas sociais, dos direitos do trabalho e a redução de vencimentos para os mais pobres.

Apenas uma sociedade doente, ignorante e hipócrita pode acreditar que Ana Cláudia e Evangelista estão sofrendo assim por que não se esforçaram o suficiente. Apenas uma sociedade lunática, cínica e monstruosa pode se convencer de que eles sofrem desta forma por não terem fé suficiente ou por não terem depositado algum valor numa conta em nome de algum deus.

E eu não falei ainda da sua bebê, que padece da fome.

Certamente quando ela crescer, depois de ter lutado para sobreviver, vai saber evitar as mazelas da sociedade. Vai se esforçar numa escola pública de algum sertão poeirento e seco e vai concorrer “de igual para igual” com alguém que comeu na infância toda e que “não aceita privilégio” de quem quer que seja.

Também não falei de você, que se “revoltou” com o conto das “pedaladas” e saiu a bater panelas vazias – de barriga cheia – querendo o “seu país de volta”. Pois a ONU informa que a fome voltou ao Brasil. O seu país, finalmente, voltou. E se você a ele reivindicar as cores verde e amarela, fique com elas. Não me farão falta as cores de um país em que uma criança morria a cada cinco minutos de fome. Um país hipócrita que não aceita vidraça quebrada, mas nunca se importou com as muitas Anas Cláudias e Evangelistas a enterrarem seus filhos em caixas de sapato, como “querubins sem pecado”, no único consolo possível.

Que bom que as cores nos diferem. Você fica com a hipocrisia em verde amarelo e eu procuro qualquer outra que dê guarida a um país sem fome. Quem nos olhar saberá de pronto que não me misturo com quem prefere o cassetete à cabeça do estudante, quem prefere o privilégio da gravata à comida da criança, quem tem força física para bater em panela, mas padece de inanição moral.

Não sei se já falei, mas em 2001, aos sete anos do governo de FHC, uma criança morria a cada cinco minutos de fome, no Brasil.

Este país voltou …

De fome …

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

23 Comentários

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  1. Em 1987 era ainda pior

    “Não sei se já falei, mas em 2001, aos sete anos do governo de FHC, uma criança morria a cada cinco minutos de fome, no Brasil”.

    Mas deixa eu te contar outra coisa. Em 1987 era ainda pior. Aos 8 anos de idade fui morar no interior, no sertão alagoano, na cidade de Delmiro Gouveia. Antes, morávamos em Cataguases, zona da mata mineira e meu pai recebeu a proposta de ir praquela ciadade alagoana trabalhar na estruturação arquitetônica da fábrica textil que acabara de ser comprada pelo grupo da antiga Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina, hoje grupo Energisa.

    Chegamos lá e os conflitos foram gigantescos. Saímos do interior de Minas Gerais, de uma cidade pequena, mas bem organizada. Delmiro Gouveia era outro mundo, outra realidade. Uma realidade dura, duríssima. Fome, desabastecimento, baixíssima infra-estrutura urbana, esgoto a céu aberto, pobreza.

    Fomos morar em um bairro onde se estabelecia o mais claro e contundente exemplo de desigualdade. Enquanto toda a cidade tinha as características descritas acima, nosso bairro e rua eram perfeitas. Não faltava água, a água era tratada, não havia pobreza. Moravam nela o prefeito da cidade e boa parte da elite, inclusive minha família. Eu, apesar da pouca idade, já percebia essa enorme desigualdade e estranhava muito tudo aquilo. Sobretudo porque em Cataguases éramos uma fampilia de classe média baixa, sem nenhum tipo de luxo ou privilégio.

    Mas a realidade sempre bate a porta e nos retira do sonho (que bom). Pela primeira vez tínhamos uma pessoa nos ajudando em casa: a dona Expedita. Certo dia um camundongo resolveu dar o ar da graça em nossa casa. Minha mãe tem verdadeiro pavor de ratos e saiu correndo. Qual não foi minha surpresa quando dona Expedita, com enorme agilidade saltou e agarrou o ratinho pela cabeça. Achei aquilo, na minha ingenuidade infantil, o máximo. Mas logo fui retirado do sonho quando dona Expedita disse que sabia fazer aquilo porque comia os ratos… pela primeiríssima vez na vida entendi que fome não era aquela sensação que temos entre as refeições. Definitivamente não era só isso.

    Apesar de morar em uma rua de privilégios, percebia todos os dias (“todos os dias” aqui não é figura de retórica. É, literalmente, a realidade) havia ciculação enorme de crianças em sua maioria trajadas de branco. Certa feita fui ver mais de perto o que era aquele vai-e-vem de gente, na sua maioria, da minha idade. Outra vez saí do sonho e fui tomado pela realidade. Aquela andança de crianças eram os enterros diários de recém-nascidos ou natimortos. Morreram de fome. Morreram pelas más condições de higiene. Morreram porque não tinham água potável. Morreram porque eram pobres, excluídos, marginalizados desde o útero.

    Um desses enterros foi do neto da dona Expedita. Sua filha havia ido a Paulo Afonso (BA) pra poder ter o filho. Paulo Afonso é uma cidade maior, mais desenvolvida e com condições melhores (menos piores) no sistema de saúde pública na época. A criança nasceu morta. A insuficiência alimentar da mãe causou, consequetemente, a insuficiência alimentar do bebê. Dona Expedita e sua filha, sem dinheiro para trasladar o corpo, improvisaram um caixão caixa de sapato e trouxeram o bebê morto em um ônibus da Real Alagoas sob os olhares de reprovação do motorista e do cobrador que suspeitavam de alguma coisa errada, afinal o cheiro de podre já tomava conta do ônibus.

    Vendo todas essas coisas foi ficando cada vez mais forte dentro de mim que meus privilégios eram agressões gigantescas contra outras crianças, outras pessoas. Delmiro Gouveia foi a maior escola da minha vida. Ali, no interior do sertão alagoano, formei meu caráter e tive a certeza de que nada e nenhum discurso hipócrita desfaria a violência da realidade que vi. Meritocracia, esforço, bla-bla-bla algum seria capaz de me convencer de que tudo aquilo que vi e vivi não eram fruto de uma sociedade extremamente desigual em que pouquíssimos tinham muito e muitíssimos tinham bem pouco ou quase nada.

    Nessa experiência de vida em Alagoas ainda me deparei com a quase morte de minha irmã mais nova. Ela contraiu uma gastrointerite por ingestão de água contaminada. Minha mão e eu fomos “roubados” por uma crinça que empurrava nosso carrinho de feira e passava fome. Ainda vi muito de violência de gênero, machismo, misoginia, proconceito racial e social.

    Não sei se já falei, mas em 2001, aos sete anos do governo de FHC, uma criança morria a cada cinco minutos de fome, no Brasil. Porém, te garanto que em 1987 era ainda pior.

    1. Fernando Franco viaja à década de 80

      Achando pouco cinco crianças morrerem de fome por hora no final dos governos tucanos, o Fernando Franco vai à década de 80 vasculhar o pó e a miséria pré-neoliberais para trazer sombrios contrastes às delícias dos tempos tucanos.

      Os Tucanos, entretanto, não tiraram o Brasil do mapa da fome, ao contrário, se aliaram aos Golpistas do PMDB para reconduzir o Brasil à época da fome.

       

  2. A aritmética da violência

    Ao final do Governo Tucano, 1 criança morria de fome a cada 5 minutos. Numa hora, eram 12 crianças ceifadas pela fome. Em  24 horas eram 288 crianças assassinadas pela fome. Em 365 a fome ceifava 105.120 crianças. Entretanto, os Trouxinhas ficam escandalizados porque 60 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil.

    Como essas desigualdades sociais estúpidas, qual o motivo de tanto escândalo?

  3. Tentamos pelo voto, mas deram um – não – dois golpes…

    E nos derrubaram do poder.

    Aqui, não dá para ser republicano. Aqui, não dá para dialogar. Aqui, só vai ter jeito quando o morro descer pro asfalto… e não subir mais!

    Precisamos de um novo 7 de setembro. Mas um de verdade. Precisamos de um 14 de julho urgente!

  4. Se há um lema que sintetiza

    Se há um lema que sintetiza de forma perfeita o momento em que o Brasil acreditou e conseguiu não se confinar a ser um mero exportador de comida foi o lema do período JK – 50 anos em 5.

    Com os golpistas, o sonho deles (que é o pesadelo nosso, do povo) é fazer em 5 anos 50 anos – de retrocesso. E um dos sinais dessa volta é o Brasil voltar ao mapa da fome. 

  5. Prezado Fernando
    Compartilho

    Prezado Fernando

    Compartilho com vc a tristeza, não só pelas vidas que são e serão destruídas pela fome, mas pelo retrocesso, pela regressão, pela destruição que impuseram ao Brasil

    Em 10 anos de governos progressistas, além de consquistas sociais, tínhamos:

    * Assumido nossa condição de potência (sem imperialismo, sem guerras, sem dominação)

    * Desenvolvido tecnologia de pontana área de exploração e prospecção em água profundas

    * Desenvolvido técnicas de engenharia pesada

    *  Exportado serviços de engenharia para vários países do mundo

    * Desenviolvido tecnologia para a defesa nacional

    * Começamos a reindustrializar a país (depois do financismo parasitário com que o neoliberalismo infestou nossa sociedade)

    * Tranformamos a Petrobrás em global player, detentora de tecnologia e massa crítica para adquirir ativos no exterior (devastada e destruída por um capacho entreguista) 

    Enfim, caminhávamos para nos tronar um país soberano

    Tudo destruído por um juiz de merda, procuradores vagabundos, juízes corruptos; e um imprensa porca e vendida (que adora abaixar as calças para os EUA)

    E os empresários que bateram panela, vestiram camisa da CBF e seguriam patos amarelos, será que estão contentes em ver suas empresas compradas por estrangeiros ou concorrendo com eles neste abismo econômico que estes FDP nos empurraram?

    Espero viver para ver todos esses FDP condenados e punidos como traidores da Pátria, apodrecendo anos em detenções provisórias, até que começam a caguetar uns aos outros

  6. Quando se tem um golpe de

    Quando se tem um golpe de Estado em andamento estas questões não são sequer levadas em conta.

    Paneleiros,coxinhas ou qualquer outro nome que se dê a zumbizada não terão a dignidade de assumir sua responsabilidade neste caos que ajudaram a implantar no país.

    E é verdade. temos que assumir nossa responsabilidade neste caos. O golpe não se desenhou da noite para o dia. Nós,a sociedade civil,e,pricipalmente o governo e o partido  da presidenta,não tivemos capacidade de avaliar corretamente o momento em que vivíamos e deixamos o monstro crescer.

    Diante dde nossos olhos a mídia porca deste país,controlada sabe-se lá por quem, hipnotizou,e continua a hipnotizar,milhões de brasileiros.

    Para essa gente um brasileiro morrer de fome a cada cinco minutos é pouco. E nós deixamos essa gente livre leve e solta por aí falando as mentiras como se fossem verdades.

    É tudo o que eles queriam. Agora,com certeza,voltaram os programas,não os federais de erradicação da fome e da miséria,mas os de televisão ,para arrecadr fundos contra a fome,para as crianças etc,etc.

    Viverão,como abutres que são,da exploração da carniça e da miséria.

    Precisamos de nos autoflagelar por termos deixado este tipo de gente ser a verdade em nosso país.

  7. Sem confronto, sem presente e futuro.

    “em 2001, uma criança morria de fome a cada cinco minutos no Brasil.”

    A preocupação em viver num país digno para seus habitantes nunca tirou o sono das classes médias e altas brasileiras. Uma sociedade que sempre negou os holaocautos indígena e negro, bem como as consequências devastadoras para seus descendentesséculos, após a falsa libertação e independência tem muita dificuldade ou ”inanição moral” para compreender, vestir verde e amarelo ou bater panela de alegria pela saída do Brasil do Mapa da Fome ou pela política de distribuição de renda.

    Educados há muito tempo para desmerecer tudo que é nacional e com cheiro a povo, essa famigerada elite, ganhou um aliado de peso: a imprensa filha da ditadura de 1964. Num reforço diário, nossa ‘grande’ imprensa tem reforçado o pensamento antinacional e antidemocrático desde que os milicos tomaram de assalto o poder com apoio do Tio Sam e aplausos de setores da Igreja, do empresariado e da classe média. 

    A seleção de pauta despejada das redações faz um trabalho que nem décadas de pedagogia pode reverter. Nascem e crescem defendendo causas que beram à loucura. Por não terem à disposição um contraponto informativo que atinja muitos ao seu redor, o brasileiro ‘informado’ vai se tornando algoz de sua prórpia sorte. Um zumbi humanitário capaz de ver vagabundos naqueles a quem sempre foi negado dignidade e acesso a serviços públicos com qualidade. Pior: em atribuir aos que ousam defender o direito a esse acesso alguém a ser responsabilizado por todo problema que se apresente.

    Se uma criança morre a cada cinco minutos pouco importa diante da meia realidade em que vivem os que saíram a bater panela e a vestir verde e amarelo contra o combate à corrupção. Aquela corrupção que, segundo o silêncio desde o golpe, não acabou, mas não incomoda mais aos carentes de moral.

  8. Cidadãos ao descaso

    Não tinha como não parabenizá-lo por este texto. Excelente e remeteu-me a esse mesmo sentimento, era adolescente na época, chorava copiosamente ao assistir esta realidade do país e não via luz para eles, Lula fez um milagre! Estes cidadãos que aplaudiram a queda do PT no governo, são seres desprovidos de amor ao próximo, pensam que as ‘doações’ e almoços beneficentes os livram da maldade para com o povo necessitado. Hipócritas. 

    1. cidadãos…

      Somente num país onde elites esquerdopatas ou não, Ney e Ariano Suassunas, duas faces da mesma moeda, podem falar em fome num país onde cada semente jogada nascem dez pés de feijão. É a mesma coisa da Seca. Bolsa Família acabou com a seca no Nordeste, por quinze anos. Bolsa Familia Milagrosa. Agora a Seca está retornando. Também a fome. Então vemos, quem quiser ver, que Seca e Fome não são fenômenos casuais são Atitudes Políticas. E os dois lados da moeda da nossa única elite, parasitam tais misérias. Nunca quiseram dar condições para que a Sociedade se desenvolva sozinha e elimine tais aberrações medievais. Desvendadas seriam nossas Elites, que se alimentam da miséria. Estamos iniciando tardiamente e precariamente novamente um novo ciclo. Uma nova ordem mundial que já avança ou a tragédia de ideologias apodrecidas. O Brasil terá que escolher.   

  9. “Apenas uma sociedade doente,

    “Apenas uma sociedade doente, ignorante e hipócrita pode acreditar que Ana Cláudia e Evangelista estão sofrendo assim por que não se esforçaram o suficiente. Apenas uma sociedade lunática, cínica e monstruosa pode se convencer de que eles sofrem desta forma por não terem fé suficiente ou por não terem depositado algum valor numa conta em nome de algum deus.”

     

    Caro Horta, 

    é óbvio que eles não acreditam nisto: uma sociedade cruel e doentia só persiste se permeada por uma cultura que normaliza o comportamento psicopático – algo absolutamente necessário para sociedades escravocratas.

    O golpe só foi possível graças à fração psicopatizada da classe média – fração esta que começou a ser transformada em sua versão atual quando, no início do plano real, a taxa de juros foi a mais de 50% e se manteve obscenamente alta por anos – a classe média que foi pra av. paulista de verde-amarelo pra pedir “eu quero meu país de volta” é a mesma classe média que lucrou com a taxa selic nos tempos do FHC, sendo que eles lucraram sabendo o que dinheiro que ia pro bolso deles (pra gastar na Disney ou em Miami) é o dinheiro que deveria ser usado para salvar as crianças retratadas na reportagem que você cita. Essa pessoas querem que isto volte – sim, elas sentem prazer em obter vantagens a partir do sofrimento alheio. Finjem que não, mas elas só sentem estar ganhando se alguem está perdendo. Isto é a normalização cultural do comportamento psicopático.

    Como já escrito antes, os elementos do jogo são economia, cultura e traços personalidade.  

  10. O Brasil está de volta….

    Os coxo-trouxinhas da classe mérdia e a subelite brasileira, vagabundas, ignorantes, ladravaz, escrota, verdadeira escória humana, agora tem o seu Brasil de volta….. 

  11. Parabens Fernando por um

    Parabens Fernando por um texto tão bem escrito e acima de tudo emocionante!  Gostei tanto de seus texto que vou publicar no meu face. Pois compartilho plenamente da sua tese.

    Eu só colocaria uma oração dentro da sua frase: em 2001, aos sete anos do governo de FHC, aquele que havia vendido as maiores estatais, dizendo que era para ter mais dinheiro para o social, uma criança morria a cada cinco minutos de fome, no Brasil.

     

  12. Em 2006 na época na reeleição

    Em 2006 na época na reeleição do Lula, lembro das minhas discussões com colegas de trabalho que iriam votar no PSDB, pois consideravam que haviam piorado de vida e estavam sustentando o pessoal do bolsa-família, e não vendo benefícios para si no pagamentos de impostos. Retruquei que preferiria sustentar e dar benefícios aos miseráveis e pobres do país, do que para mim, afinal eu tinha opções e recursos e conseguia competir no mercado, mas esses pobres e miseráveis não, dependiam do governo para não morrer de fome e finalmente estavam tendo alguma ajuda. E que para mim, não era um problema se tivesse que dar mais para o governo e tal, se isso levasse a maioria a melhorar, pois aí melhoriamos inclusive como sociedade. Bom lembro que o pessoal acabou ficando sem argumento contrário, mas dificilmente devo ter trocado os votos deles. Nossa sociedade não vê o outro, é extremamente egoísta e consumista e com isso dificilmente tem-se o sentimento de sociedade. Sempre é cada um por si, e aí se o outro morre de fome, problema dele, e oxalá não seja na minha frente. Esse é o pensamento dominante aqui.  E vai ser muito dificil mudar isto, pois precisamos mudar o modelo de pensamento de grande parte da população e sem ter os meios de comunicação e por que não de dominação mental, isto é impossível. 

    Cada vez mais fico desiludido pelo nosso país e pela chance que perdemos. Não havia espaço para erros em um governo de esquerda. Os parasitas da nossa elite iriam, como conseguiram, se aproveitar de qualquer falha. E a falha deu-se no ambito da comunicação, adicionada a alianças questionáveis para manter a governabilidade.

  13. Abominaveis

    Esse Brasil de miséria sempre existiu, mas o discurso sempre foi o mesmo: trabalhe e teras um lugar ao Sol. Quem acompanha as historias de musicos e cantores, principalmente dos mestiços e negros, sabe que a maioria têm historias por vezes terriveis de vida. Jair Rodrigues, no Programa Ensaio, conta como sobreviveu sempre comendo o minimo, numa casa de pau à pique, vestindo saco de farinha, que a mãe transformava em calça para os filhos. Eram cortadores de cana do interior paulista das décadas de40/50/60. Quem não fecha os olhos para a vida das suas empregadas, sabe que a realidade desse Pais foi de muita exclusão e muita fome, até os programas sociais dos governos petistas. Quem bateu panela e pediu pela queda de Dilma, deve estar muito satisfeito em não encontrar mais nenhum “sem dente” nos aeropostos, mesmo se, eles proprios, agora, não possam mais viajar tanto quanto antes e os jantares gourmet se reduziram.

  14. Texto excelente

    Texto excelente. Em fevereiro deste ano fiz uma reflexão em meu Blog tomando por base essa mesma série de reportagens. Hoje seu texto transporta meu pensamento para lembrança do sertão nordestino que conheci, para a tragédia que vivi como médico, quando a fome e a desnutrição subjugavam meus conhecimentos e arrancava das minhas mãos a vida de minhas desgraçadas crianças e as transformava em anjinhos.

    Na reflexão que fiz em fevereiro anunciei nos títulos e subtítulos o fim desse País da fome. Agora, infelizmente voce grita aos meus ouvidos que esse País voltou, para felicidade dos cretinos que não ganham nada com isso, mas que repetem as baboseiras que os que se locupletam com a miséria lhes coloca nas suas miudas cabecinhas.

  15. Contradições…

    Mais intervencionismo Estatal dessa turma que prega a inação ou quase desaparecimento do Estado, impossível; tanto que levaram o país a uma recessão inédita. E a isso chamam de liberalismo economico. O Brasil teve breves momentos em que deixou-se ficar sem os grilhões dos donos do poder. Getúlio, Juscelino e Lula (este tornou-se uma referência internacional e conseguiu unir a gente pequena de grandes empresas e os roceiros pretensiosos que não se precisa nominar, contra si) Nestes breves lampejos de liberdade por um pouco de tempo viu-se a capacidade de progredir deste grande país, ainda que tendo por pesos a falta de educação ampla e moderna, uma elite sem possibilidades de reparos e absurdos privilégios de uma minoria (sem mencionar governantes, legisladores e funcionários públicos que lançados à luz demonstram o cancro putrefato que são; o Tucanistão e a Roça Iluminada que o digam).

    Em tempos melhores de governo errei de caminho e tive que retornar passando pelo meio da favela que há próximo ao Atacadão na Marginal do Tietê. A satisfação que se via pelos carros – populares é verdade – novos em frente às casas, TVs e toda a chamada “linha branca” de eletrodomésticos nas casas em que se podia ver através das portas abertas deveria causar satisfação e não a inveja demonstrada por uns tantos em vários episódios, alguns deles expostos aqui no GGN. Lembro-me também por essa época um projeto para regularizar essas moradias que não foi adiante.

    Nem os lucros em maior escala convenceu a esses donos do poder que a maior atividade ecômica que poderia ser simplesmente nominada como trabalho é preferível à vida patética que tem o morador da Casa Grande.

    Desejo realmente que o Usurpador permaneça nesse inferno em vida até as próximas eleições expondo-se e a seu grupelho o que são e junto com eles o desespero dessa outra quadrilha anonima chamada “Mercado”.

    Como disse em comentários anteriores, Lula cometeu basicamente seis erros sendo os mais graves a alimentação pela SECOM dos golpistas, quando deveria zerar os repasses governamentais e de todas as estatais a eles, além de lançar sobre eles a Receita e a Polícia Federais sobre eles o que resolveria um outro erro que foi a falta de pulso (uma interpretação bem equivocada do que é republicanismo). A escolha de seu sucessor também, que foi Dilma & equipe, uma verdadeira caixa de Pandora sobre as Instituições marinada em arrogância. O vínculo entre o capital predador interno (bancos e grandes empresas) somada à mesma espécie do exterior e sua capacidade de articulação também.

    Entretanto o principal erro foi substimar a pequenez da oligarquia. Sua ignorância e incompetência são extraordinárias fora de qualquer escala. Alguém comentou aqui que nossa elite é a mais estúpida do planeta (acho que foi o Nassif). Corretíssimo.

  16. Hipocrisia da Hipocrisia

    Pode até ser válida seu comentário em relação a “pseudo erradicação da fome”. Isso é comparado às UPPs criadas no RJ para desviar o foco da população e mascarar o verdadeiro objetivo de se chegar ao poder que é APENAS PROJEÇÃO PESSOAL, ENRIQUECIMENTO E OSTENTAÇÃO.

    Tenho nojo de todos os partidos que existem aí, pois TODOS SEM EXCEÇÃO TEM APENAS COMO MOTIVAÇÃO pensar em seu próprio umbig,  seus familiares e amigos próximos.

    A política para uso do bem estar de uma sociedade de fato não existe! 

    Infelizmente temos uma cultura impregnada na nosso DNA que vale sempre a “lei de Gerson”. 

    Por isso não concordo em “rotular” partido A, B ou C. TODOS são corruptos e apenas querem perpetuação do poder.

    Gostaria de ver politicos com propósitos construtivos sem nenhuma remuneração, beneficios que existem hoje. Quem sobrariam com essa reforma??? quase ninguém!! isso calaria minha boca, porém talvez em 4 gerações quem sabe isso possa acontecer.

  17. Responsável pelo seu povo
    O que Lula fez, foi o que todo governante deve fazer e que nunca antes na história deste país, se havia feito: assumir e fazer algo concreto para dar um pouco de dignidade para o povo mais sofrido do seu país, pois o bom governante é responsável pelo seu povo, empenhando-se em criar políticas públicas e aparelhar seu governo para não admitir o sofrimento sob qualquer situaçao, do povo para quem governa.

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