Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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As Agências de Rating não confiam na política econômica, por Andre Motta Araujo

Vejam só, o Brasil INDICA uma política econômica ultraneoliberal tipo VAMOS PRIVATIZAR TUDO, cortar as migalhas para a pobrada, ELIMINAR TARIFAS DE IMPORTAÇÃO, e com tudo isso as agências não se comovem.

As Agências de Rating não confiam na política econômica

por Andre Motta Araujo

Fazendo tudo certinho pela cartilha velha da Universidade de Chicago não foi suficiente para as agências de rating Moody´s, Standard & Poor´s e Fitch melhorarem as perspectivas para o Brasil. Que maldade! Como assim, fazemos a famosa “lição de casa” da Miriam Leitão e elas não reconhecem?

Não, não reconhecem. ELAS QUEREM CRESCIMENTO para dar alguma esperança de melhorar a nota do Brasil, hoje TRÊS GRAUS abaixo do grau de investimento, enquanto que o México, segundo maior país da América Latina, está TRÊS GRAUS ACIMA  do rating de investimento, agora ameaçado de perecer um grau, mas mesmo assim seriam CINCO GRAUS acima do Brasil. O México tem há décadas uma gestão econômica de melhor qualidade que a do Brasil, não só de operação técnica, é de liderança, estatura e presença internacional, a ponto de um ex-Ministro da Fazenda ser hoje o diretor-geral da OCDE.

É realmente um espanto. Vejam só, o Brasil INDICA uma política econômica ultraneoliberal tipo VAMOS PRIVATIZAR TUDO, cortar as migalhas para a pobrada, ELIMINAR TARIFAS DE IMPORTAÇÃO, algo que os EUA nunca fizeram e jamais farão, muito menos União Europeia, China, Japão, Índia, Rússia e nenhum País com política econômica racional abre a importação sem contrapartidas, e com tudo isso as agências não se comovem. O que está acontecendo?

AS AGÊNCIAS (E OS INVESTIDORES) QUEREM CRESCIMENTO

E crescimento não virá com essa política de AJUSTES e REFORMAS, é preciso muito mais trabalho, cérebro e audácia da equipe econômica.

É preciso jogar DINHEIRO DE HELICÓPTERO, na feliz expressão do papa do monetarismo Milton Friedman, se referindo a CERTOS CONTEXTOS DE PARALISIA ONDE É PRECISO IRRIGAR A ECONOMIA. O problema é que o entendimento dessa situação e solução exige a inteligência de um Delfim Neto, não é suficiente a cartilha da Universidade de Chicago, onde Friedman era o papa. Equipe econômica de mantras e bordões não gera uma grande economia.

A Moody´s em 1º de outubro divulgou release com seu ceticismo com o Brasil, a Standad and Poor´s e a Fitch geralmente seguem na mesma linha com variação de detalhes e não adianta tentar desqualificar as agências, elas são um fator da realidade do mercado financeiro. É fato que muitos fundos e bancos não seguem religiosamente as agências, mas elas influenciam a cultura do mercado global, refletem uma “média” de percepções sobre os países, mesmo que hoje muitos fundos, como a CPP, o fundo de pensão dos funcionários públicos do Canada, grande investidor no Brasil, façam sua própria análise por seu grande departamento de pesquisa, conheço  porque já trabalhei para eles MAS mesmo assim as agências ainda têm peso.

PARA CRESCER NÃO É PRECISO ESTABILIDADE, É O CONTRÁRIO

Estabilidade per si não é um valor econômico, do que adianta estabilidade na miséria, como Portugal de Salazar teve por 40 anos? O crescimento é um valor maior porque tende (não necessariamente) a beneficiar maior número de pessoas  Uma estabilidade congelada, como o Brasil tem com essa política de “metas de inflação” não trouxe prosperidade e muito menos paz social para a grande maioria da população brasileira, cada vez mais pobre.

As agências de rating avaliam essa realidade quando tem visão pessimista com o Brasil porque NÃO HÁ CRESCIMENTO e tampouco se vê qualquer projeto político em favor do crescimento. Acreditar que com reformas virão investidores que farão o País crescer é uma fantasia idiota. Os investidores SÓ VIRÃO COM O PAÍS CRESCENDO, eles são a resultante e não a razão do crescimento, ninguém vai investir em um mercado onde as pessoas estão cada vez mais pobres e com menos renda. É essa a perspectiva que as agências percebem, do alto de seus mais de um século de experiência.

A TRANSIÇÃO ARGENTINA, CIVILIZADA E ORGANIZADA

O Presidente cessante Mauricio Macri convidou o Presidente eleito Alberto Fernández para um café da manhã nesta terça-feira, para dar início a transição para a posse do novo Presidente em 10 de dezembro. Sinal de país civilizado, de gente educada, de uma boa cultura política. Dentro dos piores contextos, de crises, conflitos e guerras é preciso manter a civilização de pé e funcionando para que dos escombros se encontre a semente da sobrevivência.

Parabéns a Mauricio Macri e Alberto Fernández, são cavalheiros da política verdadeira onde é possível sentar-se à mesa depois das batalhas.

Quanto à política econômica de Alberto Fernández vejo dois ativos: a longa experiência, Fernández foi importante assessor de Carlos Menem e Domingo Cavallo e é um POLÍTICO DAS CIRCUNSTÂNCIAS, opera dentro da realidade e não por ideologia, essa é a característica dos grandes políticos.

AMA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

7 Comentários

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  1. Acho que há um erro na avaliação. É só conversa, discurso, bordão pode ser o termo mais correto, não vejo esta política como liberal, é só negócio para o baixo clero dos operadores de mercado, não tem lógica e nem faz sentido. É só olhar para as taxas de juros cobradas no país.
    Não há qualquer estratégia ou objetivo econômico, estão se valendo dos mais de 30 anos deste discurso dos comentaristas econômicos de tv, regiamente pago e financiado pelos bancos. Some-se a isto ao discurso anti-corrupção e anti-política, até ministro do supremo, sem qualquer formação técnica, se acha com autoridade de repetir o que banco pagou para aparecer na tv.

  2. André, quando me lembro do que essas agências de avaliação de risco de investimento causaram, eu tenho engulhos. Só consegui rir assistindo “A Grande Aposta”.

  3. As agencias de rating são uma realidade e elas existem porque seus clientes, as empresas, bancos e paises, PAGAM ALTOS HONORARIOS para essas agencias darem notas para suas emissões de bonus,
    NÃO SE FAZ EMISSÃO DE BONUS SEM RATING, e de acordo com a nota se paga mais ou menos juros. Então as agencias continuam existindo, são grandes organizações e o fato de terem errado não
    as elimina do mapa, hospitais e medicos tambem erram e continuam existindo.

  4. Agência de risco, fmi, banco mundial, determinadas ongs….. é tudo patranha para manter o neocolonialismo……. pagamento de juros de uma dívida que ninguém sabe como surgiu e nem quer saber……por que o dia em que o povo exigir explicações, vai faltar vaga no sistema carcerário para os abutres do.mercado……e economista que fala em desequilibrio.nas contas e não cita o.maior gasto.do.orçamento é desonesto e merece fazer companhia na cadeia aos larápios do.mercado

  5. Análise criteriosa por pare de agência de risco é algo raro de ocorrer, e a crise do sub-prime em 2008 deixou isto à mostra e nem assim sobrou punição para nenhuma delas.
    Agência de risco faz parte da engrenagem do gigantesco toma lá dá cá existente no mercado financeiro, e como ninguém quer ouvir falar sobre qualquer tipo de regulação, o vale-tudo é total, às três da manhã eu posso comprar contrato de ouro e fazer hedge com contrato de laranja ou cobre.
    Quanto ao modo como as agências estão percebendo o país, trabalhando de mãos dadas com a banca só ficarão satisfeitas quando o país bater ajoelhado na porta do FMI, o que ainda não aconteceu porque a manivela da Casa da Moeda está a todo vapor.
    Quem ainda aguarda pelo investimento significativo que propiciará o tal do crescimento, aquele que nem mesmo o PGuedes ouviu falar, é porque está completamente bêbado, e quanto mais este grupelho de irresponsáveis permanecer à frente do governo, mais difícil ficará para colar os pedaços do que sobrar.
    Privatizações à galega, corte nos direitos sociais de milhões, desemprego em nível elevado, isto é, o total de pessoas que estão sem trabalhar,e não este número ridículo que a grande mídia divulga, de 13 milhões de pessoas, este conjunto perverso de fatores deixa à vista a competência do tal do Mito.
    Com ou sem análise de agências de risco, as multinacionais virão na hora certa, quando isto aqui estiver no osso.

    1. Meu caro, fico muito feliz de ver que vc tem esse registro do comentario do Nassif sobre meu livro,
      nem eu tinha mais esse material. É claro que o contexto hoje é outro e muito pior, valem todavia
      as bases doutrinarias que eu usei naquela avaliação, de qualquer modo todos os fatores de hoje PIORARAM o quadro e as medidas de reativação da economia tem que ser muito mais drasticas,
      a primeira e a troca completa de toda a diretoria e a cultura de estagnação economica do
      Banco Central, eles paralisam o Pais em nome do Boletim Focus e da inflação abaixo da meta, tal
      qual a pressão arterial, se for muito baixa o paciente estará morto, estamos nessa direção.

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