“Bolsonaro quer atender caprichos dos filhos”: políticos comentam possíveis nomeações na PF e Justiça, por Nathalia Bignon

“Bolsonaro quer atender caprichos dos filhos”: políticos comentam possíveis nomeações na PF e Justiça

por Nathalia Bignon

A escolha de Jorge Oliveira para suceder Sérgio Moro no ministério da Justiça, e de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, no lugar de Maurício Valeixo, deve se confirmar nesta segunda-feira (27). Mesmo sem a oficialização dos nomes, as indicações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) devem criar um novo escândalo no cenário político do país, já que os dois escolhidos são amigos diretos do clã Bolsonaro.

Já no domingo, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA) criticou a indicação dos novos representantes. “Muito grave!! Jair Bolsonaro quer levar de vez o Governo Federal para dentro da cozinha dele, para atender caprichos e acobertar malfeitorias praticadas por filhos e amigos. Absurdo, inaceitável! Isso só reforça a necessidade de afastar Bolsonaro”, definiu o parlamentar.

E daí?
Ontem, ao ser questionado sobre a escolha de Ramagem, amigo próximo de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o presidente respondeu: “E daí? Antes de conhecer meus filhos, eu conheci o Ramagem. Por isso deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?”. Em inquérito sigiloso conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal identificou o vereador como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.

Nesta segunda, Bolsonaro pediu aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para seguir com as nomeações. Bastou isso para que o deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) recordasse a tentativa da ex-presidente Dilma Rousseff de nomear Lula como ministro da Casa Civil, em 2016. “Pau que dá em Chico dá em Francisco. STF não permitiu Lula ser nomeado Ministro de Dilma por entender que objetivo seria livra-lo da prisão. E agora, STF?”, questionou o parlamentar.

“Bolsonaros acima de tudo”
Ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) buscou a máxima da campanha do governo de Bolsonaro para criticar a nova tentativa do mandatário de controlar as ações da PF. “Ao invés de cuidar dos filhos da nossa terra, ele cuida só dos seus filhos; ao invés de cuidar da família brasileira, ele cuida da sua família. Bolsonaros acima de tudo, esse é o verdadeiro lema do governo”, definiu, fazendo menção às defesas das famílias durante a campanha eleitoral de 2018.

Carta da ADPF
Também em crítica direta ao chefe de Estado, Marcelo Freixo (RJ) e Ivan Valente (SP), ambos do PSOL, divulgaram a carta da Associação Nacional dos Delegados da PF, na qual os membros denunciam a tentativa de interferência do presidente no trabalho da instituição. “A Associação Nacional dos Delegados da PF endereçou carta a Bolsonaro, denunciando a tentativa de ingerência política e a quebra de confiança ao indicar um amigo de seus filhos bandidos para o comando da instituição. O governo obstrui a justiça em nome da corrupção familiar”, afirmou Valente.

“Quero parabenizar a Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) pela coragem de se posicionar publicamente contra a nomeação de um amigo íntimo da família Bolsonaro para o comando da instituição. Garantir a autonomia da PF é fundamental para o combate ao crime”, comentou Freixo.

Jorginho
Além de membros da PF, a escolha de Jorge Oliveira para o comando do ministério da Justiça também contrariou recomendação do núcleo militar do governo. “Jorginho”- como o presidente se dirige ao auxiliar – começou a trabalhar com Bolsonaro em seu gabinete de deputado federal há 17 anos, dando continuidade a uma amizade iniciada pelo seu pai, que foi assessor e conselheiro de Bolsonaro por 29 anos.

Redação

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