Cristofobia como profecia autorrealizável, por Albertino Ribeiro

Só faz sentido discutir a existência ou não da cristofobia no contexto de países democráticos. Entretanto, nesses países ela não existe. Trata-se de uma Quimera.

Cristofobia como profecia autorrealizável

por Albertino Ribeiro

Os ministros do governo brasileiro, Ernesto Araújo e Damares Alves, insistem em dizer que existe uma cristofobia em curso no mundo. Com certeza uma ideia quixotesca derivada de mentes, se não psicóticas, desonestas intelectualmente.

Onde está a cristofobia? Se estiver na China, não vale. Qualquer religião ocidental tem liberdade limitada no país asiático e principal parceiro comercial brasileiro; se estiver nas teocracias Islâmicas, também não vale. Claro que não! A prática de qualquer religião diversa do Islã é considerada crime. Estaria na Índia? Também não vale, pois qualquer religião fora do hinduísmo também sofre perseguição e preconceito no segundo país mais populoso do mundo.

Só faz sentido discutir a existência ou não da cristofobia no contexto de países democráticos. Entretanto, nesses países ela não existe. Trata-se de uma Quimera. Qualquer pessoa com um mínimo de sensatez perceberá que no mundo democrático existe a Islamofobia; e, no caso do Brasil, é mais comum testemunharmos intolerância às religiões afro-brasileiras.

A França tem sofrido muitos ataques de terroristas islâmicos nos últimos anos, sendo o mais recente o ataque a Igreja católica em Nice que resultou na morte de 3 pessoas, entre elas uma brasileira. Esses acontecimentos estão engendrando, no berço da revolução que marcou a idade contemporânea, não apenas repúdio ao Islã, mas a qualquer religião

Para quem achava que antônimo de estado teocrático seria estado laico enganou-se. O movimento “secularismo radical, que está surgindo na França” defende um estado ateu; uma república onde qualquer prática religiosa seria crime.

O horror ao Islã é consequência dos ataques terroristas praticados por grupos fundamentalistas que são intolerantes. Destarte, a maioria das pessoas quando ouve a palavra islã é levada automaticamente a pensar em grupos como Al-Qaeda, estado islâmico e outros de menor escopo, mesmo sendo pacífica a maioria dos praticantes da religião.

No Brasil onde 87,6% da população é cristã (IBGE), grupos radicais evangélicos, em especial os neopentecostais, estão semeando, de modo inadvertido, a semente cristofóbica. Por que digo isto? Pela intolerância praticada contra as religiões de matriz africana que representam apenas 0,3% da população segundo o IBGE; pela prática da homofobia e pelo julgamento moral imposto às pessoas de forma ostensiva.

Todos acompanharam recentemente o sofrimento de uma menina de 10 anos no estado do Espírito Santo. Por ter optado pelo aborto, que era o certo a fazer, a criança foi covardemente violentada psicologicamente sendo, inclusive, chamada de assassina por vários radicais evangélicos que faziam vigília na porta do hospital onde seria realizado o procedimento.

Vários estudos confirmam que a gravidez de uma criança representa um alto risco de morte, sem contar com as possíveis sequelas físicas e psicológicas. Para quem tiver interesse, ler: Gravidez na adolescência: estudo ecológico nas microrregiões de saúde do estado de Mato Grosso do Sul, Brasil – 2008.

O Comportamento destes crentes está provocando um repúdio latente à religião cristã; e esta latência poderá eclodir de tal forma que um dia dará concretude aquilo que, no momento, não passa de retórica dos falsos beatos do governo brasileiro.

No século I d.C , o apóstolo são Pedro escreveu uma carta aos cristãos que habitavam nas cidades de Galácia, Capadócia e Bitínia (atual Turquia). Nela, o apóstolo fala aos fiéis que é honroso ser ofendido e insultado por amor a Jesus. Contudo, ele adverte que sofrer insulto por ter agido de forma cruel e imoral, dentre elas meter-se na vida alheia (sim, isso mesmo!), não seria algo passível de honra.

Fica a mensagem bem atual do primeiro pontífice, segundo a Igreja católica, aos cristãos radicais do nosso tempo. E do jeito que as coisas estão indo, a cristofobia poderá ser real e por motivos que ninguém vai se orgulhar.

Redação

6 Comentários

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  1. Erro crasso no artigo, uma bobagem.
    Em países islâmicos como o Irã é proibido fazer proselitismo religioso, porém não é proibido professar qualquer religião Abrahamica (judaísmo ou cristianismo).
    Realmente o autor está terrivelmente mal informado.

  2. Acho que a religião passou a dar uma importância ao lado da arrecadação muito maior do que deveria. Fica fácil deduzir que os fabulosos montantes arrecadados graciosamente geram tão estupendos e portentosos lucros, que faz corar de inveja as maiores organizações comerciais, industriais e econômicas. Imagino também que, em maior parte, fizeram acontecer uma inteligente forma de manter o controle do fanatismo religioso mais flexível e compatível com os recentes métodos captação de recursos e de novos adeptos da fé.

  3. “O Comportamento destes crentes está provocando um repúdio latente à religião cristã; e esta latência poderá eclodir de tal forma que um dia dará concretude aquilo que, no momento, não passa de retórica dos falsos beatos do governo brasileiro.”

    Do jeito que as coisas se encaminham, com o crescimento de neopetencostais no parlamento, no executivo, nos conselhos tutelares e na justiça, acho mais fácil o Brasil se tornar uma ditadura fundamentalista cristã. A perseguição as minorias religiosas estará fundamentada na lei. a última trincheira do estado laico será o STF (será?)

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