Estapafúrdia tese de nova eleição fora do calendário, por Kennedy Alencar

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Kennedy Alencar

Do Blog do Kennedy

É estapafúrdia a realização de nova eleição presidencial fora do calendário tradicional, como defende um bloco de senadores do PSB, PPS e Rede e Valdir Raupp (PMDB-RO). Também seria péssimo convocar eleições gerais, como pregam alguns políticos. Essas duas ideias criariam fatos excepcionais em relação à saudável rotina institucional.

O Brasil tem de encontrar saídas dentro do que a Constituição atual já prevê. Portanto, vale o impeachment. Mas impedimento demanda crime de responsabilidade. Se tiver crime de responsabilidade, está valendo. Se não tiver, não está valendo.

O vice-presidente da República, Michel Temer, tem legitimidade para assumir em caso de impedimento de Dilma. É um absurdo dizer, como afirmou ontem o ex-presidente Lula, que Temer deveria disputar eleição para chegar ao Palácio do Planalto. Temer disputou votos ao lado de Dilma. Foi uma provocação para o vice-presidente entrar no ringue publicamente.

Ora, Lula e o PT fizeram uma aliança com o PMDB para obter tempo de propaganda na TV e no rádio, palanques regionais fortes e apoio no Congresso. Essa aliança trouxe votos na apertada eleição de 2014. Logo, o PMDB ajudou o PT a conquistar o poder. Se Temer é companheiro de chapa, pode assumir, sim, em caso de impeachment da presidente.

Essa tese de que Dilma e Temer têm de renunciar é puro direito de liberdade de opinião. Não são obrigados a aceitar. Renúncia presidencial é atitude de foro íntimo que a pessoa adota se achar que é a melhor coisa para o país numa determinada conjuntura. Quem não é presidente e vice pode manifestar sua opinião sobre isso, mas quem decide são Dilma e Temer, constitucionalmente eleitos.

Pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que casse a chapa Dilma-Temer para que haja novas eleições presidenciais também é o exercício de liberdade de opinião que existe numa democracia. Só que as provas têm de ser produzidas.

Até agora, há acusações contra Dilma na delação do senador Delcídio do Amaral, mas essa colaboração premiada sozinha não prova nada. É preciso que o procurador-geral da República peça investigação e que o Supremo aceite abrir inquérito contra a presidente. O mesmo vale para rumores sobre acordos de delações em curso que poderão apontar caixa dois na campanha eleitoral de 2014.

Se houver prova, que se casse. Enquanto não há prova, falar em nova eleição é um direito de liberdade de expressão de políticos, empresários, sindicalistas, jornalistas e dos cidadãos. Mas o melhor que o Brasil tem a fazer é seguir o que já está escrito na Constituição.

*

Escalada perigosa

Além da destruição de empregos e renda, que vem piorando a vida das pessoas e das empresas, a pior herança que a crise atual poderá deixar será envenenar, por alguns anos, a disputa político-eleitoral e instaurar a intolerância como regra no debate público em geral.

Tem sido nefasta para o país essa escalada de agressividade, de ameaças de todos os lados, de guerra sem quartel que está deixando terra arrasada na economia.

Na semana passada, o ministro Edinho Silva, da Secom (Secretaria de Comunicação Social), fez corretamente um apelo à tolerância em relação à divergências de opinião. No dia seguinte, sofreu ameaça de morte no Facebook. O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, age bem ao investigar esse tipo de ataque.

Em atos contra o governo, são frequentes cenas de pessoas que defendem pendurar e enforcar Dilma e Lula num poste. Ontem, num ato em São Paulo, a advogado Janaína Paschoal, uma das autoras do atual pedido de impeachment, fez um discurso em tom exaltado, para ser descrito com moderação, e falou que “acabou a república da cobra”. Nas redes sociais, houve estímulo para que manifestantes fossem incomodar o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, e seus parentes em suas residências.

Numa cerimônia oficial na última sexta, dentro do Palácio do Planalto, líderes de movimentos sociais falaram em ocupar fazendas e infernizar deputados pró-impeachment em suas casas. Dilma viu que haviam passado do limite e pediu tolerância, mas, em seguida, recorreu ao discurso do “nós contra eles”, que aposta na divisão do país.

Dilma afirmou: “Não defendemos a violência, mas eles defendem. Eles exercem a violência”. É uma declaração que não combina com o figurino presidencial.

A oposição, especialmente o PSDB e o DEM, ajudou a tocar fogo no país e alimentou o rancor de parcela da população contra o PT. Com irresponsabilidade fiscal, votou no Congresso contrariando o que defendia quando estava no poder. Alguns também estão sob suspeita de corrupção e agora correm o risco de serem tragados pela demonização da política que ajudaram a cultivar.

Em resumo, com raras exceções, a classe política já não se contenta em empurrar o Brasil para o buraco. Quer esfaqueá-lo para ter certeza de que ele vai morrer antes de se esborrachar no chão. Assim, o país que trilhava o caminho civilizatório, vai pegando um atalho rumo à barbárie.

Claro que isso vai piorar o Brasil e a vida dos seus cidadãos, sobretudo dos mais pobres. É preciso interromper essa escalada de intolerância e de incitação ao ódio no debate público.

Os líderes políticos do país precisam se comportar com mais serenidade e responsabilidade em geral e especialmente nas próximas duas semanas, durante a guerra do impeachment. Não podem semear a barbárie. Protestos fazem parte da democracia, mas devem ser caminhos para mais civilização. Não o contrário.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

35 Comentários

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  1. mas no aspecto de que trouxe

    mas no aspecto de que trouxe votos, isso é de se duvidar! basta ver que quando o PMDB anunciou que deixaria o governo, o impitima teve um revez, com deputados de outros partidos passando para a base, se posicionando contra e almejando ministérios. isso também era visível na rejeição ao governo, pois grande parte do eleitora vê o PMDB como o grande problema de corrupção e crise no brasil.

    1. Isso que vc falou é verdade.

      Isso que vc falou é verdade. Mas o que K. Alencar dalou é pertinente, é em relação à campanha eleitoral: aí o PT realmente se beneficiou com o tempo de propaganda na tv pq é o partido com o maior no. De parlamentares e os palanques do pmdb pir todo o país.

  2. Nassif;
    Antecipação de

    Nassif;

    Antecipação de eleição também  é GOLPE !!!!!!

    Não podemos deixar esta história proliferar.

    É Golpe!!!

    Dilma presidenta até 01/01/2018. É isto e está acabado.

    Deixem a Dilma governar, já roubaram dela e do Brasil 16 meses de governo, isto também é golpe.

    Genaro 

  3. Também quero novas eleições…

    Vamos fazer novas eleições até que eu seja eleito presidente.

    Isto que eu quero, e vou limpar o país desta corja de corruptos.

  4. Qto a fala do Lula sobre o

    Qto a fala do Lula sobre o Temer ontem nao foi no contexto posto aqui e sim na articulacao q o vice presidente estava fazendo à luz do dia com a oposicao. 

  5. Kennedy Alencar,

    Kennedy Alencar, esqueceu,omitiu ou disfarçou os nomes dos verdadeiros, responsáveis   pelo clima bélico instalado no país: a mídia. Esta,tem por  nau capitânea  as Organizações Globo,seu think thank,Instituto Milênio. Os   demais panfletos sediados em  São  Paulo,servem para alimentar os  manifestantes da  avenida Paulista no intervalo do passadio fornecido pela FIESP. Economicamente, o que se testemunha é a prática velhíssima de Braga, de derrubar o mercado e comprar na bacia  das almas. Derruba-se ou afunda-se a economia  nacional e adquire-se os despojos a preço de sucata,depois, inverte-se o mercado.Em menos de um ano os número de bilionários multiplicar-se- á…

    1. é um fofo, o coxinha KAlencar…

      prometeu muito como possível bom jornalista mas a coxinhagem, a necessidade de acender sempre as velas para a #DefuntaMídiaBandida, encroou e não desabrochou.

      Pena, a Direita precisa de um jornalista razoável pra chamar de seu. Mas ainda não o tem…

      enfim.

  6. Novas Eleições são um caminho legítimo

    Nassif e amiigos:

    Aproveitando o ensejo do artigo de Kenedy Alencar e o evento da REDE, PPL, PSB e PPS hoje em Brasília, que debateu a convocação de novas eleições como saída para a crise, gostaria de enriquecer o debate defendendo tal posição. 

    Inicialmente, por mais que doa nos defensores de Dilma, o fato é que o governo perdeu totalmente a legitimidade ao aplicar o maior estelionato eleitoral que já vimos no período democrático. Ao fingir que adotaria a tese do desenvolvimento e, após a eleição, girar em 180º e assumir sua verdadeira face, o Governo Dilma rompeu os laços de confiança com que a elegeu e com todos os demais. É fato que ela foi eleita por 54 milhões de brasileiros (vamos desconsiderar, por ora, o modus operandi das eleições, que ainda estão sob investigação). Mas é fato, também, que se nova consulta fosse realizada agora, estes votos não se repetiriam. O que isso significa? Que a legitimidade não é fruto somente da legalidade, mas – principalmente – demanda o apoio e a confiança de quem elegeu, escolheu, aceitou a liderança. Da mesma forma que governos que nao seguem as leis ou que se elegem contra elas, propondo alterações, são considerados legítimos pela população, governos eleitos dentro das regras também podem perder a legitimidade política e precisam sair, a não ser que deixemos de considerar o povo o dono do poder. E este é o caso do Governo Dilma: perdeu em definitivo a legitimidade política e sua continuidade significará a sequencia da guerra que vemos hoje.

    A solução proposta por PMDB/PSDB, o impeachment, além de nao ter fato jurídico claro, sofre do mesmo mal: se o povo não aceita o governo de Dilma, quem dirá o de Temer. Sua posse siginificará acender o pavio da guerra social, com todo o setor social contra e mais o PT com sede de vingança. Fora o fato de que, do ponto de vista da política econômica e social, trocaremos seis por meia dúzia e o Brasil continuará na escalada para baixo em que estamos agora, sem chance de sair.

    Neste quadro, onde os “de cima” não conseguem mais governar porque perderam a confiança dos “de baixo”, o melhor a fazer é reiniciar o sistema, chamando o povo a se manifestar e a escolher novos governantes que possam, com a legitimidade que os atuais não possuem mais, tirar o Brasil da crise. A convocação de novas eleições é legítima, é expediente comum em diversos países de regime presidencialista (lembrem a Venezuela de Chavez: eleições quase de dois em dois anos) e serve para momentos em que o risco de uma ruptura democrática é grande, como agora. É uma saída democrática, dentro das regras e capaz de devolver ao sistema político o poder que ele perdeu por conta de sua própria conduta.

    Com novas eleições gerais – para todos – será possível, para além de debater os nomes dos candidatos, debatermos os caminhos pelos quais guiaremos o Brasil nos próximos anos. Até quando suportaemos pagar R$ 501 bi para os banqueiros internacionais, ao custo da brutal recessão em que estamos? Está correto que a prioridade do Brasil seja sustentar o sistema financeiro internacional, ao custo de abandonar o povo na miséria? O que faremos com a Petrobrás, cada vez mais ameaçada de ser pilhada pelas multinacionais? Como melhorar o sistema político?

    Todas estas questões, que estão no centro dos problemas que enfrentamos agora, precisam urgentemente de debate, mas na atual crise da política e da economia não encontram espaço para se colocar. E, quando encontram, acabam vitimadas pela fraqueza de caráter que acomete nossos líderes atuais – a lei que roubatizou o pré-sal está aí para nos demonstrar ta fato.

    Assim, realizar novas eleições, sem o dinheiro da Petrobrás para nenhuma das forças políticas, é o caminho mais seguro, legítimo e democrático de solução da crise. Se o povo é ainda o dono do poder, que ele seja convocado a se manifestar. Como todas as forças podem disputar a eleição – inclusive o Lula – os que melhor apresentarem caminhos para tirar o Brasil da crise sairão do processo legitimados e empoderados para governar, o que nao acontece hoje e não vai mais acontecer no Governo Dilma. 

    Impeachment, semi-parlamentarismo com Renan, Temer e Serra ou a continuidade forçada de um governo Dilma não prosperarão. Novas eleições, transcorridas dentro das regras do jogo, é, sem dúvida, algo excepcional. Mas, momentos excepcionais exigem – e permitem – medidas excepcionais, desde que elas tenham o povo como substrato. 

    Vamos, pois, considerar esta solução. 

     

    MOACIR DE FREITAS JR

    Professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia

  7. Novas Eleições são um caminho legítimo

    Nassif e amiigos:

    Aproveitando o ensejo do artigo de Kenedy Alencar e o evento da REDE, PPL, PSB e PPS hoje em Brasília, que debateu a convocação de novas eleições como saída para a crise, gostaria de enriquecer o debate defendendo tal posição. 

    Inicialmente, por mais que doa nos defensores de Dilma, o fato é que o governo perdeu totalmente a legitimidade ao aplicar o maior estelionato eleitoral que já vimos no período democrático. Ao fingir que adotaria a tese do desenvolvimento e, após a eleição, girar em 180º e assumir sua verdadeira face, o Governo Dilma rompeu os laços de confiança com que a elegeu e com todos os demais. É fato que ela foi eleita por 54 milhões de brasileiros (vamos desconsiderar, por ora, o modus operandi das eleições, que ainda estão sob investigação). Mas é fato, também, que se nova consulta fosse realizada agora, estes votos não se repetiriam. O que isso significa? Que a legitimidade não é fruto somente da legalidade, mas – principalmente – demanda o apoio e a confiança de quem elegeu, escolheu, aceitou a liderança. Da mesma forma que governos que nao seguem as leis ou que se elegem contra elas, propondo alterações, são considerados legítimos pela população, governos eleitos dentro das regras também podem perder a legitimidade política e precisam sair, a não ser que deixemos de considerar o povo o dono do poder. E este é o caso do Governo Dilma: perdeu em definitivo a legitimidade política e sua continuidade significará a sequencia da guerra que vemos hoje.

    A solução proposta por PMDB/PSDB, o impeachment, além de nao ter fato jurídico claro, sofre do mesmo mal: se o povo não aceita o governo de Dilma, quem dirá o de Temer. Sua posse siginificará acender o pavio da guerra social, com todo o setor social contra e mais o PT com sede de vingança. Fora o fato de que, do ponto de vista da política econômica e social, trocaremos seis por meia dúzia e o Brasil continuará na escalada para baixo em que estamos agora, sem chance de sair.

    Neste quadro, onde os “de cima” não conseguem mais governar porque perderam a confiança dos “de baixo”, o melhor a fazer é reiniciar o sistema, chamando o povo a se manifestar e a escolher novos governantes que possam, com a legitimidade que os atuais não possuem mais, tirar o Brasil da crise. A convocação de novas eleições é legítima, é expediente comum em diversos países de regime presidencialista (lembrem a Venezuela de Chavez: eleições quase de dois em dois anos) e serve para momentos em que o risco de uma ruptura democrática é grande, como agora. É uma saída democrática, dentro das regras e capaz de devolver ao sistema político o poder que ele perdeu por conta de sua própria conduta.

    Com novas eleições gerais – para todos – será possível, para além de debater os nomes dos candidatos, debatermos os caminhos pelos quais guiaremos o Brasil nos próximos anos. Até quando suportaemos pagar R$ 501 bi para os banqueiros internacionais, ao custo da brutal recessão em que estamos? Está correto que a prioridade do Brasil seja sustentar o sistema financeiro internacional, ao custo de abandonar o povo na miséria? O que faremos com a Petrobrás, cada vez mais ameaçada de ser pilhada pelas multinacionais? Como melhorar o sistema político?

    Todas estas questões, que estão no centro dos problemas que enfrentamos agora, precisam urgentemente de debate, mas na atual crise da política e da economia não encontram espaço para se colocar. E, quando encontram, acabam vitimadas pela fraqueza de caráter que acomete nossos líderes atuais – a lei que roubatizou o pré-sal está aí para nos demonstrar ta fato.

    Assim, realizar novas eleições, sem o dinheiro da Petrobrás para nenhuma das forças políticas, é o caminho mais seguro, legítimo e democrático de solução da crise. Se o povo é ainda o dono do poder, que ele seja convocado a se manifestar. Como todas as forças podem disputar a eleição – inclusive o Lula – os que melhor apresentarem caminhos para tirar o Brasil da crise sairão do processo legitimados e empoderados para governar, o que nao acontece hoje e não vai mais acontecer no Governo Dilma. 

    Impeachment, semi-parlamentarismo com Renan, Temer e Serra ou a continuidade forçada de um governo Dilma não prosperarão. Novas eleições, transcorridas dentro das regras do jogo, é, sem dúvida, algo excepcional. Mas, momentos excepcionais exigem – e permitem – medidas excepcionais, desde que elas tenham o povo como substrato. 

    Vamos, pois, considerar esta solução. 

     

    MOACIR DE FREITAS JR

    Professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia

    1. Se o nosso Legislativo já

      Se o nosso Legislativo já consegue fazer barbaridades contra o povo sendo apenas o Legislativo, precisando de sanções presidenciais, imagine, caro professor, se faltar o Executivo. Seria a vitória dos achacadores, que tomariam, como ratos, o poder no dia seguinte à vacância do Executivo. Sim, a Bala, a Bíblia e ao Boi não há solução melhor do que vagar o Executivo.

      Ou o sr. imagina que basta tirar Cunha da presidência da Câmara para que nossos valorosos deputados federais garantam o seguimento dos programas de estado, imprescindíveis em um país com tantas e tão profundas desigualdades sociais, políticas e econômicas?

      1. Renato, obrigado pelo

        Renato, obrigado pelo comentário.

        entao, não acho, por isso não defendo,mpeachment, parlamentarismo etc.

        As novas eleições seriam para todos, inclusive Legislativo.

        1. Eu é que agradeço a

          Eu é que agradeço a oportunidade do debate.

          Abreviar o mandato da presidência do Executivo é tudo o que os golpistas querem, professor. É o chamado 3o. turno. Querem isso desde a promulgação do resultado das urnas. Por mais aparentemente suave que fosse, no fundo seria ruptura violenta com as instituições. Tão violenta quanto a posição de Aloysio “quero ver Dilma sangrar” Nunes Ferreira, por exemplo.

          Também não vejo a menor razão para crer que haja aspirantes aos cargos do Legislativo que sejam uma reserva moral, possível de substituir “tudo o que aí está”. Cultura não se muda assim, da noite para o dia, e quem fosse eleito agora traria os mesmos vícios – e, sejamos justos, as mesmas virtudes – dos que temos hoje. A crítica genérica, contra “tudo o que aí está” favorece aos que pretendem o sucateamento das instituições. Chega a ser gozado ver os anti-estado, que demonizam o “tudo o que aí está”, candidatando-se, eles mesmo, a cargo eletivo no estado. Uma contradição em termos, a raposa tomando conta dos ovos…

          Entendo os que se apavoram e se escandalizam com o que consideram “bagunça”, a aflição pela ordem. Mas se essa ordem vier através de rompimento da Carta da República, o que daí seguir será ainda pior, pela falta da lei. Geralmente quem pretende “por ordem no galinheiro” é porque quer impor a sua própria ordem, acima daquela que a todos rege.

          1. Não vejo como novas eleições,

            Não vejo como novas eleições, respeitadas as regras, seriam o 3o turno ou golpe. Seria uma saída legal e legítima. Ao contrário do impeachment, um acordo por novas eleições poderiam dar um reboot no sistema político.

            Quanto aos futuros legisladores, penso que, em um novo clima onde o dinheiro não seja o principal cabo eleitoral, gente como nós poderia se apresentar. Hj, não temos qualquer chance.

            Por fim, sinto que o governo Dilma já terminou. Com novas eleições, podemos debater um novo projeto de nação onde PMDB e PSDB sejam oposição; sem, eles vão virar governo.

    2. Discordo

      Prezado Moacir,

      Permita-me discordar da sua opinião. Novas eleições só podem ser um caminho legítimo se forem previstas na Constituição.

      Entendo e concordo que se as eleições acontecessem hoje, com certeza absoluta Dilma não seria reeleita. Também entendo que uma solução como esta poderia ajudar a reduzir as tensões existentes tanto na classe política quanto na população.

      Entretanto, essa possibilidade não existe na Constituição Federal de 1988. No meu entender, qualquer decisão que desrespeite a Constituição, por mais sentido que faça do ponto de vista político ou sociológico, não passa de casuísmo e pode trazer sérias consequências negativas para o país em termos de estabilidade institucional.

      Se o país adotar medidas que atropelam as normas constitucionais, o que garante que outras normas não serão atropeladas mais tarde, em função de questões menos importantes ou menos consensuais? Vejo essa possibilidade como uma porta aberta que traz sérios riscos institucionais ao Brasil.

      Podemos lamentar que a instituição do “recall”, como se chama em inglês, não exista no Brasil; mas sou da opinião que temos que jogar com as regras que existem hoje e não inventar novas ao sabor dos eventos políticos e sociais.

      1. Nicolas:
        Obrigado pela

        Nicolas:

        Obrigado pela oportunidade de conversamos, coisa cada vez mais rara nos dias de raiva atuais.

        Voce não considera legítima a alternativa das eleições porque ela não tem previsão na CF. É um bom argumento, mas gostaria de te alertar do seguinte: os defensores do impeachment dizem exatamente o mesmo, mas ao contrário: ele pode ser aplicado porque está previsto na CF. Como vc pode ver, a previsão legal, por si só, não impede a construção de soluções nem o mal uso delas, a não ser quando a solução fere preceitos da Carta, claro. 

        Mas no caso das eleições, isso não aconteceria, porque sua convocação teria de ser feita por Emenda Constitucional, que poderia, inclusive, ser proposta pela própria Dilma.

        Então, ,por este prisma, não vejo problema. 

        1. Moacir,
          Eu quem agradeço a

          Moacir,

          Eu quem agradeço a possibilidade de ter um diálogo, mesmo não concordando com seu ponto de vista. É bem verdade que infelizmente é algo cada vez mais difícil neste momento.

          Pensando numa emenda constitucional para convocar novas eleições, embora essa possibilidade exista em termos conceituais, a probabilidade disso acontecer é praticamente nula, pois depende de um ato coletivo de despreendimento por parte dos parlamentares, que deveriam abrir mão de parte do seu mandato, a menos que você considere que essas eleições sejam exclusivamente para presidente, deixando o legislativo até o fim de 2018. Em virtude da qualidade do nosso legislativo, demonstrada diariamente, tenho sérias dúvidas sobre a votação de uma emenda desse tipo.

          Por outro lado, conhecendo a personalidade da Presidente, acho altamente improvável, para não dizer mais, que ela apresente uma proposta de Emenda Constitucional visando encurtar o mandato dela.

          Para concluir, se conceitualmente posso até concordar com sua colocação, vejo que na prática os obstáculos são tantos para acontecer, que não passa de um exercício de estilo totalmente desconectado da realidade.

          1. Nicolas:
            Vc tem razão quanto

            Nicolas:

            Vc tem razão quanto às dificuldades. Mas, nos momentos revolucionários, como agora, o impossível se constrói na velocidade da luz. Em um ano, o governo Dilma começou e acabou. Por que não seria possível construir uma alternativa? Talvez, em breve, esta seja a única solução plausível.

  8. Quanto mais esse jornalista
    Quanto mais esse jornalista fala mais se parece com um pos graduado pelo manual do perfeito idiota. A essa altura do campeonato não é possível mais chamá-lo de Poliana. O benefício da dúvida tem um limite de elasticidade e o Kennedy esgotou a sua cota.

    1. Acho que também sou um

      Acho que também sou um idiota. Isso porque não li nada de idiota nesse artigo do jornalista. 

      Também não apreendi o uso do termo poliana. Talvez seja pelo apelo à razão,  o que faz do epíteto um elogio. 

  9. “A oposição, especialmente o

    “A oposição, especialmente o PSDB e o DEM, ajudou a tocar fogo no país”…

    Quem ajuda, ajuda a alguém, é sempre apenas coadjuvante. A quem “o PSDB e o DEM” ajudaram? Quem são os ajudados? E o que teriam feito os ajudados sem essa ajuda?

  10. Só faltou combinar com os

    Só faltou combinar com os seus chefes.

    Não foi a Gleba que botou em horario nobre em rede nacional os audios da Presidente e do Lula? Não havia crime, para que publicaram???

    Muito facil pedir para os politicos, mas vocês da midia andam com o galão na mão, agora pedem arego?

    è muita cara de pau

    Cobra da midia, ou a midia não faz politica? Ou seu patrão não permite uma analise mais neutra?

    Nós não somos cachorros

    Vai ter luta nego.

  11. O cuidado em parecer isento

    O cuidado em parecer isento pode descambar involuntariamente para argumentações perversas. Colocar a intolerância como estando a ocorrer nos dois campos dessa disputa ignora o fato de que a esmagadora maioria dos atos de intolerância parte dos defensores do golpe. E omitir o papel da mídia no crescimento da intolerância por parte dos golpistas não condiz com o papel responsável que se esperaria de um jornalista do quilate do Kennedy Alencar.

    1. Mais absurda ainda foi a

      Mais absurda ainda foi a interpretação dada por ele ao comentário do Lula sobre o vice-presidente disputar eleições.

      Ou é analfabeto funcional (e isso sabemos que não é) ou agiu de absoluta má-fé. Ou será que alguém dos 54 milhões de eleitores de Dilma queria mesmo era votar no vice? E nem se conte aí esse próprio, porque àquela altura a mosca azul não lhe havia mordido.

  12. Novas eleições são legítimas

    O Governo e sua militância sem noção querem deixar o país sem saída e depois a culpa é toda da oposição por estarmos num caos sem fim.

    Esperam que Dilma “governe” por mais três anos, com PIB em queda livre, desemprego galopante, e Lava Jato desgovernada. Enfim, a deposição de Dilma virá de uma forma ou de outra, por que se não vier por bem, os próprios desempregados que o “governo” dilma criou irão lá e apearão Dilma do poder.

    Se convocarem novas eleições há uma chance da esquerda permanecer no poder; se deixarem como está, na vã ilusão de que Dilma vai ficar mais três anos, o poder cairá no colo de Temer e do PSDB e a direita irá banir a esquerda do país.

  13. Sou favorável

    à realização de novas eleições presidenciais, que deverão ocorrer no primeiro domingo do mês de outubro do ano de 2018, exatamente como manda nossa Constituição Federal. Qualquer coisa fora disso não passa de outra face do mesmo golpe.

    1. O Kenedy nunca se recuperou
      O Kenedy nunca se recuperou de ter sido chamado ao vivo pelo Serra de petista na rádio CBN.
      Remvqyw criticar o Lula ou o PT, senão tem pesadelo com o Vampiro chamando ele de petista.

  14. Prezado Professor

    Prezado Professor Moacir,

    Concordo  com as suas colocações. Avanço que o mais correto seria, por emenda constitucional, extirpar definitivamente o impeachment da Constitição e instituir o referendo revogatório para presidente, deputados e senadores O impeachment é pouco democrático, apesar do altíssimo quorum exigido. Na configuração atual, não há nada que impeça de ser usado como mero voto de desconfiança. Basta alegar quebra de decoro. Após votado, não acredito que o STF avançará na análise de dizer se houve ou não crime. Não concordo que a instituição do referendo revogatório seja golpe, e sim a melhor forma de resolver essa crise apelando-se a mais democracia.

     

  15. Mais um do não sou contra nem

    Mais um do não sou contra nem a favor muito pelo contrário, mas vamos lá:

    “O vice-presidente da República, Michel Temer, tem legitimidade para assumir em caso de impedimento de Dilma.”

    Tem não seu Kennedy, o ministro Marco Aurélio confirmou o que muitos já sabiam, Temer tem tanto a temer quanto Dilma pois a “bicicleta das pedaladas” é daquele tipo em que dois pedalam, e ele é o parceiro de pedalada como voce tão bem definiu falando da aliança eleitoral dos dois.

    A intolerância foi estimulada pela mídia da qual o sernhor faz parte e só será desestimulada se vossas senhorias agirem com a responsabilidade social que deveriam, mas isso é sonho de uma noite de outono pois quem manda na verdade são os patrões que voces chamam de colegas.

  16. Irresponsabilidade gera consequências:

    Nesta hora está ocorrendo 1 surto coletivo entre os coxinhas. Um filho de dputado teria postado dos EUA que o Supremo vai aprovar amanhã o parlamentarismo e tornar Lula 1º Ministro eterno. Em casa achei vários sítios com coxinhas em pânico, explicando em vídeos o “Golpe Parlamentarista do Supremo e do PT”. A princípio achei graça, mas o aspecto trágico do surto coletivo é que pessoas podem morrer. 

    Todos os atores políticos: Joaquim Barbosa, Rosa weber, Celso de Mello, Gilmar Mendes, Moro e seus Carlos Fernandos, o Janot e vários da PF, o PiG e os irresponáveis do PMDB e do PSDB por insuflar a criminalização do governo desde a covarde condenação do José Dirceu. Espero que esses imbecis se toquem de sua responsabilidade criminosa.  

  17. basta haver uma oportunidade

    basta haver uma oportunidade para Lula assumir antes de 2018,como é de obrigação, que muita gente fica delirando de raiva.

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