Gleisi é o PT que o poder econômico não quer ver, por Patrus Ananias

Por tudo que fez nesses dois anos, duríssimos para o partido e o país, Gleisi traz consigo o compromisso de avançar na luta pelo resgaste da democracia plena, da soberania nacional e dos direitos do povo, esbulhados pelo projeto neoliberal.

Foto Folha

Gleisi é o PT que o poder econômico não quer ver

por Patrus Ananias

Uma das características que distinguem o PT dos demais partidos é o forte vínculo com suas bases sociais. É algo que remonta às origens no chão das fábricas, nas comunidades eclesiais de base, nos movimentos de trabalhadores rurais, aos quais se somaram militantes de diversas filiações políticas e filosóficas, em torno dos ideais de transformação e justiça social num país marcado pela iniquidade.

Esse vínculo atravessou quatro décadas de aprendizado, resistência, crescimento na luta; e veio a materializar-se nas políticas públicas transformadoras do governo Lula e de sua sucessora, Dilma Rousseff. Sobreviveu ao processo de adaptação do partido às responsabilidades institucionais e de governo e até mesmo à compreensível – e nem por isso justificável – acomodação a procedimentos da política tradicional.

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Na oposição e no governo o PT buscou atuar com um pé nas instituições e outro nas ruas. Mesmo que esse balanceamento estratégico fundador tenha se desequilibrado em muitas circunstâncias, ele está vivíssimo no atual processo de escolha da direção do partido pelo 7o. Congresso Nacional do PT. O processo já iniciado nos diretórios municipais e regionais culminará em novembro, com a eleição da executiva nacional. Não há eleição partidária interna dessas dimensões.

A corrente mais ampla do PT, da qual participo, concluiu esta semana a indicação da companheira Gleisi Hoffmann para um novo mandato, de quatro anos, na presidência do partido. Outras correntes podem apoiá-la ou apresentar concorrentes, como é mais comum em nossa tradição democrática, mas defenderei a reeleição da companheira convicto de que ela traduz a conexão do PT com nossa base social e vai além. Por tudo que fez nesses dois anos, duríssimos para o partido e o país, Gleisi traz consigo o compromisso de avançar na luta pelo resgaste da democracia plena, da soberania nacional e dos direitos do povo, esbulhados pelo projeto neoliberal.

Eu que fui advogado do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, entristeço-me ao ler colunistas, uns até experientes, reduzirem processo tão rico à vontade individual do ex-presidente Lula, de forma a desmerecer a candidata e vestir falsamente de caudilho o líder que se afirmou, entre tantas razões, por saber ouvir e por manter, mesmo na prisão injusta, estreita sintonia com suas origens, com o povo sofrido que nunca abandonou. 

Não bastasse o apoio de núcleos partidários vinculados aos trabalhadores, mulheres e jovens, entre outros, ter sua capacidade de direção reconhecida por Lula é motivo de orgulho para Gleisi, como sempre será para mim ter sido seu ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Entristece-me ainda mais que comentários distorcidos se apoiem sempre em fontes anônimas, presumidos cardeais que nunca aparecem na missa. Com sinceridade, percebo em certas notas o ranço do machismo e até misoginia dos autores, que parecem não se conforma em ver uma mulher inteligente, corajosa e leal às causas populares à frente do maior partido do Brasil. 

Na realidade, o que os donos das fortunas não suportam é ver o PT bem vivo, presidido por uma mulher que manteve o partido unido e junto ao povo nos momentos mais difíceis, erguendo a bandeira de Lula Livre e tudo que ela representa para os mais pobres e os trabalhadores. 

Patrus Ananias – Deputado Federal (PT-MG), ex-ministro dos governos Lula e Dilma, ex-prefeito de Belo Horizonte e membro do Diretório Nacional do PT

Redação

16 Comentários

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  1. Minha opinião de eleitora do PT é que a presidência de Gleisi melhorou muito a forma como o partido tem enfrentado tanto ataque.
    Também admiro muito o deputado Patrus e seu trabalho.

  2. Bom dia.

    Com todo o respeito, se o PT não se juntar e subordinar à democracia que tanto defende, sumirá do mapa semelhante ao PSDB.

    O PT se equivocou em duelar com possíveis parceiros. Usou sua riqueza, 30% do eleitorado brasileiro, para de alguma maneira eleger o Lula/Haddad/Manuela ao invés de perder o anel. Fazendo um paralelo, vocês foram os bilionários que, ao invés de distribuir a riqueza, quiseram concentrar. Se o PT tivesse vencido a eleição, a probabilidade de instaurar uma discórdia nacional semelhante à eleição da Dilma no seu segundo mandato, impossibilitando o governo por algum motivo arranjado. Vocês precisam aprender a ser coadjuvantes pelo bem maior. Você precisam saber jogar no invisível para, talvez, ver o impossível. Vocês contribuíram para a eleição do Bolsonaro. Vocês também construíram o bolsonaro, principalmente pela cabeça dura da ex-presidenta. E não foi por falta de aviso inclusive do próprio Nassif nesse blog.

    Portanto, baixem a bola nessa luta de vocês. Não coloquem a vida dos cidadãos em risco inflando uma guerra das quais não estão no front.

    Espero que amadureçam como partido. Me faria feliz. Essa é um crítica de alguém que respeitou muito o PT, mas que sinceramente caiu na real que ele não busca o bem comum em momentos decisivos.

    Sobre a Gleisi, tanto faz. Numa democracia o presidente deve potencializar espaçosa de construções coletivas e não tomar decisões com base no que acha. Espero que faça isso se eleita.

    1. Mais um porta-voz do ex-político, Ciro Gomes?
      Está certo o Patrus Ananias, porque seria um despautério entregar a quem não se mostrou digno de uma aliança, um cabedal de votos que oscila entre 25 a 30% do eleitorado.
      Por tudo que já sofreu de ataques e tentativas de destruição, o Partido dos Trabalhadores, já provou ser a única agremiação partidária que tem fôlego para voltar com toda a força a ser o protagonista-mor, no cenário político e institucional brasileiro.
      Afirmar que o PT tende a se transformar num PSDB é no mínimo, uma estultícia ou, uma demonstração de má-fé, por parte de quem não tolera o seu imbatível protagonismo.
      Qual o Partido político que, após, enfrentar uma campanha de desconstrução ou, destruição pura e simples, durante anos seguidos, obteria o estupendo resultado eleitoral que o PT conseguiu no último pleito eleitoral?
      Apesar, de não haver sido o vitorioso à assunção à cheia do Executivo Federal, obteve cerca de 47 milhões de votos, ganhando o lídimo direito de liderar a oposição ao desgoverno e descalabro administrativo que se instaurou no país a partir de 1º de janeiro de 2019.
      Ressalte-se, que fez a maior bancada de Deputados Federais e, a maioria dos governadores dos estados da Federação.
      O Partido dos Trabalhadores continua a liderar no âmbito das Forças Progressistas e, continuará a fazê-lo, independentemente, da má-vontade, despeito ou, azedume, de quem não o suporta, nem conseguiu vê-lo destruído!

    2. Quanta cretinice… Está com cara de discurso de psolista, redista ou de pedetista com uma BAITA DOR DE COTOVELO de ver que o PT não foi morto, pelo contrário, está de volta MUITO MAIS FORTE!!!
      Vai te catar.
      Viva Gleisi!!!

    3. Quem queimou capital político foi Marina, sem nenhuma lava jato para fazer o serviço. Em 2010 Marina saiu do zero para 20 milhões de votos, o que não foi suficiente para sua ida para o segundo turno. O que ela fez? Sumiu e voltou quatro anos depois para ser vice de Eduardo Campos. Que espécie de liderança política é essa que não lidera nada? O meio-ambiente é a base do capital político de Marina, por que ela não está nas ruas convocando toda a massa contra o governo em defesa da Amazônia? A Amazônia é o território de Marina, é sua história. Foi domesticada pelo Itaú? Virou política de gabinete? Criticar o PT é a coisa mais fácil e chata dos últimos tempos. A lava jato abriu uma avenida para outras correntes políticas com seus ataques ao PT, e o que fizeram essas correntes? Nada. Apenas se aliaram à lava jato achando que, assim, os votos estavam garantidos. O que ofereceram à população e ao país? Nada. É só o PT que tem que pensar no país? O resto pode ficar no gabinete de braços dados com o Itaú?
      A pergunta que não quer calar é: por que Marina e Ciro não se juntaram numa chapa? O Brasil não valeria o sacrifício?
      Tenha vergonha e pare de usar esse discurso nojento e fascista de culpar o PT por tudo. Assuma a incompetência de sua corrente política de não representar seu povo. Em 2018 foram milhões que não votaram em ninguém; esses cidadãos não lhe interessam? Só lhe interessa o eleitor do PT?
      De Ciro Gomes não vou nem falar porque ele é auto-explicativo.

  3. Bom dia.

    Com todo o respeito, se o PT não se juntar e subordinar à democracia que tanto defende, sumirá do mapa semelhante ao PSDB.

    O PT se equivocou em duelar com possíveis parceiros. Usou sua riqueza, 30% do eleitorado brasileiro, para de alguma maneira eleger o Lula/Haddad/Manuela ao invés de perder o anel. Fazendo um paralelo, vocês foram os bilionários que, ao invés de distribuir a riqueza, quiseram concentrar. Se o PT tivesse vencido a eleição, a probabilidade de instaurar uma discórdia nacional semelhante à eleição da Dilma no seu segundo mandato, impossibilitando o governo por algum motivo arranjado. Vocês precisam aprender a ser coadjuvantes pelo bem maior. Você precisam saber jogar no invisível para, talvez, ver o impossível. Vocês contribuíram para a eleição do Bolsonaro. Vocês também construíram o bolsonaro, principalmente pela cabeça dura da ex-presidenta. E não foi por falta de aviso inclusive do próprio Nassif nesse blog.

    Portanto, baixem a bola nessa luta de vocês. Não coloquem a vida dos cidadãos em risco inflando uma guerra das quais não estão no front.

    Espero que amadureçam como partido. Me faria feliz. Essa é um crítica de alguém que respeitou muito o PT, mas que sinceramente caiu na real que ele não busca o bem comum em momentos decisivos.

    Sobre a Gleisi, tanto faz. Numa democracia o presidente deve potencializar espaçosa de construções coletivas e não tomar decisões com base no que acha. Espero que faça isso se eleita.

    1. Anônimo : Visão extremamente bem fundada. Gleisi é a maior liderança do PT. Para o bem e para o mal. Cabe ao Partido escolher uma Social Democracia nos moldes alemães ou nórdicos ou se enterrar ainda mais no extremismo. E Social Democracia não é aquilo que alguns dizem pertencer. Caso contrário terão um ‘Dória’ no comando. Não caiam nesta abismo. É um Estado Provedor. que protege os Direitos de uma Sociedade Civil Livre e executa com competência suas atribuições como Saúde, Segurança, Educação,…Um Estado para a Nação e não para os Poderes Políticos

  4. Que posicionamento ridículo e ultrapassado… A economia ou o poder economico é essencial. Pode ser um aliado do partido dos trabalhadores para resolução de muitos problemas do Brasil. Tê-los como inimigo é primário e medieval! Cresce PT!!!

  5. A Gleisi honra o partido que defende. Reconquistou a confiança da militância. E sobretudo, é aquela a quem as vozes do mercado acusam de ser liderança disposta ao acirramento. Isso é equivalente e se equipara a ser a terceira maior vantagem do Mastercard. NÃO TEM PREÇO. Avante Gleisi.

  6. Pergunto- me: se esse proselitismo em prol da Sra. “Coxa/Amante”, aquela que comprou iPhone com dinheiro do fundo eleitoral sabe?
    Seria a opção?
    A( ) Desonestidade intelectual.
    B( ) Fanatismo cego.
    C( ) Empatia com comportamentos cleptocratas.
    D( XXXXXXXXXXXX )Todas opções estão corretas.

    1. Você que não entendeu ainda. Qualquer liderança do PT que se destacar terá processos contra ela. Qual parte do estado de exceção você perdeu? O primeiro crime, independente de ter ou não cometido algum, é ser petista.

  7. Gleice é uma guerreira! E o PT continua firme e forte apesar dos sistemáticos ataques! Maior partido político do Brasil! Se ela se sente disposta a continuar essa luta que siga com nosso apoio irrestrito!

  8. Patrus Ananias é, notadamente, uma pessoa experiente e dotada de grande inteligência. É justamente neste fato que reside meu espanto ao ler seu artigo em defesa de Glesi Hoffmann e de ideias tão estapafúrdias. Mas a leitura não foi perda de tempo, pois provocou-me boas risadas com seu eufemismo “acomodar-se às políticas tradicionais”.

  9. Os cientistas e analistas políticos ficam constrangidos a criticar as atuais políticas de Lula por duas razões: (1) Lula ainda é o maior líder popular; (2) Lula está preso por meio de uma fraude judicial. Assim, criticá-lo representa: (1) incitar a ira dos seus liderados e isolar o PT no campo progressista; (2) ser acusado eticamente de fragilizá-lo na disputa pelo reconhecimento de sua inocência (processos do triplex e do sítio).
    Compreendo, mas não concordo. Porque essa postura prejudica o Brasil e o próprio Lula. Creio que só uma ampla aliança democrática pode enfrentar o neofascismo que está no poder. E Lula está atuando exatamente no sentido oposto, pois não reconhece a força do antipetismo.
    Foi Lula quem decidiu a continuidade de Gleisi na presidência do PT. Logo, terá continuidade a política de concepção hegemônica sobre o campo progressista. Um exemplo disso é a estratégia defendida por Valter Pomar na eleição de 2018: quem quiser se aliar ao PT tem que aceitar que Lula é o candidato e o vice é do PT. Penso que foi exatamente essa estratégia que ensejou a vitória de Bolsonaro.
    Portanto, enquanto o Brasil afunda, o PT continua o mesmo. Estes são os fatos e cada um atribua o valor que desejar. Defendo que todos têm o direito de julgar por seus valores. Só não aceito falácias.

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