Lula é a única saída por dentro do sistema político, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto – Lula Marques

Lula é a única saída por dentro do sistema político

por Jeferson Miola

Lula é a única saída por dentro do sistema político e partidário vigente. O ex-presidente é o único personagem do sistema em condições de oferecer uma agenda de reconstrução do Brasil depois da destruição aterradora promovida pelo golpe.

Dificilmente outro candidato ou candidata à eleição presidencial – seja num pleito antecipado pela queda do Temer, seja no calendário de 2018, se a eleição não for cancelada pelos golpistas – terá a mesma legitimidade popular e a autoridade moral do Lula para pacificar o país em torno a um projeto de reconstrução nacional e de restauração democrática.

Lula é um mito vivo. A transposição das águas do São Francisco freqüenta o imaginário do povo nordestino como um acontecimento de significado bíblico. Pode-se concordar ou discordar com esta analogia popular, mas a verdade é que somente alguém da estatura histórica dele tem o poder de produzir tal associação simbólica na subjetividade do seu povo.

Em todas as pesquisas de todos os institutos Lula é apontado com maiores chances de vencer a eleição. A cada nova pesquisa, esta tendência inclusive aparece mais forte. Os índices dele disparam na medida direta da desmoralização e deslegitimação do bloco golpista e da cleptocracia que assaltou o poder.

Lula pertence ao Partido mais preferido na sociedade, a despeito da estigmatização jurídico-midiática da qual é o PT é vítima. O desejo de “exterminar a raça dos petistas” e de liquidar com o PT não só não se efetivou, como parece ter se voltado contra a oligarquia fascista.

O PT tem 15% da preferência das pessoas pesquisadas. Esta preferência, que até recentemente era de quase 30%, diminuiu com a crise de todo sistema político, mas mesmo assim o PT continua sendo, de longe, o Partido preferido. Marcos Coimbra, do Vox Populi, explica que os 15% “significam uma coisa simples: que algo como 22 milhões de pessoas [eleitores] identificam-se com o partido; significa que há milhões de petistas distribuídos em todas as faixas e regiões brasileiras, apesar da campanha arrasadora e cotidiana que o partido sofre”.

Depois do PT aparece o PSDB, com 5%; seguido pelo PMDB, com 2%. Ou seja, o PT detém, na média do país, mais que o dobro das preferências somadas dos partidos pilares do bloco golpista, sendo 3 vezes mais preferido que o PSDB e 7 vezes mais que o PMDB.

Não é disparate prognosticar o crescimento, na próxima eleição, das bancadas de deputados e senadores, bem como do número de governadores eleitos pelo PT e pela esquerda, catapultados pela candidatura Lula. O contexto da eleição geral será muito distinto daquele da municipal de 2014, a começar pela presença do Lula na urna eletrônica e pela centralidade do debate sobre a reconstrução econômica, o resgate de direitos e a restauração democrática.

Em vista destes dilemas, a oligarquia testa novas e velhas estratégias. Uma delas seria a condenação arbitrária do Lula e a implosão da sua candidatura. O arbítrio, todavia, poderá deflagrar um enfrentamento violento, de proporção imponderável. A simpatia, o encanto e a empolgação das classes médias com o golpe e com a seletividade da Lava Jato diminuiu muito.

Outra alternativa seria o cancelamento da eleição de 2018 para evitar a vitória do Lula, evento que significaria o encerramento do golpe e o fim do regime de exceção. Com este novo golpe, a oligarquia arrisca gerar conflitos sociais de enorme magnitude.

A terceira alternativa, que está sendo testada, é a fabricação de um candidato por fora do sistema político e partidário convencional; um candidato competitivo para duelar com Lula. A inviabilidade do Aécio, Alckmin e de outros candidatos da direita não deriva somente do baixo potencial eleitoral e da identificação deles com os retrocessos do golpe, mas, também, da revelação do envolvimento deles em esquemas monumentais de corrupção.

O prefeito paulistano João Dória, do PSDB, é o corpo que veste o disfarce do “anti-sistema”, de um outsider. Ele faz uma manipulação explícita da própria condição de político tradicional para, assim, simular a imagem de gestor, de alguém de fora da política, de uma pessoa feita por si mesmo; um batalhador, um empreendedor.

Esta empulhação, porém, também tem seus limites. A construção da imagem deste candidato a Berlusconi brasileiro foi financiada por anúncios publicitários da alta burguesia paulista e por generosas verbas públicas dos governos tucanos. Dória não é um anti-político, é o pior dos políticos; é um fascista que faz do combate à política e à corrupção um instrumento de poder e de dominação da oligarquia.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. FHC, numa entrevista na rádio

    FHC, numa entrevista na rádio que troca notícia diz que a denúncia contra a chapa Dilma-Temer, protocolada por Aécio, que nasceu da delação de alguém que ele não sabe ao certo quem, e que não se referia a Temer, mas apenas a Dilma. Ou seja, ele e outros de sua laia acham que não há nada na ação que envolve o seu amigo. 

    Essa será, talvez, mais uma oportunidade para sentirmos o grau de seletividade da justiça, que só tem olhos contra um partido.

    Temer já diz, lá atrás, que se for denunciado, entrará com todos os recursos possíveis, porque, ao que sabemos, irá postergar ao máximo a decisão do TSE, dando tempo a si mesmo para a prática de mais maldades contra o povo.

    E a cada maldade das que vimos assistindo, Lula cresce um pouco mais nas pesquisas.

    Sem dúvida, a transposição de Rio São Francisco, por si só, já deixa Lula numa situação bastante confortável junto à população nordestina, e mesmo dos não-nordestinos, que entendem o sofrimento de um povo que se arrasta por séculos, sem favorecimento de nenhum dos governos. O que sempre fizeram com o povo nordestino foi a exploração da miséria. 

    Nelson Jobim declarou que até mesmo preso Lula poderá determinar o vencedor das eleições presidenciais, porque é um mito vivo.

    Resta saber se no meio do caminho não teremos a infelicidade de ver os bandidos cancelarem as eleições. Até o presente MT pode até mandar matar a mãe que o Congresso valida sua proposta. 

  2. Falta combinar com os russos

    Mesmo que Moro não consiga condenar Lula, que haja eleições em 2018, e que Lula ganhe, conseguirá governar com o ódio visceral (culpa em grande parte da mídia golpista) que nutrem por ele quase 50% da população?

    “Lula é ladrão” é o que mais ouço. Pergunto o que ele roubou e as pessoas não sabem. Não sabem que *mesmo* que o sitio, o pedalinho, os dois barcos de lata e o triplex fossem dele, ele ganhou bastante dinheiro com palestras para pagar qualquer coisa que quiser comprar.

    O pior é que a campanha midiática pegou não só nos coxinhas, mas também em parcela pobre da população, que acha que foi culpa de Dilma (e não do pré-golpe com as pautas bomba de Cunha nos ano e pouco que Dilma esteve no poder antes do golpe) – portanto está avesso ao PT como solução.

    Sem uma bancada forte no congresso e uma mini-reforma que resolva o nó “parlamentarista” da CF88, permitindo também ao Presidente dissolver o congresso e convocar eleições gerais (sem que os atuais ocupantes dos cargos possam se candidatar novamente), sem o fim dos candidatos “puxadores de votos”, sem o fim das regalias da putoclacia do legislativo e judiciário (incluindo MPF), sem um código de ética do serviço público (que puna o partidarismo ativo de servidores públicos), sem uma nova Lei da Imprensa e a democratização da mídia, inclusive com punição para reportagens sensacionalistas e inveridicas (alo alo “ficha falsa de Dilma”), sem colocar a SELIC em níveis razoáveis (já que ela *não* segura a inflação, pelo contrário, a retroalimenta), ou seja, sem uma ruptura real com o que está aí, *nenhum Presidente conseguirá governar*.

    1. Exatamente

      Comentário muito lúcido, concordo plenamente.

      Lula foi tão esculachado pela mídia, que não pode nem sair na padaria da esquina, que corre risco de apanhar.

      Este post endeusando o ” mítico Lula ” é mais uma triste prova de que os petistas e a esquerda vivem hoje no mundo da lua, na ilha da fantasia.

      Tirando uns 20% da população, que realmente tem fidelidade até a morte a Lula, ele  não tem apoio real de nínguém na sociedade. Talvez consiga chegar a um segundo turno, por voto de muitos eleitores enrustidos.

      Mas e depois? Se Lula ganhasse, a midia instigaria uma guerra civil, e não tenha dúvidas alguma que aprontaria alguma outra Lava Jato para enjaular Lula, com ou sem provas. Por fim, se não houvesse uma única prova contra Lula, prenderiam ele até por uma multa de trânsito, se quisessem.

      E como sairia no Jornal da midia, a grande maioria acreditaria e aplaudiria de pé.

      E se deixassem Lula governar, seria para ridicularizá-lo, pois não teria apoio de quase ninguém no país da parte da elite, nem do congresso, nem do Judiciário, nem das forças Armadas, e muito menos da mídia. Ou seja, governaria completamente sozinho, e apanharia como nunca.

      Apoio Ciro, pois sei que o tempo de Lula acabou. Ele teve a chance de desligar  a midia e não fez, agora a mídia é que vai desligar o PT.

       

  3. Se Lula retornar ao poder
    Se Lula retornar ao poder central do governo brasileiro, ele como grande referência do pragmatismo petista carregado de contradição, seguirá pelo mesmo caminho da política de conciliação de classes e reformismo superficial que marcou o seu governo. Saída mais conservadora que esta, impossível!!!

  4. Só digo uma coisa: Se o Lula

    Só digo uma coisa: Se o Lula for candidato, conseguir ser eleito e assumir o governo, é imprescindível que se feche a rede globo.

    Tem de fazer com a globo a mesma coisa que ela fez com a Dilma e o PT. NO mesmo minuto que saiu o resultado da eleição de 2014 a globo começou a sabotagem do país para tirar o PT do governo.

    A mesma coisa recomendo ao Lula, se for eleito: No mesmo minuto da declaração da vitória comece a se articular com politicos ou quem quer que seja, devem ter muitos políticos com ódio da globo, para que no primeiro dia da posse já se tome ações no sentido de quebrar a globo.

    Muitos crimes destes bandidos foram descobertos durante a farsa jato. Useo-os para debilitar o imperio com multas colossais e prisões dos donos. crimes não faltam.

    Se o Brasil não destruir a globo a globo destrói o brasil.

    Por enquanto a globo está goleando de 7×0. O brasil ainda não conseguiu fazer o primeiro.

  5. Detentor de pouca inteligencia

    Dententor de pouca inteligencia, alguém dizer que  o Lula “ex-presidente é o único personagem do sistema em condições de oferecer uma agenda de reconstrução do Brasil. Lula e tua equipe, todos envolvidos em corrupção, destruiram nosso país.

    1. Sugiro a leitura de Moniz

      Sugiro a leitura de Moniz bandeira, Mauro Santayana, do próprio Nassif e PHA.

      O Brasil foi sabotado, sem meias palavras. Não há erro de Dilma que explique tamanho desastre.

      Perceba também que não estamos sozinhos. Argentina, Paraguai, Venezuela também estão sob ocupação ou tentativa de ocupação no caso da Venezuela (que conta com apoio Russo explícito). Lembre da Primavera árabe que deixou uma onda de destruição em massa no norte africano. Iugoslávia, criação de um Estadofactóide Kosovo, Ucrância. No oriente-médio Afeganistão-Iraque-Líbano e agora a Síria. A Rússia começa a sentir os movimentos rumo à mudança de regime.

      Não meu amigo. O Brasil está sendo destruído agora, com a turma de Temer-PSDB. Eu diria, ocupado.

      Vida longa a Lula.

       

  6. tempo para assimilar a História

    Meu palpite é que o povo, mesmo com a grande influência dos deformadores de opinião, acabará por ter uma dimensão mais abrangente da história recente do país.

    Com o alarde em relação ao imenso sistema corrupto que domina a política, fica cada vez mais claro que a tarefa de derrotar este monstro é muito maior do que a capacidade de qualquer partido isolado faze-lo sozinho. Em retrospectiva, vai se mostrando que gastar energia em sanear o sistema antes garantiria o status quo por mais tempo. Tolerar um pouco e influenciar o desenvolvimento da sociedade para criar controles dos abusos vai se mostrar a estratégia mais profícua.

     

  7. É o fim da picada !

    Equipe do GGN, escrevi meu comentário e o enviei, pois estava como logada. Mas, imediatamente foi concelado o meu login e perdi o comentário.

    Sinto demais !

  8. Brasil ocupado

    O Brasil não vive uma onda neoliberal. O Brasil está sendo ocupado por forças exteriores por meio dos capitães do mato de sempre, a oligarquia nacional.

    1. É isso, mas isso leva a uma

      É isso, mas isso leva a uma triste constatação, o nosso? país, não presta nem para tem uma elite. São apenas grupos dominantes. 

      Fico sonhando, tolo que sou, como seria a nação Brasil, lugar onde essa gente seria tão ou mais, rica do que as elites dos países centrais, com tanta terra agricultável, mão de obra, recursos naturais, água,…; ah, acorta Guilherme!

    1. Realidade

      Que o Brasil estaria muito melhor, em todos os sentidos, se não existisse o sistema Globo, não tenho a menor dúvida. Mas, pela via democrática, não se pode, simplesmente, falar em destruí-lo. Bastaria cortar-lhe as asas, dele e de todo o oligopólio midiático que infelicita  país. Como? Regulamentando os cinco artigos da Constituição de 1988 que, ao fim de 2018, completarão 30 anos à espera de aplicação. Para isso, não bastarão Lula, Ciro ou Requião. Será necessária uma completa limpeza no Congresso, com a substituição, pelo voto, da maioria dos atuais parlamentares, sobretudo os golpistas. E isso não será facil, justamente pelo empenho do tal oligopólio inconstitucional em midiotizar o eleitorado. 

  9. SE LULA FOR CANDIDATO

    PELA SUA EXPERIÊNCIA EU ESPERO QUE LULA JÁ VENHA COM TODA A SUA EQUIPE FORMADA COM MINISTROS DECENTES, SEM ENVOLVIMENTO COM NADA. PARA MINISTRO DA JUSTIÇA JÁ TEM, ARAGÃO SERÁ PERFEITO.E PARA MINISTRO DA ECONOMIA QUE ELE VENHA COM O MELHOR E ESQUEÇA O MEIRELLES. 

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