Michel Temer: jogando xadrez com a Esfinge, por Sérgio Saraiva

Um jogo de xadrez com uma peça a mais, a esfinge. É nisso que se tornou a precoce sucessão do Governo Dilma.

Nesse jogo de xadrez de múltiplos competidores participando ao mesmo tempo – todos contra todos, as pedras são movidas aleatoriamente segundo o interesse de cada competidor. Michel Temer é o favorito a vencê-lo, mas a passagem para seu nome é guardada pela Esfinge. E essa esfinge tem um nome: fim da reeleição. Decifrar seu enigma ou ser devorado por ela é o dilema de cada um dos jogadores.

A “solução Temer” para o caso Dilma vem sendo aventada tal como foi a “solução Itamar Franco” para o caso Collor. Uma saída consensual que acomodaria todas as questões envolvidas na atual crise e daria o tempo necessário para que as forças políticas se reorganizassem. O impeachment de Dilma seria, portanto, a decisão mais racional.

Ledo engano.

Além de ser um golpe de difícil execução, que demandaria só para se viabilizar institucionalmente da conivência de dois terços da Câmara e do Senado além de, pelo menos, seis ministros do STF, Dilma não é Collor e Temer não é Itamar.

Dilma tem atrás de si o PT e uma forte base popular de apoio, ainda que momentaneamente silenciosa. Mas, principalmente, Temer não está na posição de Itamar, ou seja, de aceitar um mandato tampão sem ambições maiores ao término desse mandato.

A ascensão de Temer à presidência antes da definição de que fim dar ao monstrengo criado por Eduardo Cunha, a PEC do fim da reeleição, cria um candidato poderoso a sua própria reeleição. Temer chegaria ao poder com a aura do “salvador da Pátria”. O mediador íntegro e experiente, nada do que acusá-lo, no comando da máquina administrativa por mais três anos, presidente do partido mais poderoso, no momento, podendo, inclusive, manter um PT forte no governo com as coligações necessárias no Congresso. Como derrotá-lo em 2018?

Temer adiaria os planos de Alckmin para 2022. E Alckmin é o delfim da plutocracia brasileira que forma com a mídia mainstream e com setores da magistratura a verdadeira e poderosa oposição.

À possibilidade de um Michel Temer forte em 2018, muito mais interessante uma Dilma sangrando pelo restante do seu 2º mandato.

Essa é a esfinge que questiona quem está por trás das movimentações pró-impeachment. Elas são necessárias para manter o governo federal acuado. Elas não podem sair do controle. Eduardo Cunha deve ameaçar constantemente com a abertura do impeachment. Eduardo Cunha não pode iniciar o processo. Mas quem bota povo na rua e Eduardo Cunha no poder sabe que maneja uma faca sem cabo – só lâmina. Tirar Cunha do poder, talvez seja perder poder. Constrangê-lo é a melhor opção, se ele não desvairar de vez e se o PGR aceitar participar do aperto a Cunha sem lhe dar consequências finais. A esfinge tem muitas faces. Inclusive a do juiz Sergio Moro e seu véu de interesses, vaidade e ambições.

Michel Temer só interessa se não puder se reeleger. Mas o futuro da PEC do fim da reeleição está nas mãos de Renan Calheiros. Trair Temer amputando-lhe um possível segundo mandato e viabilizar o golpe do impeachment de Dilma e a eleição de Alckmin, esse é o poder e o dilema que estão postos nas mãos de Renan Calheiros, é sua esfinge. O seu possível indiciamento por Janot deveria ser olhado com cuidado por quem se interessa pelo jogo político.

Aécio joga por fora.

Seu tempo é curto. Em 2016, se perder as eleições em Minas, corre o risco se tornar insignificante fora do cenário político de Claudio-MG. Seu maior adversário, hoje, é Alckmin que já se viabilizou como o candidato do campo conservador.

Sua única esperança está depositada no STE. Na ação de abuso do poder econômico contra a chapa Dilma-Temer. Aécio espera que o STE casse Dilma e Temer e o emposse. Ou que o TSE determine a realização de novas eleições. Mas a decisão por novas eleições deveria ocorrer até o início do 2º semestre de 2016. Eduardo Cunha, se ainda for deputado, assumiria por 90 dias. Aécio teria feito Cunha presidente e concorreria à sua sucessão contra Lula. A partir de janeiro de 2017, no impedimento da chapa Dilma-Temer, o sucessor de Eduardo Cunha assumiria até o fim do mandato. Aécio também tem a sua esfinge.

O STE já mandou arquivar a ação duas vezes e reabriu o caso em função das pressões da Lava Jato.

A tese de Aécio é fragilíssima. As doações para Dilma-Temer feitas pelas empreiteiras envolvidas na Lava Jato seriam fruto de propina e as doações feitas pelas mesmas empreiteiras para Aécio seriam legais. Nada além de outro golpe cuja consecução em nada interessa às forças de apoio de Alckmin. É útil mantê-lo, no entanto, como mais uma das formas de tirar o sono do governo federal.

Por fim, a esfinge pode assumir o rosto de Lula. Não o Lula candidato, mas o Lula articulador político.

Creio ser difícil a volta do crescimento econômico no governo Dilma. Mesmo que o ambiente político melhore, a conjuntura econômica internacional não deve se resolver a tempo. O segundo governo Dilma vai, a cada dia, ficando mais parecido com o segundo governo FHC. Com o PT inviabilizado, uma derrota em 2018 é um risco que Lula não tem nenhum motivo para correr. A candidatura à sucessão de Dilma por uma chapa invertida em relação a atual – PMBD e PT, com Temer presidente e, por exemplo, Jaques Wagner vice pode ser sim a “solução Temer” de Lula.

Aliás, a declaração de FHC de que Dilma é uma pessoa honrada com certeza nada tem de senilidade. Uma pessoa honrada não deveria estar sujeita a um impeachment. Ela faz parte do jogo de morde-e-sopra de quem está tentando interpretar a esfinge antes de mover a próxima peça.

 

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Redação

25 Comentários

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    1. Nova eleição.

      E aí ou o mandato Dilma ou o golpe, um dos dois, subiria no telhado.

      Dependeria muito do grupo de Cunha de um lado e do grupo do Temer do outro.

      Sim, Cunha sairia, mas continuaria poderoso onde sabe melhor atuar,  nas sombras.

  1. Subestimam os acontecimentos

    O autor do post, pode ter acertado em alguns prognósticos, mas subestimm os acontecimentos. O único capaz de ganhar uma eleição no PT, se é que ainda é capaz, é o Lula. Uma chapa Temer- Wagner, teria pouquissima chance. O desastre econômico de Dilma, é grande demais, respingaria em qualquer aliança de um partido com o PT. Além do mais, o PMDB é péssimamente lembrado no Nordeste sobretudo, devido à era Sarney, quando a hiper inflação arruinou na miséria os mais pobres.

    O autor, subestima a capacidade de Moro. Este está só começando, em seis meses de governo Dilma, já fez isto, imaginem o que ele fará em mais três anos. Dá até medo de pensar se sobrará pedra sobre pedra em nosso país.E tem mais uma. As operações da Lava Jato dão impressão de terem por trás um exímio Mestre enxadrezista. Talvez sejam os próprios EUA quem comandam pelos bastidores isto. O governo dilma e Cardozo se comportam como dois perfeitos patetas diante disto.

    Acredito que os nomes fortes para 2018, seriam o Lula, logicamente; o Ciro Gomes, também é um nome confiável. Só que o repudio pelo republicanismo de Dilma também respinga em Lula, e a julgar pelos atentados, dá até medo de deixar Lula subir num palanque e ser alvo do ódio dos alienados aloprados de direita. Eu gostaria de que Requião se candidatasse, este sim seria confiabilíssimo, mas duvido que o faça.

    Se demorarm demais, Dilma e seu republicanismo chegarão a níveis tão baixos de aprovação que inviabilizará talvez por décadas a ascensão do trabalhismo ao poder. Talvez venha a inviabilizar até a vitória de Lula em 2018. Não se deve subestimar a capacidade de Dilma de arruinar este país com a sua inércia; e por último, os tucanos espertos, como Alckmin sabem disto, que o maior inimigo do PT hoje em dia é a própria Dilma, por isto mesmo duvido que vão apoiar um golpe ou um impeachment, no fundo vão deixá-la governar até o final e se destruir sozinha.

  2. A grande esfinge que existe

    A grande esfinge que existe na política brasileira atual chama-se PMDB ou, mais que este, o grupo de políticos fisiológicos que muitos associam ao partido mas que na verdade engloba outros partidos como PP, PR, PTB e por aí vai. Eles são cerca de 50% do parlamento, sempre foram governistas desde criancinhas por razões pragmáticas, assim como tem um apurado instinto de sobrevivência política. Ideologicamente, eles se alinham à oposição e a imprensa conservadora, o que sugeriria que ambos estão em larga vantagem, mas como o que os guia é seu instinto de sobrevivência político, este alinhamento ideológico não quer dizer muita coisa. Desde o início da nossa nova república neoliberal tem sido assim. O fato novo recente é a polarização por vezes extremista que o campo da oposição e imprensa vem fazendo nos últimos 10 anos. Este demorou algum tempo para tomar conta da sociedade mas parece que finalmente ocorreu na eleição passada. E isso forçará a esfinge a se posicionar. Penso que tenderá a se alinhar a oposição e imprensa, oq ue não quer dizer que garanta o sucesso para este lado.

  3. O enigma…

    “Essa é a esfinge que questiona quem está por trás das movimentações pró-impeachment. Elas são necessárias para manter o governo federal acuado. Elas não podem sair do controle. “

    BINGO!

  4. Curto e grosso

    Se o povo quissesse qualquer um desses quadros pintado aqui…não teria reeleito Dilma Roussef.

    Portanto, é bom ao analistas políticos que se lembrem da gente (o zé povinho) quando estiverem fazendo conjecturas surrealistas. 

    A realidade é que Se Dilma Roussef (não morrer antes de 2019) ela passa a faixa presidencial a seu sucessor, escolhido por ela/Lula e apoiado pelo PT ( tou com o Briguilino, aposto minhas fichas em…):

    http://blogdobriguilino.blogspot.com.br/2015/07/o-nosso-proximo-presidente-sera.html

     

  5. Um ponto que distingue essa

    Um ponto que distingue essa crise política das anteriores: onde estão os nacionalistas?

    O discurso dos movimentos supostamente apolíticos conseguiram transformar o país em uma nação de apátridas apáticos?

    Onde está a manifestação do Clube Militar sobre a prisão do Almirante Othon?

    1. Moeda de duas faces

      Nacionalismo é moeda de duas faces falsa, onde numa esta a corrupção democrática e na outra a ditadura fascista.

      1. Nacionalismo não significa

        Nacionalismo não significa ditadura, o próprio Lula utilizou argumentos nacionalistas em sua campanha para a reeleição. O que vejo é que o discurso nacionalista brasileiro simplesmente desapareceu. 

        No aguardo das manifestações do Clube Militar acerca da prisão do Almirante Othon.

  6. Mudando o jogo…

    .. existe a possibilidade do mandato de oito anos voltar à pauta, no Congresso, caso ocorra o impedimento?  Favoreceria Temer, na eventualidade de sua permanência, e Aécio, se houvesse nova eleição. Se as leis mudam de acordo com as conveniências de quem tem o poder e apoio em dado momento, não se espere nenhum pudor quanto a toda sorte de golpes.

    Resta saber se a economia brasileira estaria disposta a arcar com o custo de um golpe paraguaio. Além  de difícil cnsecucao, lançaria o país  num quadro instável,  prejudicando do as relações do país com o mercado externo e os meios de produção.

    Suponho que o PSDB  de Alckmin, representante da Casa Grande, percebeu  a sinuca de bico em que se meteu. Até certo ponto, para os tucanos, era conveniente sangrar Dilma. Mas a partir do momento em que sofrem as comsequencias  os negócios daqueles que bancam o partido, a coisa muda de figura.

     Quanto a LULA,  o ponto de mira de todas as bombas, eis a esfinge.

     

  7. Tem que combinar com comigo,

    Tem que combinar com comigo, e com todos com votaram no PT. Eu vou logo avisando que meu voto não vão mudar!

  8. Realmente é uma oportunida

    Realmente é uma oportunidade FANTÁSTICA NA VIDA NACIONAL!

    Nunca tivemos uma elite esclarecida igual a dos EUA na formação histórica de nosso país…

    Por isso eles se tornaram uma nação antes de nós…

    Hoje poderemos realizar um projeto de nação diferente, não partindo de uma elite, mas da internet alcançando seu povo!

    Está em nós, não na elite – o destino de nosso país!

    Esta mais que claro, que os interesses da maior parte de nossa elite no Brasil e nos Brasileiros, são de cunho pessoal!

    O negócio deles é FATURAR em cima de nossas riquezas, da usura e etc…

    As crises enfrentadas pelos EUA em seu processo histórico para sua independência e após, foram conduzidos por uma Elite esclarecida, SEM INTERNET, ou seja, sem a participação DO POVO no conhecimento instantâneo dos fatos e eventos!

    Essa crise, é a NOSSA OPORTUNIDADE, por estarmos vendo, conjecturando, avaliando TODOS os personagens destes eventos EM TEMPO REAL!

    O CONHECIMENTO NOS TORNA RESPONSÁVEIS POR TUDO QUE VIER A ACONTECER!

    A NOSSA OMISSÃO SERÁ CREDITADA NAS FUTURAS GERAÇÕES!

    O TEMPO DE EXPECTADOR JÁ PASSOU!

  9. “Aliás, a declaração de FHC

    “Aliás, a declaração de FHC de que Dilma é uma pessoa honrada com certeza nada tem de senilidade. Uma pessoa honrada não deveria estar sujeita a um impeachment. Ela faz parte do jogo de morde-e-sopra de quem está tentando interpretar a esfinge antes de mover a próxima peça.”

    Isso que ele fez foi para evitar que seja acusado de “Ter participado do planejamento de um golpe!” –  Numa palavra – Álibe.

  10. Já que se fala em jogos,

    Já que se fala em jogos, vamos usar uma linguagem que o povo brasileiro conhece mais: o futebol. Lula é o craque principal da partida, embora esteja um pouco fora de forma. Dilma, a técnica, literalmente até, escalou mal o time e a estratégia de jogo, e tem levado bola nas costas o tempo todo. Nos primeiros 10 minutos do jogo, a equipe de Dilma fez gol contra, e o time adversário ataca por todos os lados, o tempo todo: no congresso, na Lava Jato, no TCU, no TSE,  e, óbvio, na mídia. Aécio é aquele jogador que não joga nada, mas tem o apoio da mídia. Quem se lembra da Globo e do Galvão tentando promover Kaká num dos jogos da Seleção Brasileira? A bola estava do outro lado do campo e o narrador gritava: “Kaká olhou pra bola…”, como se daquele gesto pudesse surgir uma grande jogada. Claro que Aécio está longe de ser um Kaká, assim como não há, nas equipes, nenhum Pelé ou Garrincha. A única carta na manga de Aécio é ganhar no tapetão, ou seja, mesmo perdendo dentro de campo, o resultado seria anulado por juízes de confiança – dele e da mídia. Só esqueceram de combinar com a torcida do time vencedor, que pode não aceitar essa empulhação. O PMDB está sempre do lado do time que vence. Como o PT e o governo estão em crise, eles são os primeiros a pular fora do barco. Mas, nas quatro linhas eles podem desequilibrar. O PMDB tem três jogadores profissionais que fazem a diferença: Eduardo Cunha, Renan e Temer. Os dois primeiros jogam baixo, no joelho, enquanto o Temer, que de santo não tem nada, tenta manter a pose para colher o melhor resultado: dribla, dá passe e faz a marcação homem a homem. O problema dele é que ele perdeu a condição de capitão da equipe para Cunha. Mas, como Cunha foi pego dando cotovelada na cara do adversário, corre-se o risco de perder o comando da equipe. Dilma, como técnica, deveria ter apostado pelo menos numa aliança mais sólida no senado com o PMDB, mesmo engolindo Renan com casca e tudo. isto garantiria total blindagem contra ataques na pequena área. O problema é que o preço a pagar pelo bicho não seria nada pequeno. Alkmim e Serra são os preferidos na mídia e da torcida da elite. Mas, sabem que só têm alguma chance no próximo campeonato, em 2018, principalmente se o time do PT continuar não jogando nada em campo. Enfim, a bola está rolando, e apesar do time de Lula, Dilma e do PT ter vencido no tempo regulamentar, a equipe adversária não aceita o resultado, apela para o tapetão, e quer a revanche após o término do campeonato. Pode isto, Arnaldo?

  11. E o pov o asssiti!!!!!!!!!!

    Perdão, mas falta um ingrediente na sua análise por sinal típico do PT desde os anos 2000 e de Dilma;  sem o povo!!! Sem dialética, só superestrutura!!!!!!!! Só conchavos e acordos espúrios (vide a reunião com os governadores 20 dias antes do ato público de 16/08). Em nenhum momento acionar as bases para a defesa do mandato ou da democracia mesmo por quê para as bases, produto de sua infinita centralização e opção política, só sobrou pagar a crise e as cagadas de sua incompetência, como defender esse governo com os trabalhadores???? Só tratarão essas questões pela superestrutura e serão traídos como sempre foram; fazem acordos coma a direita que os traem e fazem acordo com a esquerda e os traem,  eles merecem , os que votaram nela e no PT por falta de opção, não!!!!!!!!!!!!!

    1. Você tem razão.

      Esse foi o grande erro de Lula que Hugo Chaves não cometeu.

      Em nome de uma “governabilidade” palatável às forças conservadoras, as bases populares e sindicais foram deixadas de fora da formulação política. A resistência ao golpe está na intelectualidade progressista.

      Com dor no coração, não encontrei espaço para movimentos populares de esquerda. A esfinge não os inclui na “solução Temer”.

      Os únicos movimentos populares previsíveis são as “domigueiras teleguiadas” das forças reacionárias. 

      Movimentos à esquerda só na hipótese de um impeachment.

      1. Greves reprimidas!!!!!

        Prezado senhor Sérgio Saraiva.

        Agradeço seu aporte, mas devo registrar que os trabalhadores não estão calados e sim sendo reprimidos e calados à base da porrada por todos os governos sejam estaduais ou federal, vide as greves recentes, metroviários de S. Paulo, Professores do Paraná e SP, os metalúrgicos e construção civil que trabalhavam em Niterói e em outros estaleiros “abandonados” pelos patrões com os bolsos cheios e tratados como escravos, pois não receberam nem os mínimos direitos trabalhistas e sequer o saldo de salário e no entanto quando sairam em passeata denunciando a “nova escravidão” foram duramente reprimidos pela PM do RJ.

        O sucesso ou a derrota do povo trabalhador nessas lutas sinaliza o que nos espera e quem lutou contra a ditadura como nós (fomos poucos é verdade a maioria se beneficiou o quanto pode) acabamos por entender que na hora do sangue seremos chamados para a bucha de canhão assim como fomos na hora de votar nos traidores, mas acredito que dessa vez ninguém se prestará a defender um governo (o que será pior para nós), que entendeu que beneficiar e calar os trabalhadores ou o povo pobre era derramar as migalhas caídas da farta mesa de negociação com o grande capital ou financiar a linha branca de eletrodomésticos e carros populares e entregar o domínio político à pior direita que se possa imaginar e pior ainda, cumprir seu script antes de entregar totalmente.

         

        1. Mas este é o grande dilema

          Se não apoiar Dilma, as outras opções são de um retrocesso muito pior. Dilma está em xeque, mas não acredito que seria insensível à quem viesse apoiá-la de verdade. As propostas devem ser claras, inclusive as saídas e alternativas para o tal ajuste. Não há soluções mágicas.

  12. Muito boa análise!

    Como o PT fez questão de escantear da política a mobilização social, essa outra possível peça do xadrez tornou-se uma irrelevância, que, a favor da Dilma, não responde mais que por um impacto de 7% da opinião pública. É, ela tornou-se, de fato, um reles peão.

    Essa é a real dimensão do “governismo” (mesmo que ele queira parecer muito maior aqui no blog). Esse é o real tamanho do eleitorado governista hoje. E é bom que ninguém se iluda com o percentual das últimas eleições. Esse eleitorado virou pó. Foi a Dilma (um gênio político nunca antes visto na história desse país) que o pulverizou.

    Essa peça do xadrez poderia crescer? poderia chegar a ser um bispo capaz de ocupar uma grande diagonal (como idealmente sonham alguns)? Suspeito que o tempo verbal aí realmente é o do futuro do pretérito: “poderia” se a Dilma sequer tivesse trilhado o caminho de Levy. Agora é tarde. O desemprego e a recessão batem à porta. Em menos de dois anos eles não serão revertidos (na melhor das hipóteses e se não vier mais nenhuma crise econômica global). Não há mais o recurso mágico das commodities, não há mais força política para sustentar a redução da Selic (isso deveria ter sido feito de forma decidida e sustentada há dois anos). Apenas pelos seus próprios recursos de gestão, o governo Dilma não tem mais como virar o jogo. Seria preciso um milagre político. A Dilma trocou o bispo da grande diagonal por um peão.

    Quando eu disse aqui https://jornalggn.com.br/blog/ricardo-cavalcanti-schiel/o-tempo-o-implacavel-o-que-vira-por-ricardo-cavalcanti-schiel que nós já entramos, definitivamente, na agenda do impeachment, o governismo bloguista bateu o pezinho (e continua batendo). Quem sabe boas análises como essa agora não acabem demonstrando que bater pezinho não adianta nada?

  13. A cada dia fico mais

    A cada dia fico mais decepcionado com o que acontece hoje no brasil.

    Este post e os comentários são um exemplo.

    Em vez de estarmos a discutir o que fazer para que se respeite a democracia e a decisão do povo explicitada pelo voto, estamos discutindo teorias, conspirações, golpistas, etc…

    Talvez golpes, fracasso econômico, crises, corrupção, ruína social do país e da população seja o que merecemos.

    1. realmente, os blogs

      realmente, os blogs “progressistas” estão entrando no jogo da agenda negativa. deve haver outros espaços e outras notícias em algum lugar da via láctea.

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