Modo programador, por Gustavo Gollo

Boa parte da ciência consiste em compreender o funcionamento de fenômenos que vemos ocorrer; vemos algo e perguntamos: o que está acontecendo ali? Como aquilo pode acontecer? Nossa ciência tem se desenvolvido em busca de respostas para perguntas assim.

por Gustavo Gollo

Recentemente, os computadores trouxeram um novo tipo de compreensão do mundo; ao ver algo interessante acontecendo, podemos perguntar: como eu programo algo análogo àquilo? Se eu conseguir fazer um programa que simule precisamente tudo o que seja relevante no fenômeno em questão, ficarei convicto de que compreendo bem o fenômeno. Eventualmente, a satisfação da exigência popperiana de descobrir algo novo, não conhecido antes, a partir da simulação, sugere fortemente que o programador realmente captou algo sobre o funcionamento do mundo.

Computadores são máquinas universais, podem ser programadas para simular qualquer parte de nosso mundo, e o farão. Em poucos anos, esse modo claro de compreensão do mundo se disseminará imensamente e inundará todas as áreas do conhecimento incluindo – ou, talvez, partindo de – as ciências humanas. Conheceremos a humanidade, por exemplo, através de simulações.

O desconhecimento de programação alijará as pessoas dessa possibilidade de compreensão que, aliás, proporcionará o vocabulário para descrição do mundo, assim como seu modo de funcionamento.

Crianças devem aprender a programar computadores. Todos devem a aprender a ler e a programar, exigências universais que se tornarão cada vez mais necessárias.

 

 

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Redação

4 Comentários

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  1. O xadrez e o funcionalismo

    Pergunte a um mestre em xadrez se os computadores que vencem humanos em partidas são uma simulação de como humanos pensam sua estratégia. 

     

    1. Nao, sao algoritmos, nao tem

      Nao, sao algoritmos, nao tem a ver com simulacao de pensamento exceto se voce considerar uma cabrioleh como um antepassado de uma nave espacial -e pode se fazer o argumento -ja que ambos sao transporte- mas nao convincentemente.

  2. dois poréns

    Acho q o conhecimento por modelização vai se somar a diversos outros, mais que se sobrepor, alguns inclusive oriundos da informática. E, mais importante, pensando na própria história da programação, me parece que ela tende a ser cada vez mais intuitiva. De tal modo, que me parece que o ato de “programar” vai ser cada vez menos hermético, demandaria cada vez menos treinamento (A ponto de se poder pensar, no limite, em algo como dar instruções verbais a um sistema, como “localize padrões nesses dados” ou “modelize esse comportamento já registrado”). Então não sei caberia falar de uma espécie de alfabetização nesse sentido. Acho que o interesse de ensinar programação mais “clássica” na escola tem a ver com o desenvolvimento de aspectos  como habilidades lógicas. E treinar habilidades úteis no médio prazo, para lidar com a computação atual.

  3. Esquece, Gollo. Houve uma

    Esquece, Gollo. Houve uma geracao inteira de programadores no mundo inteiro no comeco dos anos 80.  Ela foi intencionalmente assassinada pela Apple, que comecou a vender computadores sem linguas nativas, e o resto da industria seguiu a dica.  Hoje eu tenho um tab, um iPad, um notebookinho, e um Mac de 10 anos com…  com zero linguas.  Tenho maquinas que me computam mas nao computam absolutamente nada pra mim.  E nas escolas a coisa nao esta longe disso tampouco.  Nao ha lingua de programacao sendo ensinada em escola hoje, nenhuma.

    Note se que eu ja inventei algumas instrucoes a nivel de lingua de maquina, elas estao implicitas no codigo SE, eh impossivel nao as ver -pra comeco de conversa, o unico bit test do mundo que indica nao-primalidade e que nao depende do least significant bit eh o codigo SE, entao tou falando serio.  So que -poderosas como sao- ninguem as implementou a nivel de CPU.

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