O tremedal da dívida pública gaúcha e seu patógeno, por Charles Leonel Bakalarczyk

Tarso Genro: – Se não pagar, arrochar os salários, salvasse, o Estado já estaria salvo e seria simples.

Diante do atraso no pagamento da remuneração dos servidores estaduais, de fornecedores e da paralização de obras contratadas pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, muito tem se falado, com certo grau de razão, que a maior culpada do caos que atinge os gaúchos é a divida pública. E que a culpa, vejam só, é do ex-Governador Tarso Genro.

Até podem ter diagnosticado a doença, mas equivocam-se no patógeno!

Culpar o Tarso, o Governador que na história recente do RS mais investiu em educação e saúde – e pagou em dia os salários do funcionalismo – pelas opções do “gringo simples” é uma necedade, produto da mais pura desinformação ou má-fé!

Por mais incrível que possa parecer aos teleguiados pela grande mídia empresarial, foi o Plano Real – os juros e o fim do finaciamento público pela inflação, sem que fosse criada uma alternativa para o equilíbrio fiscal – quem deu o pontapé inicial para “quebrar” o Rio Grande do Sul, sendo que a obra foi consumada pelo acordo da dívida celebrado entre FHC e Antônio Britto (aquele ajuste em que o Banrisul quase foi privatizado!).

Segundo Elis Renner Bandeira e Tatiana Rodríguez, no artigo GÊNESE E EVOLUÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA GAÚCHA (link para o artigo, na íntegra):

 
 

De acordo com Elis e Tatiana, por décadas os governos sul-rio-grandenses que se sucederam gastaram mais do que conseguiram arrecadar, sendo que essa diferença entre despesas e receitas era compensada mediante a tomada de empréstimos, pagos com juros inflacionários.

Mesmo diante desse quadro, a dívida pública ainda não representava um problema grave para o Estado, ou seja, era administrável. E, inclusive, útil, poque permitia investimentos.

Em 1987, contudo, Pedro Simon governador, houve uma crise fiscal de grandes proporções, por conta de queda considerável na arrecadação (ICMS de produtos primários, nosso forte até então).

Todavia, segundo o estudo das articulistas, a implantação do Plano Real em 1994 criou uma dinâmica que impulsionou a dívida do Estado do RS. Em menos de três anos a dívida gaúcha duplicou, ultrapassando a receita (ou seja, devia-se mais do que uma receita anual, situação que permanece até hoje!). Veja-se, no gráfico abaixo, o “salto” da dívida em função do Plano Real:

 
E em 1998, o golpe de misericórdia! FHC e Antônio Britto negociaram a dívida gaúcha, a União assumiu a maior parte do bolo – 94% -, formada por débitos previdenciários e títulos públicos).

Pelo acordo, o RS ficou obrigado a pagar R$ 7,9 bilhões em 30 anos, com juros anuais de 6% e correção pelo IGP-DI. Os repasses foram fixados em 13% da receita, sendo que, quando o valor da parcela superasse o índice, geraria resíduo (e sempre tem, o que faz com que dívida reste postergada para depois dos 30 anos. Até 2014, o IGP-DI acumulou 269%, transformando a dívida numa bola de neve, situação a ser alterada a partir da negociação que Tarso manteve com o Governo Dilma).

Comprometendo 13% da receita com a União e, considerando-se, ainda o pagamento da divida externa (BID, BIRD, etc), o RS não dispõe de recursos para investimento, mantendo a máquina pelo expediente de gastar mais do que efetivamente arrecada, conluiem Elis e Tatiana.

Inegavelmente o Governo Tarso tinha como estratégia manter investimentos, com crescimento, afirmando que não adianta acabar com o déficit se o custo for zerar investimento e comprometer despesas com saúde, educação, segurança pública e atrasar salários.

Portanto, erram feio aqueles que imputam a Tarso Genro a construção da dívida pública do RS e o recrudescimento da crise financeira da Fazenda Estadual!

O erro, importa ter coragem para admitir, foi eleger um governo que não tem projeto estratégico – e nem plano tático – para enfrentar a dívida e a crise! Ou pior: sua estratégia é gerar o caos para privatizar o que Britto não conseguiu, além de diminuir as funções do Estado!

O Rio Grande do Sul encontra-se em brutal dificuldade. Mas a crise do discurso conservador é o fato mais grave a ser considerado, porque esse pessoal que o entoa não atina para o seguinte fato: foi o seu campo político quem atolou os gaúchos nesse tremedal! 

 

Redação

24 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Então quer dizer que o grande

    Então quer dizer que o grande culpado pela dívida pública do RS é o Plano Real de FHC?

    O fato da gestão do RS ser pessimamente controlada ocasionando em empréstimos mesmo sabendo de suas consequencias é irrelevante?

    Meu juros do cartão de crédito está muito alto, o culpado é a empresa e sua taxa de juros tremenda, nunca da pessoa que continua a gastar o que não tem.

     

    1. Fatal para o Rio Grande foi

      Fatal para o Rio Grande foi tomar um empréstimo de um ministro da economia banqueiro e paulita.

      Tanto banqueiro como paulista.

      E o empréstimo foi louvado pela mídia como a melhor coisa que podia nos acontecer. Os pedágios também eram ótimos. Vender a CRT era fantástico. A CEEE vendida, o melhor negócio aos olhos dos puxa sacos da época e de agora.

      O texto não fala de plano real, que é 4 anos anterior à gestão do Britto.

      De onde tiraste isso?

       

  2. E o que fez o governo do PT?

    E o que o governo do PT para minimizar tal situação? Ficou só assistindo o que iria acontecer? Não procurou a parceria PTista do palácio do Planalto para ajudar? Ou preferiu a máxima: quanto pior, melhor. Os outros é que se virem. Tática de incompententes em administração! Bem, acredito que o povo esperto gaúcho soube avaliar e não permitir mais 4 anos para esse governador incompetente.

  3. Ele, quando Governador, teve
    Ele, quando Governador, teve oportunidade de:
    1- Apontar o problema
    2- Culpar alguém
    .

    Teve grande OPORTUNIDADE de dar publicidade ao problema ao NÃO PAGAR O PISO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Mas não o fez….
    Como é do PT, não fez nem um nem outro… pela governabilidade.

    Agora toma que o filho é seu!
    Não tenho pena. Se fode aí Tarso!

    1. Mentiroso!

      … e mal informado. Se o amigo tira-se o dedinho da boca e procura-se informação, saberia que Tarso nunca deixou de dar falr ssobre a dívida sendo, inclusive, um dos lideres para a aprovação no Congresso da renegociação da dívida.

       

      Realmente, este blog anda mesmo sendo mal administrado para permitir qualquer um escrever “se f.o.d.e”.

    2. Ele fez isso.
      Tu que não te

      Ele fez isso.

      Tu que não te deste conta.

      Pediu que os servidores topassem se aposentar mais tarde ou contribuir mais. Não aceitaram.

      Mandou à assembléia pedido de 1% de aumento do ICMS. Não aceitaram.

      Me parece que na semana que vem vais defender 2% para o Sartori. 

      Eu concordo.

      Mas não repitas por aí que Tarso, que de uma ponta a outra do seu governo enfrentou e falou desse problema, ficou calado.

  4. O problema do RS não é a

    O problema do RS não é a divida e a falta de repasse dos recursos federais.

    Tarso pegou 5 bilhões dos depósitos judiciais, pegou o maximo que deu em emprestimos, deicou nada para o próximo governo.

     

    1. tá provado que não.

      o caso em tela trata de uma herança maldita do pmdb. contribuição especial da dupla simon/brito, sem esquecer a contribuição do plano real, que armou a bomba relógio. os demais só fizeram empurrar com a barriga. estourou a conta agora de volta no pmdb que tenta empurrar o mico pra frente(talvez seja pra trás).

      um dia alguém vai ter que reconhecer o estado como falido, e tomar providências. parece que o gringo não vai ser essa pessoa. é um pateta, não merece nem eleição pra sindico de condomínio. daqui a pouco passa a celeuma e o gringo vai fazer como todos os antecessores.

      a análise foi perfeita. o charles não exagerou ou equivocou-se em nada.

    2. Não só os tucanos. Pior que

      Não só os tucanos. Pior que eles é sempre a herança do pmdb.

      O amigo sabe ler gráficos?… é só olhar aquele ai encima para ver que a dívida se mantém mais ou mesmo igual desde 1998. Este foi um ano de governança tucano, foi não?

    3. Comprove o contrário por meio

      Comprove o contrário por meio de exemplos.

      Por exemplo, Yeda teve déficit zero. Nota dez do ponto de vista contábil.

      O preço foi deixar manutenção, contratações e aumentos para o sucessor.

      A contabilidade, dela gostam os banqueiros, porque lhes diz tudo. E vão te convencer de que só a proposta de empréstimo deles é que é boa.

      Por isso o cargo de governadore exige um estadista.

  5. A tática dos reais corruptos

    A tática dos reais corruptos desse país é sempre culpar o PT por tudo. Enquanto nos governos do PT há investimentos, ou osutros só utilizam a velha tática dos fracassados como governantes que nem programa de governo possuem. Não tenho pena de um estado que se curva demais para o agronegócio e seus empresários mequetrefes que não investem em nada a não ser apenas nos seus bolsos. É um atraso só! O Tarso fez um governo limpo, investiu em saúde, educação e tais, só que gaúcho, como todo povo medroso(conservador), tem mania de votar em uem consome o estado e dá essas desculpas arcáicas de que o outro governo é que deixou assim. Homens mequetrefes, mas que têm a propineira imprensa a seu lado. A imprensa sempre esteve contra o trabalhador, mas tem boçal que não percebe isso.. TEM MUITO TRABALHADOR MEQUETREFE que vota em patrão. Dá nisso: voltam a ser escravos. Mais do que merecido.

  6. Preciso de um esclarecimento…

    Como há vários entendidos nos comentários, alguém saberia dizer qual era a situação do Estado antes de Tarso Genro assumir?

    Creio que o mais objetivo e justo para uma análise de curto prazo seria comparar os índices e as conjulturas dos últimos 3 mandatos: antecessor, Tarso Genro e sucessor.

    Qual a situação do Estado antes de Tarso asumir? Quais as negociações, afinal, foram feitas por Tarso junto a União? Qual foi a real situação do Estado ao assumir a nova administração? São dados básicos para eliminar achismos.

    Agora, sinceramente, o que vi nos comentários foi um monte de achismos enrustidos de verdades absolutas.

    Quanto ao “povo esperto gaúcho soube avaliar e não permitir mais 4 anos para esse governador incompetente”, também tenho lá minhas dúvidas, afinal, nós paulistas – não com o meu voto – reconduzimos o PSDB ao cargo com 70% de aprovação.

    Quem realmente serão os espertos?

    Quem estará com a razão nas análises?

    Quem pode ajudar com as dúvidas (baseando-se em dados, por favor)?

     

    1. Não existe uma avaliação que

      Não existe uma avaliação que sintetize a situação do estado antes e depois que seja simples.

      Antes de Tarso ocorreu um período de déficit zero às custas de represar despesas em manutenção de escolas, presídios, contratação de professores, brigadianos, policiais e concessão de promoções.

      Portanto, (1) a contabilidade não é tudo e (2) geralmente é empregada para confundir o vivente.

      Durante Tarso, seja porque bom motivo for, a Receita Corrente Líquida do estado cresceu o dobro do governo anterior. 

      O último ano de Yeda registra 800 milhões de crescimento da RCL, os anos Tarso passaram a 1.4, até 2 bi de crescimento da RCL e Sartori está parecendo, pelo primeiro trimestre que terá 1.2 bi de crescimento.

      A fórmula de investir e crescer de Tarso parece ter funcionado parcialmente, embora ele não tenha conseguido crescer o dobro do PIB do Brasil.

      Parece que ele cresceu 80% a mais que o Brasil, fato considerado impossível dado que o Rio Grande tem uma economia mais madura do que por exemplo o Acre.

      Esse sucesso parcial é distinto de todos demais governadores, embora o período Olívio e antes dele o Collares tenham sido um pouco assim, esse foi o de maior crescimento em um mandato.

      E esse sucesso é que permite a Tarso esnobar esse revival da “teoria yedistica de governar”  que agora ocorre.

      1. Obrigado pela atenção Eduardo!

        Sinceramente não entendo muito da administração, mas entendo muito bem quando um comentário esta vazio de informações.

        Não sei se os dados passados por você conferem, não fui checar, mas já há algum embasamento e deu uma luz a mais.

        Resumindo, Tarso Genro assumiu o Estado numa situação economica bem pior que a atual administração. Ou seja, TG deixou o Estado numa situação melhor que quando assumiu. Isso pode ser traduzido como boa administração.

        Aí que vem outra dúvida: se TG, mesmo assumindo o Estado numa situação bem menos desfavorável, soube administrar mantendo os investimentos básicos e os pagamentos do funcionalismo público sempre em dia e ainda aumentando a arrecadação, qual a culpa dele se a nova administração, mesmo assumindo em condições bem mais favoráveis que TG, não tem capacidade de ao menos honrar os salários dos funcionários?

        Estou também, tentando entender os comentários anteriores ao meu. Pelo visto, o nível dos comentaristas esta se assemelhando aos do facebook. Nada construtivos ou educativos, como o seu.

        Novamente, obrigado!

  7. É dificil comentar sem ler, sem buscar informação

    É dificil comentar sem ler texto e gráficos, sem buscar informação, e comentam. Mas é fato que o candidato disse que não sabia o que faria, parecia ter descido de para quedas na eleição, e porque não tinha mesmo um plano de governo. Quando cobrado apareceu com um ctrl-c crtl-v. Agora é esperar e torcer. Pagar prá ver onde vai parar a ‘bola de neve que desceu a serra’. Tomara executivo federal ajude. Todos perdem. A crise não escolhe entre eleitores deste ou daquele candidato.

  8. O mais hilário é a tentativa

    O mais hilário é a tentativa dos idiotas (desculpe, mas não tem outra palavra) que votaram no Sartori defendendo-o. Realmente, é tanto ódio ao PT, que preferem destruir o Estado a vê-lo no poder.

  9. Lógica torta…

    Vamos lá: o plano real duplicou a dívida do estado em tres anos e um acordo livrou este mesmo estado de 94% desta dívida. E a culpa do endividamento que se seguiu é do… plano real?

    Vamos falar mais sério?

    1. E o amigo sabe ler

      E o amigo sabe ler gráficos?… .é só olhar aquele lá encima para ver que a dívida praticamente dobrou durante o plano real e desde 1998 se mantém mais ou menos estável.

      Diz um amigo meu aqui ao lado, para ler gráfico não precissa ser nem engenheiro nem economista, mas certamente mais de dois neuronios.

       

      https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurónio

  10. A culpa é dos juros exorbitantes

    Os juros exorbitantes arbitrados pelo governo federal desde 1994, fizeram crescer enormemente as dívidas dos estados e 180 prefeituras. Em 1997-1999, o GF assumiu essas dívidas, num arranjo ainda draconiano, embora os juros negociados fossem mais baixos do que os pagos até então: IGP-DI mais 6%,7,5% ou 9%, dependendo do caso. 13% das receitas seriam usadas para pagamentos ao GV, mas mesmo com esse gasto as dívidas continuaram aumentando, mesmo sem novos empréstimos. Em 2014, as regras foram alteradas em benefício das unidades federativas: correção da dívida pelo IPCA ou pela Selic (o que for mais baixo), mais juros de 4%, com contabilidade retroativa. Mas Dilma ainda não efetivou o novo arranjo. Refeitas as contas, as dívidas dos estados e prefeituras junto à União serão reduzidas muito significativamente, e com os juros mais baixos ela seria supostamente pagável. Na verdade, principalmente por causa da Lei da Responsabilidade Fiscal, a dívida das unidades federativas tem crescido principalmente por causa dos juros excessivos. 

    A mesma história se repete no GV. Mesmo com vultosos superavits primários, a dívida continua alta e sua rolagem compromete todo o investimento público.

    1. Um plano excelente na época.

      Um plano excelente na época. Segundo a avaliação de Malan, um banqueiro,  e ZH, a mídia que sempre apoia esse grupo.

  11. A yeda crusuis(psdb) deixou o

    A yeda crusuis(psdb) deixou o estado pior do que já estava com governichos do pmdb. Tarso assumiu o estado com cofres surrupiados pela gang de yeda, mas tem gente que não quer ver isso. A rbs, a propineira,  cada vez mais torna os gaúchos parecidos com o que ela pretendeu sempre que eles fossem: analfabetos políticos, O PT assume os governos depois da lambança dos outros partidos, com tudo falido e comete o erro de não denunciar, não ficar no mimimi dos oportunistas e paga carro por isso. Lula assumiu o paí quebrado, surrupiado pelo psdb, mas não ficou no mimimi, tratou de levantar o país e deixá-lo orgulhado pelo mundo. Mas, analfa político não entende nada que não venha da velhaca e corrupta imprensa tupinica. Querem voltar, sem ter consciência, a  dependencia, esravos, pobres, burros e considerados lixo pela direita que os detesta. A direita NUNCA APOIOU TRABALHADOR, DETESTA-OS, UTILIZA-OS E COSPE NELES quando fora do período eletoral. O rs, cada vez mais pequeno e a mercê da corrupta rbs. Mimimi sempre foi arma dos fracos, dos oportunistas, do sem dignidade. “- Povo que não tem virtudo, acaba por ser escravo-“.

  12. Povo beócio que só fala em GRENAL

    Peçam ajuda para a RBS, cabo eleitoral do Sartori…

    Perguntar não ofende: verba publicitária foi contigenciada?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador