Os “economistas” de Patrícia Poeta ditando a campanha presidencial, por J. Carlos de Assis

 

eduardo campos no jn

Conta-se que um general da ditadura, escrupuloso em relação à estrita obediência das leis na condução dos negócios públicos, perguntou ao vice-presidente e jurista Pedro Aleixo, pouco antes que o pano negro do AI-5 caísse sobre a cidadania brasileira, se o AI-5 era mesmo constitucional. Pedro Aleixo teria respondido, laconicamente, que era preciso acabar com os cursos de introdução ao Direito nos colégios militares. Se os generais fossem se preocupar com o Direito seria preciso desfazer tudo que se tinha feito desde o golpe de 64.

Essa fábula – talvez mito, talvez com fundo de verdade – me veio à mente quando vi a entrevista do candidato Eduardo Campos no Jornal Nacional de quarta-feira. Patrícia Poeta, tão graciosa, cresceu nos saltos ao espremer o entrevistado com uma questão mais ou menos assim: O senhor tem feito promessas de cortar o gasto público aqui e ali. Entretanto, os economistas dizem que é necessário, para reduzir a inflação, cortar profundamente. Sem cortar fundo nos gastos públicos, deixou entender ela, o país mergulharia em inflação.

Há muitas bobagens nessa pergunta, que procura ditar a resposta. Em geral, essas bobagens se devem aos cursos rápidos de economia frequentados por jornalistas. Na verdade, às vezes nem chegam a ser cursos; são conversas da vida cotidiana elevadas a categorias de sabedoria convencional nas entrevistas de televisão. Como regra geral, a sabedoria econômica convencional repete os mantras da direita que atendem, essencialmente, aos interesses da comunidade financeira e do empresariado que se ceva nas taxas de juros elevadas.

Mas façamos uma pequena exegese da pergunta da espertíssima Patrícia Poeta. Ela afirma: “economistas dizem que tem que cortar profundamente nos gastos públicos para controlar a inflação”. Vamos decompor a frase: primeiro, “os economistas dizem”. Bem, serão todos os economistas? Melhor ainda, haverá um consenso de economistas nessa matéria? Quais são esses economistas? Bem, eu posso adiantar que são os economistas neoliberais. Contudo, ela, se fosse uma jornalista honesta, ou se fosse simplesmente informada, diria: “economistas neoliberais”, ou “economistas que se dizem ortodoxos”, ou coisa que o valha.

O que dizem os “economistas” de Patrícia Poeta? Dizem que, para acabar com a inflação, é preciso cortar fundo nos gastos públicos. Bem, isso é simplesmente uma estupidez. A relação entre orçamento público e a economia em seu conjunto está intimamente relacionada com o ciclo econômico. Se me disserem, numa situação de boom econômico, que se deve aumentar os gastos públicos, eu discordaria. Contudo, em situação de recessão ou perto dela, eu sustento que o aumento do gasto público, na verdade o aumento do gasto deficitário público é absolutamente essencial para a recuperação.

O que Eduardo Campos deveria ter respondido? Teria dito: Patrícia querida, um economista muito importante do século XX, na verdade, o maior do século, ensinou uma coisa que se chama “política fiscal anticíclica”, pela qual você aumenta o gasto público deficitário na recessão e o reduz ou elimina no boom. Em outras palavras, você aumenta a dívida pública num movimento e a reduz no movimento simétrico. Não conheço nenhum economista sério que se contraponha a isso, exceto os ditos ortodoxos.

Entretanto, o que afirmam os ditos ortodoxos? Dizem que, para sair da recessão, é preciso recuperar a confiança do empresariado. Isso é uma tautologia. Se a economia está em recessão, não há demanda suficiente para aumento de produção; assim, sem demanda, não é possível recuperar a confiança do empresário. E ficamos todos, como disse Marx em outro contexto, dans la même merde.

De fato, só existem três instrumentos de política econômico para aumentar a demanda agregada: a política monetária (juros mais baixos e maior disponibilidade de crédito), aumento das exportações (exportação para fora gera demanda interna) e política fiscal. A política monetária em geral não funciona, pela mesma razão da confiança: ninguém vai tomar dinheiro emprestado para investir, mesma a taxa zero de juros, se o resultado é produzir para as prateleiras e ficar com uma obrigação bancária, mesmo barata; portanto, primeiro vem a pressão da demanda, depois a dita “confiança” e o investimento.

O aumento das exportações pode ajudar. Mas o que dizer quando, como hoje, todos – todos – os países industrializados avançados, Europa, Estados Unidos e Japão, querem exportar mais e importar menos, isso pela primeira vez na história do capitalismo, exceto na Grande Depressão dos 30? Para onde vamos mandar nós as nossas exportações, a não ser de primários para a China? E o que fazemos com nossa indústria de transformação e, sobretudo, de bens de capital? Vejam no balanço comercial com os países industrializados avançados: nossas exportações desabam e as exportações deles para nós crescem. Se isso não mudar por uma mudança estratégica na nossa economia (falo disso posteriormente), não demora muito e esgotaremos nossas belíssimas reservas externas de 380 bilhões de dólares!

Na ausência de qualquer eficácia da política monetária e na política de exportações, resta, vamos dizer de novo nessa modesta aula de economia heterodoxa para Patrícia Poeta, a política fiscal. Se nós a abandonarmos, vamos da recessão para a depressão. Exatamente o que está acontecendo na Europa. Por pressão da Alemanha, uma economia conduzida por exportações, todos os países da área do euro se subordinaram a políticas ortodoxas de corte do gasto público e pagamento da dívida pública. A Alemanha faz uma política egoísta, de roubar o vizinho. Contudo, de te fabula narratur: neste trimestre deve ter crescimento zero, pela circunstância óbvia de que 40% de suas exportações iam tradicionalmente para a área do euro que ela está estrangulando.

Quanto aos demais países da área do euro que seguiram a lição econômica de Patrícia Poeta – vou passar a chamar de Lei Patrícia Poeta, ou Lei da Globo -, mergulharam numa tragédia social: a Espanha tem taxa de desemprego de 25%, sendo que, entre os jovens, vai a mais de 60%; o mesmo acontece com a Grédia. A Inglaterra, fora da área do euro mas assim mesmo se aplicando as mesmas políticas ortodoxas, continua oficialmente em recessão. A França se arrasta, pois o socialista Hollande não tem peito para enfrentar a ortodoxia alemã. Enfim, está acontecendo o que Mário Draghi, ao assumir a presidência do Banco Central Europeu, pontificou: Precisamos destruir o estado de bem estar social da Europa.

É isso, dona Patrícia, que a senhora quer que se faça na economia brasileira? Cortar profundamente, cortar salário mínimo, cortar Bolsa Família, cortar os parcos investimentos que ainda fazemos em habitação e infraestrutura?

Estou escrevendo tudo isso não para comentar a resposta de Eduardo Campos, porque também ele é um neoliberal, mas porque tenho certeza de que os “economistas” de Patrícia vão perguntar a Dilma nesta quinta feira na mesma direção. Ah, como gostaria de fazer uma pergunta de público, uma só, a Dilma: Nós, presidenta, economistas de linha keynesiana, queremos saber da senhora porque não manda Mantega acabar com essa bobagem de superávit primário quando a economia patina em torno de crescimento de 1%? Não tema, Presidenta, qualquer efeito inflacionário nisso: inflação, como se sabe desde os tempos de Adam Smith, é um fenômeno de mercado real, um fenômeno de oferta e de demanda, não um fenômeno monetário – exceto, neste caso, em situações de boom.

A inflação brasileira, Presidenta, me permita um adendo: ela é efeito sobretudo de indexação legal que ainda existe na economia na áreas dos serviços públicos, que respondem por quase 40% do índice. E isso é uma herança maldita dos tucanos que acabaram com a indexação dos salários e de outros preços, mas preservaram a indexação das tarifas nesses serviços para facilitar, e dar “confiança”, aos especuladores da privatização. Se a senhora acabar com a indexação legal dos serviços públicos, será caminho andado para trazer a inflação para 4% no limite superior da meta. Isso, cortando o superávit primário e mantendo em nível razoável o déficit público até a economia voltar a um crescimento de 6 a 7% ao ano.

J. Carlos de Assis – Economista, doutro em Engenharia da Produção pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional na UEPB.  

Redação

25 Comentários

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  1. Meu economista, minha vida?

    O tema é o mesmo, de modo que me permito repetir o meu comentário.

    Não consigo acreditar que a realidade brasileira possa ser alterada em forma teórica, com receitas de economista, mudando uma taxa aqui ou desindexando esta outra situação por lá. A maior alteração que tem havido, nos últimos anos, nestas equações econômicas provêm da realidade, direcionada por convicção política, não por trabalhos acadêmicos nem do cruzamento teórico de curvas de oferta e procura.

    Esta realidade consiste no aumento e distribuição da massa salarial neste país que, inclusive, nos libertou do FMI e das “marolinhas” econômicas mundiais que chegaram até as nossas encostas.

    A classe empresarial, utilizando durante centenas de anos o seu poder inconteste dentro da economia, explora a ignorância e atitude bovina do consumidor, vendendo os artigos com os quais subsistimos, cobrando caro, e levando os seus lucros para o exterior, para ele sim gastar o nosso dinheiro em bobagens e ligando pouco em reinvestir nos seus negócios, muito menos focado no crescimento do Brasil. A mídia, de comum acordo, faze subir e descer o preço do tomate ou da dúzia de ovos, a qualquer instante. Aqui no Brasil é o governo o verdadeiro indutor da economia, com obras públicas cujo investimento irriga de dinheiro as cadeias econômicas e, o sucesso dessas mediadas, é maior quanto maior seja a fatia desse dinheiro que fica circulando no território nacional.

    Com o salário mínimo quase três vezes (em dólar) superior ao de FHC, com o programa Bolsa Família, com o pleno emprego, Brasil conseguiu equilibrar o jogo econômico em favor do povo, ou seja, dos consumidores locais de coisas simples (arroz, feijão, moradia popular, carro popular e etc.), e esse dinheiro, circulando pelo Brasil tem sido o artífice da estabilidade econômica que hoje vivemos, a pesar de todas as barbaridades que a classe empresarial utiliza contra a nação, como, por exemplo, a evidente paralisação de investimentos, o atraso de pagamentos a terceiros e demissões, que grupos empresariais coordenados, aplicam no Brasil particularmente neste ano de 2014, processo que irá a finalizar apenas depois de abertas as urnas, querendo criar hoje um clima adverso para o país. Sou pequeno empresário e vivo na pele a pressão dada nestes tempos pelas grandes empresas, que são os meus clientes.

    Um engenheiro estuda e trabalha durante a vida toda tentando fazer por 1 dólar uma coisa que outros fazem por 2 dólares. Já o comerciante, luta a sua vida toda para comprar por 1 dólar e tentar vender em dois ou mais, o mesmo produto (e, na maioria, levando o lucro para fora). O economista acha que uma equação boba vai direcionar esse jogo de interesses, mas, são muitos russos com os quais deve primeiro combinar (filosofia de jogador de futebol).

    Hoje existe realmente o consumidor, em quantidade e dispersão suficiente como para contrabalançar uma classe empresarial esperta e antipatriótica (em forma expressiva). Essa realidade é combatida politicamente, como Lula começou fazendo, com políticas de distribuição de renda e, ainda, prosseguindo com Dilma, desenvolvendo obras de infra-estrutura que irrigam dinheiro e emprego dentro do país.

    Economistas faziam parte da faculdade de ciências sociais, até 1968, mais ou menos (pelo menos nas universidades chilenas). Hoje fazem parte das ciências exatas (virou engenharia). Eu dei aulas de matemáticas financeiras a turmas desses economistas. Um cálculo bobo de taxa interna de retorno e VPL e, com muita arrumação e critérios qualitativos, colocando em forma analítica as curvas de oferta e de procura.

    O economista da geração dos 70 para frente provém das doutrinas de Milton Friedman (Chicago, EUA), os chamados “Chicago” boys. Economistas de gema, aqueles que acham que se uma mulher tem um filho em nove meses, então 9 mulheres poderiam ter um filho em um mês. No Chile, quando caiu o preço do leite, estes gênios falaram: “Entonces, cómanse las vacas”

    Chega de imaginar que o economista é um ser genial, que é o tipo de cara que muda o país, pois não é. Até o Aécio Cunha (Neves) é economista, quer mais do que isso?

  2. SIMPLES ASSIM! O difícil é

    SIMPLES ASSIM! O difícil é enfrentar os abutres do rendimento fácil, o capital especulativo. Outra dificuldade em se dar uma resposta convicente: porque perigo de RECESSÃO se estamos a pleno emprego? A indústria patina? Desemprega? Estamos substituindo a indústria pelos serviços? Ou tem a ver com uma REVOLUÇÃO SILENCIOSA da geração de emprego e renda da agricultura familiar?

    Quando eu estudava economia, e isso faz algum tempo, me perguntava quantas VOLKSWAGEN´s precisaríamos instalar para dar emprego à massa de trabalhadores do campo? Dez? Vinte? Trinta? Qual o custo disso? Não era mais fácil, mais barato e mais produtivo mantê-los produzindo e dando a eles mercado para escoar a produção? Não sei qual o peso da Agricultura familiar na Economia brasileira. Talvez seja insignificante. Mas se há demanda, porque não se produz? Expectativas? Especulação?

    TALVEZ NINGUÉM MAIS SAIBA CALCULAR O TAL DO PIB!

  3. Que categoria, que

    Que categoria, que espetáculo.

    J. Carlos de Assis desarma com dados e com categoria tudo aquilo que os ururubólogos repetidores das “leis do mercado” repetem cotidianamente.

  4. Caro Nassif e demais
    É

    Caro Nassif e demais

    É preciso cortar os gastos públicos: temos que rever as dividas internas e externas, as remessas de lucros, as megasonegações, as privatizações do FHC. Para começo de conversa.

    Saudações

     

     

  5. Não entendo patavinas de

    Não entendo patavinas de economia, mas de uma coisa tenho certeza: esta conversa de “cortar gastos para enfrentar inflação” é apenas pretexto para justificar o desmonte do estado, corte em programas sociais, “flexibilização” das leis trabalhistas e aumento de juros que farão a alegria dos aplicadores VIP dos Satânders da vida. Sei lá, sou do tempo da inflação de 20%… ao mês! e uma inflaçãozinha de 6% ao ano parece refresco. No segundo reinado de fhc seguiram toda esta conversa mole e a inflação chegou aos 2 dígitos, com desemprego, recessão, fmi e o cacete a quatro.

    1. Cortes não precisam fazer

      Cortes não precisam fazer parte dessas categorias mencionas.

      Podem-se fazer reformas administrativas para reduzir o quantitativo de pessoal (cortar cargos em comissão, enxutar estruturas de ministérios, etc.), melhorar a gestão para evitar desperdícios do dinheiro públicos, diminuir benefícios (diárias, passagens, etc.). Pode acreditar que os benefícios como Bolsa Família não serão cortados por qualquer governo que assume. O impacto negativo seria ruim demais para o partido governante.

      No mais, há uma contradição em associar cortes nos gastos com aumento do juros. Via de regra, aumentos nos gastos do governo é que impactam positivamente na taxa de juros. Se o governo estimular a demanda por meio de políticas fiscais, a maior demanda por crédito irá pressionar a taxa de juros para cima. O juro é o preço do dinheiro no tempo, se há mais pessoas demandando moeda hoje, então os juros sobre ela sobem.

  6. Muito bons os

    Muito bons os questionamentos. Se me permite, gostaria apenas de acrescentar o seguinte:

    1. Um dos principais gastos públicos é justamente com juros, cerca de 5,2% do PIB em 2013. Porque esse dado nunca é mencionado pelos analistas-propagandistas da mídia? Se a intenção é controlar o déficit público deveríamos incluir esse gasto no pacote também, mesmo porque excluindo-se os juros, não temos déficit fiscal e sim superávit, portanto o responsável principal pelo déficit são justamente os juros altos, que além disso, ao contrario dos outros gastos, como os sociais por exemplo, não geram efeito posiitvo nenhum no conjunto da economia, muito pelo contrário, como até mundo mineral sabe.

    2. Por que a politica de crédito nunca é mencionada pelos referidos “analistas”? Se o diagnóstico é de que precisa controlar a demanda para baixar a inflação ( o que é muito discutível, muito mais eficiente seria estimular a oferta) a politica de crédito seria o instrumento ideal, já que não gera os impactos fiscais negativos dos juros altos, além de atuar diretamente sobre a demanda, coisa que a Selic não faz, pois o impacto da Selic nos juros de mercado é proporcionalmente muito reduzido. Além disso, de que adianta elevar os juros se os prazos de financiamento continuam esticados? O efeito final de uma alta da Selic no valor das prestações é pífio. A tese de que a Selic atua na inflação via cambio também é pra lá de discutível, visto a enxurrada de dólares que atrai para a economia, gerando um efeito expansionista sobre a oferta monetaria capaz de compensar o suposto efeito contracionista inicialmente pretendido.

  7. http://economia.estadao.com.b

    http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,para-steinbruch-so-louco-investe-no-brasil-imp-,1542975

    Há um PROBLEMA REAL e não inventado de gasto INEFICIENTE para onde escoa grande parte da carga fiscal de 40% sobre a economia brasileira. Essa carga é muito maior do que todos os grandes paises emergentes, algo está errado.

    Os gastos ditos sociais não são o maior problema e sim a ineficiencia e desperdicio da maquina burocratica, que é imensa, inutil e impede a logica do investimento em infra estrutura travando a maioria das obras em andamento que acabam custando varias vezes mais do que o previsto. Esse é um PROBLEMA REAL, não é criado pela Patricia Poeta.

  8. Entendo quase nada de

    Entendo quase nada de Economia.

    O que me assusta é o nível dos “candidatos” (como isonomicamente são chamados a Presidente, Aécio e E. Campos) que, se sabem dessas pegadinhas, não respondem a altura e subservientemente se dobram à bela Poeta.

    Não confrontam e se comportam como equilibrados, saem pela tangente e não são chamados para continuar o “embate” se caem na pegadinha oculta que acaba de ser lançada.

    A rebolada com o aeroporto da fazenda de seu tio que o Aécio Neves deu anteontem é mais um exemplo.

    A ver hoje. Tenho certeza que a Bela Poeta e seu ajudante vão a todo custo atrás de um “Minha filha” que a Presidente sempre solta quando percebe que tá jogando pérola aos porcos.

  9. Também vem da Globo…

    Só pode dar merda.

    Pra quê fazer este tipo de pergunta para candidato a presidente?

    Nem fazendo curso de economia avançada a gente entende o que se passa.

    Tanta coisa para perguntar, é o contra jornalismo.

  10. A divida publica securitizada

    A divida publica securitizada é um FATO, não se pode negar um fato e dizer que os juros custam muito e portanto não devem ser pagos. TODOS os paises do mundo tem divida publica, ninguem pensa em não paga-la, nem a Venezuela e Argentina, os juros da Selic significam o juro básico mais baixo que existe na economia menos a inflação, ainda assim a Selic é menor que o juro da caderneta de popança e dos juros cobrados em dividas sentenciadas pelo sistema judicial do Pais. O juro real da economia é muitas vezes maior do que a Selic, o juro do cartão de crédito é 30 vezes maior que a Selic, do chque especial é 25 vezes maior. A Selic não remunera rentistas ricos e sim fundos de pensão, tesouraria com dinheiro temporario para investimento, caixa em bancos no “float” de um dia para outro. Rentistas ricos investem em qualquer coisa menos em titulos do governo, considerado o mais baixo retorno da economia.

    Não dá para entender certos comentarios lamentando os juros pagos pelo Tesouro. Qual a proposta? Não pagar?

    Assim tudo parece simples.

  11. Entrevista de DR

    J.Carlos de Assis,

    Você sabe perfeitamente bem que, hoje, a conversa é outra.

    Naõ há a menor posibilidade de comparação entre o conteúdo intelectual de DRousseff e o dos outros dois.

    Patricinha “toma lá da cá” (até hoje, deve estar procurando pela porta de saída) terá o mesmo cudado que o meu, se diante de um tigre, e o competente detestável William Bonner também ficará com as costas na parede.

    Como nenhum dos dois sabe nada, quando comparados a DR, poderia colocar a dupla prá dançar, mas é atitude que pode não ser prudente no momento atual.

    À exceção do gordo bobo, que se acaovardou completamente (está gravado),não lembro de nenhuma entrevistador grobal que, ao tenter fazer graça, não tenha sido literalmente esfregado por DR

    Basta conhecer a lista de jornalista político daquelas bandas que nâo quer nem ouvir falar de conversa ao vivo com DR.

    Um  abraço 

  12. Comente como fazer isso…

    “Se a senhora acabar com a indexação legal dos serviços públicos, será caminho andado para trazer a inflação para 4% no limite superior da meta.” Não iria provocar a saída do Abilio Diniz do Brasil (rs, rs, rs…)?

  13. Contraposição.

    A economia ortodoxa, via de regra, prega que o déficit público gerará inflação se for financiado pela venda de títulos ao sistema bancário. Nesse caso, os bancos criam novo dinheiro ao criar novos depósitos bancários e usá-los para comprar os títulos. O novo dinheiro, na forma de depósitos bancários, é então gasto pelo Tesouro, e entra, portanto, permanentemente na corrente de gastos da economia, aumentando preços e causando inflação.

    Afirmar que a inflação “é um fenômeno de mercado real, um fenômeno de oferta e de demanda, não um fenômeno monetário – exceto, neste caso, em situações de boom” desafia a lógica. Ao contrário do que o autor afirma, a inflação é um fenômeno puramente monetário. Os novos meios de pagamentos criados pelo bancos para financiar o déficit do governo ingressam disformemente na economia. As pessoas mais poderosas têm maior e mais fácil acesso ao crédito. Portanto, os mais ricos usufruem dessa criação de dinheiro antes dos preços se ajustarem. Essa má distribuição é a principal causa da desigualdade de renda.

    Finalmente, a análise que o autor faz sobre os países da zona do euro também não procede. Principlamente essa parte:

    “Quanto aos demais países da área do euro que seguiram a lição econômica de Patrícia Poeta – vou passar a chamar de Lei Patrícia Poeta, ou Lei da Globo -, mergulharam numa tragédia social: a Espanha tem taxa de desemprego de 25%, sendo que, entre os jovens, vai a mais de 60%; o mesmo acontece com a Grédia.”

    Ambos países aumentaram os gastos públicos sobremaneira desde de 2008, assim como seu déficit em relação ao PIB.

    [IMG]http://i.imgur.com/IfZqZAK.png[/IMG]

    Poderia até criticar a intensidade e dizer que eles não seguiram as sugestões keynesianas corretamente. Porém, eu considero um tanto equivocado chamar esses países de austero. Recomendo a leitura de um artigo do Philipp Bagus entitulado “The Myth of Austerity” que entre em mais detalhes sobre as tais políticas de auteridade.

    1. “…a inflação é um fenomeno puramente monetario”.

      Será? Veja o exemplo dos EUA, onde o FED está produzindo um tsunami monetario sem qualquer impacto sobre a inflação.

      A inflação parece um fenomeno melhor explicado pelas condições estruturais da economia (grau de abertura, oligopolização, indexação, expectativas etc…).

      1. O M2 é um dos indicadores

        O M2 é um dos indicadores monetários chaves para prever inflação. A evolução dele nos EEUU é bem estável, mesmo com o FED lançando pacotes de socorro, e acompanha bem proximamente a evolução do PIB.

        Acredito que isso se deve à forma de ingresso do dinheiro na economia. É possível que os bancos estejam retendo esse dinheiro recém criado. Se tivessem voltado a emprestar como estavam fazendo anos atrás, o nível geral de preços teria aumentado. Os empréstimos bancários para o setor privado oscilaram bastante entre 2008 e hoje, com quedas e picos acentuados em alguns anos, mas em média permaneceu praticamente constante. Entre 2008 e 2014, aumentou de U$ 6800bi para U$ 7400bi (cerca de 9%); enquanto que entre 2002 e 2008 foi de uns U$ 3900bi para U$ 6800bi (cerca de 74%).

        Pode ser ainda que alguns setores específicos estejam absorvendo parte dessa expansão monetária. Entre 2002 e 2008 quase todo novo dinheiro criado estava inflando o mercado imobiliário.

        Uma consulta ao site Trading Economics pode mostrar melhor isso. Usei as variáveis:
        “GDP”, “Money Supply M2” e “United States Loans to Private Sector”. 🙂

        Abraços. ^^

  14. como em tudo, em economia,

    como em tudo, em economia, principalmente, não há neutralidade.

    a pergunta da patriinha é óbvia: é para atender aos interesse auto-referenciais da globo, que são  históricos – o vídeo-sho]w é um mau exemplo, como a históri da própria globo escrita por seus membros: tudo é fabricado na globo, inclusive a verdade (dela, claro).

    ela simplesmente inventoiu essa dos economistas, que devem ser  claramente auto-referenciais :a miriam e o sarsdmberg, em consorcio  com o psdb e os financistas do mercado financeiro.

  15. Há um erro fático na análise

    Os PEGs (Portugal, Espanha e Grécia) tinha governos socialistas no poder quando pegaram pneumonia com a gripe americana.

    E economista keynesiano neste século é como usar calça boca de sino e medalhão no cinto….

     

    PS: Luto ao Eduardo Campos, socialista chamado de neoliberal pelo autor do post, como se fosse ofensa. Não diria que é elogio porque neoliberalismo não existe, e o Brasil mal passou pelo Capitalismo que dirá Liberalismo clássico, coisa que o economista deveria saber.

    1. Neoliberalismo é programa político, e não ciência econômica.

      Portugal, Grécia e Espanha pegaram gripe. Os EUA estão sifilíticos, já no estágio das convulsões.

      A economia keynesiana “de guerra” foi alegremente adotada pelo neoliberal George Walker Bush após a queda do WTC. E foi o keynesianismo que deu uma sobrevida ao capitalismo estadunidense após a eclosão da crise estrutural de 2008. Mas, como sabemos, o paliativo do “quantitative easing” não faz mais efeito, e os espasmos terminais (agressividade militar de uma potência decadente, como já ocorreu com o Império Romano) demonstram que o fim da linha chegou para os EUA.

      Neoliberalismo existe sim, como programa político de inegável sucesso eleitoral, embora em franco recuo (vide América Latina nos últimos 15 anos e a acachapante derrota dos neoliberais na eleições recente para o Parlamento Europeu). Como ciência econômica, não. A insistência de seus fanáticos defensores em implantar uma economia “liberal” na fase monopolista do capitalismo só agravou a crise terminal deste sistema econômico. As consequências sociais são a maior tragédia humana desde a Segunda Guerra Mundial.

  16. A Poeta faz comentários tao

    A Poeta faz comentários tao “brilhantes” sobre economia  como os que fez sobre a seleção brasileira na Copa!

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