Por que Marighella foi para a luta armada, por Rogério Faria

Carlos Marighella continua sendo uma figura histórica essencial para se compreender o século XX, para direita e esquerda refletirem sobre suas lutas.

Quadro de Phill Zr. à venda na Exposição Virtual Marighella #LIVRE.

Por que Marighella foi para a luta armada, por Rogério Faria

Neste 4 de novembro, completam-se 50 anos da execução do guerrilheiro Carlos Marighella pela ditadura civil-militar, em 1969.

Marighella era comunista. Para ele, isso representava o ideal de um novo mundo sem desigualdade. Desde jovem, trazia um sentimento de revolta com a injustiça social ao ver criança tendo que trabalhar para comer. A vida toda carregou consigo uma reflexão de seu pai: Por que o pobre sempre trabalha e nunca tem nada? Acreditava que podia mudar o mundo, para melhor. E por isso foi preso, torturado, perseguido e morto. 

Já com 19 anos, em 1932, encarou a prisão pela primeira vez. Qual o crime? Protestar contra o interventor da Bahia, Juracy Magalhães, o qual desejou “quebrar-lhe os ossos” por causa de um verso satírico feito no cárcere. 

Foi só o começo. 

Aos 24 anos, veio para o RJ organizar o partido comunista. Lá foi preso novamente e covardemente torturado. Socos, chutes, queimadas com pontas de cigarro, mais socos, tortura psicológica, mais chutes, fome, unhas arrancadas, mais socos e chutes. Qual o crime dessa vez? Ele andava com jornais do partido embaixo do braço, fazendo a distribuição. Esta é a história contada na revista em quadrinhos Marighella #LIVRE. Conheça aqui. 

Em 1939, aos 27, outra prisão e tortura. Sem ter cometido crime algum. Dessa vez vai sair somente em 1945, quando o país passa por um período de redemocratização. 

Foi eleito deputado federal em 1946 e perdeu o mandato em 1948, por causa da cassação do partido. Teve que ir para a clandestinidade. 

Em 1964, veio o golpe civil-militar. A partir daí, instaura-se um governo com poder de repressão, perseguição a civis, e restrição de liberdades, num processo de endurecimento crescente. Pelo menos 50 mil pessoas foram presas já nos primeiros meses e cerca de 20 mil brasileiros foram torturados, conforme levantamento da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da SEDH-PR. Para a Comissão da Verdade o legado é de 434 militantes mortos ou desparecidos. 

Marighella, com 54 anos, em maio daquele ano, foi baleado dentro do cinema e enfrentou 14 policiais, antes de ser capturado novamente. Qual o crime? Não havia acusação. 

É só depois desse episódio, de uma vida inteira sendo perseguido, preso e torturado diversas vezes, sem acusação ou crime, de ver frustradas inúmeras tentativas de se fazer o debate de forma democrática pelas vias institucionais, inclusive como deputado e constitucionalista, de ver seus camaradas sendo mortos, torturados, tendo que se esconder, que, em 1965, diante da violência do Estado golpista, sem alternativa, ele decide pela luta armada contra a ditadura. E seus alvos serão, a partir daí, o regime militar e aqueles que lhe dariam suporte. 

“A ditadura surgiu da violência empregada pelos golpistas contra a nação, e não pode esperar menos do que a violência por parte do povo.” (Marighella) 

Em 4 de novembro de 1969 ele foi executado pela polícia nas proximidades da Avenida Paulista, em São Paulo, numa emboscada. Lá se vão 50 anos. 

Mas ele está vivo. 

Carlos Marighella continua sendo uma figura histórica essencial para se compreender o século XX, para direita e esquerda refletirem sobre suas lutas. E a revista em quadrinhos Marighella #LIVRE tem a pretensão de ajudar a colocar esse personagem novamente no centro do debate. Mas ela precisa de seu apoio para sair com mais conteúdo e o dobro de páginas de quadrinhos. O preço de venda após a publicação será de R$ 35,00. Pela campanha, por R$ 25,00 você já pode ter a revista com frete grátis para qualquer lugar do país e recompensas exclusivas.

Conheça a campanha: catarse.me/marighella

Redação

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