Elias Jabbour
Elias Jabbour é professor Associado dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Autor, com Alberto Gabriele, de "China: o socialismo do século XXI" (Boitempo, 2021). Vencedor do Special Book Award of China 2022.
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Ontem e hoje: a contribuição da China para a derrota do fascismo, por Elias Jabbour

O grande elemento catalizador da resistência e da vitória chinesa foi o Partido Comunista da China, o “Partido da Nação”.

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Ontem e hoje: a contribuição da China para a derrota do fascismo

por Elias Jabbour

Artigo produzido em colaboração com a Rádio Internacional da China.

Uma das características da educação “ocidental” é circunscrever a 2ª Guerra Mundial ao palco Europeu onde os exércitos aliados, notadamente a União Soviética de Stálin, derrotou o nazismo e o fascismo e deu uma contribuição fundamental à causa da liberdade no mundo. Mas mesmo a histórica da guerra no palco europeu é objeto de manipulações e mentiras por parte dos historiadores ocidentais. Eles elevam o papel dos Estados Unidos e da Inglaterra e ignoram que a derrota do nazi-fascismo foi obra do socialismo e do sangue e coragem de 27 milhões de cidadãos soviéticos, um número 120 vezes maior do que o de soldados estadunidenses (407 mil) mortos nesta guerra.

Não são poucos os fatos ignorados neste episódio. Por exemplo, a negativa da Inglaterra e da França em fazer um acordo de paz e ajuda mútua com a União Soviética contra o perigo nazista é pouco comentada, levando a União Soviética a uma tentativa desesperada por fazer o famoso pacto Ribbentropp-Molotov com o intuito de ganhar tempo diante da iminente invasão alemã. Um dia o socialismo vencerá e a verdade aparecerá.

Outro capítulo horroroso da 2ª Guerra Mundial é amplamente esquecido. O palco asiático com o imperialismo japonês espalhando o que de mais bárbaro pode-se esperar de um invasor estrangeiro. Em 1937, por exemplo, a China foi invadida pelo Império Japonês e desde então os mais dramáticos e impublicáveis capítulos da história da 2ª Guerra Mundial passaram a serem escritos. Como nos campos de concentração alemães na Europa Oriental, os chineses foram submetidos aos mesmos métodos praticados pelos nazistas na Europa. Experimentos humanos de todo tipo, escravização de homens, mulheres e crianças, saque de recursos naturais, imposição da língua japonesa nas escolas, proibição de circulação de chineses em determinados lugares e assassinatos em massa.

O grau de violência praticada pelos japoneses pode ser visto no assombroso número de chineses mortos nesta guerra: os cálculos mais conservadores falam em 20 milhões. Outras estatísticas apontam para quase 40 milhões de chineses assassinados e brutalizados. Porém, a verdade prevaleceu e o Japão foi derrotado pelo povo chinês e o dia 3 de setembro é a data comemorativa deste feito heroico dos chineses contra o barbárie japonesa.

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O grande elemento catalizador da resistência e da vitória chinesa foi o Partido Comunista da China, o “Partido da Nação” que conseguiu  unir em torno de si a verdadeira alma chinesa, propor um pacto de paz com o Partido Kuomitang contra o inimigo comum e mostrar ao povo chinês quem eram, de verdade, os verdadeiros inimigos do fascismo e da agressão estrangeira. Desde 1949 a China nunca mais foi saqueada ou humilhada! Por toda a China, cada soldado, cada militante da causa da libertação nacional é lembrado como herói contra a ocupação japonesa e pela luta contra o nazi-fascismo no mundo.

Xi Jinping, no discurso alusivo ao 70º aniversário da vitória chinesa contra a guerra de agressão japonesa pontuou de forma brilhante:

“A Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e a Guerra Antifascista Mundial foram uma grande batalha decisiva entre a justiça e o mal, entre a luz e a escuridão e entre o progresso e o retrocesso. Nessaa guerra feroz e brutal, a resistência do povo chinês contra a agressão japonesa começou mais cedo e teve a duração mais prolongada. Em desafio à agressão, todo o povo chinês, indomável e determinado, enfrentou os invasores, lutou em batalhas sangrentas e derrotou finalmente os invasores militaristas japoneses, salvaguardando os frutos do desenvolvimento da civilização chinesa de mais de 5.000 anos e a causa da paz da humanidade, criando um grande feito na história das guerras e uma proeza para a nação chinesa”

A contribuição chinesa à vitória do nazi-fascismo não deve ser uma matéria de menor importância ou deslocada do que aconteceu na Europa. A comunidade internacional deve colocar o Japão em seu devido lugar e exigir um pedido de desculpas formal ao povo chinês, devem ser denunciados os planos japoneses (orquestrados pelo imperialismo estadunidense) de remilitarização do Japão, como forma de tentar intimidar a China e sua busca por seu desenvolvimento pacífico.

Que o dia 03 de setembro não fique somente marcado como uma comemoração da vitória chinesa contra a agressão japonesa e a vitória da luta anti-fascista mundial. Que fique claro como água que ainda hoje a China continua a lutar contra o militarismo e o fascismo. O fascismo hoje promove a desestabilização do mundo com guerras, massacres e golpes de Estado. Promove a racismo dentro de seu território e ameaça o mundo e aqueles que não aceitam seus planos de dominação mundial eterna. Os Estados Unidos são a maior ameaça à raça humana, a expressão moderna do fascismo.

Assim, sobre o compromisso chinês com a paz, voltamos ao famoso discurso de Xi Jinping já citado:

“Pela paz, devemos reforçar a consciência de uma comunidade de futuro compartilhado. O preconceito, a discriminação, o ódio e a guerra provocam apenas desastres e angústias, enquanto o respeito mútuo, a igualdade, o desenvolvimento pacífico e a prosperidade comum constituem um caminho correto que todo o mundo deve seguir. Os países do mundo devem salvaguardar juntos a ordem e o sistema internacionais que têm como núcleo os propósitos e princípios consagrados na Carta da ONU e construir ativamente um novo modelo das relações internacionais concentrado na cooperação ganha-ganha, promovendo de mãos dadas a nobre causa da paz e do desenvolvimento do mundo.”

Elias Jabbour, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ).

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Elias Jabbour é professor Associado dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Autor, com Alberto Gabriele, de "China: o socialismo do século XXI" (Boitempo, 2021). Vencedor do Special Book Award of China 2022.

1 Comentário

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  1. E, já que estamos a dois dias do 7 de setembro, convém lembrar que a Anglo-América, além de em geral puxar a brasa para sua sardinha, em relação ao papel de Portugal e do Brasil é como se esses dois países não existissem. A historiografia e a mídia britânica com a a estado-unidense até lembra do papel histórico de franceses, holandeses e espanhóis nos “descobrimentos”; mas suprime completamente a origem de tudo; onde começou e a importância portuguesa para os últimos 500 anos. E o Brasil é herdeiro desse “esquecimento” por ser mera colônia extrativista para eles. Logo, não é só a China que é esquecida, nessa história da Segunda Guerra e demais.

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