Elias Jabbour
Elias Jabbour é professor Associado dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Autor, com Alberto Gabriele, de "China: o socialismo do século XXI" (Boitempo, 2021). Vencedor do Special Book Award of China 2022.
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EUA não podem fazer nada por Taiwan a não ser transformar a província chinesa em colônia do imperialismo

Nancy Pelosi é uma infeliz representante de um país em estado de decomposição. A grande resposta chinesa está em seu futuro

Bandeira dos Estados Unidos, China e Taiwan em uma colagem em que todas estão próximas, mas rachadas
Foto: Pixabay

Por Elias Jabbour*

Nancy Pelosi, uma infeliz

Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos teve uma rápida passagem por Taiwan onde de todas as formas tentou demonstrar apoio norte-americano à “democracia pujante de Taiwan”, além de tecer as famosas críticas ao sistema político da República Popular da China.

Na verdade, Nancy Pelosi – apesar de ter cometido um grave delito em matéria de direito internacional – certamente nunca mais será lembrada em qualquer livro de história nos próximos anos. Não se trata de uma estadista e sim de uma digna representante do que existe de mais pobre no seio do imperialismo norte-americano decadente. É uma verdadeira infeliz, ou seja, uma política pequena que mal conseguiu convencer a própria opinião pública dos Estados Unidos sobre essa “visita”.

Ao dizer que os Estados Unidos “nunca abandonaram Taiwan” ela está mentindo da forma mais suja. O imperialismo não pode fazer absolutamente nada por Taiwan a não ser fustigar a tentativa de transformar essa província chinesa em uma colônia norte-americana.

Prova disso é que o Exército de Libertação Popular da República Popular da China fez manobras militares e promoveu um verdadeiro cerco naval à província sem nenhuma resposta dos Estados Unidos. Nancy Pelosi poderia deixar mais claro que a democracia que ela quer levar para a parte continental da China ou mesmo para Taiwan é a mesma que foi exportada para o Iraque e o Afeganistão.

O INTOLERÁVEL

Realmente, dá para acreditar que os Estados Unidos estão preocupados realmente com a “democracia” de Taiwan ou na verdade seu foco de tensão é o fato de a China, ao construir uma competente marinha de guerra, ter plenas condições de exercer seu direito à livre navegação do Mar do Sul da China? Ou seja, os Estados Unidos sabem que não conseguem mais bloquear as linhas marítimas comerciais que abastecem a China naquela região.

Sobre as críticas ao sistema político chinês, mais hipocrisia. Observemos no conjunto. A “democracia” norte-americana permitiu a morte de mais de um milhão de pessoas por Covid-19, mantém a maior população carcerária do mundo, o empobrecimento de milhões de pessoas é um dado sólido da realidade, sua economia está entrando em recessão, a inflação atinge recordes e 48% de sua população acreditam que o país vive uma guerra civil.

A China, uma democracia de novo tipo, teve amplo e impressionante sucesso no combate ao Covid-19, contando com a participação de 400 mil voluntários do Partido Comunista da China e eliminou a pobreza extrema no país. Apesar de vários lockdowns e problemas no setor de construção civil o país deverá crescer 4% enquanto os Estados Unidos ainda não recuperaram o PIB da época anterior à pandemia. Recentemente os avanços chineses no setor de semicondutores com a possibilidade de construção, em solo chinês, de chips de sete nanômetros demonstrou o fracasso retumbante da guerra comercial e tecnológica contra a China.

Afinal de contas, qual democracia funciona e como a China deve reagir a mais essa provocação dos Estados Unidos? Os primeiros dez presidentes dos Estados Unidos eram senhores de escravos, o que denuncia uma verdadeira contra-história do liberalismo e hoje uma verdadeira oligarquia financeira e parasitária toma conta dos destinos daquela nação. A China, desde 1949, alçou ao poder os melhores filhos de seu povo: operários, camponeses e intelectuais. Uma democracia popular que devolveu dignidade ao seu país e povo.

Nancy Pelosi é uma infeliz representante de um país em estado de decomposição. A grande resposta chinesa está em seu futuro. Nem o passado o imperialismo pode oferecer a si mesmo. Terra de bilionários, ladrões e criminosos internacionais de todo tipo.

Elias Jabbour, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ). Artigo produzido em colaboração com a Rádio Internacional da China.

Este artigo não necessariamente expressa a opinião do Jornal GGN.

Elias Jabbour

Elias Jabbour é professor Associado dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Autor, com Alberto Gabriele, de "China: o socialismo do século XXI" (Boitempo, 2021). Vencedor do Special Book Award of China 2022.

5 Comentários

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  1. Os “Povos do Mar” têm um péssimo histórico. É um saque atrás de outro; uma tribo após outra ou mesmo em federação para roubar. Desde 3.250 anos atrás. Saquearam Creta; saquearam o império dos faraós que nunca mais conheceu o esplendor, exterminaram a civilização da Idade do Bronze.
    E nunca mais deram sossego ao mundo de extermínio em extermínio foram-se os restos da Idade do Bronze, presentes em Cartago, o sempre castigado Oriente Médio, sofrido Egito, principalmente; depois o saque generalizado à África e o extermínio, mais uma vez, no continente americano. O que vemos atualmente é o sucesso militar de uma cidadela de saqueadores no mesmo continente americano a arrogar-se donos do mundo. Fazendo o que sempre fizeram desde que a História registra.

  2. Defensores da democracia e liberdade de expressão que perseguem Edward Snowden e Julian Assange por falarem a verdade sobre estas “pseudo democracias” como a dos EUA.

  3. A política tem nuances por vezes imperceptíveis para o olhar comum.
    Vejamos que tanto no desenho animado, nos filmes, na cultura americana, tanto quanto na política, as ações são compartimentalizadas.
    Quem derrubou a Dilma foi a Janaina (temer só puxou o tapete)
    Quem foi visitar a Tsai-wen em Formosa foi a Nancy.
    A Vitória “Nula” pode ir distribuir pãezinhos aos necessitados enquanto sacaneia o povo da ucrânia em sua visita ao Zé Lensky , mas Biden não poderia ir a Formosa sem convite “se oferecer” para a governadora. Estaria quebrando as imperceptíveis regras políticas de gênero, número e grau. Seria uma desagradável imposição, atitude invasiva mesmo, passível até de sanção diplomática.
    Nancy não só não é infeliz como também está feliz e em estado de graça.[
    Veni, vidi, vinci, canta agora Nancy, pelo menos por enquanto.
    Accomplished mission, Nancy, congratulations, devem ter lhe dito ao chegar a Washington.
    Ela conseguiu “enquadrar” a China. E as provocações estão só começando.

  4. Essa atitude estranha tomada pela congressista norteamericana, teve a intenção de provocar algum tipo de reação da China que pudesse dificultar a reunificação de Taiwan ao território chinês. Tanto para a China quanto para Taiwan a efetivação da unificação será positiva. A ilha manterá certa autonomia e continuará gozando de liberdade nas suas relações comerciais, ainda mais intensamente com a China e com quem mais queira. Atrapalhar a evolução dos entendimentos, sobretudo causando enfrentamento bélico, traria efeitos econômicos para as duas economias. Pelo fato de os EUA reconhecerem Taiwan como parte do território chinês, essa visita constrange as instituições do país que assumiu publicamente essa posição. Em que pesem as disputas comerciais entre EUA e China, não houve mudança nesse posicionamento. Infeliz e lamentável a atitude de Nancy Pelosi, que se impôs aos anfitriões causando um desconforto diplomático evitável.

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