Dois anos da tentativa de golpe na Turquia, por Serkan Gedik

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Aksam

Dois anos da tentativa de golpe na Turquia

por Serkan Gedik

Cônsul-geral da Turquia em São Paulo

Tanto a Turquia quanto o Brasil têm em seu passado períodos marcados por golpes militares e por uma suspensão temporária em sua democracia.

Turquia e Brasil são países proeminentes em suas respectivas regiões, países que valorizam a democracia. Porém, a democracia turca foi atacada em 15 de julho de 2016, quando houve uma tentativa de golpe frustrada.

Um grupo de oficiais militares com a ajuda de civis, seguindo as instruções do clérigo Fetullah Gülen, que reside nos Estados Unidos há muitos anos, orquestrou uma tentativa de golpe contra a ordem democrática e constitucional da Turquia. Pessoas de diferentes orientações políticas reagiram nas ruas. Foi o pior ato de terror na história da República turca: uso de armas militares letais contra civis inocentes e militares que se recusaram a participar desse movimento. Um retrato de brutalidade e traição que tomou a vida de 250 cidadãos turcos e feriu mais de 2 mil pessoas.
Quem estava por trás do golpe? A organização que está tentando tomar o poder nos últimos 40 anos, chamada FETÖ, é responsável pelo golpe. Trata-se de uma organização que utiliza uma estrutura de “células” dentro de uma rede hierárquica, usando códigos e métodos sigilosos para comunicação entre seus membros.  É uma organização que se mostra engajada em moderação, diálogo humanitário tolerante, trabalho educacional.  Mas na realidade, seu lado escuro revela a vasta rede oculta, que tenta tomar o poder, se infiltrando clandestinamente nas principais estruturas do Estado, incluindo o Judiciário e as Forças Armadas.

Há muitos exemplos de que Gülen instrui seus seguidores a esconderem suas reais identidades e utilizar quaisquer meios para alcançar seus objetivos. Os civis que orquestraram a tentativa de golpe naquela noite, em conjunto com os oficiais do exército, mostraram claramente os objetivos dessa organização hedionda.

O grupo, com o passar dos anos, se organizou como uma empresa global e com aspirações globais de poder e dominância. Está presente em mais de 150 países ao redor do mundo, por meio de escolas, ONGs, lobistas e empresas, inclusive no Brasil. Atualmente, alegam que não estão envolvidos na tentativa de golpe e criticam a Turquia em termos de democracia e direitos humanos. Todavia os processos legais em curso e finalizados explicitam que essa organização e seus seguidores estão por trás da tentativa de golpe.

É normal enfatizar que todos os países podem ser criticados em termos de democracia. Na verdade, as críticas podem ajudar a melhorar a democracia. Porém, não é justo que os grupos que apoiam a tentativa de golpe critiquem a Turquia ao redor do mundo, quando todos os julgamentos estão ocorrendo dentro da ordem democrática.

Apesar da distância geográfica, Turquia e Brasil sempre mantiveram relações próximas e amistosas. A Turquia está sempre aberta às críticas, mas acreditamos que a opinião pública brasileira deveria saber o que aconteceu em 15 de julho de 2016 e ver as reais intenções do grupo por trás da tentativa de golpe que restou frustrada.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. O que a Turquia possui, mas o

    O que a Turquia possui, mas o Brasil não, são militares leais à pátria.

    Conheço uma turca e ela realmente acredita que o tal Fetulah Gülen é um cara bom, que visa a modernidade da Turquia, que visa educar os turcos e bla bla blá.

  2. Viva Edorgan,que junto com
    Viva Edorgan,que junto com Putin alertou Dilma sobre a onda golpista da época, mas ela preferiu dar ouvidos ao republicano zecardoso.

    Deu no que deu.

    1. Ninguem me convence de que o

      Ninguem me convence de que o zé mané da justiça não é parte do golpe.

      O imperialismo tem como estratégia sempre minar as condições do “inimigo” se defender, tanto militarmente como institucionalmente..

      Zé mané foi essencial nas indicações de fascistas e proto-fascistas para o stf e no estabelecimento do ambiente de  desmando da pf. Ambos fatos decisivos para o sucesso do golpe. Ao mesmo tempo cortejava Dilma para mantê-la refém no palácio ao invés de ir para o enfrentamento político nas ruas (não estou aqui tirando a responsabilidade da própria Dilma, mas o zé mané ajudou muito a manter Dilma imobilizada).

  3. #

    A imensa maioria do povo brasileiro sequer faz ideia do que ocorreu em 2016 na Turquia.

    Não sabem que o povo turco saiu às ruas e impediu um golpe militar que era apoiado por grande parte do setor judiciário, armado, e disposto a matar quantas pessoas fossem necessário.

    Foram vitoriosos. O povo venceu.

    Meses depois milhares de juízes golpistas e militares traidores foram demitidos e muitos deles foram presos.

    É o que os brasileiros deveriam ter feito em 2016, quando golpistas filhos de putas, ladrões e corruptos da política, do judiciário e da mídia derrubaram a presidente Dilma com a ridícula acusação de “pedaladas”.

     

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