Jagunços queimam casas de quilombolas no Maranhão

Enviado por Almeida

Quilombolas tem casas incendiadas em Alto Alegre, Maranhão

Por Antonia Calixto de Carvalho e Francisca DA Silva Vieira

Para o Brasil de Fato

A situação é extremamente grave! Apesar dos anos de conflito e de inúmeras denúncias realizadas pelos trabalhadores rurais, o processo de titulação da comunidade, realizado pelo INCRA, tem caminhado muito lentamente. 

A Comissão Pastoral da Terra e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alto Alegre do Maranhão, por meio desta nota, repudiam, com veemência, mais um ato de violência ocorrida no interior do Maranhão, afetando diretamente comunidade quilombola.

Em 25 de janeiro de 2015, domingo, enquanto participavam de reunião do território quilombola de Mamorana, zona rural de Alto Alegre do Maranhão, as lideranças quilombolas José Maria da Conceição e Raimundo Gomes Soares, o “Sabonete”, tiveram suas casas criminosamente incendiadas e, em consequência, perderam todos os pertences de uso doméstico, sementes para plantio (arroz, feijão e milho), ferramentas de trabalho e um paiol de arroz.

Desde o ano de 2009 que a comunidade vem sofrendo com ameaças constantes por parte de fazendeiros da região, envolvendo diretamente criadores de gado bovino do médio Mearim, em especial o Sr. José de Arimateia, que ingressou em 2010 com ação de reintegração de posse contra as famílias quilombolas, tendo perdido a ação. Não satisfeito, o criador de gado tem tentado cercar mais de 400 hectares de terra pertencente ao território quilombola.

A situação é extremamente grave! Apesar dos anos de conflito e de inúmeras denúncias realizadas pelos trabalhadores rurais, o processo de titulação da comunidade, realizado pelo INCRA, tem caminhado muito lentamente. As famílias quilombolas temem que haja mais violência e que suas lideranças sejam mortas.

O Estado do Maranhão ocupa o primeiro lugar em número de conflitos agrário no Brasil. Somente em janeiro de 2015, mais de 35 conflitos agrários em todo o estado. A inércia do governo federal, em realizar reforma agrária e titular territórios quilombolas, é responsável direta pela quantidade absurda de conflitos agrários.

Alto Alegre do Maranhão, 26 de Janeiro do de 2015.

Antonia Calixto de Carvalho, da Comissão Pastoral da Terra/MA      

Francisca DA Silva Vieira, presidente STTR de Alto Alegre do Maranhão

 

Redação

Redação

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  • É sempre assim. Quando um

    É sempre assim. Quando um governante dito de esquerda assume o poder, a direitona começa a agir porque sabe que pode contar com a conivência da polícia e do judiciário. Isto acontece no nível estadual e federal. É uma festa só para eles.

  • Enquanto isto, em Brasília:

    "A inércia do governo federal, em realizar reforma agrária e titular territórios quilombolas, é responsável direta pela quantidade absurda de conflitos agrários".

    "São fartas e públicas as informações que atestam a ação intencional do governo federal, especialmente por meio da Presidência da República, Casa Civil e Ministério da Justiça, em negar o seguimento legal aos procedimentos administrativos de demarcação das terras indígenas no Brasil. Em 2014, nenhuma terra indígena foi homologada pela presidente Dilma".  ─ Cleber Buzatto, Secretário Executivo do Cimi

    "Sob a batuta de Cardozo, a Polícia Federal mostra-se profundamente parcial contra os povos indígenas... reina a omissão e a impunidade nos crimes cometidos contra os povos e suas lideranças pela própria Polícia Federal e outras forças policiais... Para investigar e prender indígenas, a Polícia Federal tem realizado operações grandiosas, com centenas de homens fortemente armados, mas diante das denúncias e cobranças sistemáticas de povos para a retirada de madeireiros de suas terras... a resposta da Polícia Federal tem sido sempre a mesma, de que não há efetivo para atuar. Por que a Polícia Federal, órgão do Estado brasileiro, atua ‘com dois pesos e duas medidas’ contra os povos indígenas? É preconceito institucional ou são 'ordens superiores'?" ─ Conselho Diretor do Cimi, Luziânia, 08 de novembro de 2014

    O governo petista abandona antigas bases fundantes do partido, os setores progressistas e populares do meio católico, e governa para seus novos aliados do latifúndio que financiam suas campanhas. Entregaram um ministério para dona Kátia Abreu, estão prontos para irem lamber os colhões do "cumpanhero" Cunha, com suas bancadas ruralistas e evangélicas. O PT entregou a direção da economia a um banqueiro, os ministérios com mais recursos para partidos de escroques e finge que governa. Nada de novo, o PT dá prosseguimento a meio milênio de políticas colonialistas; aos povos indígenas e quilombolas sobrou ações de caráter descaradamente racistas.

  • Enquanto isso, em São Luiz

    O governador do Maranhão é Flavio Dino (PCdoB), não é mais um preposto da família Sarney. Cabe a ele como governador, o controle da segurança pública no estado, determinar a apuração dos fatos, a identificação dos culpados, e a justiça os condenar a indenizar as perdas, e à prisão.

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