Rubens Paiva morreu em 21.01.71
Para que não se esqueça, por Vera Paiva, via Facebook
“Olha a casinha azul da vovó Nice… Vovô Rubens não tem casinha, porque fica voando no céu”, disse Tião Paiva, 3 anos e meio, passando na av. Dr. Arnaldo na altura da Faculdade de Medicina/USP. Do ônibus alto, a caminho da av. Paulista reconheceu a “casinha-azul” que acomoda o túmulo da avó, que tinha recém visitado. O avô não tem túmulo e a elaboração da experiência do desaparecimento, força-resistência da família segue na 3ª geração. Em 20/Janeiro/1971, faz 49 anos, Rubens Paiva foi sequestrado em sua casa no Rio de Janeiro, no dia de São Sebastião (o santo do Tião). Ele foi submetido imediatamente a intensa tortura e sua morte deve ter ocorrido no dia seguinte, 21.01, conforme apurado pelo MPF no Rio de Janeiro. Vovô Rubens teria 90 anos, poderia estar curtindo seus netos e bisneta – era um homem divertido, amoroso, bem-humorado, corajoso e reconhecido pela sua generosidade hercúlea e senso de justiça.
Em 2020, o governo afirma que os horrores da ditadura não eram horrores, estimula o crescimento da violência de estado, que nunca acabou nas periferias das cidades e do país.
Encerrar a tarefa definida em Lei de buscar e identificar os corpos desaparecidos pela ação ou ditadura é o objetivo declarado.
Não gostam de discursos como esse que na época da Comissão da Memória e Verdade se recuperou:
Mas ainda estamos aqui, resistindo, pacificamente. No horizonte, um país mais justo, independente e democrático, como vovô Rubens defendia. Para que nunca mais se esqueça, Rubens Paiva, presente!
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O pai de Rubens Paiva foi inimigo político do meu avô durante várias décadas. O velho Paiva (maior fazendeiro da região e introdutor da cultura da banana no Vale do Ribeira), foi prefeito de Eldorado SP. Meu avô fui vice- prefeito duas vezes (as eleições eram desvinculadas) e cumpriu três mandatos como vereador. Apesar da inimizade, sempre que uma autoridade visitava a cidade o velho Paiva pedia para o meu avô escrever o discurso dele. Ele era um home rico e grosseirão. Meu avô vivia de maneira modesta, mas tinha um reconhecido refinamento literário. Quando era jovem Rubens Paiva paquerou minha mãe, mas meu avô a proibiu o namoro. Isso não impediu que os dois se tornassem parceiros políticos. Não tenho certeza, mas gosto de pensar que o velho João Ribeiro estimulou o filho do velho Paiva a entrar na política para sacanear seu maior inimigo político. A tragédia que se abateu sobre ele, porém, sempre foi lamentada pelo meu avô.