Fernando Castilho
Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.
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O PL 1904 será abortado, por Fernando Castilho

As duas únicas proposituras dos bolsonaristas, a PEC da privatização das praias e o PL do Estupro, foram formidáveis tiros nos pés.

O PL 1904 será abortado, por Fernando Castilho

Às vezes fica difícil descobrir o que parlamentares da oposição pretendem. Qual é o jogo.

Normalmente, o objetivo é ganhar dinheiro ou ampliar poderes. Mas, como explicar o que está por trás desse PL 1904, apelidado de PL do Estupro ou Lei de Incentivo ao Estuprador?

O deputado extremista de direita, evangélico e bolsonarista, Cezinha, afirmou em entrevista ao Globo News que a intenção seria impedir o STF de decidir essas pautas.

Posteriormente, o relator do projeto, deputado extremista de direita, evangélico, bolsonarista e marionete de Silas Malafaia, Sóstenes Cavalcante, afirmou que o objetivo é emparedar Lula. A ideia seria expor o presidente aos evangélicos como uma pessoa que apoia o aborto e é contra a vida. Saiu pela culatra, como veremos.

É de causar náuseas usar a condenação de meninas a até 20 anos de prisão para emparedar Lula, somente. Mas o que resta a essa gente que não tem propostas para a economia, a saúde e a educação, por exemplo?

Não dá para saber se Sóstenes previa o resultado de pesquisas que dão até 88% de brasileiros contrários ao PL (isso significa que até bolsonaristas e evangélicos são contra) e nem que milhares de pessoas Brasil a fora, sairiam às ruas em protestos. Pelo menos, Arthur Lira, o presidente maquiavélico da Câmara, por certo não previa.

O resultado é que, Lula, já informado da reação da população, partiu pra cima e declarou que o projeto é uma insanidade. Com isso, desarma Sóstenes.

Malafaia e Sóstenes devem ser reconhecidos pela façanha de acordar a esquerda de sua letargia e, além disso, fazer com que boa parte dos apoiadores de Bolsonaro se posicionassem contra o projeto.

Agora Lira fala em adiar a votação para depois das eleições e Sóstenes condiciona o arquivamento a uma desistência da ação do Psol que anulou a decisão do Conselho Federal de Medicina junto ao STF. O partido não deve levar em conta essa negociação, respaldado pela reação da população. Outro complicador para Lira é o êxodo do centrão. Tem muito deputado que inicialmente apoiou o projeto, mas que agora, temendo o que possa acontecer nas eleições municipais, pulou fora.

É interessante notar que num curto espaço de tempo, as duas únicas proposituras dos bolsonaristas, a PEC da privatização das praias e o PL do Estupro, foram formidáveis tiros nos pés.

Como num jogo de xadrez, quando o adversário comete um grave erro, deve-se partir pra cima.

Que Lula o faça.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

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1 Comentário

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  1. Existe uma intenção clara e que foi apontada por uma pastora de Goiânia, aumenar a fonte de receita para algumas igrejas evangélicas. Lavar dinheiro em uma igreja tem sido a mais lucrativa forma de regularizar receitas. São feitos mais de cno milhões de abortos por ano no Brasil. Empurrando-os para a clandestinidade, são bilhões de reais a serem lavados por essas igrejas. O interesse é dinheiro, só isso. Qualquer efeito político é colateral.

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