Pesquisa aponta avanço da insegurança alimentar pelo país

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas; corte social mostra famílias chefiadas por mulheres, com negros/pardos e de baixa escolaridade

Jornal GGN – A insegurança alimentar causada pelo avanço da pandemia de covid-19 atingiu todo o país, mas as desigualdades regionais permanecem elevadas, com as regiões Norte e Nordeste sendo as mais afetadas pela fome.

A afirmação é do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), como parte do projeto VigiSAN.

Em 2020, o índice de insegurança alimentar esteve acima dos 60% no Norte e dos 70% no Nordeste, enquanto o percentual nacional é de 55,2%. Já a insegurança alimentar grave (a fome), que afetou 9% da população brasileira como um todo, esteve presente em 18,1% dos lares do Norte e em 13,8% do Nordeste.

O Nordeste também registrou o maior número absoluto de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, quase 7,7 milhões. No Norte, 14,9% do total das pessoas que viviam na região passavam fome no país no período.

A condição de pobreza das populações rurais, sejam de agricultores (as) familiares, quilombolas, indígenas ou ribeirinhos (as) também afeta as condições de segurança alimentar. Nessas áreas, em todo o país, a fome se mostrou uma realidade em 12% dos domicílios.

Fome afeta mais famílias negras e chefiadas por mulheres

Os dados da pesquisa também apontam os efeitos da desigualdade de gênero e de cor na insegurança familiar: a pesquisa mostra que, em 2020, 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres os habitantes estavam passando fome, contra 7,7% quando a pessoa de referência era homem. A fome chegou a 10,7% das residências habitadas por pessoas pretas e pardas e, entre pessoas de cor/raça branca, esse percentual foi de 7,5%.

A diferença de escolaridade também afeta a alimentação das famílias: a fome esteve presente em 14,7% dos lares em que a pessoa de referência não tinha escolaridade ou possuía Ensino Fundamental incompleto. O percentual caiu para 10,7% entre as famílias onde a pessoa de referência tinha Ensino Fundamental completo ou Ensino Médio incompleto. Em lares chefiados por pessoas com Ensino Médio completo em diante, a fome afetou apenas 4,7%.

A fome vem acompanhada de muitas outras carências, destacadamente a falta de água – segundo o estudo, o abastecimento irregular de água aumenta a transmissão pessoa a pessoa da covid-19, ocorrendo mais vezes nas regiões mais pobres do país.

A insegurança hídrica, medida pelo fornecimento irregular ou mesmo falta de água potável, atingiu em 2020 40,2% e 38,4% dos domicílios do Nordeste e Norte, respectivamente, percentuais quase três vezes superiores aos das demais regiões.

A relação entre a insegurança alimentar e a insegurança hídrica é incontestável. Segundo a pesquisa VigiSAN, a proporção de domicílios rurais com habitantes em situação de fome dobra quando não há disponibilidade adequada de água para a produção de alimentos (de 21,8% para 44,2%).

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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