Em dez anos podemos ter o dobro de automóveis circulando pelas ruas… Ou metade dos atuais

Se nada for feito, teremos em 10 anos o dobro de carros particulares rodando pelas nossas cidades. O ideal seria projetar a redução desses veículos em pelo menos 50%, no mesmo prazo. Um desafio para estadistas, mas necessário. É o que propusemos ao prefeito Fernando Haddad, no Conselho da Cidade de São Paulo. As demais cidades deveriam aderir à proposta, para evitar o erro cometido por São Paulo.

A situação em que nos encontramos é igual à do sapo em uma panela de água aquecida lentamente. Ele morre queimado, sem perceber. Recebemos dezenas de carros por dia, investimos recursos em obras viárias que não levarão a nada, jogamos milhões de toneladas de CO2 no ar que respiramos, perdemos bilhões de reais em congestionamentos. Uma situação cada vez pior.

O enfrentamento ao automóvel deve ter um plano destinado a reduzir seu uso tanto nas cidades quanto nas estradas. Haverá muitos interesses econômicos ligados a sua produção, venda, manutenção, postos de serviços, que serão contrariados. Um dia, mostrei a um jornalista a irracionalidade da proliferação de automóveis, mas também disse que contrariar essa lógica seria contrariar interesses da burguesia (empresas, ações, etc.), classe média (conforto, intimidade proporcionada, status) e classe operária, além de seus sindicados e centrais (empregos), e do governo, que recebe os impostos. Ele me pediu um artigo para seu jornal. Escrevi e enviei. Recebi-o de volta na semana seguinte. Ele agradecia, mas disse que o editor se recusou a publicá-lo, afirmando que o jornal poderia perder seus clientes na área. Somei então aos adversários as agências de publicidade e os meios de comunicação.

Mas,  não há escolha. Ou a redução e controle se farão planejadamente agora, ou anarquicamente, dentro poucos anos – quando as cidades pararem, tanto para quem anda de transportes públicos quanto para quem circula nos individuais.

O espaço ganho dos automóveis deve servir para melhorar o transporte público e para calçadões que tornem a cidade mais agradável para seus habitantes. Os governadores devem ser pressionados para investirem em metrôs e trens tudo que gastam para favorecer a circulação de automóveis. Mesmo assim, o que se espera é que as autoridades, especialmente o governo federal, exijam uma mudança radical nos tipos de automóveis fabricados ou importados. Eles devem ter metade do tamanho e peso dos atuais, serem elétricos, não poluidores.

Essa vem sendo levada em outros países, pelo bem da humanidade. Alguém pode imaginar o que acontecerá com o planeta se chineses e indianos seguirem modelo de desenvolvimento, centrado em grandes automóveis, como fizeram os americanos? Haja Iraques para serem invadidos por causa do petróleo.

Redação

13 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Da pra ter ambos, Percival.

    Da pra ter ambos, Percival.  Nao eh problema nenhum.  Ninguem precisa de um carro que pode atravessar o planeta terra inteiro enquanto tem gasolina, e a maioria das pessoas que eu conheco usa carro pra ir pro supermercado e pegar filhos na escola.

    Tem que haver um Tata brasileiro. Tipo seis vezes menos massivo e que ainda cabe 4 pessoas.  Nao tenho objecao aa presenca de caminhoes desde que carreguem carga.  Muito menos tenho objecao a onibus.

    Os mini carros seriam a solucao e ainda economizariam horrores em quantidade de gasolina gasta pois cada carro hoje gasta 97 por cento da gasolina pra SE carregar e nao pra carregar as pessoas dentro dele.  “Mini carros” nao sao as maravilhas da Inglaterra, que foram praticamente prohibidas nos EUA;  tem que ser redesign do comeco ao fim.

    Mas falta push governamental a nivel nacional.  Sem ele, nao acontece nada, e pra piorar, as carrossas que os brasileiros chamam de “carros” vao continuar as mesmas porcarias.

    1. Ivan, eu simplesmente fico

      Ivan, eu simplesmente fico pasmo com minhas andanças pelo MAPS com a qualidade das cidades Canadenses e Americanas (países com espaço como o nosso).  Acho que por fior que sejam as cidades americanas (ou canadensas) dão de mil nas nossas. Nós conseguimos fazer ciades onde não se tem prazer em andar por elas. Além de feias, desumanas e sem qualquer planejamento ou estrutura decente Ou alguém gosta?

  2. O texto do Percival é bom, só

    O texto do Percival é bom, só peca quando entra na ladainha do carro elétrico, que também ocupa espaço na via pública, polui porque precisa de energia que ele não explica de onde virá e nem como. Além da construção de baterias poluirem tremendamente o meio ambiente.

    A solução a prefeitura de SP começa a implementar: prioridade ao transporte público! Ela erra ao tirar a Controlar , acerta ao questionar os moldes do contrato, pois a inspeção é mais um empecilho ao usuário do carro particular. Acerta ao querer limitar o número de vagas de garagem em prédios, acertaria no pedágio urbano e na extensão do rodízio.

    O governo federal por sua vez deveria taxar mais os carros de acima de 1000Kg, e acima de 100 HPs, e carros com menos de 4 lugares.

    A população motorizada deve cair em si, que usar carro de SP é atitude extremamente egoista, mas falar de egoismo para essa classe média (e acima dela) não dá em nada.  Pensem sobre isso, andem nas calçadas da Av Sumaré (e outras também) para ver o que os motoristas fazem nas calçadas. Não se assuste se tomar uma buzinada de um motorista trafegando pela calçada. 

  3. Ao menos um carro por família

    Toda família deve ter direito à casa própria, bens de consumo em geral e a pelo menos um automóvel, de modo que possa ter uma vida confortável. 

    Em relação ao automóvel, a sua posse facilita em muito o dia a dia da família, seja para carregar as compras do mercado, para transportar crianças pequenas para a creche ou para a escola, para emergências médicas, para o lazer em família, para viagens ou seja para o deslocamento até o trabalho. 

    Gostaria de ver, sinceramente, os críticos da popularização do automóvel carregando as compras de supermercado (quilos de arroz, feijão, verduras, frutas, carnes, litros de leite, óleo etc.) nos ônibus ou no metrô de São Paulo, por exemplo. 

    Todos devem ter o acesso à automóveis, mas os governos devem propiciar um transporte público tal que estimule os indivíduos a se locomoverem preferencialmente por meio deste último. 

    O que se deve criticar principalmente no Brasil em relação aos automóveis são os preços abusivos praticados pelas montadoras. 

    De resto vejo a velha luta de classes, sempre combatendo o ganhos e melhorias alcançados pelos classes populares. 

     

     

  4. Reciclagem de automóveis

    Incluir neste projeto também um plano nacional para reciclagem de automóveis, de difícil solução para o país produtor de minério de ferro. A produção de veículos não termina nunca, e favorece a renovação da frota dos veículos antigos por “automóveis sustentáveis”.

  5. Em uma sociedade baseada no

    Em uma sociedade baseada no conceito de obsolecencia programada fica difícil quaisquer ações que impliquem a conservação do estoque de facilidades produzidas.

    Serve para automóveis (e sempre há um apelo para os mais diversos ouvido: mais econômico ( não levam em perspectiva o próprio valor de produção do novo bem), mais ecológico ( não levam em conta os insumos gastos na produção do novo bem, pois eles não surgem do nada, e a sua elaboração  consome-se energia e materiais ,muitas vezes finitos). E para outros bens , tais como computadores, eletrodomésticos e demais quinquilharias necessárias para a vivência da dita modernidade.

    E fica a constataçao feita por Keynes no prefácio de The General Theory of Employment, Interest and Money (1935). “A longo prazo, todos estaremos mortos”. – In the long run we are all dead. Então o momento certo para consumir é agora!

    Portanto equilibrar as ações, sem catastrofismos como em 5 anos a cidade para se nada for feito, ladainha repetida desde os tempos do Coronel Fontenelle, que parece ser uma inesgotável fonte de inspiraçâo para os administradores urbanos.

  6. Vai fala para o mano do Capão

    Vai fala para o mano do Capão Redondo que agora que ele pode ter o pois-é dele financiado em suaves 96 meses que não vai dar pois atrapalha a vida do descolado da Rua Aspicuelta!

    Que ele tem que se contentar com o bumba lotado ou trem da Central do Brasil que se parece mas com transporte de gado!

    Tem cada uma! Tem gente que necessita esfregar mais o umbigo no balcão para ver se tem alguma idéia que realmente  digna do nome.

  7. Será mesmo excesso de

    Será mesmo excesso de automóveis, ou excesso de habitantes?   Como administrar megalópolis,  criadas pela ausencia de planejamento do poder público?  O maior objetivo alcançado pelo ser humando, o de superar suas limitações de deslocamento, deveria ser tolhido?  O transporte coletivo não permite 50% da liberdade que o individual propricia!

    Quem gosta de colméias ou formigueiros, que vá viver em um!

    1. “Como administrar

      “Como administrar megalópolis,  criadas pela ausencia de planejamento do poder público?” Consultem o Google maps e vejam qualquer cidade canadense ou americana (países com espaço como o nosso) e vejam se as casas são o nosso amontoado. Vejam como há bairros onde se pode morar em casas . Comparem com qualquer cidade brasileira. O planejamento é para as pessoas viverem bem, antes de mais nada.

  8. erro otica do autor
    em 10

    erro otica do autor

    em 10 anos o dobro de pessoas poderao ter carros, nao necessariamente nas ruas,,,,

    argentina media carros dobro do brasil, europa mais e eua quase 3 vezes mais,,,

    questao central é, para me deslocar nas cidades eu preciso de carro particular ou tem meio mais facil?

    outro equivoco dos movimentos de junho é tal tarifa zero, pode e deve ser subsidiada, nao necessariamente zero, se zero empresario nao precisa de vale transporte por exemplo

    dinheiro de custear passagem pode e deve se usado em investimentos em transportes coletivos, preferenciamnete em trens, metro ou nao, grande sao paulo deveria ter em trens cerca de mil kilometros, nao chega a 200

    pobrema nao ser ter todos terem carro, é nao ter transporte coletivo

  9. Essas pessoas andaram de

    Essas pessoas andaram de carro a vida toda , agora querem proibir.

    Alguns são contra o pleno emprego, mas desemprego pros outros.

    A Marina é contra a energia elétrica (para os pobres), ela não fica no escuro.

    E por aí caminha a hipocrisia…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador