No lançamento da biografia de Walther Moreira Salles, em Poços de Caldas, dei uma palestra contando “causos” dos tempos áureos da cidade. No final, um sujeito levantou-se, apropriou-se da palavra sem pedir, e disse que, com ele, Poços voltaria aos tempos de glória.
Era uma pessoa desagradável, estilo agressivo, que se apresentou como prefeito da cidade. Seu nome é Sérgio Azevedo.
A Poços de antigamente já tinha cartazes pela cidade com a recomendação “Não dê esmolas”. Mas não era nenhum preconceito contra pobres. A recomendação era encaminhar os pobres para o SOS, administrado por dona Elza Ferreira, e as crianças para o Gota D’Agua, de dona Nini Mourão. Era uma cidade que, já nos anos 40, era um modelo no atendimento da população carente.
Não consegui entender, de pronto, o que levava uma cidade civilizada, como Poços, a eleger uma figura que, por todos os depoimentos que ouvi, era agressiva, autoritária. Só recentemente entendi melhor: a cidade bolsonarizou-se, tornou-se agressiva, com imbecis criando listas de inimigos no comércio e outras atitudes típicas do bolsonarismo mais retrógado,
A última desse prefeito foi acabar com os trailers de alimentos, que axistem há 40 anos na cidade e que garantem o sustento de 15 famílias.
A truculência é típica de todo perfil bolsonarista.
O que chamou a atenção foi o nível dos argumentos invocados e aceitos pelos cidadãos de bem da cidade.
O argumento é que os trailers eram alugados, que serviam para o tráfico de drogas, que não pagavam impostos.
Mentira! Se houvesse tráfico de drogas a polícia já teria agido. E a falta de regulamentação – outra alegação – seria resolvida simplesmente com uma regulemantação da própria prefeitura, mas que colocasse como objetivo maior preservar a renda das 15 famílias.
Nada disso foi providenciado e a cidade, selvagemente bolsonarista, apoiou.
Coloquei no Twitter um vídeo de uma menina chorando a perda da segurança e um cidadão do bem argumentou que não havia razão para aqueles trailers estarem nos locais mais caros da cidade, sem nada pagar – como se local público fosse medido pelo valor monetário.
Se quisesse devolver a Poços o glamour dos anos 40, esse prefeito colocaria em primeiro lugar o interesse das 15 famílias. Poderia formalizar os trailers, colocá-las como merendeiras em escolas municipais, permitir os trailers em pontos com movimento.
Mas que nasce sob o signo da maldade, não irá regenerar jamais.
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A empatia é fundamental na gestão pública, pois permite que os líderes compreendam e considerem as necessidades e perspectivas dos cidadãos que representam. Ao se colocar no lugar dos outros, os gestores públicos podem entender melhor as demandas da população e tomar decisões mais justas e equitativas.
Além disso, a humanidade é uma qualidade essencial que deve estar presente em todos os aspectos da gestão pública. Isso inclui tratar as pessoas com respeito e dignidade, trabalhar para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e buscar soluções que beneficiem a todos. Ao incorporar a humanidade na gestão pública, os líderes podem inspirar confiança e apoio da população, além de construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Talvez rumina o Prefeito: retirar as banquinhas, colocar um MacDonald’s, uma franquia X, a bodega do amigo da esposa. Isto o monstro Mercado chama livre concorrência!
“Agora na vida rica que estás vivendo
Terás como agasalho colcha de cetim”
São os ricos, novorricos e suas clássicas arrogâncias. Sinto esse clima em geral. Nalguns lugares, como Poços de Caldas e outros paraísos de novos ricos, um pouco pior; mas que é geral, isso é. Estou em vias de também perder meu lugar. Cada vez mais sinto isso.
Ilustríssimo e queiridíssimo Nassif, os idiotas dominaram o mundo!
Não há salvação sem devolver esse lixo imbecil para os artmários de onde jamais deveriam ter saído.
Estamos vivendo tempos PAUPÉRRIMOS. Essa é a trsite verdade!
Não conheço Poços de Caldas, mas tendo elegido um bolsonarista, só posso pensar (pelo conjunto da obra que o bolsonarismo produziu), que a cidade realmente RECUOU no tempo. Não foi a única. Muitos lugares abriram os esgotos e muitos ratos saíram dos esgotos, para ocuparem cargos públicos. Não podemos achar normal, devemos combate-los.
Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos. Nelson Rodrigues
Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.Nelson Rodrigues
Mais que isso, Luís. 1) Lobby dos estabelecimentos do outro lado da praça, que cobravam preços absurdos perto dos trailers; 2) O mesmo com o Palace ao lado e sua pressão de isolamento; 3) vc sabe estive muitas vezes estive em Poços e sempre hospedado no Palace e nunca vi nada de drogas nos trailers. Parece que os trolleys também estão condenados. Paro antes que vire crônica. Abração
Garanto que nao existia nenhum “glamour” na realidade cotidiana dos pretos e pobres de pocos de caldas nos anos 1940, muito menos que essas supostas politicas publicas assistencialistas tenham dado conta de sanar a desigualdade social e instaurar a “civilização”… artigo pra la de tendencioso e carente de fontes.
Aqui em Franca tem um idiota chamado Sidnei Franco da Rocha que extirpou os traliers das ruas e praças com o argumento que ocupavam vias públicas, porém os estacionamentos de veículos (revendas) param os carros na rua e ele nada fez, pois eram seus eleitores. Os imbecís da elite quando vão a Europa e até em Nova York ficam deslumbrados com os carrinhos de lanche na rua e tiram fotos. Aqui acham que é deselegante e polui o ambiente.
Como na Inglaterra que acabou com as terras livres pra poder fornecer mão-de-obra barata para as fábricas, o Estado sempre ajuda os ricos.
Muito parecido com o que ocorreu em Santos, quando os “cidadãos de bem” da elite do município, após duas exitosas administrações petistas (1989/1996),deram um jeito de entregar a cidade nas mãos do PSDB de então. Santos, a chamada “Barcelona Brasileira”, antes de ter sua autonomia cassada pela ditadura, tornou-se uma Bolsolândia….com reflexos em toda a Baixada Santista.
O bolsonarismo é como um CANCRO que deve ser estirpado, para que não se dissemine e provoque o comprometimento sistêmico como o causado por este prefeito.
o autoritarismo é uma livre opção ideológica.
a cegueira ou a burrice, entretanto, são as sequelas inevitáveis desta opção.