Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Sete ideias de brasilidade – Central de Prédios, por André Motta Araújo

Então vamos a algumas ideias para melhorar a economia, a inclusão social, a vida em comunidade, as relações políticas, o bom governo, o convívio entre gerações, em sete capítulos.

Sete ideias de brasilidade – Central de Prédios

por André Motta Araújo

Após dezenas de artigos críticos à política econômica cabe o comentário, “mas você só sabe criticar?” Então vamos a algumas ideias para melhorar a economia, a inclusão social, a vida em comunidade, as relações políticas, o bom governo, o convívio entre gerações, em sete capítulos.

CENTRAL DE PRÉDIOS

A administração pública federal (o mesmo com os Estados e Municípios) não tem critérios lógicos de economia para construir, comprar ou alugar prédios.

Será por intenção de navegar na corrupção, será apenas por incompetência, muitas vezes vaidade do administrador, o dinheiro público é desperdiçado em más escolhas, algumas absurdas.

O governo deveria CENTRALIZAR a decisão de gastar dinheiro público com espaço imobiliário porque o que se desperdiça nesse tema é incalculável. Secretarias deveriam estar em regiões centrais e baratas, que tem muitos prédios vazios e nunca nas regiões nobres, como é o caso de seis Secretarias do Estado de São Paulo na região da Paulista, de metro quadrado caro.

Em Brasília há mais absurdos ainda. A Secretaria de Aviação Civil saiu do Centro Cultural do Banco do Brasil, que ao fim é do próprio Governo, para um prédio luxuoso no centro financeiro de Brasília, torre de vidro, moderníssimo, aluguel caro. Quem decidiu isso?

O Ministério do Esporte sai de um prédio bom na troca de Ministro (Aldo Rebelo para George Hilton) para um prédio muito maior, SEM NENHUMA NECESSIDADE. No prédio anterior havia espaço sobrando.

Mas as maiores aberrações estão nas “corporações”. O Ministério Público do Trabalho em São Paulo estava em prédio pequeno, modesto e sóbrio na região da Praça da República e vai para um monumental prédio novo tipo, de 25 andares, na Rua Afonso de Freitas, região da Av. Paulista. Será que o número de funcionários se multiplicou por 20 de repente? Qual o custo de aluguel desse prédio novo?

Na Alameda Itu, região super nobre, entre Alameda Campinas e Alameda Joaquim Eugenio de Lima outro monumental prédio novo, estilo sede do banco americano pela suntuosidade e presença, tipo 28 andares, quem alugou? A Turma de Julgamentos Fiscais do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

É um esbanjamento de dinheiro público injustificável. São Paulo tem centenas de prédios vazios de aluguel modesto, para quê esse luxo na acomodação de burocracias?

O INCRA em São Paulo está em um prédio só dele na Rua Brasilio Machado, em Higienópolis, cercado por edifícios de apartamentos de luxo. Não poderia estar na Mooca, no Brás, no Bom Retiro, na Penha? Qual clientela demanda o INCRA?

Os prédios de excelente localização e aluguel caro não são escolhidos para conforto dos cidadãos, são selecionados para conforto dos burocratas.

Tanto é verdade que os prédios dedicados a atender a pobreza, as unidades de saúde, são modestíssimos e mal localizados, lá não há burocratas para ter conforto, é só para atender o povão e os servidores não são burocratas, são modestos como os cidadãos que demandam o atendimento.

O CASO DA CIDADE ADMINISTRATIVA DE MINAS GERAIS

Tenho simpatia pela urbanidade de Aécio Neves, sempre educado e atencioso, mas não perdoo a ideia absurda da Cidade Administrativa de Minas Gerais, um elefante branco símbolo de esterilização de recursos públicos em coisa inútil, longe de Belo Horizonte e no meio do nada, para abrigar burocratas.

A lógica sempre seria a de recuperar o centro de Belo Horizonte, gastando 10% do que custou a Cidade Administrativa e na tendência mundial de recuperação dos centros históricos. A Cidade Administrativa é feia, distante, deprimente, disfuncional, despreza a História de Minas Gerais e dificulta e encarece a administração pela necessidade de deslocamento de 40 quilômetros de ida e volta, ao mesmo tempo empobrecendo Belo Horizonte. Mas que ideia louca foi essa?  É um símbolo do desperdício de dinheiro público em alta escala, o nada não fecunda nada.

Uma CENTRAL deveria dar a última palavra para qualquer aluguel de prédio pago com recursos públicos, com PARAMETROS de economicidade, funcionários por metro quadrado, várias opções antes de se decidir. Hoje, a conta de alugueres da União passa de 3 bilhões por ano, grande parte é desperdício, mesmo sem corrupção. É a volúpia do esbanjamento, é a vaidade do alto funcionário, o dinheiro público não tem dono, não é mesmo?

Em próximos artigos continuarei com sugestões para o Brasil usar recursos com maior racionalidade e civilidade.

AMA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

8 Comentários

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  1. COmentei recentemente a suntuosidade dos prédios do judiciário em seu artigo sobre os comes e bebes do STF. NA verdade acredito que muitos órgãos públicos são salvadores da vacância de muitos prédios existentes. EM muitos casos de prédios vazios por longo tempo, repentinamente são alugados não só pela estado ou federação, mas principalmente pelas prefeituras.

  2. Nooossa André tá a milhão (agitado/ativo)antes deste seu artigo eu justamente tava pensando q vc é o futuro da economia no Brasil(pela sua mentalidade)acredite é isso mesmo,tenho orgulho de ter um conterrâneo brasileiro como tu,agora acho vc meio doido pq disse q tinha uns 400 livros sobre vinho vcs q lêem muito não são muito normais não(deve ser é eu)sabe André eu tô lendo mais agora,antes quando eu lia parecia q dava uns tremeliques na cabeça, agora não tenho mais isso!?

  3. André, a minha inocência me diz que as decisões tomadas foram todas em benefício da boa gestão e preocupação com o erário público. A Cidade Administrativa então…

  4. Muito importante esse ponto de vista do sempre lúcido AA, agora AMA.
    Os governos – federal, estados e municípios – sem dúvida deveriam liderar e promover a revitalização e a ocupação permanente dos centros históricos e, nas maiores cidades, dos núcleos históricos dos bairros.
    É uma loucura isso que ocorre em nossas urbes, abandonar áreas consolidadas e partir para outras, com muitas obras e infraestrutura por fazer.

  5. Caro André, é louvável essa série, mas adianto, o que pode salvar a economia, e somente só, é a injeção (fabricarão mesmo) de dinheiro na economia, na veia mesmo.

  6. não se esqueça de falar sobre as seguranças de prédios, praças e parques públicos que deixam o LUCRO na mão da iniciativa privada ..isso qdo guardas municipais poderiam dar conta de forma muito mais barata

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