Breves notas sobre o ciclo hidrológico nas cidades, por Felipe A. P. L. Costa

Outro importante conjunto de medidas tem a ver com a proteção de áreas ecologicamente sensíveis, como nascentes e o entorno de reservatórios e cursos d’água

Breves notas sobre o ciclo hidrológico nas cidades, com ênfase no impacto da impermeabilização do solo.

Por Felipe A. P. L. Costa [*].

A escassez ou mesmo a falta de água está a se tornar um problema crônico nos grandes centros urbanos, principalmente naqueles lugares onde medidas apropriadas não estão sendo adotadas. Ocorre que a adoção de medidas corretivas não depende nem um pouco da construção de novos reservatórios ou barragens. Algumas medidas têm a ver, por exemplo, com o restabelecimento da recarga natural do estoque subterrâneo de água. Neste sentido, cedo ou tarde teremos de enfrentar e reverter a questão da impermeabilização excessiva do solo urbano (ver a figura que acompanha este artigo).

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FIGURA. A figura que acompanha este artigo mostra como a impermeabilização excessiva do solo (e.g., ruas asfaltadas e quintais cimentados) altera o fluxo hidrológico dentro das cidades. Note que, à medida que aumenta o grau de impermeabilização (A-C), aumenta também o escoamento superficial, enquanto diminui a infiltração profunda. Compare com o que ocorre em terrenos florestados (D). O item ‘Evapotranspiração’ inclui dois segmentos: (i) a água que evapora diretamente de superfícies físicas; e (ii) a água que é absorvida e perdida pelas plantas. O item ‘Infiltração profunda’ inclui a água que escapa da zona das raízes e alcança o lençol freático.

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Outro importante conjunto de medidas tem a ver com a proteção de áreas ecologicamente sensíveis, como nascentes e o entorno de reservatórios e cursos d’água, muitos dos quais estão hoje bastante degradados, em consequência principalmente da ocupação desordenada do solo, tanto em centros urbanos como até mesmo na zona rural.

Por fim, medidas adicionais terão de ser adotadas visando enfrentar, equacionar e, quem sabe, resolver a questão do desperdício. No caso dos centros urbanos, por exemplo, não há o menor sentido em continuarmos a gastar água tratada para fazer fluir o sistema de coleta de esgoto.

Também não tem cabimento continuar tolerando o desperdício de água subterrânea não tratada, como o que é promovido pelos postos de combustíveis que oferecem ‘duchas grátis’ aos seus clientes. A rigor, a ducha só é grátis porque a água está sendo captada por meio da exploração de poços artesianos, muitos dos quais são clandestinos e irregulares. De resto, o ‘grátis’ só vale para os consumidores atuais; afinal, em um futuro que se avizinha cada vez mais próximo, a conta será rateada entre todos.

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Nota.

[*] O presente artigo foi extraído e adaptado do livro Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2ª edição, 2014). Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço [email protected]. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.

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Redação

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