A crise da Ford e a fantástica fábrica de ignorância institucional, por Luis Nassif

A confusão de diagnósticos e de mesmices sobre a crise do setor automobilístico é a melhor explicação para a crise do setor automobilístico. Significa que nunca houve um diagnóstico claro

A confusão de diagnósticos e de mesmices desencontradas sobre a crise do setor automobilístico é a melhor explicação para a crise do setor automobilístico. Significa que nunca houve um diagnóstico claro sobre as políticas para o setor. Simples assim.

Os economistas genéricos vêm com a cantilena de sempre: o problema é a falta de reforma fiscal, sem se dar conta de que há anos o setor tem um regime especial de redução de impostos. E essas tolices monumentais ganham espaço nobre no maior veículo de informação brasileiro, o Jornal Nacional. Aliás, a maior prova da indigência intelectual brasileira é o fato do maior veículo de comunicação não ter o menor discernimento para levantar explicações coerentes sobre o caso,

Os idiotas da objetividade, que cobram mais investimentos hoje, dizem que o problema foi o excesso de investimentos ontem.  Os investimentos eram adequados ao mercado interno que se tinha. O problema foram os investimentos, não quem destruiu o mercado interno. Ou seja, o erro foi não ter previsto, em pleno boom da economia, o que pela frente, haveria uma sucessão de serial killers da economia dizimando o mercado interno. Nem se culpe Joaquim Levy, Henrique Meirelles, Paulo Guedes. São apenas frutos de uma praga renitente, a ignorância institucional profunda brasileira. A cada pancada na renda interna, com precarização do emprego, da renda, dos direitos, os idiotas da objetividade saudavam: agora, o Brasil vai crescer!

Os defensores do câmbio apreciado dizem que o problema foi a desvalorização cambial excessiva que encareceu os insumos importados. E acham que tem a prova do pudim contra os que defendem o câmbio desvalorizado.

Vamos juntar essa feijoada de diagnósticos conflitantes para entender o que é a ignorância institucional brasileira.

Em determinado momento da história, o país emergiu como um grande mercado. Poderia ter sido em 1994, ao mesmo tempo da China, Índia. Mas o jogo cambial do Plano Real matou essa possibilidade. Conseguiu voltar a ser no pós-crise de 2008, graças a um conjunto de políticas virtuosas, como o aumento do salário mínimo, as obras públicas, a explosão da Petrobras com o pré-sal levando ao pleno emprego.

Em circunstâncias semelhantes, o que fez a China?

1. Negociou a entrada de multinacionais ao seu mercado interno, condicionando à transferência de tecnologia e busca de exportações.

2. O Estado investiu pesadamente em setores essenciais, ao mesmo tempo em que estimulava o empreendedorismo interno, para constituir empresas que assimilassem a tecnologia transferida pelas multinacionais,.

3. Manteve sobre controle estrito a política cambial, com a moeda desvalorizada, para aumentar a competitividade das exportações; e sobre a política monetária, para garantir financiamento barato para o novo ciclo de desenvolvimento.

O que deveria ter sido o modelo brasileiro?

1. Criar o InovaAuto, sim, com benefícios fiscais. OK.

2. Exigir comprovação de processo produtivo nacional. Ok.

3. Conferir um sentido de regionalização, permitindo a abertura de novas fábricas em outras regiões do país. OK, embora a idiotice macro do Ministério Público Federal teimasse em criminalizar essas políticas.

4. Fortalecimento do mercado interno, através da valorização do salário mínimo e de leis como a dos Micro Empreendedores Individuais.

Um modelo consistente iria muito além.

O primeiro passo seria uma discussão com especialistas sobre qual a vocação brasileira para o setor. Se os especialistas tivessem sido ouvidos, o modelo seria outro:

* Um processo efetivo de transferência de tecnologia focando o setor de autopeças. Este é o setor essencial para o desenvolvimento tecnológico, já que montadoras são o que o nome diz: montadoras. Haveria inúmeros instrumentos para isso, a imposição de percentuais de conteúdo nacional, no limite a imposição de associações com empresas nacionais do setor; o casamento com políticas tecnológicas, valendo-se do sistema das fundações de amparo à pesquisa e das bolsas federais.

* Um projeto claro de exportações do setor, visando colocar a indústria automobilística brasileira no mercado global e dando saídas para eventuais baques no mercado interno. Bastaria fixar metas de exportação para quem quisesse se habilitar ao programa.

* Esse movimento permitiria a entrada gradativa do setor de autopeças nacional nas cadeias globais de produção. A partir de um setor de autopeças nacional fortalecido e com capacidade própria de gerar inovações, o caminho natural seria o aparecimento de montadoras nacionais.

Obviamente, esse movimento exigiria uma concatenação com políticas macroeconômicas, a principal das quais um câmbio competitivo e financiamento barato. O financiamento era assegurado pelo BNDES. Mas o câmbio desvalorizado era um anátema que colidia com o que a imprensa bradava diariamente: a herança virtuosa de FHC, de câmbio valorizado e juros nas alturas.

O que aconteceu na prática?

O mercado interno foi destruído pela loucura das políticas suicidas implementadas a partir do infausto pacote de Joaquim Levy. Ao mesmo tempo, o câmbio apreciado impediu o direcionamento da produção para o mercado externo.

Desde FHC nunca houve um câmbio competitivo. A compensação dada às empresas exportadoras era a possibilidade de ganhos expressivos de Tesouraria, graças aos juros e às operações de swap do Banco Central. Ou seja, a cada soluço de crescimento aumentava o percentual de componentes importados. E as transferências de recursos das matrizes para as filiais visavam tão somente os ganhos de Tesouraria.

Pouco depois, o mercado interno foi dizimado pela atuação sincronizada da Lava Jato com as tais reformas. Houve ampla precarização do emprego. Sem o emprego formal, houve redução expressiva na capacidade de endividamento das famílias. A destruição das políticas sociais e da Previdência Social, o fim da valorização do salário mínimo reduziram ainda mais a capacidade de consumo das famílias. E a demonização dos gastos públicos secou os investimentos em infraestrutura, geradores de emprego.

Com o mercado interno destruído, as tentativas de buscar o mercado externo se restringiram à América Latina e foram por água abaixo com a crise econômica da Argentina.

E agora, como reconstruir o setor? Já não se tem o principal trunfo – o mercado interno. E se tem uma mídia majoritariamente colocando todo o foco nas tais reformas, seja quais forem.

Sugere-se ao Jornal Nacional e assemelhados que substituam os economistas em permanente disponibilidade por algum herdeiro de Thomaz Green Morton. Era um médium que morava em Pouso Alegre, entortava talheres, e tinha uma palavra mágica – o Rá! – que curava de câncer a lumbago. Nâo há diferença com as tais reformas.

Depois de um amplo sucesso com celebridades, foi preso em 2010, acusado de homicídio culposo: desenvolveu uma técnica para curar bezerros doentes com veneno de ratos. E os bezerros morreram. Se algum economista em permanente disponibilidade fosse ouvido pelo JN colocaria a culpa nos tributos que incidiam sobre a ração.

PS – Obviamente, em cima dessa crise há os erros monumentais da Ford, bem explicados na TV GGN de ontem por dois especialistas.

Luis Nassif

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Vamos um pouquinho mais além.

    Desde 1970, as curvas de acumulação de valor gerados pela produção são estacionárias ou descendentes, e a margem de lucro manteve-se às custas de substituição tecnológica de mão-de-obra (que gera retração da renda do trabalho), e mais retração de renda do trabalho daqueles que mantiveram emprego.
    Como o capitalismo mundial não vive sem consumo, veio o boom de crédito e alavancagens, sobre alavancagens, sobre mais…alavancagens.

    Em outras palavras: o lucro capitalista residual pós-70 é inercial, ou seja, ele não se deu como ensinam os manuais de mais-valia, pela exploração laboral, que no fim recebe um parte (ínfima) do valor gerado, mas que permite a aquisição de bens e serviços que movem a roda produtiva.

    O lucro veio pela subtração da renda deste setor que retroalimenta esta cadeia, e portanto, não foi reintegrado como ganho de capital para expandir a produção (e o consumo), mas foi para a banca, o mercado financeiro, se reproduzir como capital hermafrodita.

    Resultado: PIB do mercado anti-valor (juros e outros ouros de tolos) 200 vezes maior que o PIB de produção, e claro, as bancas precisam de cada gota restante de lucro advinda da moribunda produção, sendo este o único naco de vínculo do mundo virtual das finanças com o chamado “real”.

    Sim, não foi o trabalho que suplantou o capital, como queria Marx, mas o anti-valor, gerado pela acumulação capitalista em grau extremíssimo, e da necessidade de dar dinâmica a estes recursos estagnados, diante da inépcia e anemia do consumo de massas ao redor do planeta, características das abissais desigualdades geradas neste processo espiralado.

    Fino da ironia, não?

    Assim, o que resta de setor produtivo e os arranjos estatais organizados para lhes dar suporte amargam o peso da roleta financeira sugando o que pode pela venda de patrimônios estatais, mercados de câmbios, garrotes monetários e fiscais, etc.

    Junto pelo ralo desceram as formas de representatividade, já que as chamadas farsas representativas parecem ser dispensáveis agora e por diante.

    É esse ruído que ouvimos nas redes sociais hoje. É o monstrengo pós-capitalista anunciando que em breve sairá da toca.

    A banca e seus algoritmos não precisam mais de intermediários ou da chamada “sociabilidade” do trabalho, ou do Estado, ou enfim, da política.

    Se tudo tivesse sido feito como o editor prega, talvez a montadora (sim, não há mais indústria de automóveis, só montagem de partes, naquilo que é chamado de empresa “footloose”) ficasse aqui por mais três ou quatro anos.

    E caso ficasse, faria muito ou quase nenhuma diferença, já que os bilhões concentrados no setor não se pagaram.
    (43,7 bi em 20 anos para um estoque de 120 mil empregos em toda a cadeia, diretos e indiretos, o que deu 348 mil reais por emprego).
    Grande parte de tais valores não ampliaram em nada as perspectivas locais, mas foram diretamente desviados às matrizes do setor.
    Boa parte delas estava encalacrada na crise sub-prime de 2008.

    Dá sono de ler os keneysianos se debatendo. Pobres almas.

    1. É um diagnóstico marxista, muito bom, aliás. Há diagnósticos disponíveis de todas as escolas de pensamento.
      Alguma sugestão para o doente?
      Alguma sugestão sobre o quê fazer, quando essa pandemia for controlada com as vacinas?
      Alguma sugestão para uma chapa progressista, que por ventura se forme para as eleições do ano que vem?
      Câmbio? Subir ou baixar?
      Importações? Abrir o mercado, fechar?

      1. Na verdade o diagnóstico é de Robert Kurz, da escola da Crítica do Valor, que é pós-Marxista.
        Como eu disse, Marx achava que a contradição final do Capital seria a organização da classe trabalhadora, que se apropriaria dos meios de produção e, desse modo, eliminaria as bases sociais e econômicas de organização do capitalismo.

        Não foi, foi o anti-valor.

        Eu não posso dar um diagnóstico para aquilo que eu julgo fadado a extinção (o capitalismo).

        Todas as suas questões (em tom de galhofa, eu percebo) sugerem um desespero típico de quem se auto-censurou a partir de um sofisma, aquele que lhe diziam que o capitalismo nunca teria fim, ou seria superado.
        Assim, gente como você renunciou a toda e qualquer luta anti-capital, e morre de medo do que está por vir (e tem razões para tanto).

        Não, amigo, não há solução, e o negócio só vai piorar.

        Há alguns paliativos (leia bem, PALIATIVOS), que NUNCA serão postos em prática, porque não há força, nem motivação política para tanto, veja:

        – taxação global dos ativos financeiros para financiamento das redistribuições de renda na partes mais pobres do planeta;
        – eliminação da referência dólar-euro-libra como padrões de trocas, com adoção de um índice (cesta) de moeda que reflita a multipolaridade, e não apenas àquelas moedas emitidas pelas potências que exportam déficits e pagam os seus próprios (déficits) com suas emissões (de moedas), e inversões cambiais com os países mais fracos;
        – emissão de moedas pelos estados nacionais para auto-financiarem seus déficits e para custeio e investimentos, além dos programas de imposto negativo;
        – fim da ONU, OMC, etc, com a criação de novos organismos mundiais de resolução de conflitos.

        Veja você que poucos deles estão adstritos aos países, ou ao Brasil, especificamente.

        Nenhuma medida local dará resultado sem articulação global, na mesma medida global dos problemas.

        Chapa progressista? (risos)

        1. Felipe, se meu tom pareceu galhofeiro, não era a intenção, eram perguntas mesmo, curiosidade de saber se um estudioso do marxismo tem propostas. Eu não sou marxista e nunca fui, nem mesmo na FFLCH, quando eu era jovem estudante lá – aliás, era uma aberração não ser marxista na USP naquele tempo.
          Fiz perguntas pensando no que um marxista sugere para o presidente que for eleito no ano que vem, não sendo Bolsonaro, obviamente, porque esse já conhecemos.
          Capitalismo é uma coisa grande demais, e longe daqui, o Brasil é periférico ao sistema, nada pode fazer para alterar a ordem mundial. Temos soja, gado, frango e mais algumas poucas coisas que se pode vender, e nada mais. Resumindo, o Brasil não tem dinheiro para comprar muita coisa lá fora e não tem nada pra vender que não se possa achar em outro lugar.
          Considerando esse estado de coisas, o que um governo brasileiro honesto pode fazer, uma vez encerrado esse pesadelo bolsonarista?
          Essa foi a base das minhas perguntas.
          Essa história de fim do capitalismo é coisa para longuíssimo prazo, se de fato vai acontecer, e como disse Keynes, “a longo prazo estaremos todos mortos”.
          Marx foi só um pensador do século XIX, ele estudou o que tinha à mão: a filosofia alemã, o capitalismo industrial inglês e o socialismo francês. Mais de um século e meio já se passou e o mundo já se transformou diversas vezes, tudo está muito diferente do que ele estudou.
          Sobre os paliativos, como você frisou, de fato jamais sairão do papel.
          Em todo caso, a primeira sugestão é conhecida, se não me engano, Noam Chomsky falou isso muitas vezes. Não vai acontecer, porque quem tem DINHEIRO não o perde jamais. Ninguém vai taxar capital nenhum, porque não existe um PODER para levar a cabo uma tal façanha no mundo.
          A segunda sugestão eu não conhecia e achei muito interessante.
          A terceira já foi tentada diversas vezes, termina em hiperinflação, e creio que o exemplo mais famoso seja a República de Weimar.
          A quarta não vai acontecer, ou se um dia acontecer é porque o hipercapitalismo chinês aliado ao que restar do poder americano e europeu, mais o poder nuclear russo acharão conveniente fazer isso, e eles vão por no lugar coisas que interessem ao Império Chinês renascido, em primeiro lugar, depois ao decadente, mas ainda super poderoso Império Americano, à Europa e à Rússia. O Brasil nada terá a ver com isso.
          Está sempre tudo por um fio, claro, como o mundo inteiro viu em 2008, porém se explodir tudo na próxima crise muita coisa pode acontecer, mas entre elas NÃO estará uma revolução de massas, porque ELES jamais vão permitir, é mais fácil virar tudo Blade Runner.
          Voltando ao próximo governo brasileiro, ele terá limites estreitíssimos para agir, e eu não sei quais serão esses limites.

        2. Eu lembro dos longos textos do Roberto Kurz no antigo caderno MAIS da Folha. Nada tinham a ver com a realidade os textos dele, e infelizmente a realidade é só o que nós temos à mão, em cada dia a ser vivido.

          1. Caro, se estás em busca de uma teoria que lhe explique tudo e que o indique como agir, sugiro alguma religião.
            O fato de um texto não corresponder a sua expectativa de inferência na chamada realidade, não o inválida como exercício analítico de hipóteses a serem consideradas como alternativas.
            Exatidão nestas previsões só com as ciganas e os papas.

        3. Oi Felipe tudo bem? Tem alguns livros de economia para me recomendar? Para eu entender melhor a sua análise econômica pós marxista?

          1. Não leio economia, caro André, salvo raras exceções.
            Sugiro começar entendendo como o capitalismo chegou até aqui.
            Nouriel Roubini e seu Economia de Crises vai iniciar a compreensão sobre o anti-valor e a ciranda financeira.
            Olhe David Harvey e seu Enigma do Capital e A Loucura da Razão Econômica.
            Minha análise, perdoe a ressalva, é marxista sobre o pós capitalismo, tendo como base a obra de Kurz, que advoga que o valor e o mais valor não mais sustentam a acumulação capitalista, que se encontra soterrada por montanhas de anti-valor(capital fictício).
            O exemplo clássico é a vaca e sua produção de 100 litros de leite que reproduzem 1000 toneladas de manteiga.
            Embora guardem alguma relação causal, afinal tudo é subproduto do leite, a quantidade em desproporção não se explica, e no fim, a produção do leite acaba paralisada pela tarefa de dar fim a tanta manteiga.

  2. E tem um fator politico no caso das montadoras. O “flagelo” da imprensa, judiciário e elite brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva tem (ou tinha) como base politica a indústria automobilística e essa base tinha que ser destruída. Com o amplo apoio dos trabalhadores do setor (que foram manipulados pela tecla da corrupção e do consumismo), a imprensa, o judiciário e a elite trabalharam para destruir a liderança de Lula e seu partido politico. E destruíram junto as empresas, os sindicatos que os representavam e os empregos.

  3. * Um processo efetivo de transferência de tecnologia focando o setor de autopeças.
    Vale lembrar que já tivemos empresas 100% nacionais no setor de autopeças como Cofap e Metal Leve ,empresas essas que foram devoradas pelos concorrentes via politicas de “modernização” implantadas por FHC .

  4. Não se deve esquecer que Joaquim Levy não se auto-nomeou Ministro da Economia, foi nomeado pela Presidente da República, e se ela não sabia quem ele era, o que eu duvido, certamente percebeu nos primeiros dias de governo e ainda assim o manteve no cargo. Lembro de uma ocasião em que Lula criticou a política do ministro e Dilma Rousseff respondeu: “Respeito o companheiro Lula, mas o ministro Levy permanece”.

  5. ‘Conheceis a Verdade. E a Verdade Vos libertará’.”…Em circunstâncias semelhantes, o que fez a China?
    1. Negociou a entrada de multinacionais ao seu mercado interno, condicionando à transferência de tecnologia e busca de exportações.
    2. O Estado investiu pesadamente em setores essenciais, ao mesmo tempo em que estimulava o empreendedorismo interno, para constituir empresas que assimilassem a tecnologia transferida pelas multinacionais,.
    3. Manteve sobre controle estrito a política cambial, com a moeda desvalorizada, para aumentar a competitividade das exportações; e sobre a política monetária, para garantir financiamento barato para o novo ciclo de desenvolvimento… “Estamos falando da China já à beira do ano 2000, quando do NeoLiberalismo e Globalização que vinha de Collor, fortalecendo-se desgraçadamente por FHC e sendo prolongado e prestigiado por Lula, Dilma e Temer. Mas isto é contar a história da Ford no Brasil, contando apenas uma parte da História Brasileira do Projeto vitorioso e quase secular de 90 anos de Estado Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista. EUGÊNIO GUDIN e o AntiCapitalismo, AntiIndustrialização, AntiNacionalismo que habita entre Nós. A FORD desembarca no Brasil em 1953. Instrução113 SUMOC (17.01.1955): “…promoveu uma política de estabilização econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país, e que seria largamente utilizado no governo de Juscelino Kubitschek..” Industrialização e Desenvolvimento Brasileiros com Interesses, Indústrias, Banco Central, Moeda e Ingerência de Estados Estrangeiros? E a festa da FORD é Acontecimento Recente? NeoLiberalismo e Privatarias são obra da “genialidade” de FHC? Me ajuda aí, André Motta Araújo : “…A criação da PETROBRAS, em 1953, foi um ato de confronto ao consenso conservador das chamadas “classes produtoras” do Brasil dos anos 50, lideradas por Eugenio Gudin, o avô dos neoliberais de hoje. Gudin achava que o Brasil NÃO DEVERIA TER INDÚSTRIA, coisa para a Bélgica, dizia ele. O Brasil deveria se contentar em ser exportador de café…” …Uma construção intelectual aberrante imperou no Brasil nos estudos e prática da ciência econômica. Através da herança ortodoxa de Eugenio Gudin transportada para o Século XXI através da Escola de Economia da PUC Rio, o Brasil absorveu e transformou em uma espécie de “ciência econômica brasileira” um conjunto de ideias ortodoxas sobre a prática da economia como ciência e operação que não tem paralelo em nenhum outro grande País.
    É uma espécie de “neoliberalismo caboclo”, atrasado, de lição mal feita por alunos bolsistas brasileiros em universidades americanas …” Falaremos do epílogo da tragédia da FORD no Brasil sem falar na tragédia destes 90 anos? “Indústrias são para a Bélgica. Pobre país rico. Mas de muito fácil explicação.

  6. Comentários excelentes, plenos de racionalidade e prognósticos de alta probabilidade. Minha questão é, perdoem-me os senhores da sabedoria: como convencer esse povo iletrado sobre as mazelas que o capitalismo lhes tem imposto. Sem se conscientizar esse povo, minimamente, as elites econômicas sempre terão o cabresto como ferramenta primordial. A mídia e os neopentecostalistas têm sido muito eficientes na arregimentação desse povo alienado. Sem isso, qualquer governo que se paute pelo desenvolvimento do país será devorado.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador