As altas do arroz têm uma explicação óbvia. Mas tão óbvia que é inacreditável a maneira como a mídia cobriu o episódio, aceitando acriticamente os argumentos do Secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, e da Ministra da Agricultura Tereza Cristina. O mantra do livre mercado tornou-se uma praga que obscurece qualquer raciocínio.
Do lado de Sachsida a explicação simplista de que o governo colocou muito dinheiro nas mãos do pobre, que passou a comer mais. Do lado de Tereza Cristina, a explicação de que o produtor de arroz sofreu muito nos últimos anos e, agora, está tendo a oportunidade de se recuperar.
E os analistas se mostram solidários com os agricultores, enaltecem o livre mercado, dizendo que é assim mesmo. Não há o menor conhecimento sobre instrumentos clássicos de política de abastecimento.
O que ocorreu é simples.
- Com a pandemia, países que pensam em seus cidadãos seguraram as exportações, para garantir o abastecimento interno. Com isso, houve redução na oferta mundial, elevando os preços do arroz.
- Ao mesmo tempo, houve uma grande desvalorização do real, tornando os preços do arroz, em reais, muito mais atraentes, quando exportados.
- O resultado óbvio é a elevação do preço interno do produto, para se alinhar com os preços internacionais.
- Nesses momentos, o instrumento óbvio do governo são os estoques reguladores, mantidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Acontece que do impeachment para cá, o ultraliberalismo dos governos Temer e Bolsonaro levaram à redução drástica dos estoques. Confira.
- Ao mesmo tempo, permitiu-se a exportação indiscriminada de arroz. O resultado foi a redução da oferta e a explosão dos preços.
Há uma lógica política nisso tudo. Ruralistas fazem parte da base política desse ultraliberalismo. Estoques reguladores atrapalham os preços, especialmente quando explodem.
É evidente que uma política pública responsável deveria ter enfrentado os problemas dos plantadores de arroz na crise, adquirido a produção para montar estoques, impedindo prejuízos maiores. Mesmo porque a produção é essencial na mesa do brasileiro. Nada foi feito, e nada se cobrou. Porque, para o discurso atual do ultraliberalismo brasileiro, cada um por si e o país que exploda.
Agora, que ocorrem os problemas, deixa-se de lado qualquer solidariedade com o consumidor e passa-se a entender com complacência os movimentos de alta.
Finalmente, para completar o ciclo, o inacreditável Ministro da Justiça, André Mendonça, manda intimar supermercados a explicar a especulação. Não tem a menor noção sobre o mercado. Os supermercados são moderadores de preços, porque interessa o volume. E preços altos de compra, significam margens menores de venda e quantidades menores.
Agora, cria-se esse círculo de prejuízos. Numa ponta, permite-se a continuidade das exportações de arroz, sem estoques reguladores. Na outra, garante a compra de arroz menos competitivo que o brasileiro.
O arroz no IPCA
Vamos entender melhor o IPCA e o peso do arroz no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) divulgado nesta quarta.
No acumulado até agosto, o maior peso foi o do Grupo de Habitação, seguido por Alimentos e Bebidas e por Despesas Pessoais.
Calculou-se o peso pegando a variação acumulada no ano pelo peso do setor no último mês.
Focando nos subgrupos de alimentos, percebe-se que o aumento de Tubérculos, Raízes e Legumes foi o mais expressivo.
Quando se concentra em Leguminosas, nota-se que as maiores altas não foram do arroz, mas do feijão fradinho e mulatinho. Embora o mais consumido, o carioca, tenha registrado queda..
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Alguém ficará surpreso de Guedes, Bolsonaro e Mourão entrarem na rachadinha do arroz? Eles garantiram os lucros dos exportadores e dos especuladores. Portanto, tem direito adquirido de receber uma “fatia” dos lucros. Justiça seja feita, a fome popular nunca foi um problema para os vagabundos que colocam o deus dinheiro acima de tudo e fazem qualquer coisa para defecar em cima de todos os brasileiros pobres.
O liberalismo desvairado, sem sensibilidade com os mais necessitados, é imoral, uma grande canalhice. E o ultraliberalismo de Guedes e seu bando, que não têm a menor preocupação com os interesses do país, é o quê? Até quando eles vão poder continuar a abusar da nossa paciência? Até quando a mídia hegemônica vai manter o desplante, o cinismo e a pouca vergonha de apoiar-lhes os desmandos?
Alguém ficará surpreso de Paulo Guedes, Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão entrarem na rachadinha do arroz? Eles garantiram os lucros dos exportadores e dos especuladores. Portanto, tem direito adquirido de receber uma “fatia” dos lucros. Justiça seja feita, a fome da população brasileira nunca foi um problema para os vagabundos que colocam o deus dinheiro acima de tudo e fazem qualquer coisa para defecar em cima dos brasileiros pobres. Tem uma jornóialista vagabunda do Roda Viva que chamou isso de “nacional desenvolvimentismo”. Ela certamente não passará fome.
“Quando se concentra em Leguminosas, nota-se que as maiores altas não foram do arroz, …” evidente que não, arroz não é leguminosa.
Queria saber quem cria esses grupos.
Noooosssa, como o Nassif é ignorante, não sabe o que é leguminosa !!! Cara, você não leu o post, ou não entendeu, então bem explicadinho, corrigindo o enoooorrrmme erro do Nassif: “Quando se concentra em cereais, leguminosas e oleaginosas…”
Correto, arroz (Oryza ssp) é uma gramínea/cereal. Observando a tabela ele está ao lado das leguminosas e oleaginosas e, portanto, não invalida a análise apresentada.
“Evidente que não”…
… Que não se disse em nenhum lugar que arroz é leguminosa.
“Queria saber”…
… Onde V.Sa. aprendeu a interpretar texto, já que ler é necessário mas não suficiente.
Fernando (quinta-feira, 10/09/2020 at 08:36),
Foi só uma falha na redação do texto. É uma falha que o Blog já deveria ter corrigido. O subgrupo do arroz não é chamado de Leguminosa como Luis Nassif chamou. O nome completo do subgrupo é “Cereais (milho, trigo e arroz), Leguminosas (feijão) e Oleaginosas (soja)”.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 11/09/2020
Epa Clever Mendes de Oliveira! – Soja, também, e leguminosa. Seu nome correto é feijão-soja.
Exemplos de oleaginosas: castanhas, nozes, amêndoas, avelãs.
Kkkk
Com um Estado FRACO que não se permite atuar nas pontas da importação e/ou exportação
..que não se permite ter estoque regulador
..que não tem agilidade em promover eventuais desonerações
..e com a PANDEMIA que colocou na mão das famílias mais humildes recursos que JAMAIS teriam (lembrem-se que quem ganhava médios 200 de Bolsa Família passou a receber até 1,2 mil)
..e PIOR
..com uma turma DESMIOLADA e destrambelhada de economistas saudosistas (alguns até se dizendo Progressistas), daqueles que veem no cambio a pseudo solução pra todos os nossos problemas de competitividade ..eles que induziram o Estado a jogar o US$ a patamares CRIMINOSAMENTE irreais (ora pra baixo, ora pra cima), evidente que tinha que dar nisso.
FATO – o grupo IGP já acumula em 12 meses médios 15%, mais de 11% no ano, mirando passar dos 20. ..com estes dados já colocados, apesar de muitos gatilhos de indexação não mais existirem, tudo indica que, baseados em contratos PRIVADOS, essa onda de realinhamento promete se estender por todo ano de 2021, em especial nos serviços (aluguel, planos de saúde, energia, taxas etc)
..qual seja, se 2020 vemos o POVÃO chorar pelo arroz com feijão ..2021 será a vez da classe média gemer pra pagar seus boletos de serviços
Hoje no Valor, pena que a matéria está fechada, no pouco que deu para ler falava que a própria CONAB apoia a iniciativa de importar arroz, ai meu deuso… tem que ter muito controle para não ficar doido de raiva.
Ronaldo Silva (quinta-feira, 10/09/2020 at 10:06),
Não entendi porque importar arroz levou você a clamar por Deus nem a fazer esforço para não ficar doido de raiva.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 11/09/2020
As respostas da turma super-ultra-hiperneoliberaloide do governo são de uma “candura” sem noção que tenho a impressão que a turma vive uma outra realidade ou dimensão…… “governo colocou muito dinheiro nas mãos do pobre, que passou a comer mais”…..arroz, o governo “deu” tanto dinheiro que a turma saiu feito doido comprar arroz…..não salmão nem filé……vai vendo o nível de sem noção……do lado da min da agricultura, os plantadores de arroz tem que aproveitar o momento de alta de preço da comódite e da fraqueza do real para “exorcizar” sofrimentos passados……….se o efeito colateral for matar o povo de fome, pelo jeito ta tudo bem….Muito se cita a frase atribuída à Maria Antonieta, a dos brioches, mas na minha modesta opinião, nossos super-ultra-hiperneoliberaloides foram muito mais longe….estão à anos-luz de distancia..
Política Pública nesse “governo”? Não sabe nem se é de comer ou de passar no cabelo.
tá cada vez pior ..IGPm preliminar de set/20, 4,4%
Se em 2020 o povão reclama do arroz feijão, em 2021 será a vez da classe média GEMER com a correção de contratos e serviços públicos, tarifas (saúde, concessões públicas, educação etc)
“Mas tão óbvia que é inacreditável a maneira como a mídia cobriu o episódio,…”
Como assim “inacreditável”?
É isso que cansa…
Enquanto não se convencerem de que essa mídia não passa de uma máquina de propaganda comercial, política e ideológica (nesta ordem), já era.
tão óbvia que é inacreditável a maneira como a mídia cobriu o episódio,…”
Como assim “inacreditável”?
É isso que cansa…
Enquanto não se convencerem de que essa mídia não passa de uma máquina de propaganda comercial, política e ideológica (nesta ordem), já era.
O gráfico dos estoques mostra queda drástica já no governo Dilma. É isso mesmo? Se for isso mesmo, então pergunto: os estoques só cresciam mais acentuadamente depois de abril (quando ela “foi saída”), por algum motivo agrícola que desconheço?
Uma das hipóteses é exatamente que os estoques reguladores tenham sido utilizados para equilibrar os preços, que é o motivo pelo qual existem, e após sua queda não tenham mais sido repostos.
Artigo profético em Novembro/2019:
https://ojoioeotrigo.com.br/2019/11/por-que-o-fim-dos-estoques-publicos-de-alimentos-do-brasil-e-um-problema/
E eleição também foi liberada, é claro!
Dica: nessas eleições de 2020 fique LONGE do PT!
A educação petista foi a pior em toda a história brasileira! Não é algo pessoal, de família ou de familiares. É estrutural. Do PAR-TI-DO. Durante o governo petista foi criado a baranguice do sertanejo universitário. Adorado por petistas.
O PT é barango. O PT divulgou, estimulou, difundiu e inventou o sertanejo-universitário. O PT, junto com o petismo (religião), “”””educou”””” as crianças (hoje adultas) com sertanejo universitário. Eis aí o estilo barango, brega e cafona de ser do PT. O PT é Kitsch. O PT é Ersatz. O PT é totalmente pobre de arte e cultura.
O PT em sua agenda política tem um mau gosto enorme.
O PT criou o sertanejo universitário.
Laurentino (quarta-feira, 16/09/2020 às 5:59 am),
Você está certo em parte, principalmente quando se considera sob o aspecto de nutrição alimentar. Agora para se calcular os índices inflacionários, colocam-se no grupo das oleaginosas as leguminosas como soja e amendoim.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 03/09/2021