Jaques Wagner, no Brasilianas: os alertas para o pós-impeachment

Nesta segunda, na TV Brasil, ministro aborda os desafios do governo para barrar processo de impeachment
 
 
Brasilianas.org – Nesta segunda (11), a partir das 23h, na TV Brasil, o programa Brasilianas.org exibe entrevista exclusiva com o ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, para falar sobre as estratégias para barrar o impeachment, a atual crise política, suas raízes e maneiras de enfrentá-la; a crise econômica e de um pacto possível para promover a reconciliação nacional. 

Na entrevista Wagner foi enfático: a derrubada do impeachment será uma vitória do pessoal que foi para as ruas defender a democracia; não é vitória nem do PT nem da presidente Dilma Rousseff. A defesa da democracia é uma bandeira que transcende o governo Dilma e o PT, e isso tem que ficar bem claro na hora de definir a repactuação do governo, enfatiza ele.

A preocupação é com o pós-impeachment, o momento em que tiver que ser definido uma repactuação. O governo não poderá mais repetir os erros anteriores, de fechar-se ao debate público.

Wagner não diz, mas certamente há o receio de que Dilma considere a derrota do impeachment uma vitória pessoal sua e repita o estilo voluntarista do primeiro governo.

Seu desafio será ouvir muito, abrir-se para os diversos setores da sociedade, para montar um plano de governo que devolva as esperanças ao país.

Wagner confia muito no papel a ser desempenhado pelo ex-presidente Lula, por seu conhecimento do Congresso e do país como um todo. Considera que há uma enorme distorção da mídia em relação a Lula. O ex-presidente sempre foi um grande conciliador e hoje é apresentado como incendiário.

Wagner não concorda com a possibilidade de Lula-2018 ser moeda de troca para um eventual pacto nacional. Lembra-se de uma reunião do tipo com Lula, em plena efervescência do mensalão. Na ocasião foi-lhe dito que se renunciasse à reeleição cessaria a pressão. Sua resposta foi na lata: se quiserem me enfrentar terá que ser na rua. Candidatou-se, venceu e conseguiu fazer um governo exemplar.

Em sua opinião, a democracia brasileira é muito recente e há diversos pontos a se aprimorar, inclusive nas ações de governo.

Há dificuldades, por exemplo, dos diversos poderes entenderem sua responsabilidade nas questões que envolvem interesse nacional, como a preservação de empresas e de empregos. Lembra que em muitos países, o governo e os órgãos de controle chegam a substituir toda a diretoria de uma empresa acusada, para permitir que ela sobreviva.

Nessa caminhada, é essencial desarmar os dois lados para se pensar em uma alternativa para o país, diz ele.

Em sua opinião, a crise atual começa quando Aécio Neves se recusou a admitir a derrota e insistiu no terceiro turno. Recrudesceu com as manifestações de rua que, no início, eram contra o governo de Dilma, não a favor do impeachment. E se ampliaram quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu tocar o processo de impeachment e o vice-presidente Michel Temer tornou-se o padrinho do golpe.

O resultado foi uma perda de controle geral, diz ele. O PSDB foi engolido pelas ruas, perdendo mais do que o PT. E o vice-presidente Michel Temer – ao encampar o golpe – conseguiu uma taxa de impopularidade maior do que a da própria presidente, sem ter enfrentado o desgaste de ser poder.

Na avaliação de Wagner, o governo teria uma margem de votos razoável para impedir o impeachment. Mas tem certeza, também, que a Lava Jato e a Procuradoria Geral da República casaram a agenda de eventos com a pauta política. Levantam inúmeros casos e os deixam na prateleira, aguardando a melhor ocasião política para lançá-los, como ocorreu com a tentativa de ressuscitar as investigações sobre a morte de Celso Daniel.

Wagner considera que um dos maiores riscos atuais é o excessivo poder conferido às corporações públicas, como o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União. Lembra que as principais pautas-bombas versavam sobre mais privilégios às corporações. Considera que cada qual pensa exclusivamente no seu universo, nos seus interesses, deixando de lado a visão mais responsável do interesse nacional.

No próprio governo, não existem áreas de análise estratégica, nem sobre os rumos do país, nem sobre as mudanças globais, sob os influxos das redes sociais e da globalização, admite ele.

 
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10 Comentários

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  1. O GGN insiste em dar guarida para a fraude da Folha

    A “pesquisa” da Folha, em que ela mente dizendo que 60% dos deputados é a favor do golpe de estado, já foi desmentida centenas de vezes.

    Porque o GGN insiste em dar guarida para semelhante mentira?

    E mais ainda: todo mundo sabe perfeitamente que o que está em curso é um golpe de estado. Então porque o GGN prefere sempre vir com essa expressão do ‘impeachment’? É evidente que trata-se de um golpe.

    E se isto é evidente, porque não chamar o golpe com o nome que ele de fato tem?

    1. Diogosugiro endereçar seus

      Diogo

      sugiro endereçar seus assomos a quem de direito e patrulhar quem merece ser patrulhado. Não só temos denunciado o golpe como detalhado com informações e análises exclusivas, mostrando os embricamentos na PGR, na cooperação internacional.

      Sugestão de amigo: sempre que ler um texto, respire fundo duas vezes antes de soltar suas catilinárias. Principalmente, não tome uma parte (um texto qualquer) pelo todo. No todo, esse portal está de cabeça na defesa da democracia e na denúncia do golpe.

      PS – Para quem não entendeu nada, o texto original do post foi substituido por um texto meu, escrito no avião de volta de Brasilia. Mas também não justificava essas críticas.

       

      1. Olá Nassif.
        Sou assinante da

        Olá Nassif.

        Sou assinante da NET e durante seu programa havia uma terrível interferência na transmissão, como se houversse uma rádio de jazz transmitindo na mesma frequência. A entrevista estava quase inaudível. Seria apenas coincidência? Amanhã farei uma queixa na NET São Carlos (SP) mas acho que você poderia checar isso também.

      2. “P/ quem nao entendeu nada”

        Infelizmente nao deu para assitir ao programa ontem.

        Dei uma olhada pra ver se a EBC ja tinha subido o video, mas ainda nao.

        De qualquer forma, sera esse o texto original que causou a revolta ai em cima?

        Calma, amigo Diogo. De um longo suspiro para tirar um pouco da tensão e descer umas 2 oitavas… situaçao ja esteve bem mais dificil do que hoje.

        http://tvbrasil.ebc.com.br/brasilianas/episodio/ministro-jaques-wagner-e-os-desafios-do-governo

      3. Sobre o conteúdo da entrevista em si

        Comentários ao resumo da entrevista contido no post:

        >> A preocupação é com o pós-impeachment, o momento em que tiver que ser definido uma repactuação. O governo não poderá mais repetir os erros anteriores, de fechar-se ao debate público.

        – É a preocupação de Wagner e de todos nós. Aceitei o desafio do “O xadrez da segunda rodada do impeachment” e tentei imaginar o panorama político no pós-impeachment e a esquerda “sem Lula” de 2018 em diante. Falhei miseravelmente. Desisti. Fiquei completamente exaurido sem conseguir que saísse nada.

         

        >> Wagner confia muito no papel a ser desempenhado pelo ex-presidente Lula, por seu conhecimento do Congresso e do país como um todo. Considera que há uma enorme distorção da mídia em relação a Lula. O ex-presidente sempre foi um grande conciliador e hoje é apresentado como incendiário.

        – Só mesmo quem compra a mídia familiar “at face value” (sem dar o devido desconto) embarca no “Lula incendiário”. A jararaca sabe usar o chocalho como ninguém mas sabe também quando convém ou não dar o bote – e aqui também como ninguém.

        – Sobre a diferença entre a versão que a mídia familiar tenta vender e a que acredito estar mais proximal de Lula – o animal politico por excelência – recomendo, com muita humildade, a leitura de uma parábola de minha proporia autoria (que cabotino que eu sou! Quanta pretensão…). Postei ontem aqui no GGN, como resultado da dor de cabeça que Nassif me deu tentando pensar no pós-impeachment naquele “Xadrez…”. Aqui: Parábola Multi-Sincrética de Duas Tribos em Guerra

         

        >>Na avaliação de Wagner, o governo teria uma margem de votos razoável para impedir o impeachment. Mas tem certeza, também, que a Lava Jato e a Procuradoria Geral da República casaram a agenda de eventos com a pauta política.

        – Não invejo a posição dos estrategistas que terão de decidir entre pagar pra ver e confiar nos votos prometidos por “aliados” no plenário ou provocar desde já o STF, para tentar evitar o peso politico de eventual derrota.

        – Mesmo não invejando quem tomara a decisão, escrevi um post sobre isso neste fim de semana com considerações para a tomada dessa decisão. Aqui: “Derrota na Comissão do Impeachment – Hora de Ingressar no STF?“. Não a toa a trilha sonora é “Nervos de Aço”. Aliás, menciono no texto tweets de J. Wagner justamente a esse respeito postados na sexta-feira passada.

        – Ministro, ótima iniciativa! Continue fazendo ligação direta entre o governo e a frente democrática na sociedade através das redes sociais!

        – Nota: tentei incorporar nesse post as contribuições de colegas advogados a esse respeito nos comentários feitos ao posts “Porque o Supremo precisa analisar o mérito do impeachment“, do Nassif, e “Porque o STF precisa apreciar o impeachment, por Romulus“.

        – Puxando a brasa ainda mais para a minha sardinha (estou impossível hoje!), tentei relacionar a mudança dos ventos nos últimos dias – refletida na pesquisa Datafolha? – e sua potencial influencia como elemento a informar a eventual tomada de decisão pelos Ministros do STF. Aqui: Pesquisa Datafolha: Vento da Mudança vai arejar STF?

    2. Colega, se dependesse desse

      Colega, se dependesse desse seu sectarismo, não haveria tanta gente na rua combatendo o golpe.

      Se esse movimento enorme em defesa da legalidade tivesse que passar pela sua peneira, o PT e ogoverno estariam sozinhos na rua.

  2. Acabei de ver a entrevista,

    Acabei de ver a entrevista, os pontos principais da fala do Wagner está resumida no post.

    Espero que agora o Nassif pare com a ideia do pacto pela governabilidade, com o Lula abrindo mão de se candidatar em 2018.

    O Wagner foi bem claro na entrevista. O governo não trabalha com essa ideia, e nem o Lula aceitaria.

    A preocupação do governo no momento é barrar o impeachment

  3. Nassif: “Em sua opinião, a

    Nassif: “Em sua opinião, a crise atual começa quando Aécio Neves se recusou a admitir a derrota e insistiu no terceiro turno. Recrudesceu com as manifestações de rua que, no início, eram contra o governo de Dilma, não a favor do impeachment. E se ampliaram quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu tocar o processo de impeachment e o vice-presidente Michel Temer tornou-se o padrinho do golpe”.

     

    Na minha modesta opinião, o início do crise pode/deve ser encontrado em outros momentos. A audácia do PSDB e do seu candidato derrotado só ganhou tamanha força graças ao 1) estelionato eleitoral petista: vendeu um programa na campanha eleiroral e antes mesmo de tomar posse nos entregou o programa do adversário, inclusive convocando uma aprendiz de raposa do terceiro escalão do Bradesco para tomar conta do galinheiro. 2) E ainda pior: no imediato pós-eleições a presidente se fechou em copas e não abriu qualquer tipo de diálogo com a sociedade. Dilma sumiu dois meses do noticiártio depois das eleições, criou um vácuo político que foi ocupado pelos golpistas; 3) E mais: a raiz mesmo da crise, imagino, foi o PT ter se lambuzado com o que não devia: sua opção política sempre pela direita, o empenho em formar consumidores despolitizados, o uso dos mesmos métodos cleptocratocos dos adversários …  Virou mais do mesmo, perdendo capacidade e moral para falar com todos aqueles que esperavam que o PT desse início às mudanças na grande Política.

    Todos as reformas de base que Jango pretendia levar à frente continuam paradas: reforma agrária, urbana, política, comunicações – nenhuma reforma estrutural foi feita. O grande mérito do governo, evidentemente, foi alavancar a escala dos investimentos sociais. Mas isto ainda é muito insuficiente para o tamanho das desigualdades do Brasil. Enfim, estamos indo às ruas para defender a democracia e a legalidade, porém defender o governo no qual votei tá difícil.

     

  4. Como assim Lula é conciliador?

    Pode ser um sestro do PT como um todo e não só dele, mas há 14 anos qualquer crítica ao governo é qualificada como coisa de elitista-direitista-golpista-que-não-gosta-de-pobre. Essa não é a postura de alguém aberto ao diálogo, mas um ‘cala a boca’ constante contra qualquer um que não concorde com o que for. Naturalmente, essa postura repetida ao longo de mais de uma década estorva a paciência de qualquer um com um mínimo de bom senso. 90% das bandeiras que eu defendo são de esquerda  (à exceção do besteirol em economia, claro), mas também não tolero mais essa conversa. A polarização que vivemos hoje teve origem exatamente nessa retórica picareta.

  5. Nassif

    Nasif

    me desculpe mas a democracia deve começar aqui no seu blog. Não acho que a opinião do diogo seja absurda. É a opinião dele e deve ser respitada como qualquer outra.Também não concordo com você quando você insiste em que Lula abra mão da eleição de 2018, colocar Ciro como aquele que poderia substitui-lo, é para quem não conhece Ciro.Ele [é passional, num momento delicado da vida do país, em pouco tempo brigaria com oposição e situação. Não seria a primeira vez.O PHA colocou um video onde ele sai sozinho de sua casa e afasta com palavrões manifestantes que estavam em frente a sua casa.Esse é o homem? Ele saria um óttimo Ministro, mas presidente, na minha opinião ,não. O Lula saiu do governo com 80% de aprovação. Isto demonstra que ele agradou gregos e troianos. É o que precisamos no atual momento da vida brasileira.

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