Comissão para analisar impeachment de Temer não é instalada

Jornal GGN – Rodrigo Maia, presidente da Câmara, indicou em entrevista publicada ao G1 nesta quinta (21) que a comissão especial para analisar o impeachment do interino Michel Temer não será instalada enquanto líderes partidários não fizerem a indicação dos membros. Na prática, esses líderes – que formam a base de Temer – cruzam os braços e protelam a decisão.

Em abril passado, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, instalasse a comissão para analisar o pedido de impeachment de Temer, feito com base na assinatura de decretos de abertura de crédito enquanto a presidente Dilma Rousseff não estava em exercício.

Cunha mandou ofício aos líderes para que indicassem integrantes para a comissão, mas os nomes não foram apresentados pela maioria dos partidos, “em uma estratégia para impedir a continuidade do processo”, escreveu o G1.

Questiando sobre a possibilidade de fazer pressão sobre os deputados líderes, Maia respondeu que o STF não deu prazo para a instalação da comissão. Ele também disse que é contra o impeachment de Temer.

“O ministro Marco Aurélio é ministro do Supremo e não é deputado. Vamos respeitar a decisão do Supremo, que não deu prazo [para indicação dos integrantes]. Acho que essa comissão não deveria ter sido instalada. Não vejo crime de responsabilidade do presidente Michel Temer”, disse.

Ainda na entrevista à Nathalia Passarinho e Fernanda Calgaro, Maia disse que não quer marcar a data para cassação de Eduardo Cunha no plenário da Câmara porque teme que fatores externos alterem as previsões, e não quer ficar conhecido como um presidente que não cumpre com o que promete.

Arredio às perguntas sobre a cassação de Cunha, ele admitiu que aliados do ex-presidente devem trabalhar para adiar ao máximo a votação, esvaziando o plenário, mas disse que, de sua parte, vai trabalhar no sentido oposto, e só marcará a data quanto tiver certeza de que vai concretizar o julgamento.

“O tempo vai ser pequeno. Se você não tiver quórum aqui, é questão de dez, 15 dias, 20 dias, no máximo. Ninguém consegue segurar isso por muito tempo, nem nós queremos isso. O resultado da CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] sinaliza uma impossibilidade de qualquer manobra em plenário na votação no caso dele”, afirmou.