Oposição racha entre permanência ou saída de Cunha

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Da esquerda para a direita, Fernando Francischini (SDD), Eduardo Cunha (PMDB), Vanderlei Macris (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM), Mendonça Filho (DEM)
 
Jornal GGN – As divergentes manifestações da bancada da oposição diante das investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) e denúncias do Ministério Público Federal do Brasil e da Suíça contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) provocaram uma racha entre os partidos.
 
Os deputados, que antes apoiavam quase por unanimidade o presidente da Câmara, nas tratativas de mergulhar no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, manifestaram uma nota pública, no último sábado (10), cobrando a saída de Cunha. 
 
A nota foi assinada pelo PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade, por meio dos líderes Carlos Sampaio, Arthur Maia, Fernando Bezerra Filho, Mendonça Filho, Rubens Bueno e Bruno Araújo, pedindo o “afastamento do cargo de presidente até mesmo para que ele possa exercer, de forma adequada, seu direito constitucional à ampla defesa”.
 
Ainda que com a cautela da nota, o movimento dos principais líderes oposicionistas na Câmara incomodou Cunha e revelou que, apesar de publicamente solicitaram a queda do presidente da Câmara, eles mantinham o suporte nos bastidores, uma vez que apenas quatro deputados desses partidos assinaram o requerimento de cassação no Conselho de Ética. 
 
Leia mais: Cunha estuda atrasar impeachment para se manter na Câmara
 
O que inicialmente era previsto como uma manifestação de decoro parlamentar aos eleitores, destacando a discordância de um presidente da Câmara carregar o histórico de denúncias, tornou-se desequilíbrio para a bancada. A nota rachou a frente da oposição.
 
Um dos primeiros parlamentares a se manifestar contra foi Paulinho da Força, do Solidariedade, que afirmou que seria preciso “consertar a m. que fizemos” e que para ele a publicação foi “um erro, uma besteira, não acrescentou nada e só criou dificuldade para o nosso lado”. 
 
O deputado avaliou que a ação “jogou Cunha nos braços do governo”. Também foi essa a interpretação recebida pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) de um colega do PT. A análise ocorre porque com a investida da oposição, Cunha estuda atrasar o impeachment para se manter na Câmara.
 
O temor de Eduardo Cunha é que, depois da decisão do STF e assim sob a responsabilidade única pelo pedido de abertura de impeachment de Dilma Rousseff, os partidos da oposição só se interessem por sua permanência até que dê início ao processo de queda da presidente.
 
Um dos que assinou a nota pública, o líder do DEM, Mendonça Filho, revelou que o tema também gerou divergências na sigla, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. “Temos que conviver com o debate interno”, afirmou, posicionando-se que a oposição nao pode servir para “blindar Cunha”.
 
A relação de Cunha com o PSDB também ficou desgastada. Graças a Carlos Sampaio (SP), que além de assinar a nota e motivar a elaboração da manifestação, afirmou em entrevista que o presidente da Câmara tinha, “por ora, o benefício da dúvida” sobre as investigações. Nesse meio campo, Sampaio foi criticado por quem defendia Cunha e por quem esperava uma postura mais firme da oposição contra ele.
 
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) também indicou o erro do partido de “pecar por lentidão”, ao não ter desembarcado do núcleo de apoio de Cunha, mesmo assinando a nota pública. “O PSDB da Câmara está errando”, disse, completando que “era para ter reagido mais rapidamente, mas ainda há tempo”. Já Sampaio respondeu à Folha que a sua bancada “não será linha auxiliar do PSOL”. O PSDB deve reunir a Executiva Nacional ainda nesta semana para definir uma posição.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Esse cunha é um tipico

    Esse cunha é um tipico personagem do universo de Shakespeare.

    O genial escritor ingles teria escrito mais umas dez peças, caso convivesse com alguem tão sinistro.

  2. ‘Oposição racha’…

    É incrivel a falta total de moral dos partidos ‘coxinhas’. A falta de moral todos já sabiam, mas pensava-se que eles tinham mais cuidado em ‘parecer honestos’. Parece que nem o ‘cuidado de parecer honesto’ lhes resta mais. O fundo do poço da falta de vergonha é do Paulinho da Força… alguém citou Shakespeare… Para que Shakespeare pudesse escrever um drama ele teria que ter, primeiro um ‘modelo de sociedade’ ou ‘modelo de normalidade’. Aqui não há modelo de nada, mas de total FALTA de principios morais. Acho que os coxinhas substimaram a platéia ignara… até os mais boçais estão vendo que não é assim… não! 

  3. Pois é

    mas até agora a oposição vinha tratando “Cunha” como nome é como alcunha para o impeachment. Mas começa a querer se livrar do cadáver anunciado e, com a ajuda infalível da imprensa, vinculá-lo ao PT.

  4. Isso só mostra a hipocrisia

    elevada a enésima potência. 

    Na aparência uma notinha fureca.

    Nas costas da sociedade um fuzue de acordos de meliantes. 

    Os moralista sem moral. Nada mais perfeito para qualificá-los.

  5. A foto…

    A foto é sintomática. Dá asas a se imaginar um bando de abutres em torno de uma carniça. 

    Olhem nos trejeitos do Caiado e do Francischini. Não lembram abutres?

  6. E A VEJA NÃO SABIA?

    O que me deixa pasmo é que a Veja que afirma que Eles Sabiam, nada sabia até agora sobre Cunha.

    Só sabem de Lula e Dilma. E os outros?

  7. Agora o pig quer tirar o

    Agora o pig quer tirar o Cunha do colo da oposição e jogá-lo no do governo, mais precisamente no do Lula, que virou pai adotivo do pimpolho rejeitado. Lembra aquela hostória do pai que não conseguia assumir o filho problemático.

    Quando o rebento fazia algo bom dizia, “viu o que meu filho fez?”. Quando suspeitava que o garoto tinha feito algo errado, dizia “será que nosso filho fez isso?”. Mas quando flagrava o pestinha fazendo merda, mandava na lata para a mãe, “olha só o que o seu filho fez!”

  8. Ele tem medo que depois de

    Ele tem medo que depois de encaminhar o impedimento,o PSDB o abandone às feras? É… o Cunha conhece sua tribo.

    Claro que vão entregar o sujeito e chutar, no mesmo dia após o ato. A ratazana vai acabar sendo atacada pelos ratos.

  9. Enquanto o governo enfia os

    Enquanto o governo enfia os pés e mãos na lama pra se preservar no poder, sem projeto de país, a oposição se vê sem nenhuma credibilidade para criticá-lo já enfiou seus pés la mama há muito tempo

    Sob essas lideranças o país está perdido

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador