Quinta edição do Radar Covid-19 Favelas traz especial sobre a pandemia nas prisões

Em cinco meses de existência, a publicação estabeleceu uma rede de cerca de 20 coletivos, organizações comunitárias e movimentos sociais de favelas do Estado do Rio de Janeiro.

da Fiocruz

Quinta edição do Radar Covid-19 Favelas traz especial sobre a pandemia nas prisões

por Luiza Gomes (Cooperação Social da Fiocruz)

Lançado em julho de 2020 com objetivo de dar visibilidade às condições de vulnerabilidade e às iniciativas de enfrentamento da pandemia em territórios populares, o Radar Covid-19 Favelas encerra o ano com sua quinta edição. Nela, o informativo traz em destaque a situação das penitenciárias do Estado do Rio de Janeiro durante a crise sanitária e humanitária da Covid-19. Todas as edições anteriores podem ser encontradas no repositório institucional ARCA Fiocruz.

Em cinco meses de existência, a publicação estabeleceu uma rede de cerca de 20 coletivos, organizações comunitárias e movimentos sociais de favelas do Estado do Rio de Janeiro. Junto a ela são coletados depoimentos, artigos e sugestões de pauta que contemplem a diversidade de realidades territoriais em seus impactos e saídas elaboradas coletivamente para o enfrentamento da pandemia. Além das favelas, relatos dão conta da situação de ocupações e bairros populares.

Nesta edição, a seção MegaFone destaca a campanha iniciada por coletivos de favelas, dentre eles, a Frente de Mobilização da Maré. Um formulário virtual identificou 400 locais diferentes de favelas e periferias convivendo com o problema da falta de água, ameaçando uma das principais medidas de prevenção à Covid-19.

Ainda com relação ao acesso à água, a seção informa sobre a criação do coletivo Água é vida, não é mercadoria, organizado a partir da Frente Parlamentar contra as Privatizações e em Defesa da Economia, para solicitar esclarecimentos ao poder público sobre o acesso à água e ao saneamento para moradores de favelas e periferias.

A nota Alimentos insuficientes, falta de água, proliferação de doenças e óbitos nas unidades prisionais cita o comunicado da Plataforma Desencarcera sobre grande volume denúncias relativas à quantidade insuficiente de alimentação para atender todas às pessoas presas, qualidade imprópria para o consumo e agravamento dos problemas de saúde dos que já sofriam de doenças crônicas e infectocontagiosas. Ainda nessa seção, o informativo anuncia a inauguração de um de testagem para o novo coronavírus em Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Em O que tá pegando nas favelas, o texto Incertezas que ferem corpo e alma!, de André Lima, do Conselho Comunitário de Manguinhos, chama atenção para o desabastecimento local dos serviços de limpeza urbana, iluminação pública e na atenção aos dependentes químicos e pessoas em situação de rua. O texto também lembra a indefinição quanto à continuidade do contrato que paga os salários dos profissionais de saúde nos serviços locais de atenção básica.

Quem vê praia lotada, não vê transporte público, de João Luis Pereira, morador de Sepetiba e fundador do Centro Cultural Çape-Typa, trata com destaque as sucessivas mudanças na operação dos trens da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e o impacto delas no grau de exposição dos trabalhadores ao novo coronavírus em seus trajetos diários.

O estudante Miguel Suzarte, morador de Coelho Neto, na Zona Norte, escreve Pandemia e fake news. Nele, descreve a mobilização dos moradores do bairro no combate à Covid-19, alertando sobre a importância do isolamento social e esclarecendo dúvidas com carros de som, faixas e cartazes, entre outras ações.

O texto Remoções em plena pandemia, da comunicadora Renata Dutra, moradora de Manguinhos, lembra as origens do Complexo de Manguinhos e sua relação com as políticas de despejo empreendidas por diferentes governantes da cidade. Nele, alerta para o fato de que as remoções continuam acontecendo mesmo durante a pandemia.

Análise de conjuntura 

A seção Debates apresenta em texto as análises feitas por representações de coletivos e movimentos sociais de favelas durante roda de conversa virtual promovida pela equipe Radar Covid-19 Favelas no dia 8 de dezembro. Nele, são pautados o cenário atual configurado pelo enfraquecimento das ações de solidariedade e da mobilização nos territórios populares, bem como pelo vazio de políticas públicas a eles direcionados; a necessidade de convergência para uma agenda comum entre os diferentes coletivos e movimentos sociais em torno da preservação da vida nas favelas; e a demanda pela continuidade dos esforços de negociação e disputa com o poder público para conquista de planos de ação que levem em consideração as necessidades emergenciais e estruturais das favelas e periferias.

A abertura da seção Movimentos sociais é assinada Frente Estadual pelo Desencarceramento – RJ (Frente-RJ). Encarceramento em massa em meio à pandemia Covid-19 reflete sobre o incremento na execução de penas de privação de liberdade no Brasil nos últimos anos e chama atenção para a ausência de ações direcionadas à prevenção à Covid-19 nos presídios. O artigo é seguido pela sessão “Especial: a pandemia nas prisões” que compreende três textos: Falta atendimento, falta medicamento… não tem nada além de humilhação e filas quilométricas, de Rosana Maria; Fábrica de fazer louco, de Vanja Santos Oliveira; e A gente precisa que mais terreiros estejam lá, de Mãe Flávia Pinto, Dirigente da Casa do Perdão.

A publicação usa como base de coleta dos relatos as mídias sociais de coletivos de favelas cariocas, o contato direto com moradores, lideranças e movimentos sociais e busca sistematizar, analisar e disseminar informações sobre a situação de saúde nos territórios em foco em cada edição. Lideranças e comunicadores populares podem enviar sugestões de pauta, matérias e crônicas sobre a Covid-19 em seus territórios para o e-mail [email protected]. O Radar Covid-19 Favelas e o Boletim Socioepidemiológico nas Favelas são iniciativas da Sala de Situação Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro e podem ser acessados na página do Observatório Covid-19 da Fiocruz.

Redação

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