Depoimento de Santana é marcado pelo silêncio e falta de respostas

Empresário é apontado por Renan como suspeito de atuar em ações para fraudar licitações e de atuar como lobista no Ministério da Saúde

Ex-secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da Anvisa, José Ricardo Santana. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Jornal GGN – O depoimento do empresário José Ricardo Santana na CPI da Pandemia tem sido marcado pelo silêncio e pela falta de respostas aos questionamentos dos senadores em torno de seus relacionamentos no Ministério da Saúde. “Não me recordo”, “não me lembro” ou “vou permanecer em silêncio” foram algumas das frases mais ditas em meio a diversas contradições apresentadas durante a oitiva do relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB).

Dentre essas informações, Renan demonstrou, com base em informações obtidas pela CPI, que em junho de 2020 o depoente encontrou-se com Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, em um endereço de Brasília – no qual Santana disse não se lembrar.

Após deixar a Anvisa,  José Ricardo Santana foi convidado para fazer parte da equipe do Ministério da Saúde pelo ex-diretor de logística Roberto Ferreira Dias – segundo Santana, eles se conhecem desde 2019. Senadores apontaram que a informação, confirmada pelo depoente, mostra contradições com o depoimento de Roberto Dias à CPI, que disse se lembrar de Santana apenas da época da Anvisa.

Em resposta ao presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD), Santana disse ter saído da Anvisa por “vontade própria”, e admitiu que trabalhou por um período no ministério mesmo sem nomeação e sem salário. Por outro lado, ele não soube informar a remuneração que ele recebia no período em que trabalhou na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e quando deixou o Ministério da Saúde.

José Ricardo Santana afirmou que pediu exoneração da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 23 de março de 2020. O depoente era secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial cuja Secretaria-Executiva cabe à Anvisa. Para os senadores, deixar um trabalho remunerado para ficar sem salário em tempos de crise reforça a tese de que ele era um lobista dentro da pasta. 

Santana também negou ter tido “contrato” com a Precisa Medicamentos para negociar kits ou outros produtos relacionados à covid-19 com o governo do Distrito Federal. Embora tenha admitido conhecer Francisco Maximiano e Danilo Trento, respectivamente dono e diretor da Precisa, ele negou conhecer vários integrantes do chamado “gabinete paralelo” que aconselharia o presidente Bolsonaro sobre a pandemia: Osmar Terra, Carlos Wizard, Luciano Hang, Paulo Zanotto e Carlos Bolsonaro.

A pedido de Renan, foi reproduzido áudio de José Ricardo Santana, datado de 14 de junho de 2020,  onde o depoente relata ao lobista Marconny Albernaz de Faria — citado em suspeitas de irregularidades na negociação de vacinas — ter passado uma noite em claro com a médica Nise Yamaguchi (defensora da hidroxicloroquina), elaborando uma proposta de “agenda positiva” para o presidente Bolsonaro, que incluía maior testagem da população. Segundo Renan, a intenção era lucrar com a venda de testes para a covid. O depoente disse que sua relação com Nise é “superficial” e que ela o procurou apenas para “alguns aconselhamentos na área da saúde”. (com Agência Senado)

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Redação

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