Jornal GGN – O empresário Emanuel Catori, sócio da farmacêutica Belcher, afirmou à CPI da Pandemia que sua empresa não contou com “facilitador político” para se aproximar do Ministério da Saúde – o que foi alvo de questionamentos por parte do relator, senador Renan Calheiros (MDB).
Segundo a Agência Senado, Calheiros afirmou que a Belcher e o laboratório chinês CanSino assinaram um termo de confidencialidade em 6 de abril de 2021 e, para o senador, o encontro realizado entre o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP), com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e que contou com a participação da Belcher foi realizada quando a empresa já tinha interesses e todas as informações sobre a vacina Convidecia.
O senador também apontou outra estranheza: a dose da Convidecia teria um custo 70% maior do que a vacina da Janssen — ambas com dose única de aplicação. Segundo Catori, o valor da dose a US$ 17 já incluiria todos os custos de entrega no Brasil, como frete e logística, o que, de acordo com ele, não estava previsto nas tratativas com a Janssen.
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Além das tratativas em torno da comercialização de vacinas, Catori admitiu na CPI que a Belcher participou de várias licitações no Distrito Federal e saiu vencedora de uma para venda de máscaras.
Ele confirmou ainda a participação em licitação para compra de testes covid, mas negou que a Belcher tenha combinado valores com outros participantes, objeto de investigação da Operação Falso Negativo. Calheiros disse que a Belcher alega que uma empresa teria usado o nome da farmacêutica para participar do processo, algo “absolutamente inédito na historia das licitações”.
Crime em negociação de vacinas
O senador Humberto Costa (PT) disse ainda que é inverossímil que a alegação de Catori, de nunca tratou de venda de vacinas com o deputado federal Ricardo Barros (PP), de quem o empresário é amigo e com quem convive em Maringá (PR).
“Eu não consigo acreditar que nos dias 13, 14 e 15 [de abril] esses empresários todos se reuniram com o secretário-executivo [do Ministério da Saúde], com a Embaixada da China, com o Ministério da Saúde, por um ‘espírito humanitário’ de doar vacinas para o SUS”, disse o senador.
“Ao contrário, o tempo inteiro essas empresas atuaram no Congresso Nacional para facilitar a comercialização de vacinas. Houve aqui, sim, tráfico de influência, advocacia administrativa e outros crimes mais. Quem ofereceu vacina, eles não quiseram. Mas foram atrás de outros que eram mais caras ou que tinham intermediação, algum interesse”, ressaltou Costa.
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