67% dos brasileiros acreditam que corrupção causou crise econômica

Jornal GGN – Segundo pesquisa do instituto Datapopular, 67% dos brasileiros acreditam que a corrupção é a principal causa da crise econômica vivida pelo país. Para Renato Meirelles, presidente do instituto, existe a percepção de que o preço dos combustíveis aumentou em razão dos escândalos de corrupção da Petrobras. 

Meirelles também diz que tanto o governo quanto a oposição fizeram estelionato eleitoral na campanha de 2014. Enquanto a presidente Dilma frustou seu eleitorado por não entregar o que prometeu, a oposição defendeu uma política de austeridade mas votou a favor da “pauta-bomba”, que eleva os gastos e põe em risco o ajuste fiscal.

Enviado por Braga-BH

Do blog do Kennedy

Para 67%, corrupção causou crise econômica, diz Datapopular
 
Meirelles afirma que governo e oposição fizeram estelionato eleitoral
 
KENNEDY ALENCAR 
 
SÃO PAULO
 
O presidente do Datapopular, Renato Meirelles, diz que pesquisa do instituto “mostrou que, para 67% dos brasileiros, a corrupção é a principal motivadora da crise econômica que o nosso país vive hoje”. Segundo ele, a percepção é que o preço da gasolina subiu por causa da corrupção na Petrobras.
 
“A corrupção passou a ser vista como a de toda essa crise econômica. E é por isso que o brasileiro nunca esteve tão intolerante com relação à corrupção”, afirma Meirelles.

 
De acordo com ele, o governo e a oposição recorreram a estelionato eleitoral na campanha de 2014. A presidente Dilma Rousseff frustrou o eleitorado que votou nela por não cumprir o que prometeu.
 
Já a oposição defendeu austeridade mas votou a favor da “pauta-bomba”. Na opinião de Meirelles, “a oposição errou ao não conseguir apontar uma solução para a economia do país”.
 
“O estelionato existiu dos dois lados”, avalia.
 
Segundo Meirelles, o ex-presidente Lula seria o candidato mais “competitivo” em 2018 “em condições normais de temperatura e pressão”. Ele considera que a elevada taxa de rejeição do petista diminuiria e que outros presidenciáveis também índice objeção nas alturas.
 
No entanto, Meirelles não crê que em 2018 haverá um cenário com condições normais de temperatura e pressão. “Não é o que eu acho que vá acontecer nas próximas eleições presidenciais. O cenário de descontentamento com a classe política é tão grande, a insatisfação popular é tão grande, que pode surgir um nome que ainda não está posto nas candidaturas [atuais].”
 
Indagado se via risco de um “outsider”, um salvador da pátria, responde: “Vejo, sim, um risco do “outsider”, mas não acredito que qualquer “outsider” seja necessariamente um novo Collor ou um aventureiro. É possível que venha um “outsider” que tenha, sim, muito a contribuir para que o Brasil consiga voltar a crescer, voltar a oferecer igualdade de oportunidade a todos, que é a maior demanda da população.”
 
Meirelles acredita que, se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso orientar o próximo candidato tucano a presidente, isso elevará a chance do PSDB na disputa. Para ele, se Marina Silva (Rede) tiver aprendido com os erros em duas campanhas, poderá ser forte candidata na próxima sucessão presidencial.
 
O presidente do Datapopular acha que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tem chance de reeleição, apesar das baixas popularidade e intenção de voto: “Podem me chamar de maluco, mas tem. É um dos favoritos hoje na eleição municipal. […] Começa a se constituir um rol de candidatos tão diversificados em que, sim, o Fernando Haddad, com o discurso pró-cidade, talvez consiga convencer parcela do eleitorado de que ele deva continuar e ter um segundo mandato”.
 
A respeito da Operação Lava Jato, Meirelles afirma: “É importante nem que seja para botar medo nas empresas e nos políticos. A gente pode discutir se a forma de condução da Lava Jato foi a forma que melhor respeitou os preceitos democráticos de ampla defesa, isso é uma discussão. Mas é indiscutível o papel educativo que a Lava Jato tem para deixar muito claro de que não existe meio ladrão. Ladrão é ladrão. E não dá para a ladroagem conviver com a democracia”.
 
Seguem o vídeo e o texto com a íntegra da entrevista ao SBT, gravada na última quinta-feira à noite, dia 19/11, em São Paulo:

Kennedy Alencar – Estamos chegando perto do final de 2015 e é importante fazer um balanço do ano. A inflação está girando na casa dos 10%. Houve aumento do desemprego. A previsão é de queda na economia. O PIB vai cair este ano. E há previsão de que 2016 seja ruim. A gente chegou ao fundo do poço ou a crise ainda pode piorar?

Renato Meirelles – Se tem uma coisa que aprendi nos últimos tempos é não subestimar o tamanho da crise. Sempre pode piorar. O fato hoje é que 97% dos brasileiros acreditam que o país está em crise. E 52%, que é a maior crise que o Brasil já viveu. E essa crise faz com que, na verdade, ele não esteja enxergando luz no fim do túnel. O Brasil vive uma crise econômica, mas a maior crise que o nosso país vive é uma crise de perspectiva.

KA – Isso é só uma percepção deles ou a vida da nova classe média piorou muito?

RM – Sem dúvida nenhuma, piorou. É muito difícil para quem aprende a comer picanha voltar para o frango. Para quem aprende a tomar champanhe voltar para a sidra. E esse brasileiro está fazendo, ao seu modo, um ajuste fiscal doméstico. De um lado, ele está fazendo bicos. De outro lado, fazendo economia. Chega no final do mês, ele olha para o cartão de crédito, olha para a conta de luz, vê que não tem grana para pagar as duas, atrasa a conta de luz porque tem juros um pouco menores e paga a conta do cartão de crédito.

KA – A crise mudou o cotidiano mesmo?

RM – É como se ele tivesse que fazer esse ajuste fiscal doméstico. Nessa pedalada das contas, acaba conseguindo passar para o dia seguinte o pagamento das contas que ele não dá conta.

KA – No começo do mês, o ex-presidente Lula deu uma entrevista ao SBT. Na opinião dele, a saída para a crise é aumentar a oferta de crédito para as empresas, para o consumo das famílias. Muitos economistas acham que o modelo de crescimento, porém, está esgotado. Qual é a saída para a crise?

RM –  A saída da crise, em primeiro lugar, é um choque de otimismo na população. Por uma razão muito simples: pessimista compra menos, pessimista gasta menos. E aí você tem um ciclo vicioso que faz com que a economia caia. Por outro lado, se você consegue apontar a luz no fim do túnel, consegue mostrar para esses brasileiros que ainda tem muita demanda para, por exemplo, comprar computadores, smartphones ou máquinas de lavar roupa, consegue mostrar que é possível ele conseguir alcançar o seu sonho. Sem dúvida nenhuma, você consegue mexer com o dia a dia da economia brasileira.

KA – Então, o Lula tem alguma razão?

RM – O Lula tem alguma razão. E ele parte dessa razão em cima da sua experiência na crise de 2008/2009.

KA – O risco da intolerância no debate público preocupa muitos políticos, muitas autoridades. Você mexe com pesquisa o tempo inteiro. É perceptível um aumento da intolerância nesse debate público, esse acirramento nas redes sociais? Que reflexos isso pode ter para o país?

RM – A intolerância vem num momento de agravamento da crise econômica, por um lado, e de um aumento da participação dos brasileiros nas redes sociais, por outro, o que acaba funcionando como uma grande caixa de ressonância da opinião das pessoas. Isso tem um lado bom e tem um lado ruim. O lado ruim é que, de fato, fica muito difícil hoje conversar sobre política. É mais fácil um palmeirense e um corintiano de fato se entenderem do que duas pessoas que tenham pensamento político diferente sentarem numa mesa de bar.

KA – Ou o Lula e o Fernando Henrique conversarem. O Lula falou exatamente isto.

RM – Por outro lado, tem uma coisa boa nisso. A internet coloca de fora um conjunto de pensamentos sem dúvida nenhuma atrasados. Pensamentos como o racismo, o pensamento como o machismo. As pessoas, ao darem opinião com isso e ao se exporem com isso, conseguem trazer uma reação da opinião pública que faz com que, na média, o Brasil caminhe para um lugar melhor.

KA – Renato, qual é a sua avaliação do governo Dilma?

RM – Olha, a presidente Dilma está sendo escrava daquilo que ela criou na campanha. Vamos entender o que elegeu a presidente Dilma num primeiro momento, no primeiro mandato. Foi o legado do presidente Lula e tudo aquilo que ela tinha de diferente do presidente Lula. No segundo mandato, ela foi eleita por conta de um projeto de país. Um projeto de país que tinha como espinha dorsal a busca por igualdade de oportunidades. E que tinha, como razão, para se acreditar nesse projeto, o Prouni, o Pronatec, o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos. Projetos que não aconteceram nesse primeiro ano do segundo mandato da presidente Dilma. Com isso, a população se frustra.

KA – A população percebe como um estelionato eleitoral?

RM –  A população percebe uma grande frustração. Isso é o que alimenta os altos índices de impopularidade da presidente da República. Mas vamos entender o seguinte: boa parte dos analistas erra ao achar que todos os que estão insatisfeitos com o governo pensam da mesma forma. Nas pesquisas do Datapopular, a gente entende que, dos 80% que avaliam o governo como ruim ou péssimo, nós temos aí 36 pontos percentuais que avaliam o governo como ruim ou péssimo e são contra o projeto que existia no país nos últimos anos. São contra o Prouni, o Bolsa Família, o Pronatec. E 44 pontos percentuais estão decepcionados com o governo, mas defendem o projeto de país. Essa diferença entre quem está insatisfeito com o governo é que leva com que o impeachment não tenha ganho uma proporção popular muito maior do que poderia ganhar.

KA – A discussão sobre o impeachment da presidente Dilma está afastada de vez ou uma piora da economia pode ressuscitar este tema?

RM – Sempre a priora na economia piora a situação política. Mas, vamos entender de verdade por que ele não avançou, independente das questões políticas. O impeachment não avançou porque nenhuma força política no país foi capaz de propor uma solução pós-impeachment. O brasileiro está, sim, muito insatisfeito com o governo. Mas também não enxerga na oposição um projeto de país. As pesquisas nossas têm apontado que esse brasileiro acha que um político fala mal do outro porque quer o lugar dele, não porque quer melhorar a vida das pessoas. 92% dos brasileiros acreditam que todo político é ladrão. Pois bem, eu vou derrubar um presidente e vou colocar um outro que também não tem fama de ser honesto? É esta a discussão que está posta nas mesas e cadeiras das casas brasileiras.

KA – A oposição, então, errou ao transformar 2015 em um ano de discussão de impeachment e de corrupção? Deveria ter discutido a crise econômica?

RM – A oposição errou ao não conseguir apontar uma solução para a economia do país. Se é verdade que a população de alguma forma se frustra com os rumos da economia brasileira e com a presidente Dilma não ter conseguido cumprir, pelo menos no primeiro ano de mandato, essas promessas, também é verdade que existe um estelionato eleitoral do outro lado. Porque nós tivemos todo um discurso de austeridade fiscal feito na campanha pela oposição e essa mesma oposição votou e apoiou a “pauta-bomba” no Congresso Nacional. O estelionato existiu dos dois lados.

KA – Renato, qual seria o efeito para o país de um impeachment da Dilma?

RM – O Brasil vive um cenário de total desilusão. Essa crise de perspectiva que tem na sociedade brasileira faz com que qualquer aventureiro possa surgir de um processo de impeachment. O detalhe interessante é que, em pesquisas nossas, em pesquisas do Ibope e do Datafolha, quando se pergunta qual é o motivo que as pessoas favoráveis ao impeachment têm para defender o impeachment, as três primeiras causas são econômicas. Ou é má administração ou é a atual situação da economia. E são causas que não são previstas na Constituição brasileira. Ou seja, nós não temos o instrumento do “recall” na Constituição brasileira de que, se eu não gosto do presidente, eu tiro. O impeachment só pode ser feito se existe, de fato, uma denúncia comprovada de corrupção. E isso não é apontado pela opinião pública brasileira como nenhuma das três principais causas que a levariam a apoiar o impeachment.

KA – Você pode detalhar isso em dados? Porque, pelo que você está dizendo aí, a Lava Jato associada ao PT, a corrupção que houve na Petrobras, a corrupção passa a ser apontada como a razão principal da crise econômica?

RM – Sem dúvida nenhuma. A gente acabou de fazer um levantamento no Datapopular que mostrou que, para 67% dos brasileiros, a corrupção é a principal motivadora da crise econômica que o nosso país vive hoje. É como se ele dissesse que a gasolina aumentou por conta da corrupção na Petrobras.

KA – Não foi o congelamento do preço, que ficou represado um tempão e agora aumenta o preço do combustível.

RM – Não foi o congelamento dos preços, nem o valor do dólar, nem o valor do petróleo na bolsa internacional. Foi por conta da corrupção. E esse movimento vale para todos os índices que aumentaram os preços. Então, por que a corrupção, de uma hora para a outra, num ano não eleitoral, ganhou a proporção e o peso no debate para a opinião pública brasileira? Por dois motivos. Em primeiro lugar, num cenário de campanha eleitoral, quem faz a denúncia da corrupção é um político. É um político falando mal do outro político. Como o brasileiro acha que 92% dos políticos são ladrões, então, de fato, a crítica vinda de um ladrão para o outro, na imagem da opinião pública brasileira, não tem muito efeito. Agora, o principal motivo, é que a crise econômica apertou. E a corrupção passou a ser vista como a de toda essa crise econômica. E é por isso que o brasileiro nunca esteve tão intolerante em relação à corrupção.

KA – Se o governo melhorar um pouco a economia, então, isso resolve um pouco a crise?

RM – Melhorar a economia passa não apenas por melhorar os índices econômicos, por garantir a manutenção do emprego, por conseguir segurar a inflação. Melhorar a economia também passa por um exemplo que o governo tem que dar para a sociedade. É como se o cidadão perguntasse: “Olha, eles estão falando para eu apertar o cinto, para eu pagar essa conta que juraram que não ia ser minha, mas não estão fazendo a parte deles?”. A outra questão é como que o governo sinaliza um combate efetivo à corrupção. E isso não passa apenas por colocar bandido na cadeia. Esse discurso de justiceiro, num primeiro momento, faz sentido, mas não resolve, na opinião pública brasileira, o problema de fundo da corrupção. Eles querem o dinheiro de volta. O dinheiro será aplicado em creches, o dinheiro será aplicado nas escolas. Eles querem fazer o seu ajuste fiscal doméstico, mas entender que, por exemplo, os prédios públicos tenham as luzes apagadas às oito horas da noite, não fiquem com a luz acesa a noite inteira. Sem dar exemplo, é muito difícil convencer a opinião pública a fazer a sua parte.

KA – Renato, a gente já fez algumas entrevistas e, numa delas, você previu com antecedência que uma aliança entre o Eduardo Campos e a Marina seria factível e que seria competitiva. E a gente viu, durante a eleição de 2014, que esse movimento de fato aconteceu. Eu me lembro que nós conversamos aqui no SBT, pouco antes do segundo turno da eleição presidencial, quando o Aécio estava em segundo lugar. Você foi o único analista que disse que o Aécio tinha chance de ir para o segundo turno, quando muita gente achava que a Marina iria para o segundo turno. Então, eu queria fazer uma pergunta bem fácil para você: quem vai ganhar a eleição de 2018?

RM – Olha, Kennedy, vamos lá. A gente tem dois cenários aí. Num cenário puramente científico, em condições normais de temperatura e pressão, hoje, o candidato mais competitivo seria o ex-presidente Lula.

KA – Mesmo com essa rejeição alta dele?

RM – Mesmo com essa rejeição dele, que não é só dele. Se a gente for ver os números do Ibope, a rejeição dele é alta, a do Aécio também, é alta a da Marina. É alta de todos os postulantes, porque há rejeição, antes de tudo, à classe política. Agora, quando você pergunta para qualquer brasileiro “Lembra a última vez em que a sua vida melhorou? Quem era o presidente da República?”, a grande maioria dos brasileiros lembra do ex-presidente Lula. Agora, isso em condição normal de temperatura e pressão, não é o que eu acho que vá acontecer nas próximas eleições presidenciais. O cenário de descontentamento com a classe política é tão grande, a insatisfação popular é tão grande, que pode surgir um nome que ainda não está posto nas candidaturas. Kennedy Alencar, por exemplo (risos).

KA – Renato Meirelles… (risos).

RM – Quem sabe?

KA – Você vê o risco de um “outsider”, um salvador da pátria?

RM – Eu vejo, sim, um risco do “outsider”, mas não acredito que qualquer “outsider” seja necessariamente um novo Collor ou um aventureiro. É possível que venha um “outsider” que tenha, sim, muito a contribuir para que o Brasil consiga voltar a crescer, voltar a oferecer igualdade de oportunidade a todos, que é a maior demanda da população.

KA – Você disse que o Lula é muito forte, mas que talvez não aconteça de ele ser eleito em 2018 se ele for mesmo candidato. Um nome do PSDB, seja o Aécio Neves, seja o Geraldo Alckmin? Quais seriam as chances de um candidato tucano?

RM – Olha, isso depende muito de quem vai orientar o PSDB nessa próxima fase. A gente vê que, hoje, o principal analista político do PSDB é o ex-presidente Fernando Henrique. Nosso telespectador vai lembrar, o ex-presidente Fernando Henrique foi o primeiro a falar que o inimigo não era a Dilma, era o Lula. O ex-presidente Fernando Henrique foi quem segurou essa ânsia pró-impeachment do PSDB e foi conversar com o vice-presidente Michel Temer, falando que apoiaria um eventual mandato do presidente Michel Temer. Se prevalecer uma orientação de tentar buscar o bom senso, de tentar buscar uma união nacional, o PSDB pode, sim, oferecer alguma candidatura a presidente da República com chances competitivas.

KA – E as chances da Marina Silva e de um nome do PMDB?

RM – A Marina Silva é sempre uma grande candidata. As pessoas podem falar que a Marina já perdeu a sua segunda eleição. E o Lula perdeu três. Então, o mito da Marina ainda é muito forte. Se a Marina, como fez o presidente Lula, aprender com os erros da campanha que perdeu, sem dúvida nenhuma, ela é um fortíssimo “player” para as próximas eleições presidenciais. O PMDB, depende de qual PMDB a gente está falando, né? O PMDB é um enorme partido, mas que tem uma dificuldade efetiva de conseguir se unir em torno de uma candidatura. Tem nomes fortíssimos. O prefeito do Rio de Janeiro é um nome muito competitivo para o PMDB. O Eduardo Paes vai vir de um pós-Olimpíadas. Agora, uma eventual candidatura dele à Presidência da República depende muito do desempenho que ele vai ter ao tentar eleger o seu sucessor na próxima eleição municipal.

KA – Quais serão os temas de interesse do eleitor na próxima campanha?

RM – É impressionante como talvez essa seja a eleição em que mais, efetivamente, se discuta a cidade. E a cidade não é apenas a zeladoria da cidade, se ela está limpa, se a rua está esburacada ou não está esburacada. Vai-se debater a convivência do cidadão com outras partes da cidade. O direito de ir e vir, o trânsito, o meio ambiente. A questão das ciclofaixas, que estão estourando em várias e várias cidades de todo o Brasil, não só em São Paulo. Você tem movimentos de ciclofaixas em praticamente todas as capitais. Vai-se discutir também muitas questões de foro de minorias, de lutas que, até pouco tempo atrás, eram segmentadas e que começam a ganhar uma proporção muito grande. O racismo vai ser pauta. Igualdade de oportunidades vai ser pauta. O feminismo vai ser pauta. O direito à creche vai ser pauta na eleição municipal.

KA – O Fernando Haddad tem chance de se reeleger em São Paulo?

RM – Podem me chamar de maluco, mas eu acho que tem. E acho que é um dos favoritos hoje na eleição municipal. Eu vou explicar claramente o porquê. Porque começa a se constituir um rol de candidatos tão diversificados em que, sim, o Fernando Haddad, com o discurso pró-cidade, talvez consiga convencer parcela do eleitorado de que ele deva continuar e ter um segundo mandato. Nós não podemos esquecer que, aqui na cidade de São Paulo, ele comprou brigas que num primeiro momento muita gente foi contra e depois se tornou a favor. Ele comprou a briga das faixas de ônibus, que hoje a maior parte da população é favorável, das ciclofaixas, que a maior parte da população é favorável, agora a dos 50 km/h na Marginal, que a maior parte da população é favorável. Hoje, nós temos duas candidaturas com chances reais de ir para o segundo turno. Uma do prefeito Fernando Haddad, outra da ex-prefeita Marta Suplicy. Falta ver quem é que vai ocupar o campo do PSDB.

KA – Numa palavra muito rápida: a Lava Jato, qual é a importância dela para o Brasil?

RM – A Lava Jato é fundamental para o Brasil. A Lava Jato é fundamental para não poder mais existir a naturalização da corrupção que vem historicamente acontecendo no nosso país. A Lava Jato é importante nem que seja para botar medo nas empresas e nos políticos. A gente pode discutir se a forma de condução da Lava Jato foi a forma que melhor respeitou os preceitos democráticos de ampla defesa, isso é uma discussão. Mas é indiscutível o papel educativo que a Lava Jato tem para deixar muito claro de que não existe meio ladrão. Ladrão é ladrão. E não dá para a ladroagem conviver com a democracia.

Redação

14 Comentários

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  1. Crise! Que crise?

    Não faço parte destes 67% da população. A corrupção sempre existiu e em proporções enormes. A lava jato é só fruto do denuncismo do PSDB daquilo que sempre fez enquanto governo e que agora tenta registrar a patente para o PT. A diferença está no destino do dinheiro. Enquanto o PT pensa em um plano de poder e para isto desvia os recursos, o PSDB e outros partidos fazem projetos pessoais de enriquecimento. Não que os políticos do PT não tenham se utilizado do poder para enrriquecerem, mas de modo reflexo, enquanto o PSDB o faz de maneira direta. Tanto que ex-presidente, ex-governadores  e outros políticos ou assessores são sócios das empresas que receberam concessões na privataria tucana. Privatizaram para serem empresários. Logo, a corrupção em si não é o motivo da crise. Não nego a importância da corrupção para o desfalque do erário, mas não vejo como fundamental para esta crise. Para mim, esta crise é causada por uma polarização política e pela disseminação do ódio entre as partes. É o poder pelo poder e isto tem um nome principal: Aécio Neves. Ele mobilizou alguns indivíduos do seu partido e conseguiu bagunçar o coreto. Ajudou a eleger o Eduardo Cunha e criou a oposição dentro do poder, com a influência da criatura nas questões de estado. Mobilizou seu capanga do STF, que tem o apoio de outros ministros da casa e queira ou não, tem apoio da parte da sociedade que não aceita os programas sociais benéficos à camada mais pobre da população. Contou ainda com a imposição de exigências de empresários e bancos estrangeiros. Quem causa a crise é o rico , que fecha a torneira e para de produzir, demite e amedronta a população, quebra linhas de crédito e impede o investimento. Isto somado a políticos e mídia a fim de tumultuar é que causa a crise. Portanto, a crise existiria com ou sem o desmantelamento do esquema da Petrobrás, até porque , os números divulgados podem ser mentirosos, ou menores que em outros tempos,como fruto da rixa entre os partidos. Ela é fruto de toda ordem mundial , acontecimentos em larga escala e oposição política no país.

  2. Muita opinião…

    … e pouco dado.  De onde ele tirou que um salvador da pátria não é um “outsider”? E de onde ele tirou que FHC (que prega a renúncia de todo mundo) pode orientar alguém?

    Isso é proselitismo.  Vindo de leigos, ok.  Mas vindo do presidente de uma empresa de pesquisas?  Só no Brasil…

  3. A força do FHC é só

    A força do FHC é só midiática, ele tem muito pouca influencia no PSDB real.

    Ali é um ninho de cobras, Aécio,. Alckmim e Serra brigando pela vaga de 2018.

  4. O golpismo segundo FHC

    Podem até tentar hoje modificar a historia, mas que Fernando Henrique Cardoso apoiou o golpistas, apoiou, daquele jeito dele, dizendo e desdizendo. Ele foi até ao Temer para dizer que estava tudo bem, a Dilma caia, mas ele dava apoio para Temer vir a ser presidente. Isso o que é?

     

  5. Um nome que não permeou esses ultimos “combates”

    Tenho pensado também que talvez tenhamos um outsider nas eleições de 2018, mas so teremos mais base para analise depois das eleições municipais do ano que vem. Quando se fala em outsider, um nome novo no cenario nacional, ainda que proporcionalmente conhecido, me vem a cabeça Eduardo Campos. Se vivo estivesse, 2018 seria um ano para ele.

  6. Um povo que pensa assim tem

    Um povo que pensa assim tem mais é que se ferrar e que elejam o candidato da mídia: o “impoluto” Berlusconni do trópicos, que emergirá da Mãos Limpas sic Lava Jato. Não dúvido que, num sistema em que essa elite zelote controla com maestria os sistemas educacional, midiático e penal,  grande parte da população veja as coisas assim de forma tão invertida: o combate à corrupção(apesar da manipulação pela máfia midiático-penal) sendo confundido com sua prática. Derruba logo a Dilma e assume sr. Cunha, tá demorando…

    1. Pois é, como eu gosto de

      Pois é, como eu gosto de lembrar, aqui, somos convidados para uma festa de casamento, aniversário, formatura, a primeira coisa que fazemos lá chegando é dar uma gorjeta para o garçon que nos servirá preferencialmente aos outros convivas! Daí passamos a festa reclamando do governo corrupto do PT!

  7. Amigos, quem causou a crise
    Amigos, quem causou a crise econômica foi o PIG, Veja, Folha, Estadão e Globo, fazendo terrorismo contra o governo, amofinando o cidadão e os agentes econômicos nos seus investimentos, “deformando” que nada do que o governo fez presta, desde que Dilma foi eleita, pois não suportaram a derrota eleitoral!
    Reeleita, aí virou guerra, partiram para destruir o governo, nem que pra isso se destruisse o país!
    Foi o que aconteceu!
    O cenário mundial ajudou, mas nem tanto, pois o país vinha bem desde 2008!

  8. O único candidato que não comete “estelionato” eleitoral é …

    O mudinho sem braço.

    Porque não fala nem escreve (tá, hoje até o Hawkings fala e escreve, mas é físico. E mesmo assim já disse e desdisse…).

    Já aprendi há muito tempo que o que conta são os resultados dos seus governos. Saber de antemão é uma advinhação.

    Posso dizer hoje que votei errado muitas vezes, pois não adivinhei “direito”…

    Hoje, fora a ditadura, que fez um estrago politico-social-cultural, embora não tenha ido mal em infra-estrutura, votaria em Getulio, JK, Lula, não votaria em Janio, Collor, FHC (este, o mais nefasto). O primeiro mandato de Dilma entregou um país ainda muuuuuito melhor que FHC depois de 8 anos. E o segundo tem mais 3 anos.

    Portanto, é importante avaliar os resultados históricos.

    Quando dá!

  9. Então o Brasil seria uma crise só desde 1500…

    Ou será que nos periódicos milagres econômicos, a corrupção não existe? Ela é apenas um fenômeno periódico “pré-crise”… Hora vai, ora vem.

    O mar de lama (não o da Samarco, Vale privatizada e BHP estrangeira) só acontece em governos onde  aparece prosperidade distribuída (talvez seja a distribuição da própria, hehe).

    O efeito tóxico-psicotrópico desta míRdia está afinal convencendo a população deste país do que ela (a míRdia) quiser ou precisar.

    Fico imaginando se o terrorismo político-econômico-jurídico está conseguindo sequestrar o pensamento coletivo!

    Deve funcionar mais ou menos assim:

    1) O sujeito precisa trabalhar duro para sobreviver (a maioria) e prosperar (os “médios”)..

    2) Não têm muito tempo para se aprofundar no que “rola” de verdade no país.

    3) Mais fácil (ou até com cerco em cima dele) “reparar” nas centenas de manchetes ou chamadas que lhe atravessam à frente na TV, jornais, revistas, Internet (agora com redes “ódio-profissionalizadas”) e propagandas, que são 98% das oportunidades de (des) (in) formação que dispõem, em sua faina diária.

    3) No fim de semana, o lazer, seja lá na piscina, na praia, no clube, na balada, jogo, churrasco ou pagode da laje, irá se encontrar com seus congêneres e, se for o caso, falarão da “agenda”, por ex. dos bilhões dos filhos do Lula ou da roubalheira da Dilma na Petrobrás. Ou talvez do (des) casamento de um sertanejo universitário. Ou do “mimimi” dos “rivais” do campeão… Consolida-se a camaradagem de opinião que pode até prevalecer num protesto domingueiro!…

    4) Aí, sempre na espreita de um “pico”, vem um “pesquisador” com uma “oportuna e muito bem feita” pesquisa de opinião.

    5) Se o resultado for de acordo com o esperado, divulgue-se fartamente tal qual delação da vaza-a-jato contra o pêtêê (®Bonner). Caso contrário, serve como balão de ensaio para medir a temperatura corrente para as próximas.

    6) De posse deste material (junto com milhares de informações sigilosas colhidas pela PF, MP, TSE e quetais, até de fora, em invasões e escutas de empresas, partidos, residências e mesmo instituições públicas, vão mapeando e planejando quais serão os próximos passos, vítimas adversárias e notícias a publicar … ou abafar.

    Enquanto isso, sem sequer lembrar do país que lhes paga regiamente, o Congresso se estapeia em times-contra, a Justiça pede aumento, os bancos pedem mais juros e contam os lucros, o governo não consegue governar e o país (nós)

    Vai “tomando no butico”…

  10. Parabéns PIG……
    “Com o

    Parabéns PIG……

    “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária e demagógica formará um público  tão vil como ela mesma.” Joseph Pulitzer.

     

  11. Pois é

    Essa percepção equivocada não brotou do nada, não é mesmo? Ela foi sistematicamente implantada nas mentes dos incautos e dos “me engana que eu gosto” por uma mídia que há muito tempo abdicou de sua missão de informar.

    Vergonha do meu diploma de jornalismo.

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