A guerrilha científica no Brasil, por Felipe Melo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A guerrilha científica no Brasil

por Felipe Melo

No Brasil existe uma forte cultura de superação, seja do que for. O brasileiro gosta de ver seus compatriotas superando dificuldades, que são exaustivamente garimpadas pela mídia e propagadas como exemplos de vida. São os heróis nacionais verdadeiros quase sempre de bolso vazio. Atletas pobres que conseguiram subir ao pódio apesar da infância descalça e faminta. São portadores de deficiência que insistem em exercer sua cidadania em cidades onde só gozam desse direito os donos de carros quando estão enlatados numa dessas armaduras. Quando então alguém encontra e devolve dinheiro alheio garante seu acesso à TV e ao céu, simultaneamente, afinal o maior heroísmo dos brasileiros é a honestidade.

Decidi seguir a carreira acadêmica no Brasil. Após 10 anos como bolsista (graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado), aos 32 anos, fui contratado via concurso público pela UFPE. Então descobri, da maneira mais crua, o que como estudante não tinha vivenciado tão na pele. Fazer ciência no Brasil é um ato de guerrilha, de subversão da ordem cuja gratificação é puramente íntima para uns, ideológica para outros, talvez até um compromisso patriótico para outros tantos, mas sempre uma luta de superação e sem direito ao paraíso. Guerrilha é isso, enfrentar de maneira improvisada as adversidades do cotidiano mirando numa grande missão.

Fui estudante de Biologia na UFPE dos anos 90, a famigerada ‘Era FHC’, quando as universidades se encontravam num estado de penúria crônica. Não havia muitas oportunidades para os poucos estudantes interessados na ciência de Darwin. Éramos majoritariamente brancos de classe média e nossas famílias permitiam que cursássemos uma universidade sem a necessidade de uma bolsa. Alguns tinham bolsas de iniciação científica (PIBIC), um programa concebido para fixar alunos nos laboratórios de pesquisa, único no mundo, mas muito exclusivo. Quando ingressei no mestrado em 2002 na mesma UFPE, tinha que disputar uma das poucas bosas que se dava aos 5 primeiros colocados da seleção. Quando parti para o doutorado em 2004 no México (UNAM), fui com uma das duas bolsas de doutorado que a Capes ofereceu naquele ano para todos os candidatos que concorriam no Brasil na área de Ecologia. Oportunidade maravilhosa para quem nunca havia pisado e terras estrangeiras. Durante esses anos de México vi como de repente, o Brasil estampava a capa da revista Nature. O mundo estava maravilhado com o “foguete” científico do Brasil, que da penúria crônica passou à abundância de recursos e oportunidades, em poucos anos. A ‘Era Lula’ traçou prioridades, acelerou a expansão universitária e inundou os órgãos de fomento federais e estatais com recursos. Bolsas já não eram um problema. Os recursos para pesquisa sujeitos à saudável avaliação por pares eram claramente mais abundantes.

Voltando à UFPE, já doutor em Ecologia, tive uma boa bolsa de pós-doutorado por 18 meses, antes de ser aprovado num concurso. Vi como a graduação tinha mudado. Agora, as turmas de Biologia eram majoritariamente compostas por negros e pardos, em sua maioria mulheres, geralmente da classe emergente da Era Lula. Eram filhos e filhas de pedreiros, domésticas, comerciantes moradores de subúrbios recifenses e cidades próximas misturados aos filhos da classe média. Muitos recebiam uma bolsa que lhes ajudava a pagar passagens, aluguel num quartinho nas proximidades da UFPE (quando eram do interior) e refeições. O programa Ciência sem Fronteira mandava pencas desses estudantes para experimentar o mundo. A UFPE é hoje infinitamente mais diversa que antes, mais alegre, mais inclusiva. A guerrilha dos que me precederam havia ganho uma batalha importante, transformar as universidades, de feudos da elite canavieira pernambucana em uma casa de estudos com portas abertas para o povo brasileiro.

Em termos de pesquisa, íamos “de vento em popa”. Nossa pós-graduação subia de nota a cada avaliação da Capes (hoje somos nota 6 [máximo é 7]) e tínhamos recursos suficientes para pesquisa via órgãos de fomento. Alcançamos 90% dos docentes do departamento como bolsistas de produtividade do CNPq, um luxo. Éramos claramente um centro de excelência no Brasil. Obviamente não era um paraíso, afinal a má gestão das universidades públicas continua causando desperdícios de tempo e dinheiro, além de condições insalubres de trabalho. Como em qualquer guerrilha, apesar das vitórias, continuamos trabalhando em condições insalubres, sem água, energia ou segurança. Um ramal telefônico continua sendo um luxo na UFPE, como nos anos 80, quando até se declarava linha telefônica no imposto de renda. Os vícios do sistema público de emprego ganham expressões máximas nas IFES (instituições federais de ensino superior), atrapalhando o cumprimento da missão das universidades e da produção de conhecimento. Mas o sentimento era de que avançamos muito e já podíamos mirar no horizonte novas missões: internacionalização, inserção social mais efetiva, resolução de problemas do mundo real. Já figurávamos entre os cientistas mais citados do mundo, com destaque em diversas áreas do conhecimento.

Eis que de repente, não mais que de repente, nos mandaram avisar que o dinheiro estava acabando. Era o final do primeiro governo Dilma e depois do maior edital de financiamento que o CNPq já tinha aberto, o Universal de 2013, começavam a chegar as primeiras dificuldades. Parte dos projetos aprovados neste grande edital não foram pagos. No ano seguinte, aconteceu o mesmo e desde então têm sido assim. Nossa pós-graduação que havia ascendido à antessala do paraíso (nota 6) não conseguia pagar nem papel e tinta para emitir certificados. Então, veio a “lapada” (como costumamos dizer aqui no Nordeste) que nos derrubou do foguete em que voávamos, com foguete e tudo. A ruptura democrática experimentada pelo Brasil em 2016 antecedia o desastre total. A fusão do MCTI com as Comunicações e a entrega da pasta a Kassab davam o tom do que se avizinhava inexoravelmente. Nós que antes tivemos acadêmicos no MCTI como Sérgio Rezende agora temos um burocrata golpista. As notícias que antes eram de esperança passaram a ser de terror. Editais de jornalões plantando novamente a sepultada ideia de privatização das universidades. Fim do Ciência sem Fronteira, congelamento de orçamentos da Capes e CNPq, sem falar das fundações estaduais, novamente reduzidas à insignificância da qual algumas haviam emergido embaladas pelo crescimento da produção de conhecimento no Brasil. O exemplo mais emblemático vem do Rio de Janeiro, com sua estatal paralisada há um ano, colegas meus e alunos sem salário e bolsa há quatro meses. Mandaram “fechar a bodega” no Rio. O governo do golpe mandou avisar que produção conhecimento passou a ser luxo. Num governo cadavérico, com fantasmas, vampiros, cramunhões e coisas do gênero, nada mais natural que voltar à escuridão da ignorância.

Foram anos de planejamento, e se tem algo que a classe científica tem como um privilégio é que gerimos a nós mesmos. Os governos oferecem recursos e prioridades mas a execução e planejamento da ciência brasileira é fruto da árvore dos mesmos cientistas guerrilheiros. Somos nós que insistimos na missão, à revelia de qualquer governo. Controlamos os órgãos que nos controlam e financiam (Capes, CNPq) e temos autonomia para decisões que nos afetam. O que fazer agora, com o foguete? Em queda livre? Vamos deixar que se estilhace no chão da ignorância e desgoverno?
Outra vez nos resta tomar o controle das máquinas e guiar esse foguete como se possa para evitar que se quebre. Não podemos permitir que se percam tantos anos de avanços e planejamento por conta dessa aventura golpista que nos impuseram. É hora novamente de nos organizarmos como uma guerrilha. Resistir por birra, por raça, por insurreição, por missão.

Felipe Melo – Professor/Pesquisador – Departamento de Botânica, UFPE

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

21 Comentários

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  1. Cartola

    (…)
    Quando notares estás a beira do abismo
    Abismo que cavaste com teus pés

    (…)

    Coloco esse trecho de uma imortal canção do imortal (de verdade, não como os da ABL) Cartola, que me ocorreu ao ler o texto acima.

     

    De modo geral, a academia recebeu o que pediu.

    A grande maioria dos professores com quem convivo são coxinhas de carteirinha.

    Reclamavam muito do governo do PT.

    Xingavam Lula e Dilma a toda hora.

    Nesta semana mesmo, comentando sobre o corte das bolsas, eles acham que será  “temporário”, e estavam animadíssimos com a derrota do PT e a continuação de Temer no poder.

    Eles preferem qualquer governo que não seja do PT.

    Não sei qual a vantagem disso para eles.

    Profissionalmente, me parece suicídio.

    Mas é o que eles querem.

    E estão recebendo o que pediram.

     

    1. é porque está havendo lavagem

      é porque está havendo lavagem cerebral em escala nacional, tudo muito bem articulado com a imprensa martelando ódio ao PT vinte e quatro horas por dia sete dias por semana.

      Eles foram Globotomizados.

       

       

      1. sem desculpas

        Professores universitários não podem alegar terem sido enganados.

         

        Vão dizer que não sabiam? Que são burros?

         

        Isso não pega bem para professores universitários.

        Os que apoiaram os golpistas não podem reclamar agora.

    2. Francamente, Edson. Vc já foi melhor

      Argumentos na base da impressao. Foi nas universidades que houve mais tentativas de resistência. Esse tipo de comentário, no fundo, se regozija com o que está aí.

      1. os seus não?

        Escrevi sobre o que vi e ouvi.

        se na sua universidade houve resistencia ao golpe, que bom.

        aqui, quem defendese Dilma e Lula era xingado de petralha, idiota, mortadela, e por aí vai.

        E eles ainda estão defendendo os golpistas.

        Acho que ao menos alguns tem verdadeira RAIVA dos petistas, mas ainda nao sei o motivo.

        Esses aí ajudaram os golpistas.

        1. Ainda assim vc nao tem base suficiente p/ essa generalizaçao

          Faze-la assim, na pura base da impressao subjetiva, é absurdo. E, mesmo se fosse verdade, se regozijar com o desmantelamento das universidades por ressentimento político está errado, é colocar o próprio fígado acima dos interesses do país. Além disso, de forma mais geral, se agirmos como os idiotas nos tornamos iguais a eles. Este país está dividido politicamente. Se eles agem na base do ódio, devemos nos defender, mas nao fazer o mesmo.

          1. Pausa

            Anarquista Lúcida, pausa.

            Você não está num dia feliz.

            Os seus comentários são bons.

            Não vejo contradições nos comentários que você critica.

            Queira você ou não o que foi retratado é verdade.

            A universidade há cinquenta anos atrás, mais do que hoje, era frequentada só pela elite.

            Mas tinha um diferencial; a grande maioria cultuava a esquerda, faziam movimentos, passeatas contra os governos conservadores, eram ativos politicamente, mais do que hoje.

            Não sei a sua idade, mas você há de se lembrar ou pesquisar os embates campais entre USP e Mackenzie.

            Hoje em dia, mas vem de um longo tempo atrás, o ingresso na carreira acadêmica, com raras exceções são feita num processo nojento de compadrio do, dá cá toma lá. Na universidade que me formei, tenho vários exemplos que atestam o que afirmo.

            Como disse, como regra geral, são esses que se comportam como reacionários, porque o ingresso deles na universidade tiveram o aval de algum político safado.

            Com raras exceções eu posso enumerar as excelências que realmente merecem estar lá dentro trabalhando.

            O resto é uma medicridade repugnante.

            Esse resto usam recursos dos financiamentos de projetos de pesquisa para fazerem viagem particulares para o exterior.

            Não me force a citar nomes, pelo amor de deus!

          2. Viagens particulares com $ público??? Compadrio no ingresso???

            Dificílimo de acreditar em ambas as afirmações. Todos os concursos que fiz e acompanhei foram muito limpos e honestos, e para viajar com dinheiro público é necessário preencher uma quantidade enorme de papelada e apresentar vários comprovantes, além disso, ainda tem o controle com lupa do MP.  Nos lugares onde estudei e trabalhei sempre se primou pela excelência acadêmica. Conheci várias peças raras de antipetismo e também vários vermelhinhos que eram excelentes pesquisadores, de renome internacional. Assim, na boa, tentar denegrir a universidade com base em questões ideológico-partidárias, ou em puro achismo baseado em casos particularíssimos é um absurdo.

          3. Ohhhhhhhhhhhhh!

            Vini

            Para de ser ingênuo.

            Você não conhece o passado como que eu conheço para dizer o que disse do presente.

            Você quer valorizar o seu passe, e eu acho ótimo, desde que você mereça.

            Agora, ignorar o que eu disse…

            Vá ser alienado lá noTibet

          4. Quem está sendo alienado é vc, e irresponsável tb

            Mais um nao cadastrado fazendo um discurso anti-universidades. Para começar, nao é verdade que nas universidades haja mais anti-petistas que na sociedade em geral. Se é para generalizar a partir da própria experiência, no meu departamento há 14 professores, dos quais 12 de esquerda e 2 de que nao sei a posiçao. E depois, mesmo se isso fosse verdade que os universitários fossem de direita em sua maioria, se regozijar com o desmantelamento das universidades por causa disso é absurdo, botar o próprio fígado antes dos interesses do país.

            Lembro tb que, numa democracia, nao é só quem pensa como a gente que tem direitos que devem ser respeitados.

  2. Não tenho piedade desses

    Não tenho piedade desses “doutores” que não passam de bestas quadradas diplomadas.

    Muitos queriam a saída de Dilma e o fim da “corrupiçãodoPeTê”. Nunca se importaram com o que viria depois. Talvez imaginassem que iríamos ter uma “Educação padrão FIFA” como a classe média coxinha imbecil tanto pediu.

    Agora veem o corte de bolsas.Anos de pesquisas indo para a lata do lixo. Levaram o que pediram.

    Em tempo: o corte é para um bem maior, comprar deputados e negaram a denúncia contra Temer e assim impedir a volta do maldito PT. Então, devem estar mais do que felizes por estar contribuindo dessa forma para o “bem” do “Brasiu.”

     

    1. Meu caro(a), não generalize.

      Meu caro(a), não generalize. conheço o autor do texto, meu amigo há anos e fomos juntos várias vezes às ruas contra a marcha golpista. 

    2. Vc é um troll nojento

      Em todas as profissoes há os que queriam a saída de Dilma, e nas universidades, ao contrário do que vc diz, havia menos do que a média no país, e os professores foram um dos setores sociais que mais resistiram, nas poucas condiçoes para isso. Vc está aqui, no fundo, para justificar o que está aí, com pretexto de estar contra os que derrubasram o PT.

      1. Me ataca porque não quer

        Me ataca porque não quer admitir a dura verdade.

        Essas universidades são antros de pensamento conservador.

        Em tempo: nunca conheci uma anarquista lúcida. Todos que conheci vivem no reino da fantasia. Você, claramente, não é diferente. Vive embotada nos próprios delírios psicóticos.

  3. Desabafo muito interessante
    Achei o desabafo muito bom. Realmente vivemos em tempos difíceis para a academia. Fui contratado há um ano numa federal e ainda nem tenho computador para trabalhar. Agora, esse pessoal dizendo bem feito é de doer, na academia tem de tudo, tem “coxinha” e tem “mortadela” (como eu), mas torcer contra a ciência nacional só por revanchismo é demais. Estamos todos no mesmo barco, que está virando. Tenho amigos que são antipetistas roxos, mas isso é uma opinião pessoal e só. Eles não são os únicos responsáveis por essa situação. Se a Dilma e o PT tivessem jogado o jogo político, sem esses pudores e republicanismos todos, estaríamos numa situação bem diferente…

  4. Bom texto, Felipe!Compartilho

    Bom texto, Felipe!

    Compartilho um bom tanto da sua trajetória guerrilheira mas aqui pela USP… Não tá fácil, mas fazer ciência nunca foi. Força ai!

  5. Ódio aos Pobres e aos Não-evangélicos na UFPE

    Pois é Professor, e a situação atual de muitos departamentos na UFPE é lamentável.

    Um exemplo é o sr Alexsandro de Jesus, docente e coordenador do curso de Museologia do CFCH.

    Durante anos tem vomitado machismo, misoginia, racismo e homofobia no Campus Recife, mas os alunos (inclusive ex-alunos que hoje são professores do mesmo Campus) tem medo de denunciar já que sua cadeira é necessária para cursar cinco períodos.

    Durante anos todas as “aulas” são do início ao fim sobre Bíblia Sagrada, seminários protestantes que fez, sua família batista e a igreja anglicana que frequenta. Sobre o absurdo que não é ter museus sobre evangélicos no Brasil ou baianas de acarajé não serem reconhecidas como cultura popular se quiserem vender “acarajé de Jesus”. Sobre como o Ylê Ayiê roubou o conhecimento de missionários protestantes para fundar uma instituição afro. Sobre como as comunidades quilombolas são idiotas e não representam ele (que diz-se negro). Sobre como as pessoas são imbecis em perguntar se ele toca instrumentos porque é baiano. E por aí vai.

    Este senhor se aproveita do ambiente oculto da sala de aula para disseminar seu ódio, sobretudo à cultura afro-brasileira e as pessoas não-evangélicas, chegando ao cúmulo de dizer sem pudor algum e com todas as letras que “a universidade deveria ser lugar apenas para pessoas de classe média-alta, pois desde que o governo Lula deu acesso a gente de periferia e favelada, o nível caiu bastante”.

    Este senhor adora por pra baixo os alunos, inclusive por e-mail, e premia com as notas 9 e 10 trabalhos ridículos como o do link (com parágrafos de duas linhas COPIADOS E COLADOS SEM EDIÇÃO NENHUMA) simplesmente pelo fato de que quem escreve usa camiseta gospel. Enquanto isso, outros alunos que fazem trabalhos idênticos mas não são evangélicos são reprovados e recebem e-mails com severas humilhações – zombando dos trabalhos e dizendo que não tem rigor científico, sendo que os mesmos exatos trabalhos recebem notas altíssimas caso o discente seja evangélico.

    A melhor parte é que este senhor se sente afrontado pelo conhecimento dos alunos, muitos deles com mestrados internacionais, livros e artigos publicados em veículos reconhecidos ao redor do mundo, e os reprova amplamente – já avisando desde o início do semestre que sua cadeira é a que mais reprova. Trabalhos excelentes são avaliados com quatro e recebem e-mails dizendo que nem mereciam ser lidos. Quem copia e cola frases de duas linhas tira nove se usar camisa de André Valadão. Quem é internacionalmente reconhecido e escreve amplos trabalhos com pesquisa e crítica é reprovado sem nenhuma justificativa. A saída é usar camisetas de bandas gospel para passar no semestre.

    Este senhor ainda é membro do conselho de ética da universidade, e o que vem fazendo escondido, e as críticas virulentas que faz à cultura afro e a elementos da cultura baiana (como o Ylê Aiyê) gritam desonestidade e malignidade. Este tipo de pessoa ocupa cadeiras em conselhos de ética porque ninguém denuncia por medo, e assim os anos vão se passando e nossa amada UFPE vai sendo solapada, transformada em igreja.

    Os alunos vão de Carpina, de Paulista, de Candeias assistirem aula pra ouvirem sem exceção de semana sobre Sansão e Dalila, sobre criacionismo, sobre magias judaicas, sobre Abraão e Isaque e demais coisas que contrariam toda e qualquer razão de pensamento, lógica e coerencia com o próprio curso. 

    Todos sabem que este senhor é detestado por suas ideias retrógradas e não ousa se manifestar em eventos da categoria (até porque não é formado na área, e só sabe falar de culto e igreja), mas goza do privilégio de ocupar espaços de pensamento para disseminar seu ressentimento por não conseguir ser pastor protestante. Não entende que a universidade não é uma igreja. Então, pagamos com nossos impostos muito além da isenção tributária das igrejas: pagamos para que as próprias universidades federais se tornem igrejas.

    E não adianta a reitoria chamar e conversar, afinal ele vai seguir praticando seus absurdos escondido e os alunos, temendo saírem já no primeiro semestre de curso, vão empurrar com a barriga – até serem afinal reprovados, repetindo o ciclo do absurdo ad infinitum. 

    Nós que amamos a Universidade Federal de Pernambuco lamentamos profundamente. Quantos alunos tem seus sonhos solapados e destruídos por que, apesar de capazes, encontram desde o primeiro dia alguém que os desmotive, que os marginalize, que diga que a universidade não é lugar para eles. Alguém que não entrega 0,01 % do programa de curso, mas que, semana após semana, transforma a sala de aula em um culto, durante as três horas seguidas.

    Fica aqui uma declaração de revolta e ojeriza, a uma pessoa que tem destruído muitas vidas e desmotivado, se aproveitando de estar escondido na sala de aula e poder impor medo, já que é não só coordenador do curso mas membro do conselho de ética.

    Alunos que farão ENEM e depois aplicarão SISU: rejeitem o curso de museologia da UFPE se não qusierem entrar em depressão, ser agredidos, ser tratados como lixo, e ser obrigados a frequentar cultos evangélicos semanalmente sem exceção – o que, obviamente, os deixará pra trás no mercado de trabalho por não terem ciência do que é efetivamente é a museologia e ainda perderem o valioso tempo de suas vidas, presos numa armadilha da qual não poderão sair por medo.

    Enquanto Alexsandro de Jesus ocupar não somente a sala de aula mas o conselho de ética da universidade, o pobre, o “favelado”, o negro, o não-evangélico e qualquer pessoa que tenha maior potencial que ele vai ser agredida, rejeitada, tratada como lixo, vilipendiada publicamente e chutada.

    Pela UFPE que nós amamos, BASTA.

    1. Ovelhinha de Jesus

      Ovelhinha de Jesus, acho que o professor Alexandro de Jesus, que vc descreveu não é o mesmo Prof. Alexandro de Jesus, coordenador do curso de Museologia, do departamento de Antropologia e Museologia da UFPE que eu conheço!! Ele é justamente o oposto do que você descreve!! Infeliamente, existem pessoas que sofrem de distúrbios que invertem as informações recebidas, creio que estas precisam de tratamento urgente!!

    2. Sobre o dever na universidade públicas

      Em tempos de internet, o anonimato tem proporcionado a prática da difamação. Mais, tem aumentado sua circulação. Há ferramentas como a ouvidoria da UFPE que poderiam ser utilizadas para gerar investigação sobre qualquer das fabulações mencionadas no comentario da ovelhinha. É uma pena que se apele para esse expediente. Estudar não é a saida. Autocrítica, de jeito nenhum. Uso de ferramentas institucionais para resolver possíveis “injustiças”? Não. O que vale é se aproveitar covardemente do texto do professor Felipe Melo, cuja boa repercussão é usada como trampolim do anônim@ “injustiçado”. E quando precisamos de valorização da pesquisa nas universidades e dos bons intelectuais que ela abriga, vem um panfleto anônimo reforçar o coro da desvalorização da universidade pública. O professor Alexandro (essa é a grafia correta que nem isso a persona soube reproduzir) é dos grandes intelectuais da nossa geração. Seu compromisso é inspirador, sua dedicação a UFPE e a formação de quadros autônomos e críticos na museologia são inspiradores. É só acompanhar seu trabalho. Seus textos, alguns disponiveis na internet, começam a definir melhor o que é a museologia. Sim, o professor produz teoria, filosofia da cultura partindo do olhar de pensadores como Nietzsche, Foucault, Aganben e Derrida. Seus textos começam a circular cada vez mais neste frágil campo disciplinar. Intelectual de formação ampla: teológica, histórica e sociológica. E com passagem por movimentos sociais anti-racistas e defensores dos Direitos Humanos. Sem falar em sua militância sindical e na recente estatuinte da UFPE. É um privilégio tê-lo como colega que pensa o mundo com autonomia, liberdade e densidade. Que a universidade seja o espaço da relflexão densa, responsável e autônoma. Que as relações humanas sejam mais fraternas e transparentes. Que suas tensões sejam resolvidas com racionalidade, sentimento, responsabilidade e coragem. No mais, acho que a Luciana Neves tem razão. E meu post seja desnecessário. Não se trata do professor Alexandro de Jesus. O anônim@ se enganou.

    3. Essa ovelhinha não é de Jesus

       

      Ovelhinha,

       

      Ficou em nós uma impressão de puro ressentimento, hein? Não é melhor se debruçar sobre os livros, exercitar a nobre tarefa do pensar criticamente em lugar de procurar desconstruir a imagem de um professor inteiramente comprometido com aquilo que faz, nos termos da ética e do labor pedagógico? Ora, mas nem os adversário no campo teórico do Professor Alexandro te creditaram fé! Aceita Jesus no melhor sentido da palavra, abre-te ao conhecimento em sua versão de uma tecné de autoformação, assim, esperamos, poderás alcançar o poder das reflexões que ele levanta, e, finalmente, entender que pastoreio e subserviência intelectual são antagônicos com o intelectual que ele é. 

  6. PESQUISA NO BRASIL

    Prezado Professor Felipe Melo,

     

    Concordo com suas colocações, e assevero que, se no ambiente acadêmico as coisas estão assim, pior é imaginar nos órgãos de execução de políticas ligadas ao ordenamento territorial e meio ambiente, dos quais, precisam de conhecimento ecológico e ambiental. Nesse caso, não há nenhuma ação de fomento a estudos ou pesquisas, sendo entregues aos famigerados estudos patrocinados por empresas, que nada mais nada menos, que copiam as pesquisas e seus resultados das instituições públicas,e todo aquele que ousar avançar nesse quesito é duramente criticadoe mal-visto.

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