A resistência democrática não dá trégua aos golpistas, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A resistência democrática não dá trégua aos golpistas

Jeferson Miola

Mudou a qualidade da resistência democrática. Nas últimas semanas, diminuiu a freqüência das manifestações de massas contra o golpe no Brasil. Elas passaram a acontecer em intervalos maiores de tempo e, muitas vezes, aglutinando segmentos específicos da sociedade.

Essa realidade, entretanto, ao contrário do que avaliam alguns, de maneira alguma significa o arrefecimento ou o declínio da luta contra o golpe e em defesa da democracia.

A resistência democrática não se manifesta somente em eventos multitudinários. Já está incorporada à cotidianidade e à rotina militante não só das novas vanguardas, das novas lideranças e dos novos coletivos que emergiram neste processo – está presente, também, no senso comum.

A resistência democrática sai pelos poros; está se entranhando na vida das pessoas. É, por isso, mais potente, mais intensa, mais profunda e mais contundente. A denúncia do golpe é implacável; mobiliza a consciência democrática nacional e consegue sensibilizar o mundo civilizado.

Esse é o fator inesperado que surpreendeu o planejamento golpista. Os golpistas se iludiram com a crença de que no golpe de 2016 a Globo conseguiria entorpecer as consciências como no golpe de 1964. Equivocaram-se ao menosprezar a força desta insurgência que reage com radicalidade à ruptura da Constituição e da democracia.

A crítica política está disseminada nas redes sociais, nas ruas, nos lares, nas fábricas, nas escolas, nas universidades, nas repartições públicas, nas esquinas, nos bares, nos aeroportos, nas praias, nos poemas; enfim, no cotidiano.

A denúncia do golpe e dos golpistas é onipresente: aparece no protesto de cineastas em Cannes, está no humor ácido nas redes sociais, no escracho, no constrangimento, na exposição ao ridículo, no xingamento, na ocupação de escolas, na música, nas artes, na proclamação de liberdades, no boicote de governos estrangeiros ao governo usurpador, na entrevista desastrosa de FHC à TV Al Jazeera etc.

A vitalidade democrática corrói a legitimidade e a aceitação do governo usurpador mas, sobretudo, torna hegemônica a narrativa histórica sobre o caráter golpista doimpeachment fraudulento da Presidente Dilma: nos próximos 100, 200 anos, a história reportará os acontecimentos de 2016 como de fato são: um golpe da plutocracia contra os pobres.

A vida não está nada fácil para os golpistas. Até mesmo aqueles financiados pela FIESP para comparecer na Avenida Paulista hoje estão escondidos, envergonhados com a corrupção estrutural da turba golpista.

Há uma politização intensa do debate público, e esse fenômeno os golpistas não conseguem conter. O golpe liberou uma impressionante energia rebelde, que se radicaliza e se espraia. Ninguém conseguirá deter essa insurgência libertária; nem a repressão brutal conseguirá derrotar, dominar ou enquadrar esta rebeldia.

O governo usurpador enfrenta dificuldades crescentes para impor a agenda que faz o Brasil regredir ao século 18; ao tempo da escravidão, da oligarquia e do obscurantismo.

Com a impossibilidade de abafarem a Lava Jato, e com o agravamento dos efeitos do caos econômico que eles próprios provocaram para desestabilizar e derrubar Dilma, a imagem do governo usurpador e do golpe é cada vez mais associada à corrupção, ao desemprego, à supressão dos direitos e das conquistas populares e à entrega do país aos bancos e aos governos estrangeiros.

A resistência democrática aprofunda a deslegitimação do governo usurpador, que já está irremediavelmente condenado perante a História.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. Mas a pilhagem continua,

    Mas a pilhagem continua, continuará, e pagaremos a conta. 

    Onde o autor vê resistência, eu vejo resignação. 

    E o petróleo já foi embora, Adeus !!!! 

    Vamos pagar por isso por décadas, e o povo continua APÁTICO. Não adianta dourar a pílula, falar que a realidade é o posto do que se vê !!! O povo Brasileiro é APÁTICO !!! Na verdade, temos expectadores, e não povo. Vejo na França por muito menos do que está acontecendo aqui o povo quebrando tudo !!! 

    Reebotaram o Brasil por décadas. Mandaram o nosso futuro para o espaço !!! A sociedade Brasileira está cada vez mais doente !!! Se tudo der certo, levaremos uns 50 anos para chegarmos onde estávamos em 2014. Eu não estarei vivo para ver…

    O autor enxerga o que quer !!!! Quanto aos jovens e a universidade, não esperem nada deles !!! Eles não discutem a razão do nosso subdesenvolvimento e como superá-lo, mas sim questões como gênero fluido, se pessoas Brancas podem usar turbante ou não, se homens negros podem namorar mulheres Brancas ou não (Palmitagem), e claro, liberação de Maconha. É com isso que a nossa juventude combativx revolucionárix que vendeu o país por 20 centavos está preocupada. 

  2. De qualquer forma, é

    De qualquer forma, é sintomático que os principais abalos que esse governo sofreu não veio da “Resistência” ao golpe, e sim, ao fogo amigo de outros golpistas e das suas contradições. A resistência ao golpe não consegue arranhar a ponta do nariz do Temer !!!

  3. Não é o que vejo, ao

    Não é o que vejo, ao contrario, estão muito confortaveis, o unico entrave no momento é o cunha, livrando-se dele qual o problema que os traidores tem para enfrentar? Os empresarios estão unidos no golpe, a midia está em lua de mel com os golpistas, os noticiarios nunca foram tão calmos e otimistas, o povo está quieto, maniofestações na paulista saõ escondidas dos noticiarios e não fazem lá grande efeito, o judiciario é tão goçpista quantoum ou até mais que os traidores que estão no poder, a situação ta tranquila e favoravel…….

  4. Eu acho que a militância

    Eu acho que a militância petista e das esquerdas em geral está muito parada, cabisbaixa, sem tesão. Sinceramente, esperava mais resistência, muitas passeatas, greves, ocupações, música, teatro na rua, Internet e redes sociais, alguns arranca-rabos com a forças de segurança (para isso tem os Black Blocs) só para mostrar o cartão de visitas. Cadê o MST, MTST, UNE e outras entidades pró-DIlma? Não sei, só vi algumas escaramuças e mais nada.

    Se vcs acreditam e querem denunciar o Golpe só tem um caminho: a Rio 2016.

    A Olimpíada é o cenário perfeito para contar ao mundo o Golpe de Estado no Brasil que está se consolidando durante os próprios jogos. 

    Já pensou 1 milhão de militantes com bandeiras vermelhas invadindo o Rio de Janeiro durante os jogos afim de jogo duro, protestos gigantes, ocupações de rua e avenidas, ocupação das arquibancadas (do povo) das arenas e tudo sob o olhar da imprensa estrangeira?  

     

  5. Meu caro, talvez suas

    Meu caro, talvez suas considerações se apliquem nos campi universitários.

    Não vejo reação organizada, apenas atitudes corajosas e isoladas, mas nada que permita a caracterização de um movimento de “desobediência civil” ao golpe. No interior, parece que vivemos no Texas, como se a realidade política brasileira fosse algo de outro país. Infelismente, acho que viveremos um outono político.

  6. 100 , 200 anos

        E chegara navegando pelo Guaiba um Dom Sebastião, que irá combater os plutocratas.

        Enquanto a esquerda delira quixotescamente, nem entendendo-se no mais básico, a direita atua em bloco, resolve suas picuinhas em conchavos regados a verbas e cargos, sustentada por seus apoiadores e cada vez mais emburrecendo suas bases com conceitos de comunização, Foro de São Paulo, bolivarianismo fidelista, escolas sem partido, todos estes os grandes inimigos da sociedade cristã, ordeira e trabalhadora.

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