Cunha pressiona Senado e diz que Câmara já não reconhece governo

Jornal GGN – Em clara pressão pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que a Casa dificilmente votará projetos enquanto o Senado não decide se aceita ou não a denúncia pela saída de Dilma. A leitura da denúncia aprovada pela Câmara será realizada hoje (19), pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Não acredito que nenhuma matéria relevante na Câmara será apreciada sem que esse processo seja definido no Senado. Porque a Câmara, na medida em que autorizou a instauração do processo que culmina com o afastamento [da presidenta], se o Senado aceitar, significa que a Câmara não reconhece mais o governo. Consequentemente, é muito difícil votar qualquer matéria do próprio governo. Da minha parte, a pauta está lá e cumprirei, mas não acredito que prospere nada de relevante antes do Senado apreciar”, disse Cunha.
Uma vez que o Senado aceita a denúncia, de acordo com a Constituição, a presidente é afastada do cargo por até 180 dias, ou seja, seis meses, período em que o vice-presidente Michel Temer assumiria.
Na Câmara, estão paralisadas três medidas provisórias que serão lidas nesta terça e trancam a pauta dos deputados. “Mas a representação do governo na Casa deixou de existir porque deixou de existir, para a Câmara, o governo. Então, passou a ser uma situação difícil e a celeridade do Senado é muito importante”, disse Eduardo Cunha, pressionando.
O processo entregue ao Senado é formado por 34 volumes, com 12.040 páginas. Além da leitura, também nesta terça, Renan irá se reunir com os líderes partidários do Senado. “Vamos conversar com eles sobre prazos e sobre a proporcionalidade para compor a comissão especial, que terá 21 membros”, adiantou, nesta segunda.
De acordo com o peemedebista presidente do Senado, a Casa vai trabalhar com “neutralidade e imparcialidade”, garantindo o direito ao contraditório e à defesa. Renan mostrou não se sentir pressionado por Cunha. “Nós temos pessoas pedindo para agilizar o processo, mas não podemos agilizar o processo, de forma que pareça atropelo, nem delongar, de forma que pareça procrastinação”, afirmou em clara referência ao presidente da Câmara.
De acordo com Renan, desse modo, com “isenção e neutralidade”, serão garantidos o processo legal, o prazo de defesa e o contraditório.
Renan afirmou que os líderes indicarão os nomes para a comissão conforme a proporcionalidade das bancadas e que espera que os senadores entrem em acordo sobre quem assumirá a presidência e a relatoria do colegiado. De qualquer modo, esses nomes devem ser eleitos pela comissão.
“Ainda não cogitamos nomes – essa tarefa não é do presidente, é dos líderes partidários, que poderão conversar entre si de modo a criar condições políticas para eleger o presidente e o relator. Há um detalhe já observado na Câmara dos Deputados, de que o relator, diferentemente do que acontece nas comissões, precisará ser eleito, a exemplo do presidente, na comissão especial”, disse.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • E agora Cunha emperra o

    E agora Cunha emperra o governo por seis meses sem se imcomodar com as consequências para a população. O que vocês estão esperando para prender esse sujeito? Isso seria impossível nos EUA.

  • Crime organizado

    Cunha, como sociopata que é, não admite a derrota e mandou recado claro:

    1. Constituição não é obstáculo, estuprei e estuprarei a lei tantas vezes quantas forem necessárias pra chegar onde eu quero, sem culpa, sem trauma, sem medo de ser feliz.

    2. Promessa é dívida. Já comprei deputados, juízes, ministros do TCU e do STF. Preciso entregar o Golpe já.

    3. Renan, eu sei o que fizemos juntos nos verões passados, com Collor e PC Farias.

     

     

  • Cadeia nele!..

    Vergonha. Um chefe de quadrilha querendo mandar no Brasil!...

    Às ruas contra os golpistas!...

  • Cara @dilmabr

    Cara @dilmabr

    O @DepEduardoCunha não reconhece mais seu governo. Eu não reconheço mais a autoridade da Câmara: 

    http://linkis.com/jornalggn.com.br/blo/4TAYl

     

    @dilmabr deve fechar a @CamaraDeputados, convocar eleições parlamentares e mandar o @DefesaGovBr prender ou matar o vilão @DepEduardoCunha.

  • Idem

    O governo legítimo e os movimentos sociais não reconhecem legitimidade nenhuma à dupla Temer/Cunha.

    Ainda, serão, no máximo (se houver), 180 dias de glória para os golpistas, insuficiente para que alguém sério acredite neles.

  • Bye bye, Brasil!

    As classes dominantes, as elites, pretendem recuperar o que sempre lhes pertenceu: o poder. Desejam ardentemente restaurar a velha ordem. Recuperar seus tradicionais privilégios de ricos. Acabar com os programas sociais, poupar suas proles do indesejável convívio com filhos de meeiros, colonos, capatazes ou capitães-do-mato de seus feudos. A troïka golpista sintetiza perfeitamente o espírito da direita: "ao diabo, as urnas e os eleitores; eu quero é o meu ! E o povo que é o povo, DANE-SE!!!!"

  • num horizonte sombrio

    neste horizonte sombrio que temos hoje............

    o que me alegra é ver que, quem provocou o caos, ficou lá no fim da fila............

    pela ordem temos Dilma, depois Temer, depois Cunha, quem sabe Marina...............

    Aecio o caótico foi para o final da fila.

    bobalhão, provocou a bagunça, e nunca vai sentar na cadeira.

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