Militares não têm que dar opinião política, diz Celso Amorim

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Celso Amorim, à direita, foi ministro da Defesa no governo Dilma entre 2011 a 2015. - Créditos: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

do Brasil de Fato

Militares não têm que dar opinião política, diz Celso Amorim

Em entrevista exclusiva, ex-ministro da Defesa considera “muito grave” posição de generais sobre intervenção militar

por Vanessa Martina Silva

“Vemos militares dando opinião favorável às privatizações no Brasil. Isso é surpreendente”, diz o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente, em entrevista exclusiva para o Brasil de Fato.

Celso Amorim se refere às declarações recentes dadas pelo general Sérgio Westphalen Etchegoyen, ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que defendeu o processo de privatizações que vem sendo levado a cabo pelo presidente golpista, Michel Temer (PMDB).

Amorim, no entanto, aponta que a questão não é a defesa das privatizações, mas o fato de pessoas do alto-comando do Exército virem a público dar opiniões sobre política. “Ainda que fosse contra as privatizações, isso seria errado”, defende o ex-ministro.

Outro posicionamento polêmico envolvendo militares tomou conta do noticiário nos últimos dias, a partir das declarações do general da ativa do Exército Antonio Hamilton Mourão. Ele disse abertamente que as Forças Armadas cogitam uma intervenção no país, o que gerou um amplo debate na sociedade sobre o tema.

“Isso é muito grave”, diz o ex-ministro. Para ele, a resposta dada pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que não puniu Mourão, foi insatisfatória: “em um caso como esse, não se pode ficar na ambiguidade”, acrescentou. 

Mas além da não punição, Villas Bôas justificou a posição de Mourão ao dizer que, de acordo com a Constituição, “o Exército se destina à defesa da pátria e das instituições. Essa defesa poderá ocorrer por iniciativa de um dos poderes, ou na iminência de um caos”.

O primeiro ponto, destaca Amorim, é que a Constituição não fala isso. A Carta Magna diz: As Forças Armadas “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Redigido no final da ditadura militar, o texto deixa margens, de fato, para possíveis interpretações: “A Constituição abriu uma brecha”, acrescenta.

No atual cenário, é claro que “o fator militar pesa”, diz Amorim. Retomando a fala de Villas Bôas que sugere uma intervenção diante do “caos”, o diplomata questiona: “o que é o caos? Muita gente pode achar que temos um caos [por causa do cenário político atual], mas quem decide o que é o caos? Quem julga isso?”.

Diante disso e indagado diretamente sobre a possível iminência de uma intervenção militar, ele observa uma mudança de postura: “em outros momentos, o próprio Villas Bôas chegou a falar que a saída para o caos, para a situação grave que a gente vive, era a realização de eleições. Tem que ser essa a saída e não qualquer outra”.

Edição: Luiz Felipe Albuquerque

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

12 Comentários

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  1. General brasileiro?

    Westphallen Etchegoyen defende as privatizações.

    Um sobrenome alemão e outrojudeu.

    Alguma relação?

    Ele foi um dos padrinhos, por assim dizer, do projeto de mísseis tocados pela Odebrecht para Israel.  

    Para que diabos um homem desses vestem a farda verde oliva?

    É claro que tivemos outros de sbrenomes pouco usuais que peitaram inclusive os EUA na quetão núclear, mas me parece que esse Gal está tirando o atraso para o seu povo, que não somos nós.

    1. Absolutamente nada a ver.

      Absolutamente nada a ver. Etchgoyen é uma tradicionalissima familia militar do Rio Grande do Sul, a origem do nome é basco,

      como todos os nomes com o afixo ETCHE,, ha centenas de nomes bascos com esse afixo.

      Varios Etchegoyen chegaram a generais do Exercito brasileiro, o mais famoso é Alcides Etchgoyen nos anos 50.

       

  2. Santa inocência

    O PT e seus militantes e ex-militantes vivem numa Ilha da Fantasia. O PT só dá fora. Foi defenestrado por um golpe de quadrilheiros que continuam a fazer a festa e mesmo assim não se emenda. O PT e seus lídres não perceberam que o país não vive mais numa democracia, portanto, algumas decisões para que malfeitores devam ser afastados da vida púbica às vezes são necessárias mesmo que não siga os padrões democráticos. É como na guerra. Matar é pecado, porém, para slavar a sua vida ou a de seus companheiros não resta outra alternativa. Ao defender Aécio seus lídreres, ingenuamente expõe os seus olhos para mais tarde serem devorados pelos corvos. 

  3. Se for para o bem do país…

    Nossa situação é tão grave que uma interferencia militar a esta altura do campeonato seria uma dádiva. Como é possível convivermos com os 3 poderes podres brigando entre eles? Quantas décadas de atraso de desgoverno de subdesenvolvimento vamos ter que suportar em nome de uma democracia que não mais existe?

  4. Democracia

    O que e isso ex-ministro? Nao estamos em um pais democratico? Ou os militares nao pertencem ao Estado Democratico de Direito? Se bem que, a opinicao dele tem o mesmo valor de uma pessoa que e abordada na rua para dar sua opiniao.

  5. Democracia

    O que e isso ex-ministro? Nao estamos em um pais democratico? Ou os militares nao pertencem ao Estado Democratico de Direito? Se bem que, a opinicao dele tem o mesmo valor de uma pessoa que e abordada na rua para dar sua opiniao.

  6. Saída turca.

    Uma saída como vista na resposta da Turquia a tentativa do golpe teria mais consistência para evitar o caos que já vivemos. Tenho inveja deles.

  7. Saída turca.

    Uma saída como vista na resposta da Turquia a tentativa do golpe teria mais consistência para evitar o caos que já vivemos. Tenho inveja deles.

  8. Realmente, não sei o que seria pior. . .

    Realmente, não sei o que seria pior, a continuidade do governo golpista e sem rumo do Temer ou a volta dos militares de triste memória. Acho que os militares já tiveram seu lugar na história, que deverá julgá-los com imparcialidade, separando o que fizeram de bom, mas sem deixar de citar o que fizeram de ruim para o país e para a democracia, durante longos vinte e um anos. FORA TEMER, mas sem militares.

    1. realmnete….

      E novamente e acertadamente se pronuncia Celso Amorim. Num mar de omissões e cala bocas de Governo e Oposição. Existe uma elite intelectual acima da média brasileira. Alguns até foram utilizados no governo petista. Inexplicavelmente foram tirados deste mesmo governo. Navegamos comandados por medíocres. Não deveriam, mas as Forças Armadas só enviaram seu recado. O verdadeiro problema é que estamos sem velas, sem vento, sem leme. Imbecis nos trouxeram até aqui, em 40 anos de erros e enganos. 

  9.   QUANDO SERÁ QUE O POVO

      QUANDO SERÁ QUE O POVO BRASILEIRO VAI ENTENDER QUE SOMOS GOVERNADOS POR FANTOCHES INTERNACIONAIS, QUE A NOSSA DEMOCRACIA É UMA FRAUDE DAS URNAS ELETRÔNICAS, QUE TODOS INSTITUIÇÕES FORAM INFILTRADAS E APARELHADAS!! NEM A IGREJA ESCAPOU… QUEM MANDA NO BRASIL É ONU, A RÚSSIA, A CHINA, OS GLOBALISTAS, A MAÇONARIA, ELES ESTÃO JUSTOS PARA A CRIAÇÃO DA NOVA ORDEM MUNDIAL!!

  10. Perguntas Esperando Respostas

    Nassif: diante da fala do ministro (ex) Amorim, retorno com a pergunta que lhe faço há tempos — “prá que temos forças armadas”?. Vejamos.

    Se a cúpula do Executivo, acusada de ladroagem e outros delitos penais, se esconde sob as saiss do Legislativo, de onde, aparentemente, escolhe seus parceiros e de onde recebe os benefícios.

    Se o Judiciário, concorde e conivente, em sua quase totalidade, tanto com o Executivo, quanto com o Legislativo.

    Se membros dessas forças armadas, ditos cooptados pelos do Executivo e ativo nos quarteis, apadrinham o cenario, que serventia tem o artigo 142 da Constituição?

    Não seria de imaginar serem elas coautoras disto tudo?

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