Tendência no PSDB é dar apoio velado a Temer e salvar a pele de Aécio no Senado

Foto: George Giani/PSDB

Jornal GGN – O PSDB pode adiar, mais uma vez, a data de desembarque do governo Michel Temer. Em meio ao julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, a atual cúpula do partido empurrou a reunião deliberativa sobre o rompimento da aliança para a próxima segunda (12). Porém, parte da bancada de deputados empurra para que a decisão seja protelada, evidenciando o racha.

Independente do que o PSDB decidir e quando, o tucanato já definiu que vai apoiar Temer veladamente até o fim de seu mandato (venha ele em 2018 ou por cassação), ou seja, embora diga publicamente que não fará mais parte do governo, deverá bancar a votação das reformas trabalhista e previdenciária até o fim. “Entregar cargos não significa se opor aos interesses brasileiros”, disse Ricardo Ferraço (PSDB) à Folha.

Além de ser a favor das reformas, o PSDB precisa manter algum elo com o PMDB com vistas a 2018 e para atingir alguns objetivos, como o de salvar o mandato de Aécio Neves no Senado.

Pego na Lava Jato, Aécio foi afastado de suas funções na Casa e é alvo de um inquérito da Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro. Sua irmã e primo estão presos por suspeita de terem participado da transferência de R$ 2 milhões em propina da JBS ao senador mineiro.

O Estadão publicou nesta sexta (9) uma entrevista com o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB), que denotou que o Senado não terá disposição de cassar Aécio com medo de que isso gere um precedente para a Lava Jato. Ele disse não sentir o “clima de pressão” entre senadores pela cassação de Aécio, ao contrário do que houve, por exemplo, com Delcídio Amaral (ex-PT).

Assim como ocorreu com Delcídio, Aécio também foi pego em um grampo da Lava Jato. Apesar disso, o presidente do Conselho de Ética coloca a legitimidade das provas colhidas pelo Ministério Público Federal em xeque, e diz que é preciso aguardar que o tucano se defenda na Justiça.

“É o tipo do processo que (a pressão) é mais da parte de fora que de dentro do Senado. O que eu sinto é que o Senado não concorda com o afastamento do senador. Eles questionam: Por que afastar? Por qual argumento? Tenho a impressão de que, se não tivesse isso, talvez os senadores pressionassem para que o conselho avançasse”, disse Souza.

Ele ainda afirmou que o Senado está vendo maneiras de reverter o afastamento de Aécio. “Não sei o que vai acontecer. Há um sentimento da Casa muito ruim a esse respeito. Agora mesmo estava conversando com um senador e a revolta dele é muito grande. Não pode.”

A jornalista Mônica Bergamo publicou uma nota informando que “uma corrente do PSDB tentará convencer Aécio a convocar eleições gerais no partido, deixando de vez a presidência. Isso evitaria a contradição de sair do governo Temer por ele ser acusado de corrupção e de manter um acusado de crimes assemelhados no comando tucano.”

Na Câmara, cerca de 20 deputados do PSDB enviaram uma carta ao presidente interino da legenda, Tasso Jereissati, pedindo o adiamento da reunião sobre o desembarque do governo Temer. 

Apesar da divisão, pesquisa interna aponta que apenas 17% querem que Temer fique no cargo. O Painel da Folha informou que a “cúpula do PSDB encomendou pesquisa sobre a permanência de Temer no Planalto. O levantamento, feito na semana passada, com 2.000 pessoas, aponta que 30% são a favor da cassação da chapa pelo TSE. A renúncia do presidente seria o melhor caminho para 27%; e outros 18% optaram pelo impeachment. A pesquisa diz ainda que 17% defendem que Michel Temer fique no cargo.”