As minas do Rei Salomão, por Rui Daher

Por Rui Daher

Bonita homenagem ao Dia Internacional da Mulher fizeram este Jornal GGN e o Luís Nassif Online.

O pontapé inicial foi dado, às 8h32 do dia 8 de março, pela graciosa ilustração “As minas”, de autoria não declarada, mas que me lembrou a levada do pintor e ilustrador norte-americano Norman Rockwell (1894-1978).

Seguiram-se por todo o dia textos primorosos sobre as minas. Minas … militantes, definitivas, trans, gordas, na história, na visão da Prefeitura de São Paulo, no dia de homenagens, do mercado de trabalho, negras, da terra, da luta, indígenas, donas da rua.

Fuoriserie, outros textos, poemas, gravuras e mumunhas saudavam aquelas que, certa vez, não sem antes se desculpar, o poeta Vinícius de Moraes afirmou ser a beleza fundamental. Não o punam, por favor, movimentadas moças. Sua obra é uma constante homenagem a vocês, feias e belas.

E vejam o que uma noite de gripe insana pode fazer com uma cabeça também insana. Tanta boa leitura e eu aqui a pensar em como seriam as minas do Rei Salomão. Entenderam, né? A referência não é mineral, e sim fortemente animal. As minas mulheres de tão ínclito, ou não, rei.

Wikipedia e Google, que mais longe o tempo impede andar a pesquisa, dizem que o filho de David e Bate-Seba, Shlomô, foi o 3º Rei de Israel, entre 971 a.C. e 931 a.C., quando morreu.

Teve reinado pacífico. A mandar seus súditos às guerras, preferia realizar grandes construções – o primeiro Templo de Jerusalém é com ele -e encher o r…einado de ouro e tesouros cobrando-lhes tributos.

Mas, e suas minas, não lembradas ontem? Fora o costumeiro de Hollywood, pouco se sabe.

Casar, casou. Com a filha de um faraó e recebeu como dote a cidade cananeia de Gezar, daí a dificuldade de esclarecer a intensidade de seu amor por Anelise. Roboão, filho do casal, o sucedeu, e como bom filho de pai rico achou pouco o que tinha e meteu-se em confusão. Tribos se rebelaram e o reino foi dividido.

Ah, tem também sua fama de julgar sabiamente, como hoje supostamente é feito em Curitiba. Transcrevo:

“Duas mulheres foram ao seu palácio. Tiveram filhos juntos, um dos filhos morreu e a mãe do que morreu, pegou o da outra mãe. De manhã, ela percebeu que aquele que tinha morrido não era seu filho e começaram a discutir. Foram até o palácio do rei Salomão e contaram-lhe a história. Ele mandou chamar um dos guardas e lhe ordenou: ‘Corte o bebê ao meio e dê um pedaço para cada uma’. Uma das mães começou a chorar e disse: ‘Não, eu prefiro ver meu filho nos braços de outra do que morto nos meus’, enquanto a outra disse: ‘Pra mim é justo’. Salomão, reconhecendo a mãe na primeira mulher, mandou que lhe entregassem o filho”.

Até aí, eu diria, vida tranquila e sábia, certo? Quase. O Livro I Reis 11:3, manda ver: “(…) A estas nações uniu-se Salomão por seus amores. Teve setecentas esposas de classe principesca e trezentas concubinas. E suas mulheres perverteram o coração”.

É aí que entra o nosso 8 de março. Quanta mina, sô! O Livro fala de mil mulheres. E olha que Salomão viveu apenas 40 anos. Mesmo que tenha começado cedo (o que seria cedo na época?), teve alta fatura mensal. Uma potência!

Na época, o adultério com mulher casada era punido com a morte dos transgressores. Com tal diversidade de minas, Salomão foi mesmo sábio e safo para ter sobrevivido.

Mas, reconheçamos, retângulos de linho amarrados ao corpo, ombros nus, efeitos drapeados, adornos de ouro, pinturas exóticas, perfumes vários, fariam qualquer Salomão perder a virtude ou a cabeça.

Se quiserem saber algo mais sério sobre perfis e atributos das mulheres naquele período, sugiro “Dicionário da Bíblia 1: as pessoas e os lugares”, de Bruce Manning Metzger, (Editora Zahar, 2002). No link abaixo, há excertos do verbete “Mulheres” (páginas 208 a 220).

https://books.google.com.br/books?id=VJPsValvExkC&pg=PA215&dq=Dicionario+da+Biblia+1+-+mulheres&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiI6oDE9LPLAhVFWpAKHRCrAskQ6AEIMDAA#v=onepage&q=Dicionario%20da%20Biblia%201%20-%20mulheres&f=false