Sei lá, não sei
por Rui Daher
Ano mais, ano menos, prováveis 15, com comentários, textos, pequenas contribuições diante de situação financeira não mais permissiva, colaboro desde o lançamento deste blog, hoje em dia, “Jornal de Todos os Brasis”.
Motivos para fazê-lo? Orgulho, vaidade, acolhimento, amizade e, sobretudo, apoio a quem elabora jornalismo com altos níveis de honestidade, defesa às instituições democráticas, e menor desigualdade social.
Os mesmos motivos me levam, semanalmente, à CartaCapital.
Sempre com característica, reconhecida pelo próprio ‘patrão’ no prefácio do livro “Dominó de Botequim”: escrevo em forma de crônica.
Aqui (GGN), lá (CC), acolá (FB), se não agrado a quem me edita ou lê, é como sei e gosto de escrever. Não me esperem analisando, diariamente, a explícita face golpista de Sérgio Moro, os efeitos de um vírus na economia internacional ou nas Bolsas brasileiras, aliás, único setor que importa na Federação de Corporações. É o que mais faz a esquerda.
Quando trato da esplêndida parvoíce e os rumos do governo de Jair Bolsonaro e suas temerosas reações contra o Congresso e o Judiciário, mesmo em se tratando de ameaça gravíssima, será sempre de forma jocosa. Nada de mais analítico ou profundo merece um incentivador de milícias e incorporador de insanos.
Dois verbos bastam para definir o que estamos passando: sabíamos e avisamos. Tergiversar mais para quê? Respeito, no entanto, quem persiste nesse viés.
Confesso que perdi a paciência e pouco tenho lido tais construções repetitivas, qual loteamentos “Minha Casa, Minha Vida”. Dou mais atenção aos autores internacionais, que emulam discussões sobre os rumos do capitalismo financista e sua crise, tempestade perfeita, tal ciclo não sendo reformado. Poucos analistas nacionais estão percebendo isso.
Minhas formas para falar do que vier, mesmo em sambas, sob visões lá do alto e com a lupa, continuarão sarcásticas, irônicas, galhofeiras, ficcionais, ainda que “na cara”, pois conectadas à miséria secular desta Federação de Corporações.
Assim, tempos de mão direita inábil, pesquiso e descubro ter criado mais de 20 personagens, séries, hipotéticas entrevistas, enfim, ficções explícitas ao que sou crítico e a quem acho asnos.
Na leitura de livros, tenho preferido correr aos alfarrábios políticos do passado, amarelados, obtidos com o suor da pouca fama ou do salário, comprados nas décadas de 1970 e 1980, nas livrarias Kairós, Avanço, Cortez, ou em feiras de livros espalhados nos chãos do prédio da Rua Maria Antônia e nos barracões da Ciência Sociais da USP.
Se clandestinamente, podíamos acessar toda a literatura marxista vinda de fora, e dos nacionais, Florestan, Chauí, Souza Martins, Cohn, Otávio Inani, muitos outros. Mesmo na FGV, a grandiosa bibliografia nos indicada pelo magnífico professor e sociólogo Maurício Tragtenberg (1929-1998).
Pouco do que se escreveu sobre lutas de classes depois disso teve valor maior. Tanto que precisou 2007/08, Trump e suas guerras comerciais, o novo segregacionismo norte-americano, o fim dos governos populares na América Latina para que Piketty, Martin Wolf, Dani Rodrik, Mariana Mazzucato, alguns mais, e no Brasil, renitentes neoliberais, como Armínio e André Lara, descobrissem que com tanta desigualdade é pequena a possibilidade de democracia com convergência social.
Em CartaCapital, edição 12/02/2020, Nirlando Beirão, pergunta se a crônica seria um gênero menor. Só no meu caso. Além do pouco talento, já confessei que os médicos, a cada ano, diminuem minha altura em dois centímetros. No mais, cita Eça de Queirós e Machado de Assis. Ao que acrescento Lima Barreto, João do Rio, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Nelson Rodrigues. Segue: “Eça fez dela um exercício de talento e até de premonição”.
Outro agrado também chega da mesma revista. Por Mino Carta, no seu editorial, de 11/03/2020, “O Confronto”.
Em 2017, e desde então insisto, ao perceber os sinais mentecaptos do Regente Insano Primeiro (RIP), prole, acólitos e milícias, anunciei que somente a galhofa, o deboche, o escárnio, enfraqueceriam o pensamento fascista e o jeito bufão da velha trupe.
Ao discutir com seus botões (espero que meus retroses sempre os mantenham firmes e falantes), Mino pergunta como confrontar a barbárie a que assistimos. Um caminho chega ao jornalista: “os percorridos por humoristas de extraordinário talento, como Marcelo Adnet e Gregório Duvivier”.
Ponho-me menor e nem é minha profissão, mas insistirei no que ouvi de fraterno amigo, em 1985, quando comecei a publicar textos: “nunca deixe de inserir neles o seu bom humor”.
Inté.
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Inté.
Leio-o desde sempre, agora não mais em segredo.
“…Pouco do que se escreveu sobre lutas de classes depois disso teve valor maior..” Somos a Nação que construiu seu Futuro andando para frente, amarrado a seu passado, olhando para trás. Tropeços atrás de tropeços seriam inevitáveis. Chegamos a 2020. Queremos entender a história dos bilhões de anos da da Terra, estudando os últimos 100 anos? E o Brasil? Quem era Bolsonaro para a Periferia de São Paulo, há apenas 3 anos atrás? Os problemas e soluções do Brasil estão em Bolsonaro? É sério?!! Onde ficaram as Estruturas e Projetos Progressistas que não permitiram que escrevesse suas Crônicas, Histórias e Conhecimentos do Brasil e da AgroPecuária, adquiridos em quase 8 décadas? Leio na introdução do ‘Auto da Compadecida’, um fragmento de ‘O Dinheiro’ de Leandro Gomes de Barros (1865). Chegou até os dias de hoje. As Experiências Vividas e o Conhecimento em Livros é eterno. Não se vai com sua Testemunha ou juntamente com Quem o desvendou ou vivenciou. É a verdadeira Herança que deixamos. Vivemos num Paraíso chamado Brasil. Em qual outro país do planeta você colhe mangas, abrindo a janela do quarto? Colhe uvas no quintal de casa? Acabaram minhas jabuticabas, mangas, goiabas, lichias, pessêgos…Agora minhas mexericas, laranjas, amoras. É possível ir à praia de Janeiro a Dezembro. Comer feijoada tomando Caipirinha. O Paraíso foi dado a Nós Brasileiros. Que outro país igual ao Nosso?!! Se não o vivemos, por absoluta culpa Nossa. Abraços. (P.S. Deixe seu conhecimento para Aqueles que não enxergaram o que você viu. “Felizes Aqueles que creram sem ter visto”. Jo 20/29)