A São Paulo Companhia de Dança faz 10 anos, por Walnice Nogueira Galvão

Foto Fernanda Kirmayr

São Paulo Companhia de Dança faz 10 anos

por Walnice Nogueira Galvão

Celebrar esta efeméride é imperativo. A Companhia, desde o início sob a batuta de Inês Bogéa, que foi por 12 anos bailarina do grupo Corpo, consagra-se a múltiplas atividades, não se limitando a quem frequenta seus esplêndidos espetáculos. Dança no interior e no exterior, mantém escola e ateliê, registra documentação histórica em filmes, encomenda novas coreografias a nossos artistas e já acumulou 17 prêmios.

Nesse decênio, a Companhia foi conquistando um honroso lugar na primeira linha de nossa dança. Especializou-se em balé moderno e contemporâneo, raramente arriscando um balé clássico, desses de sapatilha de ponta e tutu de tule (por exemplo La Silphyde ou Raymonda, já várias vezes repetidos). Apresentou coreografias, aliás belíssimas, assinadas pelos mais destacados nomes da atualidade, como William Forsythe, Jiri Kilian e Nacho Duato, sem falar nos brasileiros. Seus espetáculos são um prazer de assistir, lindos, perfeitos, desafiadores.

A certa altura a Companhia passou a ocupar o teatro Sergio Cardoso, no Bixiga, uma casa adequada a seu tamanho, com plateia de inclinação vertiginosa, propiciando uma vista panorâmica do palco a partir de qualquer lugar. O que é raro: veja-se a Sala São Paulo, na qual, ao contrário, quem está na plateia só enxerga da orquestra a primeira fila de músicos, porque o piso não tem inclinação. Para compensar, seria desejável  escalonar a orquestra, distribuindo-a por terraços de nível como numa lavoura em encostas. À falta disso, o espectador continua maltratado, qualquer pessoa que sentar na fila à sua frente, mesmo que não seja alta, obscurece o palco.

A Companhia decidiu comemorar seu primeiro decênio em grande estilo, encenando nada menos que aquele que é o epítome de todos os balés, o Lago dos Cisnes.

O autor, Tchaikovsky, mudou a história do balé quando compôs na Rússia do fim do séc. XIX três partituras incontornáveis, as outras duas sendo oQuebra-nozes A Bela Adormecida, que estrearam no Bolshoi de Moscou e no Mariinski de São Petersburgo. Pode-se até levantar objeções a sua obra, em geral, devido aos excessos românticos como o sentimentalismo e a ênfase exagerada. Mas os três balés são impecáveis e obrigatórios em qualquer repertório que se preze.

Uma das capitais do balé, como se sabe, e especialmente do balé moderno, é Nova York, herdeira da tradição russa transplantada por Balanchine. Todo ano sua principal companhia, a New York City Ballet, por ele fundada, encena às vésperas do Natal a suíte Quebra-nozes, esgotando lotações. O costume se difundiu aos poucos por outras cidades do país, que passaram a encenar o balé por essa época. No Metropolitan de Nova York é de rigor o erguimento no palco do pinheiro de Natal pesando uma tonelada, que vai subindo aos poucos ante nossos olhos maravilhados, até atingir as alturas, arrancando aplausos. Este ano o balé está no tablado pela 64ª. vez consecutiva. A figuração é feita pelas crianças dos cursos de balé de toda a cidade, chamadas de petits rats conforme a denominação francesaconstituindo uma confraria orgulhosa que se reconhece pelo resto da vida.

Crescendo na estima do público ao longo da década, a Companhia já tem suas estrelas. Destaca-se Yoshi Suzuki, com sua leveza e saltos espetaculares; sua aparição, mesmo antes de começar a dançar, já é ovacionada. Nesta encenação, fez o Bufão, exibindo seus dotes para o cômico.

Lago dos Cisnes, por ser o mais famoso balé do mundo, não é para principiantes. E a Companhia mostrou-se à altura do risco calculado. Sob a coreografia do argentino Mario Galizzi percebe-se nitidamente a original de Marius Petipa/Ivanov – de que aliás nenhuma das numerosas e incessantes encenações ao redor do planeta consegue fugir, tal sua perfeição. Experiência do sublime, este balé é um teste de maturidade e foi muito justamente escolhido para celebrar os 10 anos da Companhia – que passou brilhantemente no teste.

Walnice Nogueira Galvão é Professora Emérita da FFLCH-USP

 
Walnice Nogueira Galvão

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  1. SP Companhia de Dança – um referencial de excelência

    Sob a direção da bailarina Inês Bogéa, a SPCD atinge um nível de excelência sublimar e de grandeza de alto nível internacional como instituição cultural que precisa ser muito mais conhecido.

    Sempre antenada aos mais excelentes domínios da dança contemporânea, em um constante intercâmbio com os nomes referenciais da atualidade, em setembro último, tive o privilégio de assistir à apresentação comemorativa dos 10 anos da Companhia, no Teatro Alfa, em São Paulo. Foram três programas magníficos – “Melhor Último Dia”, onde pude apreciar o talento de Yoshi Suzuki; “14,20”, sob direção do checo Jiri Kylian; “Odisseia”, um trabalho exclusivamente dedicado à SPCD, sob a assinatura da francesa Joële Bouvier.

    Obrigado à professora Walnice Nogueria por mais um excelente artigo.

  2. Teatro Negro de Praga em São Paulo

    Teatro Negro de Praga traz espetáculo “Antologia” a São Paulo
     
    Popularizada na Europa, técnica mistura luz negra, dança e circo
     
    Única apresentação acontece no dia 6 de fevereiro, no Teatro Opus. Ingressos já à venda.

     

     

    Crédito da foto: divulgação/Teatro Negro de Praga. Clique aqui para download em alta resolução.
     

    O renomado Teatro Negro de Praga acaba de confirmar retorno ao Brasil, após 20 anos. A companhia anunciou todas as datas de longa turnê que vai percorrer diversas capitais com o espetáculo “Antologia – O Original Teatro Negro de Praga”, que tem a assinatura do produtor Jiry Srnec.
     
    As apresentações acontecerão em Fortaleza (Teatro RioMar Fortaleza), Natal (Teatro Riachuelo Natal), Rio de Janeiro (Teatro Bradesco Rio), São Paulo (Teatro Opus) e Porto Alegre (Teatro do Bourbon Country). Recomendado para crianças, a peça é um retorno à magia, a emoção, imaginação e sonho.
     
    Na capital paulista, o único show está confirmado para o dia 6 de fevereiro, no palco do Teatro Opus. Os ingressos já estão à venda pelo site Uhuu.com. Mais informações no serviço abaixo.
     
    O nome desse tipo de obra ficou conhecido e foi popularizado na cidade de Praga, na República Tcheca, por utilizar a luz negra (black light) para criar imagens surreais e mágicas características da técnica. Este tipo de teatro é reconhecimento como um mérito artístico e cultural do país. A técnica popularizada em Praga já participou de 77 festivais internacionais e realizou mais de 250 apresentações internacionais em 68 países.
     
    O Teatro Negro teve sua origem na China, onde as peças eram apresentadas em telas de projeção com fundo de luz de velas. O Teatro Negro moderno iniciou nos anos 50, usando as tecnologias da época, como projeção cinematográfica, iluminação e luz negra. Esse tipo de espetáculo combinava o teatro tradicional com pantomina (um tipo de mímica), dança e arte circense.


     

    Fortaleza – Teatro RioMar Fortaleza – 31 de janeiro
    Natal – Teatro Riachuelo Natal – 2 de fevereiro
    Rio de Janeiro – Teatro Bradesco Rio – 5 de fevereiro
    São Paulo – Teatro Opus – 6 de fevereiro
    Porto Alegre – Teatro do Bourbon Country – 10 de fevereiro

    Classificação etária: LIVRE

     

     

    SERVIÇO SÃO PAULO (SP)

    6 de fevereiro de 2019
    Quarta-feira, às 20h
    Teatro Opus
    4º Piso do Shopping Villa-Lobos
    Av. das Nações Unidas, 4777 – Alto de Pinheiros – São Paulo, SP.
    https://www.teatroopus.com.br
     
    INGRESSOS
     

    Setor

    Valor

    Meia-Entrada

    Plateia Baixa

    R$200,00

    R$100,00

    Plateia Alta

    R$180,00

    R$90,00

    Balcão Nobre

    R$160,00

    R$80,00

     
    20% Clientes, funcionários e acionistas da Rede MERCURE/ACCOR, limitados a 50 ingressos por sessão, 2 por CPF.
    ** Política de venda de ingressos com desconto: as compras poderão ser realizadas nos canais de vendas oficiais físicos, mediante apresentação de documentos que comprovem a condição de beneficiário. Nas compras realizadas pelo site e/ou call center, a comprovação deverá ser feita no ato da retirada do ingresso na bilheteria e no acesso à casa de espetáculo.
     
    *** A lei da meia-entrada mudou: agora o benefício é destinado a 40% dos ingressos disponíveis para venda por apresentação. Veja abaixo quem têm direito a meia-entrada e os tipos de comprovações oficiais em São Paulo:
     
    – IDOSOS (com idade igual ou superior a 60 anos) mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.
    – ESTUDANTES mediante apresentação da Carteira de Identificação Estudantil (CIE) nacionalmente padronizada, em modelo único, emitida pela ANPG, UNE, UBES, entidades estaduais e municipais, Diretórios Centrais dos Estudantes, Centros e Diretórios Acadêmicos. Mais informações: http://www.documentodoestudante.com.br
    – PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E ACOMPANHANTES mediante apresentação do cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da Pessoa com Deficiência ou de documento emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que ateste a aposentadoria de acordo com os critérios estabelecidos na Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013. No momento de apresentação, esses documentos deverão estar acompanhados de documento de identidade oficial com foto.
    – JOVENS PERTENCENTES A FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA (com idades entre 15 e 29 anos) mediante apresentação da Carteira de Identidade Jovem que será emitida pela Secretaria Nacional de Juventude a partir de 31 de março de 2016, acompanhada de documento de identidade oficial com foto.
    – JOVENS COM ATÉ 15 ANOS mediante apresentação de documento de identidade oficial com foto.
     – DIRETORES, COORDENADORES PEDAGÓGICOS, SUPERVISORES E TITULARES DE CARGOS DO QUADRO DE APOIO DAS ESCOLAS DAS REDES ESTADUAL E MUNICIPAIS mediante apresentação de carteira funcional emitida pela Secretaria da Educação de São Paulo ou holerite acompanhado de documento oficial com foto.
    – PROFESSORES DA REDE PÚBLICA ESTADUAL E DAS REDES MUNICIPAIS DE ENSINO mediante apresentação de carteira funcional emitida pela Secretaria da Educação de São Paulo ou holerite acompanhado de documento oficial com foto.
     
    **** Caso os documentos necessários não sejam apresentados ou não comprovem a condição do beneficiário no momento da compra e retirada dos ingressos ou acesso ao teatro, será exigido o pagamento do complemento do valor do ingresso.
     
    ATENÇÃO: Não será permitida a entrada após o início do espetáculo.
     
     
    CANAIS DE VENDAS OFICIAIS:
     
    BILHETERIA OFICIAL – SEM TAXA DE SERVIÇO
    Local: Foyer do Teatro Opus – 4º andar – Shopping Villa-Lobos
    Av. das Nações Unidas, 4777 – Alto de Pinheiros – São Paulo, SP.
    De terça a domingo, das 12h às 20h
     
    OUTROS PONTOS DE VENDA – COM TAXA DE SERVIÇO
    Site: http://www.uhuu.com
    Formas de pagamento: Amex, Aura, Diners, dinheiro, Hipercard, Mastercard, Visa e Visa Electron
     

    Assessoria de Imprensa do Teatro Opus:
    Guilherme Oliveira – (11) 97648-5663 – [email protected] 
    Costábile Salzano Jr – (11) 964.197.206 – [email protected]
     
    Apoio de Assessoria de Imprensa:
    Mauren Favero – 51 3235.4509 / 51 99857.1770 [email protected]
    Letícia Rech – 51 3235.4509 mailto:[email protected]

     

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