Cleonildo Cruz mergulha em “Diáspora – Todos os Sonhos do Mundo”

Jornal GGN – Em 2016, o historiador e cineasta Cleonildo Cruz mergulhou na construção de seu novo projeto, “Diáspora – Todos os Sonhos do Mundo”. O trabalho de pesquisa do longa-metragem, que irá tratar da crise migratória na Europa e as redes de acolhimento aos refugiados, começou a ser realizado no dia 20 de junho, Dia Mundial do Refugiado. Quando, Cleonildo partiu de Lisboa (Portugal), da casa de Fernando Pessoa, que empresta o subtítulo ao filme.

A equipe do longa já percorreu cerca de 3.200 quilômetros por estrada, entre os dias 20 e 25 de junho, passando por três países: Portugal (Lisboa, Porto, Faro), Espanha (Sevilha, Merida e Cadiz) e atravessando de barco para Marrocos (Tanger). Em Lisboa, a equipe do documentário visitou redes e ações de acolhimento, por meio do Conselho Português para os Refugiados, do Centro de Acolhimento para Refugiados e da Casa de Acolhimento para Crianças Refugiadas. Durante as visitas, foram registrados depoimentos e histórias de famílias que sofrem com essa tragédia. A equipe, ainda teve um breve encontro com o Presidente Português, Marcelo Rebelo.

Quando passavam em Tanger, no Marrocos, os produtores foram surpreendidos com a aprovação do plebiscito que autorizou a saída do Reino Unido da União Europeia. “A crise migratória será ainda mais amplificada por esse acontecimento. Teremos a desintegração de políticas multilaterais de apoio aos refugiados. É uma tentativa para que se tenha maior controle no acesso dos imigrantes no Reino Unido, simplesmente dando as costas para o problema”, explicou Cleonildo Cruz.

Em 2015, cerca de um milhão de pessoas cruzaram o Mar Mediterrâneo para fugir de conflitos. O número, que chega a ser assustador, é quatro vezes maior comparado a 2014, quando 214 mil pessoas atravessaram o mar para chegar à Europa. O roteiro do filme irá fazer um mergulho nas experiências e no dia a dia dessas pessoas.

Com o objetivo de fazer conexões com os demais países da Europa, o momento é de captação para dar andamento etapas que acontecerão na França, Alemanha, Inglaterra, Grécia, Turquia e Líbano chegando aos limites com a Síria. “Diáspora”, pretende reunir as equipes residentes em cada um dos países, convidando os refugiados para participar das etapas de pós-produção. Assim, à medida que o filme estiver sendo rodado, os participantes estarão retroalimentando a produção.

“Há caminhos que não têm volta, são irreversíveis. Na condição de quem ama o que faz e não se abala com dificuldades e desafios, estamos rodando o Diáspora. É uma descoberta a cada cena, cada local visitado, cada indivíduo focalizado. São histórias impactantes e reais. Tristeza e dor da perda, saudade da família e a incerteza do próximo dia. Eles deixam seus países por causa da guerra e da perseguição, são sírios, afegãos, iraquianos, somalis e nigerianos. Nessa diáspora arriscam suas vidas para um novo começo e na mala trazem todos os sonhos do mundo”, disse Cleonildo.

O documentário, poderá ser acompanhado em tempo real nas redes sociais. Os produtores prometem alimentar suas redes com informações dos locais de gravação, para que o público possa conhecer as etapas do trabalho. A direção de fotografia é do pernambucano Fred Alves, também coordenador da equipe de Lisboa, que trabalha na Europa e América Latina.

Inicialmente, os recursos destinados ao longa foram de mais ou menos R$ 100 mil em viagens, hospedagem, equipamentos e pessoal, cedido pela Tempus Filmes, produtora dirigida por Cleonildo. O projeto está orçamento em cerca de R$ 1,4milhões.

O pernambucano, Cleonildo Cruz, é documentarista e seus trabalhos são focados em sócio-políticas. Em 2011, retratou a história e o processo de reconstrução do Haiti. Também é diretor de “Operação Condor – Verdade Inconclusa”, “Constituinte 1987-1988” e de “Anistia”, que será lançado ainda em 2016.

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