O orçamento e o faturamento dos filmes nacionais

Por Alfredo Sternheim

Comentário ao post “O renascimento do cinema nacional
O texto está certo em vários aspectos, mas as distribuidoras apontadas como exclusivas de filmes nacionais também trabalham com produções estrangeiras. Isso é o de menos, assim como a preferência pela comédia. Se Hollywood fatura em cima da violência, nosso cinema fatura em cima do humor. É legitimo.

O que faltou dizer é que a conta, na maioria das vezes, não fecha. Há filmes brasileiros que têm orçamentos incompatíveis com as naturais respostas do nosso mercado. Filmes com 9, 10 milhões de orçamento. Para amortizar esse custo, o faturamento bruto teria que ser de, no mínimo, 28 milhões, já que 50% da receita vai para o exibidor e dos 50% restantes, uns 20 ou 30% ficam com o distribuidor. Mas, para alguns realizadores, isso não importa porque eles garantem nos orçamentos um pró labore alto e as despesas não precisam mais amortizadas pela bilheteria; são amortizadas pelas verbas obtidas no mecenato oficial, via renúncia fiscal por exemplo. E renúncia fiscal é dinheiro que deixa de ser imposto sobre a renda capaz de garantir hospitais, escolas, etc. Ou seja, o nosso cinema atual, ao contrário do que ocorria na época do cinema da Boca do qual fiz parte, não se autosustenta.

Nada contra o mecenato oficial, há empresas e cineastas que, de forma honesta e prática, administram muito bem essas verbas. Mas há uma minoria que trabalha no desperdício, muitas vezes em proveito próprio. O caso Chatô é bem emblemático. Há outros semelhantes que não sairam na mídia.  É preciso fomentar o cinema nacional, mas com mais parcimônia. E investir no incentivo ao público, na formação de platéias. E fica dfícil ir ao cinema com o alto valor do ingresso (pelo menos nas cidades gandes) e ainda por cima aguentar 10 minutos de muita publicidade. Portanto, o panorama não é tão auspicioso, embora concorde que a lei para produções nacionais na nossa tevê foi a melhor conquista. Abriu um campo então fechado que só beneficiava Hollywood com os seus seriados que têm títulos em inglês,.Gerou mais emprego e criatividade no Brasil. Bravo. De qualquer maneira, nosso cinema precisa ter seu próprio caminho, sem paternalismo excessivo.    

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Redação

Redação

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  • Alfredo, excelente
    Como se

    Alfredo, excelente

    Como se diz "tudo começa do começo", e o caminho está traçado. Espero que os avanços que você propõe ocorram.

    É possível baixar os preços. Algumas salas já têm inúmeros convênios, fora estudantes, professores e outras categorias que pagam meia em algumas delas. Fomentar como você diz; "investir no incentivo ao público, na formação de platéias" é essencial

  • India e Estados Unidos sao os

    India e Estados Unidos sao os unicos paises que o cinema funciona sem incentivo do governo.

    O escanda-lo no caso brasileiro é que o filme apesar de o governo arcar com 100% do custo da produção. Ele nao é socio do filme. Se o filme der lucro o dinheiro vai 100% para os produtores e nada pro governo!

    Outro grande problema é que apesar do dinheiro ser publico quem decide qual produção ira receber os recursos é as grandes empresas. As que faturam suficiente para participar do incentivo fiscal.

    • Olha, voce não considerou os

      Olha, voce não considerou os retornos de impostos sobre os filmes, principalmente de sucesso. Se um filme faz 2milhões de expectadores, paga em media 7milhões de impostos. As comedias todas lançadas ano passado passaram de 2milhoes de expectadores.

       

       

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