O renascimento do cinema nacional

Até a semana passada, foram vendidos no mercado interno 22 milhões de ingressos para filmes brasileiros. Nessa conta entrou apenas a primeira semana do filme “Meu passado me condena”, que estreou com a segunda maior bilheteria do ano.

A explicação é de Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine (Agência Nacional de Cinema), durante o Fórum de Debates Brasilianas sobre Indústrias Criativas.

Até o final do ano, a Ancine espera superar o melhor desempenho da história, de 2010, que registrou 25 milhões de ingressos vendidos, dos quais 11 milhões para o campeão Tropa de Elite 2.

***

Até três anos atrás, o mercado de distribuição era dominado pelas estrangeiras. Esse ano, as independentes responderão por 90% do mercado.

Na cadeia produtiva, houve avanços também nas salas de cinema, depois de um período em que o interior foi invadido por templos evangélicos. O ano fechará com 2.800 salas de cinema e uma previsão de 3.500 salas em 2015, um crescimento que a Ancine ainda considera tímido, em relação à recuperação do parque exibidor em países centrais.

O ano fechará com mais de 100 filmes brasileiros produzidos, 300% a mais do que a quantidade de 2003.

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A política de recuperação da cinematografia nacional teve os seguintes momentos-chave:

1. Criação da Ancine em 2001. Além da administração da política, como espaço de inteligência para pensar estratégias.

2. Em 2006, a lei que ampliou a capacidade regulatória da agência e domínio de informações do mercado. E criou o  Fundo Setorial do Audiovisual, retomando a capacidade do Estado de investir no setor.

3. A Lei 12485, da TV Paga, depois de um amplo debate no Congresso sobre convergência digital. Foram removidas barreiras regulatórias para expansão da TV por assinatura. Houve um ciclo de expansão da TV por assinatura, que saiu de 4,5 milhões de assinantes em 2004 para 17 milhões em agosto de 2013. Espera-se 30 milhões ao final de 2016. A Lei do Cabo trouxe consigo  o fortalecimento das produtoras independentes.  Pela primeira vez abriu espaço para produção brasileira na TV por assinatura.

Com esses movimentos, a produção de audiovisual saltou de 400 para 2.000 horas de produção/ano.

4. A Lei 12.599 com o Cinema Perto de Você, com desoneração fiscal e mecanismos de defesa do mercado publicitário brasileiro para fortalecer o mercado publicitário de vídeos.

***

A mudança do market share da distribuição tornou-se um caso clássico.

Começou em 2004, com a criação de um canal de financiamento. Ganhou velocidade a partir de 2008, com o Fundo Setorial de Audiovisual, que tornou as distribuidoras agentes financiadores da produção de filmes.

Já existiam independentes atuando especialmente no mercado de DVD, algumas como prestadoras de serviços para as “majors” – as grandes internacionais.

Essas políticas fizeram com que deslocassem o centro de atenção da distribuição de filmes estrangeiros para filmes brasileiros. Foi o que ocorreu com a Paris Filmes

Hoje, algumas dessas distribuidoras trabalham exclusivamente com filmes brasileiros, como a Dowtown, Europa, Playart e California.

Resta saber como se comportará esse modelo com o avanço da Internet e da convergência digital.

Luis Nassif

37 Comentários

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  1. Muito bom.Voltei a assistir

    Muito bom. Voltei a assistir filmes nacionais, e o melhor, muitos deles de qualidade, com enfoque regional, abordando problemas sociais e levando o público a refletir sobre os temas.

    Todos os filmes brasileiros que assisti nos últimos tempos diferem do tradicional filme americano de consumo e digestão rápida.

    Parece que aos poucos deixaremos de ser escravos de filmes tipo “esqueça a vida”, e passaremos a ter mais opções de filmes “pense a vida”.

    Quando se tem planejamento, e antes, vontade política, é possível realizar avanços.

  2. A importância deste movimento

    A importância deste movimento político descrito por Nassif é despertar a cultura brasileira, recriar a brasilidade e com eles o resgate do sentimento de cidadania que perdemos (ou nunca tivemos), além do óbvio (para quem só pensa nisso) circulação de riqueza dentro do setor de áudio-visual.

  3. “Resta saber como se

    “Resta saber como se comportará esse modelo com o avanço da Internet e da convergência digital.”

     

    Qualquer atividade humana que sofrer uma pilhagem imediata, diaria, com o tempo se esvaziara.

    É simples.

    Teremos um apagão cultural.

    Uma entrevista com uma produtora do filme Tropa de Elite mostrou a que ponto chegamos.

    Todo o material filmado, editado era acompanhado por um sistema de segurança, proximo ao de uma guerra.

    Isso apenas para resguardar a produção por um pequeno tempo antes da pilhagem digital.

    A internet tinha tudo para trazer a luz, mas ja esta provocando tempestades.

    Esta como foram os oceanos nos tempos dos piratas.

    Sem lei.

    No passado,  qualquer caravela,  que encontrasse em meio a viagem  outra maior, era completamente pilhada.

    Em alguns poucos casos de solidariedade humana, os piratas levavam todos os mantimentos, mas deixavam um pouco de agua.

    Evidentemente, chegou-se a um ponto que a humanidade decidiu impor regras para poder avançar,desbravar oceanos.

    Depois de seculos os piratas voltaram novamente.

    Não sera necessario esperar muito  para observar os maleficios de suas praticas.

    Basta ler os comentarios sobre os artistas que encontramos neste blog e em outros espaços virtuais.

    Nos ultimos dias fiquei perplexo.

    “Canalhas”, “alienados”, “ladrões”, eram os adjetivos menos ofensivos.

    Isso tudo apenas porque os artistas são, evidentemente, contra a perda do unico direito que garante a remuneração por seus trabalhos, como tambem lutam para manter a lei que protege a intimidade de suas vidas.

    A desvalorização de uma categoria, ate ha pouco com os meritos reconhecidos pela sociedade, vem dessa pilhagem encontrada na internet.

    A arte,como tudo que é encontrado no chão da esquina passou a ser considerada como algo sem valor. Evidentemente, tambem os que produzem algo de graça.

    Um “comentarista” chegou a afirmar que o Chico Buarque “ganha muito” e que para viver, deveria dar “aulas particulares nas horas vagas”.

    Se tudo que o artistas vierem a produzir forem pilhados, ou melhor, como se diz agora “compartilhado”, a arte so vai ser encontrada nas “aulas particulares”.

     

  4. Ley de medios para o cinema brasileiro

    Peraí. “Meu passado me condena” é um filme “global”. Destes 22 milhões de ingressos vendidos, quantos se referem a porcarias produzidas, ou divulgadas, ou financiadas pela Globo? 21 milhões e 900 mil?

    Estamos falando aqui de mudança de regulação, investimento de recursos públicos, criação de fundos setoriais, e é motivo de comemoração ainda vermos um mercado totalmente dominado pela Globo – que, no final das contas, nem precisaria de patrocínio público nem incentivos? 

    O problema não é quantos espectadores, ou o quanto rende. Investimento em cinema a vera, partindo do poder público, seria quebrar esta espinha dorsal a que aludiu Caio Blat, em que uma empresa só domina a distribuição de filmes de ponta a ponta. 

    Pelo contrário, o que o governo fez foi agigantar ainda mais este sistema, tanto que o nosso “renascimento” é feito a base de filmes do Bruno Mazzeo, de comédias românticas parecidas com novelas globais, e toda essa porcaria que estamos acostumados a ver que só engorda os cofres da Globo. 

     

     

    1. Absolutamente perfeito seu

      Absolutamente perfeito seu comentario.

      É o digo ha anos aqui.

      Pela falta de um rumo politico para a nossa cultura, o cinema esta se tornando um prolongamento da programação da Globo.

      E o “sucesso” medido em numero de espectadores.

      O governo não entendeu ainda que deve incentivar financeiramente atividades culturais, artisticas.

      As do “entretenimento” são comerciais, como outras, portanto não necessitam de verbas publicas.

      Va explicar isso para o Gilberto Gil, garoto propaganda ate de supermercados.

  5. Qualidade?

    Renasceu? Mas cadê a qualidade?

    Dos filmes nacionais que assisti o único digno de nota foi o “O Som ao Redor”, excelente filme produzido em Pernambuco e suficientemente  longe das terríveis infuências “globais”.  Elenco, roteiro, direção. Tudo ok.

    Assisti também recentemente o “Serra Pelada”. Péssimo. 2 horas desperdiçadas com um elenco forçando a barra e tentando simular o comportamento de garimpeiros. Tudo muito artificial. Roteiro banal.

    Quanto as comédias da classe média carioca produzidas pela Globo Filmes talvez seja mais interessante ficar assistindo novelas em casa.

    Enfim, o cinema brasileiro foi dilapidado e agora está renascendo com a marca da Globo. Triste.

    O Governo brasileiro deveria importar cineastas argentinos, uruguaios, chilenos, peruanos e dispensar aqueles elencos que vemos todos os dias na TV…

    Tá na hora de aprender a fazer cinema de novo. Não vai ser a Globo que vai ensinar.

    Novela é novela. Cinema é cinema.

     

  6. FSA

    O FSA – Fundo Setorial do Audiovisual é uma caixa preta. É muito dinheiro gerido pela ANCINE e um banco privado (http://fsa.ancine.gov.br/). O que percebo hoje é que o foco está na produção. Os produtores ganham seu dinheiro com a produção do filme. Se ele vai dar bilheteria é um ganho a mais, pois sua remuneração já está garantida pelos patrocínios, leis de incentico, FSA, etc. O Plano Nacional de Cultura possui uma Meta a ser cumprida que é 150 longas lançados anualmente até 2020. Em relação a isso não tenho dúvidas que a meta vai ser cumprida.

    Confiram aqui: http://pnc.culturadigital.br/metas/150-filmes-brasileiros-de-longa-metragem-lancados-ao-ano-em-salas-de-cinema/ 

    1. Follow de money

      Acho que você apontou o caminho da análise, Klaus.

      Ou, até, o de um roteiro para um… filme, rsrs

      Numa cena os personagens travariam o seguinte diálogo:

      Um deles:

      “que qualidade o quê! Isso é papo de “intelectualóide”! Qualidade é sucesso; é grana: é viagem moda, decoração, gastronomia e degustação, hehe”

      e o outro complementendo:

        “…e cobertura no Leblon, haha!”

  7. Fechando a conta

    O texto está certo em vários aspectos, mas as distrribuidoras apontadas como exclusivas de filmes nacionais, também trabalham com produções estrangeiras. Isso é o de menos, assim como a preferência pela comédia. Se Hollywood fatura em cima da violência, nosso cinema fatura em cima do humor. É legitimo.. O que faltou dizer é que a conta, na maioria das vezes, não fecha. Há filmes brasileiros que têm orçamentos incompatíveis com as naturais respostas do nosso mercado. Filmes com 9, 10 milhões de orçamento. Para amortizar esse custo, o faturamento bruto teria que ser de, no mínimo, 28 milhões, já que 50% da receita vai para o exibidor e dos 50% restantes, uns 20 ou 30% ficam com o distribuidor. Mas, para alguns realizadores, isso não importa porque eles garantem nos orçamentos um pró labore alto e as despesas não precisam mais amortizadas pela bilheteria; são amortizadas pelas verbas obtidas no mecenato oficial, via renúncia fiscal por exemplo. E renúncia fiscal  é dinheiro que deixa de ser imposto sobre a renda capaz de garantir hospitais, escolas, etc. Ou seja, o nosso cinema atual, ao contrário do que ocorria na época do cinema da Boca do qual fiz parte, não se autosustenta. Nada contra o mecenato oficial, há empresas e cineastas que, de forma honesta e prática, administram muito bem essas verbas. Mas há uma minoria que trabalha no desperdício, muitas vezes em proveito próprio. O caso Chatô é bem emblemático. Há outros semelhantes que não sairam na mídia.  É preciso fomentar o cinema nacional, mas com mais parcimônia. E investir no incentivo ao público, na formação de platéias. E fica dfícil ir ao cinema com o alto valor do ingresso (pelo menos nas cidades gandes) e ainda por cima aguentar 10 minutos de muita publicidade. Portanto, o panorama não é tão auspicioso, embora concorde que a lei para produções nacionais na nossa tevê foi a melhor conquista. Abriu um campo então fechado que só beneficiava Hollywood com os seus seriados que têm títulos em inglês,.Gerou mais emprego e criatividade no Brasil. Bravo. De qualquer maneira, nosso cinema precisa ter seu próprio caminho, sem paternalismo excessivo.    

    1. OK. Há um certo cinema

      OK. Há um certo cinema brasileiro que se auto-sustenta. A questão é que o Brasil precisa fazer cinemas para além dos modelos, investir na criatividade e – perfeito – na formação de plateias, ou seja, formação de cidadãos, informados e preparados para audiências cada vez mais criativas intensificando e processos culturais de trocas simbólicas. “De qualquer maneira, nosso cinema precisa ter seu próprio caminho, sem paternalismo excessivo” e, digo eu, caminhos do cinema brasileiro passam por investir em processos de interação entre arte, cultura, educação e ciência juntos e articulados nas escolas e na vida.

  8. De fato, Nassif, torna-se

    De fato, Nassif, torna-se necessário decupar os números que o Rangel apresenta para sabermos o quanto leva a Globo Filmes desta botija. Diga-se de passagem que além de ficar com o pote de ouro, boa parte da produção da Globo Filmes é totalmente assimilada aos modos narrativos do cinemão americano. Fora da Globo Filmes, em que pese as boas novas relacionadas às leis de incentivo à produção independente brasileira na televisão, a situação do nosso cinema é crítica. Na Bahia tem surgido uma nova geração de cineastas e tem havido a produção regular de filmes, contudo a exibição e distribuição desses filmes está praticamente travada. Nossos filmes são selecionados e/ou ganham prêmios em importantes festivais mas a atração do público, nas condições atuais, é quase impossível. Quando o filme A Grande Feira (Roberto Pires, 1962) foi lançado em Salvador, em 1962, a bilheteria foi maior do que Ben Hur, lançado na mesma época. Havia então um imenso interesse dos baianos – e brasileiros em geral – por nossas histórias e nossos personagens. Hoje o interesse majoritário do público é por histórias e personagens criados e difundidos pelo cinema americano.

    Buscando superar a impossibilidade de atrair o público para ver o documentário de longa metragem Cuica de Santo Amaro nos cinemas – ainda que o filme tenha ficado cinco semanas nos cinemas de Salvador – optamos por investir na criação de um Circuito Alternativo de Cinema no estado, envolvendo auditórios de centros de cultura e de universidades. Com o apoio do Fundo EStadual de Cultura fizemos 2 mil DVDs do filme – com EXtras e encarte de material pedagógico – e articulamos a exibição em 30 cidades do interior. Estamos fazendo um intenso corpo-a-corpo com professores, estudantes e outros potenciais interessados em cinema brasileiro em todas essas cidades, exibindo o filme, fazendo debates e doando os DVDs para serem usados como recurso didático. Nos centros de cultura e universidades do interior há uma infra-estrutura instalada que pode ser melhorada com investimentos de pequena monta para a criação deste circuito. E seus benefícios podem ser enormes: ofertar filmes brasileiros para milhares de jovens, promover debates sobre a nossa realidade e fazer dos filmes insumo para atividades pedagógicas e outras.

    Para além do cinema como mercado, o que estamos providenciando aqui é potencializar as relações entre cinema e educação bucando ofertar experiências estéticas, sensoriais, cinestésicas, informativas que nos remetam a nós mesmos enquanto indivíduos e coletividades, que nos remetam às nossas memórias e aos desejos de futuros, produzindo reflexões que nos levem a pensar – p. ex. – que só lograremos ser melhor do que somos e se sabermos bem avaliar o quanto e como melhor fomos um dia – discussão que vem à tona nos debates sobre Cuíca de Santo Amaro e a memória da Bhia/do Brasil da década de 1950.

     

  9. O maior entrave  ao

    O maior entrave  ao crescimento do cinema nacional de qualidade é,  como  sempre o circuito exibidor.  Enquanto o lixo norte-americano é exibido em 400 salas,  no mínimo,  o bom cinema  nacionao,  como o documentário sobre Sobral  Pinto passa em uma única sal na zona sul do Rio.  O excelente  Fla X Flu  passa em apenas uma sala e em um único horário,  de 17 : 20 h ! E a divulgação desses  filmes….desnimadora, enquanto  o lixo internacional  merece reportagems de página inteira,  elogios dos “críticos “,  proporcionam viagens gratuitas para esses mesmo críticos….E detratores  gratuitos entre os espectadores  de cinemas de shopings que entendem que cinema nacional  é consttuido apenas por xaropadas globais….

         Triste !

  10. Resta saber como se

    Resta saber como se comportará esse modelo com o avanço da Internet e da convergência digital.

    Nassif,

    O pessoal do Netflix andou considerando dias atrás de “lutar” pela possibilidade de lançar filmes na mesma data que a estreia no cinema. Mas agora voltou atrás dizendo que quer apenas reduzir a “janela” entre os lançamentos.

    http://variety.com/2013/digital/news/ted-sarandos-backs-away-from-day-and-date-movies-with-netflix-1200794822/

    Mas creio que a tendência é por aí, conforme mais e mais pessoas vão tendo TVs cada vez maiores, com sistemas de som moderno, etc…o que o cinema (estrutura/salas) atual teria para oferecer de diferencial diante desse novo cenário?

    A internet, através do Netflix e outros modelos e empresas que possam se desenvolver, vai pressionar cada vez mais para reduzir a janela, até que a mesma deixa de se existir. Porque sair de casa, pegar trânsito, aguentar celular tocando durante o filme, se a experiência poderia ser reproduzida em casa?

  11. Nem ligo

    Quem quiser dar seu carinho ou seu baratinho eu nem ligo. Eu não vejo nem em tv aberta.

    E lamento muito ver renuncia fiscal pra financiar falsificação da realidade. Mas…. O que é a realidade, né? A arte tá aí pra distrair, né? Pra emocionar, né? E tome carinho e baratinho, haha.

    1. a imensa maioria dos garotos

      a imensa maioria dos garotos negros assassinados pela polícia ou pelo tráfico todos os dias no barsil, a imensa maioria deles, mal sabe ler e escrever, mal sabem assinar o nome … a garotada que vai aos shoppings centers ver filmes, em sua imensa maioria, vai ver filmes americanos e seus correlatos locais … a falsificação da realidade – inclusive da realidade psíquica, simbólica – vendida ao público brasileiro é de deixar qq país de quatro.

      recursos públicos devem ser aplicados para a realização de bens e serviços públicos/de interesse público, de natureza pública – mesmo sabendo todos que a maior parte dos recursos públicos é usada para negócios privados, intereses privados e até mesmo inconfessáveis.

       

  12. Famiglia Marinho: Os bilionários da mídia

    Falando sobre a influência do “padrão Globo” nas midias e na cultura brasileira o artigo abaixo é assustador

     

    Bloomberg posiciona Marinho como 2º família mais rica do mundo no ramo da mídia

    Enviado por  

    Incrível a submissão da mídia nacional à Globo.

    É como se fôssemos uma Coréia do Norte de direita, cujos ditadores fossem a família Marinho.

    Ninguém deu a publicidade necessária a uma notícia obviamente importante para se entender a economia brasileira. A Bloomberg, uma das maiores agências de notícia do mundo, divulgou ontem o seu ranking das principais fortunas do mundo.

    No setor de mídia, os três irmãos Marinho figuram entre as 10 maiores fortunas do planeta. Somados, eles trem US$ 25 bilhões. Em reais, isso daria mais de R$ 50 bilhões.  Somando a fortuna dos três, eles ocupam o segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas de David Thomson, sócio-majoritário da Reuters.

    Para se ter uma ideia, a fortuna dos Marinho, somada, é mais que duas vezes maior que a de Rupert Murdoch, o temido magnata da mídia norte-americana, dono da Fox, e o triplo da riqueza de Berlusconi, que usou seu poder para governar a Itália por quase vinte anos.

    A fortuna dos Marinho é originada, primariamente, dos aportes ilegais que recebeu da Time Life, a partir de 1962, e do apoio que prestou ao golpe de Estado. O regime militar concedeu grandes vantagens à Globo, permitindo-lhe acumular um patrimônio tão grande ao mesmo tempo em que piorava indecentemente a distribuição de renda no país.

    Durante a redemocratização, o poderio da Globo serviu-lhe para que nenhum regulamento fosse criado para estorvar-lhe o contínuo inchaço.

    Mesmo assim, a Globo passou pela maior crise de sua história em 2002.

    Uma notinha biográfica sobre João Roberto Marinho, o mais velho dos irmãos, diz que ele “tirou a Globo do maior calote corporativo da história brasileira.

    “Led Globo out of the biggest corporate default in Brazil’s history.”

    Surfando sobre a onda do “mensalão” e sonegando impostos, a Globo conseguiu dar a volta por cima.

    Os números da Bloomberg deveriam servir para ligar o alerta vermelho em todos os brasileiros que defendem a democracia, porque é óbvio que o regime democrático é ameaçado pela mera existência de uma família que reúne, ao mesmo tempo, a maior fortuna do país, e o maior conglomerado de mídia, controlando – segundo a Bloomberg –  quase metade do mercado de televisão no país (deve se referir ao faturamento com publicidade).  Ainda mais quando esse grupo tem longa tradição de ataque à democracia e manipulação de notícias. 

     

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  13. Cinema brasileiro vem evoluindo, porém…

    Os graves problemas da distribuição ainda não foram resolvidos, se no passado o ponto fraco dos filmes brasileiros era o som, hoje são os roteiros (bem fracos). Percebe-se que os filmes brasileiros na maioria estão distantes dos principais festivais de cinema do mundo (quando participam não é para competir, apenas exibição).

    Interessante notar que enquanto o cinema brasileiro cresce, a música (que sempre foi nosso maior produto cultural) está em decadência.

    Na cadeia produtiva, houve avanços também nas salas de cinema, depois de um período em que o interior foi invadido por templos evangélicos. O ano fechará com 2.800 salas de cinema e uma previsão de 3.500 salas em 2015, um crescimento que a Ancine ainda considera tímido, em relação à recuperação do parque exibidor em países centrais. 

    Se a maioria dessas salas continuam sendo criadas nos shoppings não se pode chamar de avanço, pois essas salas são dominadas pelos grandes conglomerados internacionais, tem que criar meios mais alternativos para exibição.

    Criação da Ancine em 2001. Além da administração da política, como espaço de inteligência para pensar estratégias. 

    Papel da Ancine ainda é tímido, deveria ser mais ativo como era a Embrafilme, detesto a palavra agência na administração pública, coisa de neoliberal.

    A Lei do Cabo trouxe consigo  o fortalecimento das produtoras independentes.  Pela primeira vez abriu espaço para produção brasileira na TV por assinatura. 

    Lei que a oposição, a mídia pró-EUA foi contra e pressiona o STF para declarar sua invalidade (apesar de estar na constituição), por quê será né ???

  14. Um amigo chegou para mim e

    Um amigo chegou para mim e disse: “Mandei o Lima Duarte tomar no …”. Dei risada mas não entendi nada. Ele explicou: “Fiz uma ponta num filme cheio de Globais. Meu papel foi de um morador de rua que é maltratado num certo momento e reage com esse chingamento”.

    O filme nunca saiu em cartaz. Isso diz muito sobre o tal “renascimento” do cinema nacional.

  15. É preciso mudar as leis de incentivo.

    O objetivo da lei de incentivo é nobre, oferecer para cultura o mesmo privilégio que a indústria e agricultura tem. Mas para a política cultural ser aplicada corretamente seria melhor voltar com a lei Sarney no lugar da lei Rouanet.

    A lei Sarney beneficiava apenas quem era do ramo (produtores culturais, independentes, grupos de arte) e a lei Rouanet desvirtuou ao beneficiar empresas que investem em cultura (bancos, petrolíferas, varejistas, etc).

    Muitas dessas empresas não entendem muito de cultura, usam da lei para benefício próprio e acaba gerando no Brasil uma auto-censura pior que na ditadura (na ditadura a censura ocorria depois das filmagens e edição, hoje ela ocorre depois de escrito o roteiro e antes das filmagens). Isso quando empresas grandes aproveitam dos incentivos (Globo Filmes).

    Ironia que uma lei com o nome do José Sarney seja a melhor lei cultural desse país enquanto um governo ultraliberal, anti-estado como FHC tenha burocratizado e aumentado as panelas na lei de incentivo cultural quando regulamentou a lei Rouanet.

  16. Templos Evangêlicos não tem culpa!

    A culpa do cinema Brasileiro ter parado no tempo é do Brasil. Da mídia brasileira que aceita enlatados. E não dos evangêlicos.

    1. Templos evangélicos não tem culpa

      É modismo e fica fácil atribuir qualquer imobilismo cultural aos templos, como se as igrejas evangélicas fossem as culpadas pela falta de política cultural por parte dos governantes de todas as cores. Os templos ocupam salas que em outros tempos foram cinemas e estavam vazias. Não há notícias de igrejas, de qualquer matiz, fechando cinemas. Para mim, pura falta de argumento. Empobrece o texto.

  17. O pessoal já falou aqui na

    O pessoal já falou aqui na questão da qualidade, ou falta de. Faço uma observação. O cinema brasileiro, fora as chanchadas da década de 50, teve como modelo o europeu, o de autor. Na primeira retomada, depois da terra arrasada da era Collor, o modelo ainda era esse. Tivemos como exemplo, entre outros, Carlota Joaquina e Central do Brasil.

    Agora nessa segunda o que vemos é uma cópia escarrada do cinemão americano e suas intermináveis sequencias, tipo Duro de Matar XIV. “Se eu fosse voce”, com tony Ramos e Gloria Pires está na terceira ou quarta? Nem sei. Ainda tem o tal de Perna para o ar 2

  18. Cinema e musica

    não da para viver sem. Eu nem sei como tem gente que passa um ano inteiro sem ver um filme, sem ir ao cinema e sem ouvir um disco inteiro, daqueles que fazem a diferença. Mas enfim: ha sensibilidades e…  sei la. 

    O que o cinema nacional precisa mais hoje em dia, como ja apontaram, é educar a população. Eh menos televisão e mais leitura, concertos (incluindo ai orquestras e operas) e cinema, dança etc.

     Esses tempos fui ver uma exposição na cinemateca sobre Pier Paolo Pasolini. Eh triste saber que o italiano médio de hoje nunca viu um filme desse que foi o maior intelectual do cinema italiano do século XX. Tudo o que Pasolini mais receava esta ocorrendo com a Italia dos dias hoje: populismo e perda de valores enraizados na educação e cultura. 

    Enfim, penso também que ha problemas na distribuição nacional. Produtores e distribuidores nem sempre encontram salas disponiveis para os pequenos filmes. Esta tudo muito concentrado. Nem os bons filmes europeus chegam nas salas de cinema de capitais fora do eixo sul-sudeste.

    Imagino que esse seja outra questão em que Ancine deve brigar pelo cinema nacional. E pelos bons filmes em geral.  

     

     

    1. Imagino que esse seja outra

      Imagino que esse seja outra questão em que Ancine deve brigar pelo cinema nacional. E pelos bons filmes em geral.  

      Mas aí caímos em outro problema…o que é um bom filme? Quem decide isso? 

      Ainda nessa linha…não vamos dar dinheiro para a Globo (e/ou funcionários), mas qual o critério para fazer tal controle? Hipoteticamente, para a Record poderia, se fosse o caso?

      Deixando claro que eu não tenho uma opinião fechada em relação a incentivos e patrocínio de cultura por parte do Estado, mas até que ponto é adequado dar dinheiro para A ou B produzir alguma coisa?

      Será que o caminho não é algo como o tal Vale-cultura e deixar que a população escolha?

      Ou um sistema híbrido de produção cultural incluindo aí até mesmo a formação de profissionais que possam gerar mais conteúdo, pois hoje temos a internet para facilitar a distribuição do mesmo. 

      Cultura promovida pelo Estado deve ser “acessível”, seja financeiramente como geograficamente? Ou vale bancar um desfile de alta moda em outro país?

      1. O renascimento do cinema nacional

        Também sou leiga quanto à questão de patrocínios culturais, mas reflito :O que é um bom filme? Um bom filme, depende, da concepção de educação de quem patrocina o cinema nacional. E é um bom filme para quem? No caso da venda dos ingressos do filme ” Meu passado me condena”, por que esse foi o que rendeu maior bilheteria? Não sei responder,pois não assisti ao filme,mas gostei muito do filme ” O Tempo e o Vento”, que mostra o avanço na qualidade do cinema nacional, belas imagens, paisagens e trilha sonora. Não lembro de ter sido notícia, e os espaços reservados nos cinema de minha cidade, são bem menores que os filmes americanos, além de ficar pouquíssimo tempo em cartaz.

        1. Bom, meu comentario vai na

          Bom, meu comentario vai na direção mais de defender as pequenas distribuidoras de filmes. Aquelas que compram filmes que não encontram espaço no mercado. Distribuidoras que acreditam nesses filmes e tentam leva-los a Mostras, Festivais e sobretudo, encontrar espaço em salas de cinema. 

          A Globo e outros grandes produtores, que também distribuem suas produções, não têm esse problema. Em geral, seus filmes saem simultaneamente em praticamente todas os grande cinemas do Brasil. O problema são os outros, os pequenos produtores, que acabam vendendo seus filmes a pequenos distribuidores para não perderem tudo. E esses batem em portas tentando vender seu peixe sem estrelas globais ou diretores consagrados.  

          A definição de um bom filme, pode ser estética, narrativa e quetais. Essas definições ja foram delimitadas, concorde-se ou não, por Bazin ou Deleuze. Mas aqui, estou falando de filmes com o proposito outro que comercial, como as comédias globais ou os blockbuster americanos ou mesmo os brasileiros.

  19. Renascimento do cinema

    Renascimento do cinema nacional em quantidade. Pá de cal em qualidade.

    Para cada filme como “O Som ao Redor” ou “A Casa de Alice” -premiado no Festival de Berlim-  temos dez chanchadas globais, dirigidas e protagonizadas por funcionários globais, destinados ao público global e dentro do conhecido padrão global.

    O “renascimento” dá-se assim: importar as pataquaradas televisivas para a tela dos cinemas. Com os mesmos atores e com os mesmos roteiristas e diretores chanchadeiros.

    Sem riscos. Tudo devidamente bancado, financiado, garantido e escorado pela grana da iniciativa privada e, a parte maior, do Estado.

    Sem riscos e sem sustos. Deu bilheteria? Ótimo! Não deu? Dane-se. Já está todo mundo pago mesmo, inclusive a emissora.

    Enquanto isso, só pra não fugir da tradição rival-adversária, a Argentina produz  filmes de grande qualidade, rende bilheteria e ganha cada vez mais prestígio internacional. 

    Talvez seja mais prudente medir o renascimento do cinema nacional com a régua certa.

  20. A nossa indústria

    A nossa indústria cinematografica já foi top, mas infelizmente nos anos menos democraticos e mais segmentados foi sucateado, assim como ocorreu na forte indústria cinematografica do México. Hollywood concerteza também interviu nas politicas dos Generais brasileiros com relação ao cinema nacional, pois preferiam o bang-bang.

     

  21. Está se fazendo coisa muito

    Está se fazendo coisa muito boa.

    Os campeões de bilheteria são evidentemente porcarias no modelito hollywoodiano de roteiro medíocre e atores conhecidos.

    Mas sem essa quantidade, também não se faria filmes históricos como 21 anos, Marighella, Antonio Conselheiro, nem se filmaria clássicos da nossa lieratura, como Meu Pé de Laranja Lima ou Capitães de Areia.

  22. Cinema Cabeção

    Acho que a nova onda que começa a tirar as pessoas de casa e fazê-las assistir cinema nacional e ter a vontade de fazer isso comentando com os amigos é muito positiva, mesmo sendo filmes de comédias românticas com atores badalados da rede globo. A questão toda é a educação que ainda nos falta e digo isso de modo geral, tanto aos intelectuais blasée que viram o nariz para tudo que não seja cinema cabeça e acham mesmo que a vida é feita de papo cabeça o tempo todo e também aos cabeças de bagre que pensam ser o cinema uma propaganda de margarina ou algo maniqueísta com o mocinho e o bandido definidos nos primeiros 5 minutos. O ato de ir ao cinema e prestigiar o cinema brasileiro, sua linguagem, seu jeito, sua forma, mesmo tendo roteiros pobres e previsíveis já é um enorme avanço. O Cinema Nacional estava na cabeça das pessoas como pornochanchadas ainda do tipo daquelas asquerosas que se fazia na década de 60 e 70, mas como eram feitas pelos diretores “carimbados” no meio da elite intelectual estava valendo. Tudo virou Cult, a putaria estabelecida e a nudez sem dramaturgia alguma virou fetiche de intelectuais nas suas discussões. Daqui há alguns anos irão se reunir e dizer que está safra de filmes mais comerciais são a essência do cinema brasileiro e que devem ser valorizados. Sempre é assim. O filme de autor, o cinema arte deve e precisa ser feito sempre, mas nossa sociedade semi-analfabeta ainda não sabe digerir isso, ainda mais quando se usa a linguagem intelectualóide abstrata em que só o autor sabe o que esta sendo dito, tudo soa lindo como uma mísica de Djavan, mas só o autor sabe o que quer dizer “açaí guardiã zum de besouro imã bela é a tez na manhã”. Ou os roteiristas e diretores buscam a linguagem necessária para que o povo passe a gostar de cinema e desse modo em diante o eduque com o hábito de ir ao cinema ou ficarão nas mesas de bares se lamentando que não são entendidos e prestigiados.

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