Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Um álbum lindo de Eduardo Gudin, por Aquiles Rique Reis

Léla Simões (voz, viola e violino) e Naila Gallotta (um arranjo, voz e piano) também protagonizam o trabalho com Eduardo Gudin

Um álbum lindo de Eduardo Gudin

por Aquiles Rique Reis

Hoje vamos de Valsas Choros e Canções (Selo Sesc), o novo álbum de Eduardo Gudin. Doze dos treze arranjos são dele e seu violão está em todas faixas. Léla Simões (voz, viola e violino) e Naila Gallotta (um arranjo, voz e piano) também protagonizam o trabalho com ele. 

            Antes… Desde quando o MPB4 ainda contava com Magro e Ruy, tínhamos, e claro que ainda hoje temos (embora agora com nova formação), enorme admiração por este compositor bom de samba, de valsa, de choro e de canção. Gravamos algumas de suas músicas que até hoje me emocionam.

            Mas vamos lá: “Arrebentação”* (EG e Paulo César Pinheiro). A intro é do piano. Léla canta. Como em todas as faixas, violão, viola, violino e piano se entregam à faina da criação. O piano se destaca, até entregar a ribalta ao violão. A viola toca. O piano dedilha. O violino usa o arco. O álbum abre as portas para a sensibilidade dos ouvintes.

            “Jacob” é um choro inédito de EG. Piano e violão abrem. Bandolim (Ronen Altman) e violino tocam em duo – dialogando e se complementando. A primeira parte se repete e com ela o choro ganha empatia. O violão assegura a harmonia.

            “Poente” (EG e Marco Antônio da Silva Ramos): violão e piano abrem o arranjo de Naila, ela que canta junto com Gudin. O piano segue e entrega a Fernando Goldenberg e sua gaita a responsabilidade de brilharem – eles não se fazem de rogado. Naila e Léla abrem as vozes em terças.

            Abrindo o arranjo, o belo “Choro do Amor Vivido” (EG e Walter de Carvalho) tem o violão de Gudin junto com o piano de Laila. Piano que vai firme às teclas. Canto que vem pelas vozes em cânone de Naila e Léla. Logo o instrumental volta, bem como retorna o violão de Gudin. Supimpa!

            O grande sucesso “Paulista”** (EG e J.C. Costa Neto) vem pela voz de Gudin e pelo seu violão. Após alguns versos, Naila e Léla vêm e se revezam no canto e nos vocalises. O dedilhar da viola soa junto com o violão, que toca num intermezzo de alguns compassos. O bandolim de Ronen volta à cena.

            “Luzes da Mesma Luz” (EG e Sérgio Natureza) tem Léla cantando e tocando viola, enquanto o piano e o violão se ajuntam a ela e fazem parceria para tocar o arranjo de Gudin – mais um com o dom de seu DNA. Léla canta com gosto. Piano, violino e violão estão no intermezzo. A seguir, Renato Braz dá ao canto à sua sabedoria. A ele se ajunta Léla. Belo duo! Meu Deus! Ah!, o piano e o violão estão lá na intro.

            Enfim, Valsas Choros e Canções é um álbum que maravilha por trazer ao proscênio um craque como Eduardo Gudin, ele que é um ourives, a quem interessa lapidar cada acorde de sua música, batear soluções harmônicas para suas frases melódicas e polir os acordes. O perfeccionista que revê à exaustão cada achado harmônico (tantos!), em busca de aprimorá-los. Gudin é um bamba que se iguala aos melhores que temos na música brasileira.

Aquiles Rique Reis

Nossos protetores nunca desistem de nós.

*“Arrebentação”:

**“Paulista”:

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Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

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