Viva a Cova América, morra quem morrer…, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Como será a remuneração dos jogadores da seleção na Cova América? Proporcional ao número de mortes por COVID-19 que ocorrerem durante o torneio?

Viva a Cova América, morra quem morrer…

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Ao que parece a realização da Copa América no Brasil é um fato consumado. A rebelião do técnico foi rapidamente contornada, a dos jogadores uma encenação para valorizar o que eles receberão da CBF para participar da competição. Agora a única instituição que pode proibir a realização do evento é o STF (ADPF 756).

A CBF aderiu ao programa Mais Mortes do presidente genocida, que aproveitou a realização do evento para cortar a verba destinada à pesquisa do combate ao COVID-19. Se for realizado, o evento produzirá uma nova onda de contaminações num país que vacinou uma pequena parcela da população. Portanto, devemos admitir a hipótese de que Bolsonaro quer cumprir a cota de 1,4 milhão de mortes, pois até a presente data apenas 1/3 desse total foi enterrado nos cemitérios brasileiros.

Restam algumas dúvidas.

Como será a remuneração dos jogadores da seleção na Cova América? Proporcional ao número de mortes por COVID-19 que ocorrerem durante o torneio? O encerramento da Cova América será ao som do Réquiem em ré menor (K. 626), de Mozart? Os médicos serão proibidos de expedir atestados de óbito relacionando as mortes por COVID-19 à decisão de Bolsonaro de realizar o evento no Brasil? Pastores evangélicos serão convocados para expulsar os eflúvios malignos dos estádios? O Exército transportará as milícias bolsonaristas para ver os jogos? Cloroquina será distribuída gratuitamente durante as partidas ? Quem contaminar mais gente receberá um prêmio entregue pelo presidente no Palácio do Planalto?

Os jogadores serão regiamente pagos para não correr nenhum risco, pois eles serão vacinados. Mas e os juízes, os bandeirinhas, os gandulas, padioleiros, bombeiros e policiais que trabalharão dentro dos estádios? Suponho que essa é uma oportunidade única para o jornalismo esportivo correr da notícia e não atrás dela. Caso contrário os jornalistas não conseguirão sobreviver ao evento.

Até a semana passada eu vinha defendendo a contenção abusos cometidos pelo presidente genocida, a preservação da racionalidade científica, o direito à vida da população e a repressão ao crime de assassinato em massa. Tudo aquilo que eu disse foi inútil, pois de fato o STF parece estar mais determinado a preservar o presidente no cargo. Além disso, nada é capaz de impedir o genocida de continuar trabalhando para espalhar a pandemia e a morte. Em razão disso, dessa resolvi mudar de lado.

Morra quem morrer… é preciso deixar Bolsonaro realizar sua Copa América no Brasil. Ele não apenas deve comparecer aos jogos como usar dinheiro público para levar seus amigos e apoiadores aos estádios, se necessário utilizando os caminhões do Exército e os aviões da Aeronáutica.

O genocídio pandêmico tem que continuar. Ele é um sucesso aprovado pelo presidente do Banco Central, que aliás nem mesmo foi incomodado pela CPI do Covid.

Submeti ao STF uma petição que se não história judiciária certamente fará com que o meu nome entre no rol das “personas non gratas” do Tribunal. Isso não importa, pois quando o Direito já está morto e a Justiça foi assassinada pelos juízes e procuradores nos corredores do Tribunal a única coisa que um advogado pode fazer é sorrir de maneira irônica.Apreciem https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6807727736895942656/.

PS: É preciso decidir como chamar a seleção que disputará a Cova América com a camisa verde/amarela manchada de sangue. Eis aqui algumas sugestões: seleção cloroquina, esquadrão genocida, escrete nazi-canarinho.

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

Este artigo não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Fábio de Oliveira Ribeiro

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