Jornal GGN – “Se existe uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, que diz que a morte de meu pai após torturas permitiu que [o Chile] não fosse outra Cuba, bem, a verdade é que me dá pena pelo Brasil”, disse Michelle Bachelet, alta comissária para os Direitos Humanos da ONU e ex-presidente do Chile, em entrevista ao canal público TVN (Television Nacional do Chile), veiculada neste domingo (22).
A declaração foi feita em resposta a uma pergunta de como Bachelet se sentiu em relação a falas do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, postadas nas redes sociais no início do mês, a atacando.
“Michelle Bachelet, seguindo a linha do [Emmanuel] Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares”, escreveu Bolsonaro no Facebook.
“Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”, completou o mandatário brasileiro.
O pai da ex-presidente do Chile, Alberto Bachelet Martínez era general de brigada da Força Aérea e se manifestou contrário ao golpe militar que atingiu o país em 1973. Por causa da sua posição, ele foi preso e torturado na ditadura chilena, morrendo de infarto no cárcere em 1974. Em 2014, dois ex-militares foram condenados pela tortura e morte dele.
Os comentários de Bolsonaro foram uma reação às críticas de Bachelet à escalada da violência policial no Brasil. Segundo levantamento feito pelo G1 em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou o aumento de 18% do número de pessoas mortas por policiais entre 2017 e 2018.
Para a alta comissária da ONU, o Brasil sofre “redução do espaço democrático”, com ataques contra defensores dos direitos humanos.
Durante a entrevista deste domingo, Michelle Bachelet comentou ainda que a “redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil” e que “não existe nenhum país perfeito” no quesito direitos humanos.
Ela também foi questionada sobre a situação da Venezuela. Bachelet coordenou a realização de dois relatórios este ano sobre denúncias de assassinatos, tortura e maus-tratos por parte do governo de Nicolás Maduro.
O primeiro, divulgado em julho, afirma que o regime venezuelano usou esquadrões da morte para assassinar opositores. O segundo, divulgado no início de setembro, denuncia novos casos. Segundo dados do próprio governo da Venezuela, em 2018 morreram 5.287 pessoas que resistiram a prisão e, até 19 de maio deste ano, 1.569 morreram nessas condições.
Os dados oficiais diferem dos registrados por uma ONG local, segundo a qual as mortes atribuídas a pessoas que resistiram à prisão na Venezuela totalizaram 7.523 em 2018 e 2.124 até maio.
“Sou alta comissária e quero manter a minha relação com o governo venezuelano, para continuar trabalhando e para ajudar a resolver a situação crítica de direitos humanos. Ainda há muita gente que está lá, que não saiu e que não está vivendo bem”, lamentou Bachelet ao canal de televisão chileno.
*Com informações da Folha de S.Paulo/EFE/DW
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