Genial/Quaest: avaliação positiva de Haddad pelo mercado sobe para 65% e alavanca governo  

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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A avaliação positiva do governo Lula avançou de 2% para 20%, e a negativa recuou de 86% para 44%. Lula angaria muita desconfiança do mercado

Fernando Haddad e Lula em ato na USP, em 15 de agosto de 2022. Foto: Ricardo Stuckert
Fernando Haddad e Lula em ato na USP, em 15 de agosto de 2022. Foto: Ricardo Stuckert

A chegada de Fernando Haddad ao Ministério da Fazenda esteve cercada pela desconfiança do mercado e de parte da esquerda, mas a terceira rodada da pesquisa Genial/Quaest “O que pensa o mercado financeiro” mostra que a avaliação positiva do ministro subiu de 26% em maio para 65%. 

No mesmo período, a avaliação positiva do governo Lula avançou de 2% para 20%, e a negativa recuou de 86% para 44%. As altas se relacionam: a economia tem a capacidade de influir diretamente na percepção dos entrevistados. Para 47%, a política econômica está na direção correta, contra 10% em maio.

Conforme a Genial/Quaest, a mudança de humor aparece em todas as variáveis da pesquisa, o que resulta no avanço de 13% (maio) para os atuais 53% na expectativa de que a economia melhore nos próximos 12 meses.

Foram realizadas 94 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão das maiores casas de investimento do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre os dias 6 e 10 de julho. As entrevistas foram feitas on-line, através da aplicação de questionários estruturados.

Mercado desconfia de Lula 

Haddad e o governo são avaliados de maneira contrastante ao que o mercado pensa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para 95% dos entrevistados, Lula merece pouca ou nenhuma confiança, 4% dizem confiar mais ou menos e apenas 1% confia muito. 

Apesar dos resultados catastróficos da economia nos últimos quatro anos para a maioria da população, com o aumento da fome, desemprego e preço dos alimentos,  o ex-presidente Jair Bolsonaro tem total confiança de 1%, pouca ou nenhuma de 82% e mais ou menos de 17%.

Governo no Congresso

A capacidade do governo de aprovar sua agenda no Congresso Nacional é considerada alta por 27% dos entrevistados, contra 10% em maio. Na contramão, o percentual dos que consideram baixa essa capacidade recuou de 39% para 24%, enquanto os que consideram regular oscilou de 51% para 49%.

Há otimismo também nos investimentos externos: para 54%, os investimentos externos no Brasil vão aumentar, e 23% creditam a recente melhoria nos preços dos ativos ao fortalecimento de Haddad. Para 32%, essa recuperação se deve ao movimento dos mercados internacionais. 

Para outros 20%, a recuperação ao movimento dos mercados internacionais se deve à atuação do Congresso, mesmo percentual dos que apontam a ação do Banco Central. Apenas 3% atribuem a mudança a ações do governo Lula.

Redução da taxa Selic

Para 92% do mercado, a taxa Selic deve ser reduzida na reunião de agosto do Conselho de Política Monetária, conforme previsões anteriores. A redução deverá ser de 0,25 ponto percentual para 55% dos entrevistados; outros 32% esperam queda maior, de 0,5 ponto percentual. 

As projeções refletem a avaliação de 55% dos entrevistados de que foi positivo o tom da ata da última reunião do Copom, em 21 de junho. A manutenção da Selic em 13,75% é considerada correta por 87%. A atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é avaliada positivamente por 86%. 

A futura indicação de Lula para a presidência da instituição é motivo de muita preocupação para 71%, contra 27% dos que se dizem pouco preocupados.

A Lei de Autonomia do Banco Central, sancionada em fevereiro de 2021, garantiu mandatos fixos ao seu presidente e aos diretores em formato intercalado para um mandato de quatro anos, com direito a uma recondução. Indicado por Jair Bolsonaro, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, permanece no cargo até dezembro de 2024.

Meta da Inflação

A pesquisa quis saber a avaliação sobre a manutenção da meta de inflação pelo Conselho Monetário Nacional – composto pelos titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e do Banco Central. 

Para 94%, a decisão foi correta. A maioria (81%) aprovou também a adoção do sistema de meta contínua para a inflação.

Reforma tributária

Sobre a reforma tributária, que seguiu para o Senado após aprovação na Câmara na semana passada, a expectativa de 66% é de que as mudanças vão aumentar o bem-estar das pessoas, contra 34% que esperam redução. 

O impacto da reforma sobre a taxa de juros teve 54% com a avaliação de que a taxa pode cair, enquanto 45% dizem que não haverá alteração. Os dois impactos principais serão a diminuição da guerra fiscal entre os estados (76%) e a melhoria dos resultados do setor industrial (71%). 

Sobre o emprego, a expectativa é positiva, mas modesta: 56% avaliam que a reforma tem potencial de gerar novos postos de trabalho.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

1 Comentário

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  1. E o que é “o mercado”, senão um bando de jacarés-de-correnteza(*)? Meros aproveitadores do sistema e de suas facilidades, que com isso ganha rios sem trabalhar; e saem a gabarem-se de competência máxima.
    (* Desconheço o uso da expressão por outra pessoa, viu? Mas a uso por comparar os malandros jacarés do Pantanal matogrossense, que se posicionam nos estreitamentos das corredeiras, e abrem as bocarras para que os peixes, em piracema lhe caiam dentro delas… com quase zero de esforço).

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