Em novo livro, presidente do Ipea critica classe média tradicional

Jornal GGN – Jessé de Souza, sociólogo e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desde abril, defende que o Brasil não tem uma classe alta, e sim uma “classe de endinheirados”. Em seu novo livro, “A tolice da inteligência brasileira”, ele diz que a classe média tradicional assume o papel de guardiã da moralidade para compensar seu medo da ascensão dos mais pobres, seu ressentimento com os mais ricos e também para manter a consciência tranquila diante da exploração que ela mesmo pratica. 

Enviado por Anna Dutra

Do O Globo

‘A desigualdade é mais grave que a corrupção’
 
Em novo livro, sociólogo e presidente do Ipea critica cientistas e classe média tradicional
 
POR NICE DE PAULA
 
RIO – Depois de dizer que os 40 milhões de brasileiros que ingressaram no mercado de consumo nos últimos anos não formavam uma classe média – como então alardeava o governo -, Jessé Souza, que assumiu a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em abril, promete mais polêmica com o livro “A tolice da inteligência brasileira”, que chega às lojas nos próximos dias. Nele, o sociólogo afirma que o Brasil não tem uma classe alta, mas sim uma “classe de endinheirados”.

 
E argumenta que a classe média tradicional, além de conservadora, é tola e assume o papel de guardiã da moralidade para compensar seu medo da ascensão dos mais pobres, seu ressentimento com o sucesso dos mais ricos e ficar com a consciência tranquila diante da exploração que ela mesma pratica diariamente. “A classe média explora os mais pobres – e no Brasil essa exploração é uma espoliação absurda – mas finge que é boazinha, afinal de contas, a empregada doméstica é quase da família”, diz o presidente do Ipea, órgão que é subordinado ao Ministério do Planejamento.
 
O GLOBO: O título do seu livro é bastante provocativo. Quem é a inteligência brasileira e onde está sua tolice?
 
SOUZA: No fundo é uma crítica aos grandes sociólogos do país e à forma como foi montada a Ciência Social no Brasil, mostrando como desde o início houve menos compromisso com cientificidade e mais com a política. É muito problemático quando há uma colonização do interesse da política, como ocorre aqui, um culturalismo conservador que idealiza os Estados Unidos e cria uma imagem negativa do Brasil. É a tolice da inteligência, dos nossos grandes pensadores, dos especialistas, que estão engolindo uma concepção de inferioridade do brasileiro, supondo que existem sociedades perfeitas, onde não há corrupção. Esses autores todos criaram uma ideia, que é assumida por todos nós, do brasileiro definido pela sua desonestidade e corrupção. E uma visão do Estado se opondo ao mercado, sendo ineficiente, enquanto o mercado é o reino de todas as virtudes. A noção de corrupção foi construída paulatinamente no Brasil e sempre pode ser despertada. Ela pode estar adormecida e ser acordada, porque faz parte do patrimônio cultural do Brasil.
 
Essa leitura está errada? O Estado, no Brasil, não é corrupto?
 
A questão não é o Estado ser ou não corrupto. Claro que é bom que não seja, é importante que seja transparente e não seja corrupto. Mas essa é a meia verdade, porque nem de longe é a questão principal. Todos os Estados do mundo são aprisionados por interesses privados. Nos EUA, o Estado é extremamente privatizado, segue os interesses das grandes empresas, o Exército americano mata muita gente no mundo para proteger interesses de empresas. O Estado é sempre privatizado. A questão é: por quem? Ou ele é privatizado por uma minoria ou é posto a serviço da maioria. Quase nunca no Brasil o Estado foi posto a serviço da maioria. Eu me lembro de dois momentos históricos, no governo de Getúlio Vargas e no período Lula-Dilma, quando os recursos foram usados também para promover a ascensão das classes populares.
 
No momento, o senhor acha que o Estado está a serviço da maioria?
 
Está numa encruzilhada, porque o Estado não tem uma vontade. A sociedade manda no Estado. Se a sociedade brasileira der uma guinada conservadora, o Estado vai ter que acompanhar. E, em grande medida, quem confere argumento para essa guinada conservadora é a leitura dessa pseudociência. Ela monta um jogo de oposição entre mercado e Estado, que não é verdadeiro, porque não se trata de uma luta, os dois vão juntos, um depende do outro. Mas essa oposição é dramatizada, e a questão é: isso serve a quem?
 
E por que de repente esse “drama” veio à tona com força?
 
Veio agora porque antes tinha um cenário muito favorável, todos ganhavam. Num contexto, onde começa a ter escassez, é aquela história: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Então todos os setores que sabem que não têm como dar benefícios para todos querem voltar ao velho esquema do Estado privatizado pelo interesse de uma minoria. E conseguem isso demonizando o Estado. Foi assim na época de Getúlio Vargas, na época de João Goulart e na época de Lula e Dilma. Isso é fato.
 
O senhor está traçando o cenário atual como de um pré-golpe?
 
Tem uma tentativa óbvia de golpe que articula os mesmos elementos de todos os golpes anteriores. Esse nível de corrupção só pode ser mostrado agora, porque antes todas as investigações eram engavetadas e agora as coisas são levadas até o fim. Mas isso está sendo usado, numa dramatização, para o enfraquecimento do Estado, porque, numa sociedade conservadora como a nossa, qualquer ajuda efetiva para as classes populares é vista como um crime pela elite. E nossa classe média tem uma parte que é extremamente conservadora e não gostou da ascensão da classe popular, não gostou de o pessoal estar andando de avião, da meninada da periferia ir ao shopping. Isso não é racional, tem a ver com afeto, com o medo de que as pessoas que estão ascendendo tomem seu lugar, seus cargos, medo que seus privilégios sejam tocados. Quantas pessoas reclamam porque a empregada doméstica tem alguns poucos direitos e não podem mais usá-la como escrava?
 
A classe média teme a redução da pobreza e da desigualdade?
 
A classe média tradicional teme a ascensão dos que estão embaixo e tem ressentimento contra quem está em cima. Vai sempre dizer que a pessoa fez alguma coisa errada para chegar lá em cima, quase sempre com a ajuda do Estado. Ela é uma santa a vida toda, até porque nunca esteve em cargo de poder onde sua honestidade vai ser testada. Ela se põe como a guardiã da moralidade. A classe média exporta o mal, o mal está sempre fora. E explora os mais pobres – e no Brasil essa exploração é uma espoliação absurda – mas finge que é boazinha, afinal de contas, a empregada doméstica é quase da família. E, assim, exime-se da responsabilidade, como se o mundo fosse assim mesmo e você não tivesse nada a ver com essa exploração de classe que pratica diariamente. E como essa exploração é escondida, porque a ciência não tematiza, nem a empresa, nem a escola, nem a universidade, você fica cego em relação a sua parte na perversidade, na maldade, na exploração dos mais pobres e no abandono dos mais frágeis. E aí adquire a coisa que todos os seres humanos querem tanto quanto um prato de comida, que é a boa consciência, a capacidade de legitimar a vida que você tem, dizer que está ali por merecimento. Ela tem essa necessidade afetiva que vai ser satisfeita por um discurso que se torna dominante, mas permite que ela seja manipulada quando a época histórica convém.
 
Como foi a reação da classe alta?
 
Há um incômodo da elite também porque ela não percebe o mundo de modo diferente da classe média. No Brasil, não temos uma classe alta no sentido europeu do termo, temos a classe dos endinheirados. Pense no Eike Batista botando a Mercedes dele na sala. Jamais alguém de classe alta da França ou na Alemanha faria isso. Essa classe dos endinheirados também ficou incomodada. Apesar de isso ter sido bom para todo mundo, todo mundo ganhou, fortaleceu o mercado interno, a mudança social que aconteceu no Brasil gerou uma série de ressentimentos. A gente tem que ter a coragem de apontar isso. A desigualdade brasileira foi sempre cuidadosamente escondida, a ciência que a gente estava criando nunca pôs a desigualdade no centro das preocupações. Ao contrário, invisibiliza a desigualdade, torna invisíveis as causas e faz parecer que é por burrice ou preguiça que se é pobre.
 
A desigualdade é mais grave do que a corrupção?
 
Sem dúvida alguma, a desigualdade é mais grave que a corrupção, é de longe a questão mais importante. Obviamente o combate à corrupção, a transparência nos negócios públicos são virtudes republicanas fundamentais a qualquer democracia. O problema é a corrupção ser manipulada politicamente para legitimar interesses que não podem ser expressos de modo direto. A corrupção tem que ser combatida como um fato cotidiano. Quando isso acontece nos outros países, não leva ao drama político, a esse carnaval todo. É o jogo de estar cuidando do interesse da maioria, de limpar o país, enquanto as pessoas continuam sofrendo.
 
Como avalia o resultado da Pnad, que foi divulgada sexta-feira?
 
Os dados recentes frustram os que achavam que o Brasil passaria por um retrocesso social inevitável com a crise econômica. Os números mostram, por exemplo, que a desigualdade continua caindo e a renda real do trabalho continua subindo. Também o analfabetismo continua caindo, e tudo indica que continua a haver uma melhora nas condições estruturais de vida da nova classe trabalhadora que ascendeu nos últimos anos, ou seja, do segmento que já havíamos estudado empiricamente e denominamos de “batalhadores brasileiros”. O problema se dá nos aspectos conjunturais, especialmente no mercado de trabalho, onde o desemprego aumentou. Tudo combinado mostra que o modelo de desenvolvimento com ascensão social dos mais pobres não está liquidado. Mostra, inclusive, extraordinária capacidade de resistência
 
O que o senhor vê para o futuro?
 
A gente está numa encruzilhada onde há oportunidades e desvios. A gente pode fazer a mesma coisa que fez a História do Brasil no século XX, ceder ao golpismo, à possibilidade de as pessoas poderem mandar sem o voto. Ou a gente repete isso e os endinheirados e poderosos voltam a mandar sem terem sido eleitos, ou faz um processo de aprendizado, de mudar essa história. As duas hipóteses são possíveis.
Redação

22 Comentários

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  1. Será que o PT não cansa dessa

    Será que o PT não cansa dessa babaquice de fomentar o ódio à classe média…?

    Quem mais perde com isso é o partido, que já foi o mais votado por essa classe em um passado não muito distante, na época em que a Classe C votava nos Malufs e ACMs da vida.

  2. Sociologia filosófica

    Ao dizer que a classe média é o mal e exporta o mal, o sociólogo entra numa área que não é a dele. O que o mal? Quem pode personalizar esse mal? Quem pode apontar os praticantes do mal? Quando o pobre se finge miserável para receber recursos licitos do estado ele é bonzinho ou mauzinho? Fala sério!

    1. Não é bem assim

      Acho que não foi isso que ele quis dizer. Quando aponta que a classe média “exporta o mal”, ele está dizendo que a classe média vê o mal fora de si, nas outras classes. Ou seja, ele não está querendo definir o mal, está apenas analisando a visão da classe média sobre o que seria o mal.

      1. Sociologia psicologica

        Me desculpe Márcio, mas esse negocio de sentir, ressentir-se, temer, culpar, é papo de psicólogo e não para sociólogo. Essa análise superficial, sem dados, não convence a academia. 

  3. Rsrsrs
    “A classe média explora os mais pobres – e no Brasil essa exploração é uma espoliação absurda – mas finge que é boazinha, afinal de contas, a empregada doméstica é quase da família”

    Mr lembrei da um comentarista do blog.

    Kkkkk………. o Mr foi traição do inconsciente.

  4. concordo plenamente
    SOU obrigado a concordar com o sociologo.

    Aliás já tinha observado isso já faz anos, não que eu seja mais inteligente que ninguém é so ter olhos de ver.

    Obviamente os tontos vai falar que é um petista…

  5. Bien sur
    A direita é danada no joguinho do faz de contas.

    Dizem que não há racismo no Brasil, que a pobreza é fruto da preguiça da população brasileira, …..

    Dizem que os analistas de esquerda insuflam o ódio à classe média.

    Acho que eles fazem da conta que não frequentam os eventos sociais da classe….

    Talvez façam de conta que são americanos.

  6. Imperdível
    ”A sociedade manda no Estado. Se a sociedade brasileira der uma guinada conservadora, o Estado vai ter que acompanhar. E, em grande medida, quem confere argumento para essa guinada conservadora é a leitura dessa pseudociência. Ela monta um jogo de oposição entre mercado e Estado, que não é verdadeiro, porque não se trata de uma luta, os dois vão juntos, um depende do outro. Mas essa oposição é dramatizada, e a questão é: isso serve a quem?”

  7. eita!o foco ipea mudou para

    eita! agora vai que vai vai-vai no carnaval 2016

    foco ipea analítico analógico mudou para que nada mude…

    de mudança para nova ordem família unida jamais será vencida!:

    Por favor, tirem o sofá da classe média maioria silenciosa da sala! …de bem-estar espaço gourmet da chaui por ai…

     

  8. Por isso eu torço pro filme da doméstica ir para o Oscar…

    …Por que, talvez, mais repercussão internacional nos ajude a tratar desse elefante que temos na sala!

  9. Uma nova sociedade

    ….estamos diante de uma nova sociedade avançada que sabe discernir o certo do errado. Poderiamos chama-la de Nova Democracia  talvez…..

        Uma sociedade que forma sua conciencia instintivamente por gerações, respeitando os aspectos culturais dos vários Brasis….

        Sr Dugin faz uma breve analise bastante interessante que sociólogos e historiadores tentaram pincelar um cotorno….

    https://www.youtube.com/watch?v=uIf2kQ1AdAU

  10. Combatendo o combate à corrupção

    A todo instante eu tenho visto artigos contendo a mensagem sub-reptícia de que corrupção é uma coisa normal, e o combate à corrupção é uma coisa ruim para o país. Esse daqui escreve quase uma tese de doutorado, mete até a classe média no meio, só para endossar essa mensagem. A desigualdade é mais grave que a corrupção? Trata-se de uma questão totalmente subjetiva, depende da opinião de cada um. Mas colocado desta forma, passa a mensagem sub-reptícia de que combate à corrupção e combate à desigualdade são condições mutuamente excludentes: quem combate a corrupção supostamente abdica de combater a desigualdade, ou até fomenta a desigualdade.

    De resto, é uma comparação despropositada. A desigualdade não é um ato deliberado nem tipificado no códigio penal como crime. A desigualdade resulta de um conjunto de fatores não-articulados e fora de controle. A corrupção é ato deliberado e tipificado como crime pelo código penal.

    E a classe média já virou Judas de sábado de aleluia. É uma visão preconceituosa e de primarismo absoluto, ainda mais vinda de um sociólogo, acreditar que todo um segmento da população é constituído por indivíduos recalcados que têm inveja dos ricos e querem esnobar os pobres. A classe média é moralista porque tem uma razão bastante concreta para sê-lo: é ela quem paga os impostos que são desviados pelos ladrões do governo. A classe média explora as empregadas domésticas porque lhes paga minúsculos salários? Não concordo. O valor dos salários é determinado pelo mercado de trabalho, e não pelas qualidades morais dos empregadores. Entendo que achem repugnante a empregada doméstica compartilhar o espaço da família sem ser tratada como membro da família, mas isso não é escravidão, ela não está ali obrigada, e não tem outro emprego para ir.

    Entretando, e isso até me surpreendeu, o artigo também mostra uns lampejos de lucidez, quando nega a dicotomia Estado X Mercado. O Mercado não é uma entidade com cabeça, tronco e membros, mas uma teia de interesses variados que inevitavelmente se entrelaça com o Estado. De um modo ou de outro, o Estado está sempre a serviço de determinados interesses. Mas dizer que o Estado brasileiro só esteve a serviço do povo na época de Getúlio Vargas e Lula é uma visão simplista e totalmente partidarizada.

  11. Esse é craque.

    Esse é craque. Uma das melhores nomeaçoes desse governo.

    E dá o nome aos bois: chama de tolice o que é tolice.

    A desigualdade não só é um problema maior o que a corrupção, digo eu, ela é A principal causa. O vale tudo para adquirir e preservar privilégios é o leitmotiv, por assim dizer, do jogo político dos endinheirados e da classe média tradicional; é pra isso que se lançam tão grosseira e vorazmente na conquista do Estado.

    A ampliação dos direitos dos mais pobres e das minorias é entendida como perda de privilégios, prestígio e recursos. Travestida de defesa da liberdade está pura e simplesmento o amor à desigualdade. Daí se agarrarem – quase sempre toscamente – a discursos e frases ou “conservadoras”, que apelam para algum carater “natural” da desigualdade, ou, “liberais”, que apelam para suposições de “mérito” ou de “eficiência” e produtividade da competição no mercado.

    Os mais pobres são sempre vistos como “penetras na festa”. Por isso precisam sempre dar provas de “lealdade de classe” e mimetizar todos os trejeitos do grupo dos endinheirados, caso contrario são repelidos com toda fúria como “traidores” do “código da cavalaria”.

    1. Lucinei
      Obrigada por enriquecer com teu comentário o post. Aproveito para te parabenizar. Há algum tempo acompanho o Blog e sempre que você se manifesta traz uma argumentação consistente e em muitos aspectos em consonância com a minha percepção dos fatos. A diferença é que você vai bem mais fundo na análise; o que é ótimo.
      Parabéns e obrigada mais uma vez.

  12. Carta Capital no. 876 de 18 de novembro de 2015
    Mais nesta Edição.

    Para quem gosta de ler “em papel” como eu.

    Páginas 36 a 38.

    Drops:

    “Esta classe média tradicional, acrescenta, é um dos três pilares da atual “gramática do golpe””.

    “Para pintar o Brasil como o país do atraso …. disputa entre Estado e mercado que passa a ser incensada. Não existe esse conflito. Cria-se esse falso certame para silenciar a luta de classes, na qual quem monopoliza …”.

    “.. classe trabalhadora precarizada..”

    Os outros dois pilares DO GOLPE: “bumbo” tocado pela imprensa conservadora” e “elemento constitucional para dar a aparência de legalidade à CAPTURA DA SOBERANIA POPULAR” (a caixa alta é minha).

    “CC: Vivemos um momento crucial?
    JS: É uma esquina da nossa história. Ou aprofundamos o que conquistamos nos últimos 15 anos, um processo abortado há 60 anos, ou voltamos a um Brasil governado para 20%, AQUELE ERGUIDO PELO GOLPE DE 64”. (a caixa alta é minha).

  13. E ………………………

    Podemos concordar ou discordar do autor do artigo, mas de uma verdade não podemos fugir.

    ” … a mudança social que aconteceu no Brasil gerou uma série de ressentimentos.”

    Isto fica patente quando vemos declarações de pessoas deste segmento que ele chama de classe média conservadora, ao se referirem aos pobres, dizendo que – ” os aeroportos viraram rodoviárias” – “porque minha empregada tem vaga de carro no condomínio, se foi eu que estudei” – ” minha emmpregada recusou a televisão que ia lhe dar, e disse que a dela era mais moderna”, etc, etc, etc.

    E por aí vai …….

    Quando não, reclamam que o dolar está caro e não poderão mais visitar a Disney.

    Assim, quero crer que os remediados, ou classe média conservadora, odeia os pobres, pois eles mostram suas origens. Têm medo de para lá retornar. E além de invejar os ricos, querem chegar lá, pisando se preciso for, na cabeça dos de baixo!!!!

    Alguns pagam impostos, outros muitos sonegam, mas pagar impostos, é um dever, pois em outros países, paga-se muito mais. Alegam que pagam e não têm retorno, como se lá também tivessem.

    Finalizando, vejam o impostômetro e comparem com o sonegômetro.

    Mas…., isto seria demais parfa estas cabeças frageis !!!!!

    Santa hipocrisia !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

     

    1. Wendel,
      Wendel, perfeito.
      Ressentimento vem de re-sentir; é patente que o pensamento e o comportamento consequente apresentam um componente atávico pronunciado. Além é claro do reforço recebido quer na vida familiar e social, inclusive no ambiente escolar.
      Obrigada por tua contribuição.

  14. Em comentários que fiz sobre

    Em comentários que fiz sobre postagens abordando estudos sócio-histórico-políticos, mais de uma vez citei e recomendei aos outros leitores do blog a leitura dos estudos feitos pelo sociólogo e professor Jessé Souza, assim como pela equipe que com ele trabalha(va?) na UFJF. “A ralé brasileira: quem é e como vive” é uma obra seminal, que deve ser leitura ‘obrigatória” em qualquer escola de nível médio e em qualquer faculdade, qualquer que seja o curso.

    Essa entrevista se mostra honesta. E as respostas dadas por Jessé são características desse cientista social e professor. É uma pena que Jessé Souza tenha problemas de dicção e um pouco de gagueira; não fosse isso, ele seria um grande debatedor diante do qual certas nulidades conservadoras tremeriam.

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