Independência do BC: nossos liberais estão à direita de Friedman

Nota do Brasil Debate

Milton Friedman, ganhador do Prêmio de Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel de 1976, reconhecidamente um grande economista liberal, exerceu forte influência no pensamento econômico contemporâneo. Dentre suas ideias, estava a rejeição da independência dos bancos centrais.

De forma simplificada, a independência do banco central diz respeito à forma de nomeação das autoridades monetárias. Os nomeados estariam protegidos de qualquer influência política, pela impossibilidade de demissão ao bel prazer do Poder Executivo.

O benefício do banco central independente, segundo seus defensores, é que se preservam as autoridades monetárias de eventuais pressões políticas, aumentando a credibilidade da política monetária e reduzindo os custos da redução da inflação, porque se acalma “o mercado”.

Em 2009, a parceira de pesquisa de Friedman por um longo período, Anna Schwartz, apontou os motivos pelos quais o liberal refutava a ideia de que os bancos centrais sejam independentes.

Do ponto de vista político, Friedman acreditava que entregar o poder de controlar a política monetária (que influencia o emprego e o crescimento do PIB) a um grupo livre de qualquer tipo de controle político é incompatível com a ideia de democracia.

Ele ainda aponta três problemas técnicos que contraindicam a independência dos bancos centrais: 1. Os banqueiros nomeados poderiam fugir da responsabilidade em tempos de incerteza; 2. Haveria grande dependência de indivíduos, nas suas capacidades e dificuldades, o que promoveria instabilidade econômica; 3. A possível sujeição da autoridade monetária à influência indevida das opiniões dos banqueiros.

Portanto, mesmo entre os liberais essa questão suscita discussões. Conferir autonomia operacional ao banco central, atribuindo às autoridades monetárias condições de perseguir metas (como a de inflação), não é o mesmo que oferecer carta branca a um grupo de indivíduos para influenciar decisivamente variáveis tão importantes para a população.

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14 Comentários

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  1. Na veia e no coração

    Na veia:

    Independência do BC: nossos liberais estão à direita de Friedman

    No coração:

    Do ponto de vista político, Friedman acreditava que entregar o poder de controlar a política monetária (que influencia o emprego e o crescimento do PIB) a um grupo livre de qualquer tipo de controle político é incompatível com a ideia de democracia.

    1. Independência de BC- sinônimo de tragédia anunciada

      Assis,

      Friedman não falava por falar, já que tinha o independente FED ao seu lado como um excelente exemplo daquilo que não dá certo, o FED e seu poder de estabelecer a política monetária através do FOMC ( Federal Open Market Committeee).

      Todos os economistas de primeira linha sabem disto. 

      Um abraço

  2. A questão da independencia do

    A questão da independencia do Banco Central foi tratada no meu livro Moeda e Prosperidade em 900 paginas. Resumo do resumo:

    1- Nos Estados Unidos a independencia do Chairman do Fed é um “acordo de cavalheiros” mas não resiste a um conflito com o Presidente dos EUA, UM CHAIRMAN DO FED NÃO PODE EXERCER SEU CARGO ”CONTRA” a vontade do Presidente dos Estados Unidos, se ele ficar contra quem sai  o mais fraco, ou seja, o Chairman do Fed e nunca o Presidente eleito do Pais.

    2-Aconteceu duas vezes esse conflito: Em 1933 eleito Roosevelt ele precisava tirar o EUA da depressão e para isso seguiu os conselhos de Keynes, o Chairman do Fed, Eugene Meyer, se opunha, Roosevelt pressionou  e ele pediu demissão. No Governo Eisenhower ocorreu a mesma coisa com Thoma McAbe, foi pressionado pelo Presidente e saiu.

    3-Toda a independencia do Banco Central é teórica porque ele é sempre mais fraco que o Presidente da Republica, na duvida, o Chefe de Estado troca o presidente do BC que não tem como resistir à pressão do Presidente do Pais.

    A independencia do Banco Central é sempre um “acordo de cavalheiros”, exatamente como Lula fez com Henrique Meirelles, a independencia formal, por lei, é um ponto controvertido entre os economistas desde que existem os bancos centrais. Nunca foi algo pacifico.

  3. Mau caratismo ou fetiche?

    Vamos e venhamos. Num regime democrático, a independência do Banco Central, a sua tercerização ao mercado financeiro, é uma tolice sem precedentes. Mau caratísmo puro. Ou fetiche.

  4. Não canso de repetir
    Independência branca do BC já existe! Foi feita ao alçar o cargo de Presidente do BC a ministro,  feito por Lula para poupar Meirelles da Receita na justiça de 1ª instância. Se definida a independência do BC em lei e revogada a medida de foro privilegiado ao cargo, feita por Lula,teriamos autonomia operacional do BC, porém com o cargo de presidente suscetível ao que Chico Lopes passou, quando preso pela PF.  Essa autonomia não seria entregar o BC aos neoliberais e ao mercado. Quem fez isso foi Lula colocando o tucano banqueiro Meirelles lá (isso se neoliberalismo existisse).

  5. bc

    contradigo friedman:

    1. Poderia haver clausulas que na hipotese do banqueiro fugir suas responsabilidades, este perderia o cargo; como existe em qualquer lugar;

    2.A dependencia na capacidade de outrem é inerente a sociedade – do presidente da republica ao açougueiro; e mesmo ao presidente de banco central independente ou não;

    3. A sujeição independe da independencia ou não do bc.

    1. Contradigo bc

      1) Que cláusulas seriam essas?

      2) No presidente nós votamos e até o açougueiro nós escolhemos (embora ache que a comparação é esdrúxla).

      3) Se a “sujeição independe da independência” o que ganhamos com a independência?

    2. acreditar nesse friedman aí

      acreditar nesse friedman aí que deu

      o suporte teórico economico pra sustentar o regime de pinochet é dose pra elefante.

      mas se ele diz que essa turma da

      marina e do áecio está á direita disso,

      imagine o que passaremos.

  6. Liberou geral

    Que mané banco central independente o que…

    Criaçao de papel pintado? Moeda fictícia? Fiduciária? Multiplicador infernal de papel inexistente? Ora, que tanto de balela! 

    Nada de política monetária ou fiscal. O negócio é MERCADO. ( é claro, já com os méritos do passado garantidos…)

    Liberal que é liberal mesmo defende o fim do banco central, liberacao das armas de fogo,  família para passar a herança, ops, o “mérito”  , polícia pra prender os bandidos ( desde o nascituro)  e cadeia. Quiça pena de morte , cadeira elétrica, coisas do gënero. 

    E , no longo prazo, as forças se ajustam, “naturalmente”…

    Tudo isso consta dos modelos matemáticos dos famosos liberais. 

    E o restante? Ora, pra que interferir nisso?

    Libera-se geral, exceto, os “pilares”. 

     

     

     

  7. Friedman também era a favor do Bolsa-Família.

    Friedman nunca negou que aqueles que foram excluídos pelo capitalismo liberal deveriam receber algum tipo de compensação mínima do estado.

    Mises, talvez por isso, chamava Friedman e seus Chicago Boys de “um bando de socialistas”!

  8. ANTIDEMOCRÁTICO, ANTISOCIAL, ANTIÉTICO

    A questão central é esta. A total independência do Banco Central retira a definição das principais políticas econômicas da alçada da política regida através da representação popular. Ou seja, retira do governo democraticamente eleito o controle dos principais mecanismos determinantes do comportamento da economia. Isto obviamente é algo antidemocrático e antisocial, sendo, portanto, essencialmente antiético.

  9. Opinião dos melhores

    Estes dias li na internet sobre a diferença de poder e cargos de poder. No artigo estava escrito que não é porque alguém ocupa cargo de presidente que tem o poder de fato só por isto.

    O artigo dizia também que poder mesmo teve o Lula, que terminou o mandato com 84% de aprovação e tem milhões de brasileiros que dariam a vida pelo Lula.

    Agora a pergunta, porque o Lula teve tanto prestígio assim?

    Porque a econômia cresceu 7,5% no último ano de mandato

    Por que o desemprego foi o mais baixo de todos os tempos

    “Todas as acima estão certas, mas a causa verdadeira é que ele não teve medo de abaixar juros.”

     

    O segredo para conseguir um governo de alto sucesso, crescimento econômico robusto  é juros baixos.

    O resultado de Banco Central independente a gente vê na Grécia, que tem 60% de desemprego.

     

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